O Rei de Angola
“Mesmo que a árvore caia, se a raiz estiver viva, brotará”.
É representado por vários símbolos, sendo o mais destacado a bandeira branca presente em todas as casas de Candomblé de Angola. Esta bandeira está ligada ao tempo que os povos bantu eram nômades. Quando decidiam mudar, cultuavam ao Mukisi/Nkisi Kitembo e esperavam o vento soprar na bandeira branca para dar a direção da nova jornada. Também está ligada aos ritos de caça (a maioria dos Mukisi/Nkisi bantu caça, mesmo que por natureza não sejam caçadores).
Quando iam à caça, cada grupo se dispersava na floresta ou na savana. Para se encontrarem e não ficarem perdidos, o caçador chefe (Mutak’lamb’lunguzo/Mutak’lambô/Ngongombira), levantava a bandeira em um bambu bem alto, assim todos se reuniam e voltavam juntos para a tribo com fartura e muita alegria.
Este Nkisi está ligado ao ar, que regula a direção dos ventos, as estações do ano, as épocas do plantio e das colheitas, a reprodução animal, atuando junto das energias do sol e da lua, influenciando diretamente os dias na terra. Também está ligado ao tempo cronológico.
Kitembo é o Nkisi Rei do Candomblé deAngola. Kitembo está associado a escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio Tempo e à evolução material e espiritual. Tem muita ligação com Kavungo/Nsumbu (seu vento leva as moléstias).
Este Nkisi possui vários tipos de encantamentos que quando tratado corretamente são infalíveis na realização do atendimento dos pedidos.
Características: Deus do tempo.
Saudação: Kitembo dia banganga, talenu (vejam! a divindade do ar, atmosfera) Nzara Ndembwa – Gloria ao Tempo! Kiamboté Tat’etu Kidembu. Kiuá! Eu te saúdo nosso pai Tempo. Salve!
Elemento: Ar.
Símbolo: Gameleira branca (malemba) ou outra árvore, pois é um culto fitolátrico.
Dia da semana: Terça-feira.
Fio de contas: Branco e verde.
Roupa: Branca, verde e cinza e palhas.
Oferendas: Farinha, fumo de rolo, mel e pipoca.
Relacionamentos: Os filhos (as) de Kitembo tem compatibilidade com pessoas de Matamba, kavungo, Hangorô, Katendê e kabila.
Tata Ngunz’tala
Publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira