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Archive for Junho, 2014

Ọșogbo é a capital do estado de Òşún da Nigéria, está localizada entre Ibòkun, Ikirun, Ede e Akodá. Ela pode ser encontrada na latitude 70 e longitude 4,500 leste. Vale a pena contar a história do mito fundador de Ọșogbo antes de nos aprofundarmos no festival de Òşún em Ọșogbo. De acordo com fontes orais e secundárias, há pelo quatro relatos históricos sobre a origem da comunidade de Ọșogbo.

A primeira conta diz-se que houve luta pela sucessão ao trono de Ibòkun, o que fez um dos príncipes, Ọwátẹ, migrar para outro assentamento. Quando saiu de Ibòkun, ele foi acompanhado por seus amantes de ambos os sexos para fundar Ìpólé-Òmu.

Foi assim que Ọwátẹ tornou-se o primeiro rei de Ìpólé-Òmu. Não muito tempo após o assentamento de Ìpólé, eles foram confrontados com a escassez de água, que o fez consultar Ifá para ter uma pista para o seu problema. Ifá disse a Ọwátẹ para se mover a fim de obter água, mas Ọwátẹ se recusou a sair.

Quando Tìméhìn e Ọláròóyè que eram os filhos mais velhos de Ọwátẹ, viram que seu pai não estava pronto para sair de Ìpólé-Òmu, eles decidiram procurar uma fonte de água para melhorar a situação. O lugar inteiro era uma floresta muito grossa naquele tempo, embora Tìméhìn nada temesse, ele era um caçador valente. Ìdin léké (Òdí’ Ìretè) foi o Odù Ifá que lhe apareceu naquele dia. Em sua aventura, eles se reuniram em Òròkí que era um rio.

Este Ìpólé está localizado nas terras Ìjèsà e não em terras Èkìtì em Badejo (1991:96), situado perto da cidade de Èkìtì que é perto de Ìkogòsì. Ìpólé Èkìtì é chamada de Ìpólé Ìlóró que antigamente se chamava Ìpólé Àpá. Eles migraram para um local que atualmente é Ìpólé-Ìjẹşà.

Esta informação foi fornecida pelo rei de Ìpólé Ìjèsà no ano 2.000.

A informação que recebemos do Sr. Yekeen, é que Òròkí é uma divindade feminina como Òşún. Ele disse também que Tìméhìn e Láròóyè aparecem sobre as águas de Ọkanlá atrás do palácio do Àtàója em Ọșogbo.

Também nos foi transmitido que ela era uma Àjé que acomodou Òşún em Ọșogbo, quando ela vinha de Ìgèdè-Èkìtì. Além disso, a própria pessoa nos disse que ela (Òròkí) foi a única que disse a Láròóyè e Tìméhìn como apaziguar Òşún. Porém, ela não gosta de fama como neste owé:

A kìí fòkìkí pòkìkí.

Nós não anunciamos o que já foi promulgado.

Isto é contrário à ideia de Farotimi D.O. (1990:31):

Os governantes eram filósofos naturais e pensadores que sempre tomaram medidas adequadas antes de embarcar em qualquer ação e as decisões nunca foram lamentadas. Foi por isso que as pessoas se referiam a Ọșogbo como uma cidade onde as pessoas pensam profundamente antes de tomar qualquer decisão, o que se diz na linguagem yorùbá:

Ìlú tí wón gbé ń rò ó kí á tó şe é.

Ou simplesmente: Ìlú Òròkí.

Nossa visão também é contrária à Badejo (1996:34) que diz:

Òròkí refere-se a uma mulher famosa, provavelmente de Ọșogbo. Pode ser o nome de uma ex sacerdotisa da deusa Òşún.

Ela disse-lhes sobre a água de Ọkanlá e que eles deveriam beber. Eles partiram de Òròkí e continuaram sua jornada. Foi assim que encontraram uma corrente de água e eles decidiram montar uma tenda em sua margem.

Este é o lugar onde eles chamaram Ohùn totó, depois o nome da mãe de Ọláròóyè.

Mais tarde, a água também secou e eles continuaram sua busca.

Neste momento à Ọláròóyè foi dado o poder administrativo para coordenar as pessoas. Porque, seu irmão, Tìméhìn não tinha tempo para tal, porque ele era um caçador. Então, Ọláròóyè enviou Tìméhìn e alguns caçadores corajosos para procurar água. Em sua aventura, Tìméhìn atirou em um elefante durante o trabalho e trouxe sua cabeça para o santuário de Ògún na cidade.

Isto é visto no oríkì de Ọșogbo, eles são os descendentes de quem levou o elefante conhecido na cidade de Ọșogbo. Eles fazem alusões ao elefante histórico morto por Tìméhìn.

Eles continuaram a jornada e encontraram Ọsànyín uma poderosa divindade que estava engajada em uma séria batalha. No final Ọsànyín assistiu Tìméhìn e os outros caçadores dando-lhes dezesseis pontos de luz (Àtùpà Olójú Mẹrìndínlógún) como uma fonte de energia para eles. Ele ordenou que observassem a iluminação anual.

Pelo que podemos ver no festival anual de Òşún em Ọșogbo, um dia inteiro é dedicado à iluminação, o ritual dos dezesseis pontos de lâmpada de Osányìn.

A importância desses dezesseis pontos de lâmpada de Osányìn é elogiado pelas pessoas no Oríkì de Ọșogbo:

A descendência das dezesseis lâmpadas.

Que brilham em Òròkí Ilé.

Elas brilham para o rei

Elas brilham para Òşún

Elas brilham para as divindades.

Ela vai brilhar para as pessoas.

Depois que eles receberam as lâmpadas de Osányìn eles encontraram o rio Òşún quando seguiam em frente. Quando eles chegaram lá, eles decidiram se estabelecer.

Eles estavam cortando uma grande árvore e ela caiu no rio, eles ouviram uma voz dizer: Magos da floresta, vocês quebraram todos os meus potes de indigo.

Da mesma forma, discordamos de Wenger (1990), que considera que Òròkí é a irmã mais nova de Òşún. Se Òròkí não é suprema para Òşún, no entanto, elas devem ser iguais em status como divindades.

Ọkanlá é água de nascente.

Ela está atrás do palácio do Àtàója até hoje (a nascente).

Eles a transformaram em um poço. A história diz que a água deve ser pega e bebida por cada Àtàója, pois, é considerado uma fonte de energia para eles. Além disso, é uma herança cultural para os reis de Ọșogbo, este ritual eles devem sempre realizar.

Osányìn é uma divindade poderosa nas terras yorùbá. Ele é uma divindade eminente e tem o conhecimento adequado das ervas medicinais e é o patrono de todas as ervas.

Eles ficaram apavorados com aquela voz e consultaram Ifá para saber o que fazer.

Ifá disse-lhes que era Òşún a deusa do rio, que estava irritada com a invasão de seu império. Além disso, eles devem se afastar desta área antes mesmo de descansarem. Eles enviaram mensagem para o rei Ọláròóyè, dizendo que tinham visto um bom lugar para se estabelecerem e que havia água.

Quando Ọláròóyè chegou, eles tiveram que oferecer sacrifícios, como fora ditado por Ifá.

Depois de oferecerem o sacrifício, um grande peixe chamado Ikò, o mensageiro de Òşún, saiu da água e Ọláròóyè estendeu as mãos para receber Ikò. O aparecimento deste peixe simboliza a aceitação e a eficácia do sacrifício.

A partir deste evento, nasceu o título de rei de Ọșogbo, o Àtàója. Este nome é cunhado em:

Eni tó tẹwọ gba ẹja.

A pessoa que estendeu a mão para receber o peixe.

Esta é a elisão de Àtàója até os dias de hoje.

Outro relato fala que Ajíbógun era o filho de Owá Ìlẹşà. Ele decidiu deixar Ìlẹşà e ir para outro lugar já que não estava satisfeito com seu pai. Depois de muito apelo para que Ajíbógun não deixasse a cidade ele recusou decididamente ao apelo de seu pai.

Ele deixou a cidade com Ọláròóyè, Tìméhìn, Ògìdán, Talo e Sègi lợla. Seu primeiro assentamento foi chamado de Òpólé, onde permaneceu por algum tempo, antes da morte de Ajíbógun.

A morte de Ajíbógun e a escassez de água em Ìpólé o fez deixar o local. Quando eles estavam se preparando para deixar o local, o Ọwá de Ìlẹşà mandou uma mensagem para que voltassem para Ìlẹşà, porém, eles recusaram. Tìméhìn e Ògìdán que eram caçadores tiveram que assumir a liderança em sua jornada na floresta em busca de água. Quando estavam à procura, eles encontraram um grande rio.

Eles decidiram cortar uma árvore para marcar o local e facilitar a identificação do mesmo, para quando eles trouxessem as pessoas de Òpólé.

Quando a árvore caiu na água, eles ouviram uma voz misteriosa que dizia:

Oşó igbó, ẹ pèlé – Mago da floresta, bem feito!

Oşó igbó, ẹ rọra – Mago da floresta, vá com calma

Gbogbo ìkòkò aró mi ni ẹ ti fó tán – Vocês quebraram todos os meus potes de índigo!

Eles tiveram medo e fugiram.

Quando estavam em disparada, eles foram chamados de volta pela mesma voz. A voz revelou ser Osún. Ela disse-lhes para se afastaram um pouco para terminar sua tarefa.

Ela disse que eles deveriam estar adorando a ela anualmente. Este é o festival anual de Osun em Ọșogbo. Quando Ògìdán e Tìméhìn voltaram para Ọwá seus povos souberam que Ọláròóyè lutou com Osányìn e que ele tinha apreendido os dezesseis pontos de lâmpada.

Iko que significa, um mensageiro ou representante, portanto, Iko Òsún refere-se ao seu mensageiro ou representante. Iko Osun é um grande peixe que costumava aparecer no passado, mas não pode mais aparecer por causa da transformação do culto de Òsún. (Cf Bolanle Awe et al (1995:8)

A iluminação dada por  Osányìn com esta lâmpada é feita durante um dia inteiro durante o festival Òsún de Ọșogbo até hoje como apontado no primeiro relato histórico.

A terceira consideração é assim:

Ọwá Adéfokàn-balè-bí-àdàbà é o filho de Ajíbógun, também conhecido como Obòkun, a descendência de Òlófín-Ayè Odùduwà Adéfokàn-balè vivia com seu pai em Ìlemùré, que agora é chamado Ibòkun.

Depois que ele partiu de seu pai fundou Ìpólé-Òmu. Embora Ọwá Adéfokàn-balè fosse o primeiro Ọwá de Ìpólé-Òmu mas haviam cerca de oito Ọwá que governaram lá. O último Ọwá de Ìpólé foi Ọláròóyè cujo irmão mais velho, Tìméhìn foi um grande caçador; que estava dando um grande apoio ao rei. Foi durante o mandato de Ọláròóyè que eles estavam enfrentando escassez de água em Ìpólé-Òmu. Esta crise fez Tìméhìn, um caçador valente começar a procurar água na floresta. Em sua busca por água, eles encontraram o rio Òşún, e decidiram montar uma tenda, antes que eles pudessem trazer outras pessoas para o local. Como eles estavam cortando uma árvore, que caiu no rio e eles ouviram uma voz misteriosa de dentro da água:

Oṣò igbó, – Feiticeiro da floresta!

Ẹ pèlé – Acalme-se!

Gbogbo ìkòkò aró mi ni ẹ ti fó tán – Você quebrou todos os meus potes índigo!

Ẹ sún sókè kí ẹ lè gb’èrù – Se mova ali para que possa florescer!

Ẹ sún sókè kí ẹ lè gb’èrù – Se mova ali para que possa florescer!

Este acontecimento os fizeram perguntar a Ifá o que eles fariam.

Ifá disse a eles para oferecer sacrifício a Òşún e eles ofereceram.

Foi assim que eles se estabeleceram neste lugar até hoje.

A quarta consideração diz que a cidade de Ọșogbo é uma comunidade heterogênea. O relato de pessoas de Ìrẹsàadú, Ìrẹsàapa, Òbà, Ìliè e outras cidades e aldeias vieram até os dias atuais, como os agricultores e pescadores deỌșogbo. Seus homens estavam na agricultura e na pesca, suas esposas foram ajudá-los a vender peixe para o povo de Ìjẹşà, Ìpólé-Òmu. Este grupo de pessoas foi chamado Gbónmi porque a sua principal ocupação era a pesca. Eles não estavam em uma cidade, mas em um assentamento de baixa densidade (Wenger 1990:27). Suas esposas também estavam vendendo mingau de milho (ègbo). Este relato diz que o nome Ọșogbo foi cunhado a partir de Ìsò ègbo, isto é, o lugar / local onde se vende ègbo. Um dos nossos informantes, Mr. Yekeen disse: “Gbónmi l’àgbà Ọșogbo – Gbónmi é sênior para Ọșogbo.

Há contradições sobre as histórias do mito ou história de Ọșogbo.

Rev. Samuel Johnson em seu próprio relato é de opinião que foi durante o século 16, quando Aláàfin Kórì era o rei do império de Ọyọ quando Ọșogbo foi fundada. Durante esse tempo, alguns saqueadores de Ìjẹşà interceptaram pessoas em seu caminho para o mercado de Apòmù. Foram essas pessoas que procuraram a assistência de Aláàfin Ọyọ. A pessoa enviada pelo Aláàfin era um caçador valente, que fundou a cidade de Ede. Ele era Tìmì de Ẹdẹ. Quando o Aláàfin de Ọyọ enviou Tìmì, o Ọwá de Ileșa também enviou o Àtàója para neutralizar o poder de Tìmì, e ele também deu a Àtàója o comando do culto do rio Òşún (Samuel Johnson 1921:155-160).

É uma tarefa hercúlea endossar qualquer das narrativas acima sobre o mito/história de Ọșogbo. Ao mesmo tempo, não podemos dizer que qualquer uma delas é falsa. Isto porque, temos de aceitar os mitos de cada sociedade, como a verdade, como eles foram apresentados e aceitos pelas sociedades (Joseph Miller 1980:1-60). Eu acho que a coisa ideal a fazer é trazer ospontos / questões mais salientes e comuns a essas narrativas que têm a sua base na sociedade contemporânea.

A primeira questão a destacar é que as pessoas Ijesa fundaram a comunidade de Ọșogbo, mesmo que as pessoas de cidades como Ìrẹsàadú, Ìrẹsàapa, Òbà e Ìliè tenham existido escassamente nos arredores e imediações. Podemos, então, dizer que Ọșogbo é um conglomerado das pessoas de Oyo e Ileșa.

Outro problema trazido à tona é que a partir de cada mito narrado acima, Osun está relacionada com o estabelecimento da cidade de Ọșogbo. Em outras palavras, podemos dizer que foi Òşún que batizou Ọșogbo. Além disso, é a relação de Òşún com os fundadores de Ọșogbo que trouxe o título de seu rei Àtàója. Portanto, sem Òşún não podemos conhecer Ọșogbo.

Isso significa que o fundamento histórico e a autoridade política dessa comunidade estão vinculados a Osun como uma divindade. Em conclusão, o oríkì de todos os reis de Ọșogbo,mostra que o passado e o presente de Ọșogbo está relacionada tanto com a comunidade de Ìjẹşà, quanto Ọyọ. Isto significa que o poder político em Ọșogbo atesta isso, se examinarmos o oríkì de todos os reis de Ọșogbo começando desde o primeiro até o atual Àtàója.

• Àtàója Ọláròóyè Gbádéwòlú (1670-1760)

• Àtàója Sògbódẹdẹ (1760-1780)

• Àìná Sérébù (1780-1810)

• Àbógbé (1810-1812)

• Òbódegbéwá (1812-1815)

• Àtàója Láhànmí Òyípi (1815-1840)

• Àtàója Òjo Adíò Òkégè (1840-1854)

• Àtàója Ọládéjọbí Ọládélé Mátànmí I (1854-1864)

• Àtàója Ògúnníkèé Dúrósinmi Fábòdé (1864-1891)

• Àtàója Bámigbólá Àlàó (1891-1893).

• Àtàója Àjàyí Ọlósundé Oyètònà (1893-1903)

• Àtàója Àtàndá Olúkéyè Olùgbèjà Mátànmí II (1903-1917)

• Àtàója Kòfowórọlá Àjàdí Lájọmọ Ọlátònà (1918-1920)

• Àtàója Àlàbí Kóláwọlé (1920-1933)

• Àtàója Samuel Oyèdòkun Àkànó Látònà II (1933-1943)

• Àtàója Samuel Adéléyẹ Adénlé I (1944-1975)

• Àtàója Ọlátidóyè Iyìọlá Oyèwálé Mátànmí II (1976 till date).

Destes dezessete reis (incluindo os regentes) de Ọșogbo todos eles têm descendência tanto paternal ou materna deÌjẹşà. Mesmo que os governantes desta comunidade estejam ligados a Ọyọ e Ìjẹşà, o oríkì-Orílè de Ọșogbo também estabelece o fato que o povo de Ìjẹşà estabeleceu Ọșogbo. Não somente isto, Ọșogbo como uma comunidade não pode ser separada de Osun religião.

A questão pertinente:

Nós podemos perguntar: Òşún é a única divindade de Ọșogbo?

A resposta para isso é Não!

Por:

Die Bayreuther Online-Reihe “Bayreuth African Studies Online” präsentiert

Forschungsergebnisse des Afrika-Schwerpunkts der Universität Bayreuth.

October 2005.

George Olusola Ajíbádé

Tradução: Odé Gbàfáomi

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Campanha de Sensibilização Anemia Falciforme

Vamos ajudar esta campanha.
Conheça essa doença, partilhe, divulgue e faça “like” na página deles!

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Entendendo o Orí

Quando nascemos, o Orí (cabeça), é o primeiro òrìsà que recebemos, é quando tomamos nosso primeiro banho de sangue, nele trazemos as impressões que estão gravadas no inconsciente, a nossa origem no universo.

Este Orí está ligado ao Orí òrun pelo nosso Iponri, ele é fonte da inteligência para a sobrevivência no ayé (Terra) e dele (Orí), geramos toda a força propulsora que nos conduz em nossa jornada não somente para a vida em si, mas também na saúde, prosperidade e equilíbrio. Nosso Orí está diretamente ligado ao Orí òrun, portanto ele conhece nosso destino e desta forma nos conduzirá na passagem do mundo físico para o mundo espiritual e vice e versa.

Assim, Orí = Origem do ser, está ligado ao òrun e ao mesmo tempo ligado a Terra (ayé), sobrevivendo após a morte para transmutar a morte física para a vida do espírito e desta forma guardando em sua memória as marcas de sua origem.

“O pensamento provoca a ação e a ação provoca a reação” e todos os frutos colhidos serão a resposta de nossa conduta, de nosso equilíbrio tanto mental como emocional. Isto quer dizer que podemos ter um bom Orí, que saudaremos Olorí rẹ e para aqueles com um mau Orí diremos Olorí Burúkú, aquele que tem cabeça ruim.

Olódùmarè, nosso Deus maior nos deu a vida e a liberdade de buscar a perfeição espiritual, deixando conosco a sabedoria arbitral, a qual somente poderá ser compreendida com um bom Orí, assim diz o Oríkì:

Nada se faz sem um bom Orí.

Um bom Orí é aquele que está sempre alerta, sempre sacrificando, sempre buscando evolução, sempre melhorando seu caráter e suas maneiras.

Ifá em nossa vida

Ifá, é a soma da sabedoria suprema, da cosmogenia e da cosmologia, da vida e da morte, do nascimento e da natureza, a visão total do mundo e da existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as sociedades e os homens e assim determinando uma conduta nobre diante de todas as forças que se formam contra o bem da humanidade. São estas forças que conduziram a sustentação do planeta vivo.

Neste processo tão poderoso, aquele que for iniciado em seu Culto estará agregando a si uma permissão para obtenção de um poder muito maior perante Olódùnmarè, assim existindo a necessidade por parte dos Sacerdotes, conhecedores plenos da extensão deste mesmo poder, avaliar o candidato com muita clareza e assim permitindo ou não esta iniciação.

Nem todos estão habilitados a carregarem em seu Orí, esta força que liga o ser com o sagrado. Seus Sacerdotes, apoiados nos conhecimentos milenares, carregados por uma cultura de tradições em botânica, mineralogia e zoologia conseguem unir os elementos da natureza à energia vital de cada indivíduo procurando o equilíbrio entre as forças espirituais e materiais de cada um, esta união da ciência com o mundo espiritual precisa de mentes sãs.

A transformação dos filhos iniciados em Ifá:

No momento da iniciação o destino vivido por esta pessoa até então, estará sendo limpo e enterrado, dela serão retiradas todas as forças contrárias e haverá uma mudança no trajeto até então vivenciado, fazendo com que seu Orí encontre o destino do momento de sua concepção, apagando as imperfeições consequentes de sua vida refletida pela sociedade onde nasceu, cresceu e vive para reencontrar a sua origem perfeita.

Mas para que esta força de fato venha adentrar em seu Orí e passe a fazer parte de sua existência estes novos filhos deverão procurar além de cumprir leis, entender e estudar o sentido desta filosofia para que a magia desta iniciação prevaleça neste Orí, sendo ela independente de seu òrìsà guardião.

Ifá é um Culto Tradicional considerado a fonte de todas as outras formas de adoração. É um livro de orientação, um roteiro, que trata você como indivíduo único e através do qual receberá suas regras de conduta pessoais Eéwò (tabus) de acordo com sua origem ancestral, leis estas que irão levá-lo a obtenção da realização de sua felicidade de acordo com sua própria história e missão.

Aqui não pode haver a alimentação de sonhos que não fazem parte de seu destino, mas a leitura daquilo que você sempre foi, desde os primórdios e a busca de seu aprimoramento através das soluções apresentadas nos jogos divinatórios de Ifá.

Assim em nada se parece a qualquer religião, associações ou fraternidades que existem, onde todos são tratados como massa independendo da inteligência e onde seu Eu Interior não é respeitado.

O aprendizado correto da forma de cultuá-lo requer um grau elevado no domínio de seu comportamento, já cheio de vícios de personalidade, este é o verdadeiro àse, o nascer novamente com a maturidade e a consciência adquirida e poder reformular sua vida de forma a satisfazer sua trajetória na Terra.

Texto escrito por Odé Gbàfáomi, embasado em artigo do Áwo Fatunmbi.

Ire Bàbá.

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Vemos com frequência diversos amigos e irmãos de fé, internautas se lamentando por terem incorrido em algum tipo de erro relativo ao comportamento pessoal, amoroso, social ou religioso.

As atitudes, os atos, as palavras, os pensamentos, calunias/difamações e sentimentos negativos de ódio, raiva, ira ou qualquer coisa que valha, são pontos a serem discutidos neste artigo.

Nossas atitudes não são amenizadas por um simples gesto de arrependimento. O arrependimento e pedido de desculpas são relativos ao caráter pessoal, ao crescimento espiritual, desenvolvimento da inteligência emocional e aprendizado.

Um verso de Ogbè Yonu (Ògè’Ògúndá) nos diz:

A descendência de Okika

Adivinhação por Ifa foi feita pelos descendentes de Orubutu.

Os descendentes de Orubutu.

Foi lançado Ifá para a garrafa quebrada (Opalábà).

A prole de Orubutu e Opalábà.

Ifa foi lançado para aqueles em Oyilajbomono (foi feito jogo).

Eles têm apenas uma esposa

E eles a trouxeram furtivamente de longe

Ifá não está em casa.

Eis porque as pessoas me ridicularizam.

Quando ele chegar, ele me socorrerá.

Ọbàrà Òsé é aquele que recupera Ogbè Yonu.

Qualquer um que tomar a mulher do sacerdote de Ifá.

A folha Idi vai criar problemas em sua casa.

Ifá não está em casa.

Eis porque me ridicularizam.

Quando ele chegar, vai me redimir

Ọbàrà Òsé logo vai trazer a salvação para Ogbè Yonu.

Ele que roubou a mulher do sacerdote de Ifá.

O rato gigante vai cavar o túmulo de todos e levá-los para o òrun (céu)

Ifá não está em casa.

Por isso estão me ridicularizando.

Quando ele chegar vai me resgatar.

Ọbàrà Òsé logo vai trazer a salvação para Ogbè Yonu.

Ele que levou a esposa do sacerdote de Ifá.

A folha Akawoleri mo lo tete.

Certamente eles chorarão como o orvalho que cai sobre a folha.

Ifá não está em casa.

Por isso me ridicularizam.

Quando ele chegar, vai me resgatar

Ọbàrà Òsé logo trará salvação para Ogbè Yonu.

A reparação divina sempre vem em sua hora mais propicia.

Dentro de nossa religião não temos:

O arrependimento das faltas cometidas durante a vida e a garantia da salvação.

Nossos valores são outros.

Somos os responsáveis, e os unicamente responsáveis, por nossos atos e vamos prestar conta destes atos, com o agravante de podermos distribuir esta falta por nossa família no òrun (reino espiritual), dentro do conceito de Àyànmọ (aquilo que recebemos como um karma).

Não negamos a existência de ebó e orações que se prestam a aliviar a carga ou mesmo livrar a pessoa de uma falta cometida.

No Odù Òyékù’Òtúúrúpòn vemos o bàbáláwo fazer ebo para esta finalidade.

Ọrùnmìlá me perdoará, o Perdão me perdoará.

Se água mata um ser humano, isto será perdoado.

Se um rei mata um ser humano, ele será perdoado.

Ọrùnmìlá!

Permita que eu seja perdoado nesta questão!

Permita que todas as pessoas da cidade perdoem-me em consideração a esta questão, como a chuva em todas as casas eu serei perdoado pela comunidade.

Dois …. e ……. cauwries muito bem oferecidos.

Ewé: moer todas as folhas de Ifá e mistura com ìyèrósùn.

Coloque a mistura em dois pequenos….

Embrulhe e use, até o perdão ter sido recebido.

Este é o ebo confeccionado pelo Bàbáláwo.

Eu me pergunto:

Qual o tamanho/gravidade de sua falta, para merecer tal ‘perdão’?

Não podemos nos enganar, neste quesito. Não estamos negociando apenas com seres humanos e o conceito de falta/erro é muito mais amplo do que possamos imaginar.

O Odù Òkánrán’ Òdí fala:

Este é um rato marrom

O que rói grama com facilidade

Este é rato Afeebojo.

O que corrói silenciosamente a grama.

Essa foi a previsão de Ifá para Ariyunbese,

Filho de Ilaminrin-Akoko.

Quando ela sofria de perda de filhos recém nascidos.

Ela foi orientada a fazer um sacrifício e abster-se de coisas proibidas (èèwọ-tabu)

Ariyunbese não levou a sério o conselho de Ifá.

Então, o que realmente come crianças Ariyunbese?

É a sua intemperança, é a sua relutância em abster-se de comer caracóis (tabú para ela).

Isso é o que realmente devora as crianças, Ariyunbese.

Estou certo de que o texto fala por si completamente e não há necessidade de elaboração. Este texto, cita apenas em um exemplo e explica o que pode acontecer (não o fato narrado) se você não seguir as proibições, há inúmeros exemplos em outros versículos dos Odù Ifá, mostrando como as situações ruins podem acontecer ao se violar as proibições e os tabus.

Portanto tentar se esconder, tentar ludibriar, ocultar a verdade de você mesmo, fingir que o mal é menor, que não há tanto perigo, que tudo pode ser resolvido com um ‘engambelo’ ao Òrìșà ou ficar de ‘castigo’ no barracão um fim de semana recolhido vai lhe dar a certeza do tão esperado perdão para sua falta. Bem…. Deixa pra lá.

Se o erro foi cometido de caso pensado, se foi uma falta com conhecimento de causa, se foi um ato intempestivo, um momento de raiva ou fúria, devemos nos lembrar novamente de nossos ensinamentos sagrados, devemos nos lembrar das 16 Leis máximas de Ifá que estão contidas no Odù Òfún’kárán (ver texto clicando em minha foto), devemos nos lembrar que não devemos manipular uma ‘faca’ em momentos de raiva ou descontrole.

Uma faca não pode ser tão amolada a ponto de querer cortar seu próprio cabo.

A colheita, o resultado, de nossos atos é certa!

Não nos iniciamos nesta religião para podermos ter acesso a coisas que a vaidade deseja, a iniciação é se reiniciar, é se reciclar, é mudar de vida e atitude, é crescer e aprender com todas as falhas e faltas do passado, o Odù Èjì Onilè (Ogbè mèjì) nos diz:

Iniciamos você nos segredos de Ifá ou Òrìșà

Você deve se reiniciar.

Foi assim que Èjì Ogbè (Èjì Onilé) foi iniciado.

Então ele mergulhou na floresta Sagrada.

Iniciamos você nos segredos de Ifá/Òrìșà.

Então, você deve reiniciar-se.

Se você chegar ao topo da palmeira (Igi Opè -Dendezeiro).

Não deixe suas mãos soltas.

Èjì Ogbè, o mais elevado de Odù, passou por auto iniciação, mesmo depois de ser levado a floresta sagrada (Igbòdù) para a iniciação (Te’fa, iniciação do Bàbáláwo), ele mergulhou de volta para a floresta.  Este ato mostra que mesmo um iniciado deve voltar para a floresta (seu interior), a fim de ensinar a si mesmo.  E, mesmo nessa estrofe curta, Ifá nos lembra que, mesmo que ao atingir o auge da compreensão e do conhecimento, nossa arrogância deve desaparecer, para não deixar que a nossa mão se perca e venhamos a desmoronar e cair da palmeira.

A auto reiniciação é uma ferramenta poderosa que deve ser usada para você não mais incorrer nos erros que podem lhe levar as dores de cabeça, aos arrependimentos e consequentemente a punição (ões), que pode ser nesta vida, em outra ou mesmo no seu retorno ao òrun.

Após nossa morte passamos pelo portão que liga o Ayè (mundo físico) ao Òrun (mundo espiritual), e ali, deveremos prestar contas ao Onibode (Senhor do portão), Èşù, sim, ele mesmo!

A ele vamos nos reportar em primeira instância e teremos ao nosso lado uma poderosa testemunha que nos acompanhou durante toda a vida, que esteve ao nosso lado por toda nossa caminhada e ela será a fiadora de nossas palavras, Ojiji e este é um dos seus trabalhos.

Quando dizemos que Ifá está presente em nossas vidas e nossa vida está dentro dos ditames sagrados de Ifá (A voz de Olódùmarè) e somos levados a interpretar Ifá mesmo sem querer, é porque o mundo é/está interligado, todas as coisas estão conectadas, mesmo sem saber estamos recitando um verso/ensinamento de Ifá.

Veja o exemplo em uma música do cantor/compositores Lenine/Ivan Santos, que mesmo sem saber (talvez) nos fala sobre o que me inspirou neste dia.

Ele fala sobre assumir a responsabilidade pelas suas atitudes.

Do it.

Tá cansada, senta

Se acredita, tenta

Se tá frio, esquenta

Se tá fora, entra

Se pediu, aguenta 2x

Se sujou, cai fora

Se da pé, namora

Tá doendo, chora

Tá caindo, escora

Não tá bom, melhora 2x

Se aperta, grite

Se tá chato, agite

Se não tem, credite

Se foi falta, apite

Se não é, imite

Se é do mato, amanse

Trabalhou, descanse

Se tem festa, dance

Se tá longe, alcance

Use sua chance 2x

Se tá puto, quebre

Tá feliz, requebre

Se venceu, celebre

Se tá velho, alquebre

Corra atrás da lebre 2x

Se perdeu, procure

Se é seu, segure

Se tá mal, se cure

Se é verdade, jure

Quer saber, apure 2x

Se sobrou, congele

Se não vai, cancele

Se é inocente, apele

Escravo, se rebele

Nunca se atropele

Se escreveu, remeta

Engrossou, se meta

Quer dever, prometa

Prá moldar, derreta

E não se submeta 2x

Link: http://www.vagalume.com.br/lenine/do-it.html#ixzz33zmWkEgI

Resumindo:

Uma das melhores virtudes que um ser humano ou um ser humano iniciado nos mistérios do Òrìșà (principalmente) deve ter dentro de si é a Verdade (Òtító), é ela que vai lhe levar pelo caminho mais fácil da vida, será ela que vai lhe ajudar a carregar o fardo, ela vai lhe aliviar a carga e as tentações, ela vai levar para longe os maus pensamentos, vai trazer a reflexão para dentro de você, vai fazer de você um ser humano melhor, mais justo, mais apegado a espiritualidade e não a religião em si, vai deixar seu interior mais confortável. Vai fazer você ouvir, em vez de simplesmente escutar, vai lhe levar a reflexão, vai lhe proporcionar o amadurecimento dos sentimentos.

Ela vai guiar seus passos, vai clarear seus caminhos como um lanterna.

Ela vai lhe dar menos arrependimentos as suas atitudes, pense nisso e experimente!

Nossa religião é riquíssima em ensinamentos, Ifá, a base de nossa religião está sempre nos ajudando com seus conselhos e sua filosofia.

Veja o que diz o Áwo Fatunmbi em seu livro Ìbà’se Òrìşà:

“Dentro da estrutura do ritual de Ifá, o Odù é usado para invocar Òsá’túrá (Odù que nos fala sobre a importância da verdade) e Èsù, que é tanto o Mensageiro Divino, como o Guardião da Verdade. Este duplo papel tem causado alguma confusão entre aqueles que têm escrito sobre a posição de Èsù na cosmologia do Ifá. A confusão parece estar baseada em um mal-entendido sobre o papel da Èsù em causar distúrbios. Uma das funções da desordem natural em assuntos do cotidiano é sacudir a consciência para liberar a sua autoindulgência e pensamento rígido. Porque a Terra está em constante processo, todas as percepções da relação entre o Eu e o mundo estão em constante estado de fluxo. Aqueles que negam ou ignoram a natureza dinâmica desta relação são regularmente lançados a um estado de confusão, como resultado de algumas mudanças inesperadas dos acontecimentos. Em termos simples, a percepção humana da verdade está em constante mudança (muito cuidado com isto) e uma das funções de Èsù é nos lembrar que a busca humana da verdade nunca deve estagnar.

Dizer que Èsù é o guardião da verdade é sugerir que a verdade nunca pode tornar-se um conjunto fixo de regras ou dogmas. Em vez disso, a Verdade é uma maneira de olhar para si mesmo e o mundo, é um estado de ser (deveria ser a realidade continua dentro de todos), em vez de um ato de conhecimento. Este é um conceito ilusório para alguns ocidentais, porque fomos condicionados à ideia de que a verdade é estabelecida por fatos objetivos. A ideia de que a Verdade só pode ser descoberta se formos periodicamente sacudidos em nossas noções preconcebidas, é perturbador para aqueles que querem que a religião tenha as respostas corretas sobre qualquer assunto”.

Diz o Odù Òsá’túrá:

Òsá Aláwo diz: O que é a Verdade?

Eu digo: O que é a Verdade?

A Verdade é o sacerdote do òrun que protege o mundo.

Òrúnmìlá diz que a Verdade é o espírito que protege o mundo invisível.

A Verdade é o conhecimento que Olódùmarè está aplicando.

Òsá Aláwo a questão novamente é:

O que é o certo?

Eu digo: O que é a Verdade?

Òrúnmìlá disse que a natureza de Òtító é o caráter de Olódùmarè.

A Verdade é a palavra que não muda.

A Verdade é Ifá.

A Verdade é a palavra indestrutível.

A Verdade é o poder sobre todas as atribuições.

A bênção que dura para sempre.

Esta foi a declaração do Ifá aos habitantes da Terra.

Eles sempre foram avisados a fazer a coisa certa.

É preciso ser honesto.

Quem é correto será apoiado pelas divindades.

Um provérbio yorùbá nos remete novamente aos ensinamentos sagrados onde a afirmação do caráter é uma constante, nos direcionado, sempre, para o caminho mais virtuoso.

Novamente Fatunmbi nos brinda com um comentário sobre este Owe Ifá (proverbio de Ifá).

Tọọro looma Ilẹ Ifẹ.

É um caminho reto que leva a Ilẹ Ifẹ.

Comentário:

Aqueles que acreditam em destino, aqueles que acreditam no poder de Òrìșà e aqueles que acreditam no processo de construção do bom caráter, sabem que o caminho para descobrir o destino pessoal é reto, estreito e sem ambiguidades.

Ilè Ifè é a capital espiritual dos yorùbá e está localizada no Estado de Ọșun, Nigéria (antiga Ọyọ State). Mas há outra Ilẹ Ifẹ, existente no Òrun.

Esta Ilẹ Ifẹ é considerada a casa da Criação.

É o lugar de descanso para aqueles antepassados que já cumpriram o seu destino dentro do Reino da Terra.

O caminho para Ilẹ Ifẹ no Òrun não deve ser alterado, ele é o compromisso de construir um bom caráter por meio da orientação de Ifá / Òrìșà.

Literatura mais ocidental sobre Òrìșà e Òrun, são associados com o céu e identificam-no como um morador no céu.

No entanto, a cosmologia de Ifá localiza Ilẹ Ifẹ, por analogia, como um mero lugar.

É um lugar de influência oculta de onde a sabedoria dos ancestrais evoluem continuamente e influenciam o processo de criação e evolução.

Essa crença em alguns aspectos é similar à crença religiosa do Oriente, onde as influências de Mestres Invisíveis transformam a vida espiritual na Terra.

Encerramos este artigo onde vemos uma das máximas de nosso profeta, quando ele afirma que após a exaustão, devemos deixar a pessoa viver a sua vida e a sua história da forma que mais lhe convém, porém, jamais contará com nossa ajuda.

Afinal de contas, somos os únicos responsáveis por nossos atos e atitudes.

O Odù Èjì Onilè diz:

Faça seu trabalho.

Eu não estou trabalhando.

Este foi o jogo de Ifá para a pessoa preguiçosa.

Ele que dorme até que o sol está em cima (alto).

Ele que confia que é possuidor (herdeiro) de herança e não se expõe a sofrer (trabalhar).

Se nós não labutamos e produzimos de nosso suor hoje.

Nós não podemos ficar ricos amanhã (a prosperidade é um processo)

Marche pela lama (Enfrente suas dificuldades).

Eu não posso marchar pela lama (Diz o descansado).

Se nós não marchamos pela lama.

Nossas bocas não podem comer comida boa.

Estas foram às declarações de Ifá à pessoa preguiçosa.

Ele que possui membros fortes, mas se recusa a trabalhar.

Ele que escolhe ser inativo pela manhã.

Ele só está descansando por sofrer pela noite (O desfrute).

Só labutando pode-se apoiar uma pessoa (Receber benção de Òrìșà).

Inatividade não pode trazer dividendo.

Quem se recusa a trabalhar.

Tal pessoa não merece comer.

Se uma pessoa preguiçosa tiver fome, por favor, o deixe morrer (ficar na ignorância).

Morto ou vivo, uma pessoa preguiçosa é uma pessoa inútil (E não fará falta).

Por: Odé Gbàfáomi

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osunok

Uma antiga história Nàgó, conta que o grande rei Oluwu, estava seguindo para uma batalha muito difícil, entretanto, ele tinha que atravessar o rio em um dia que o mesmo estava demasiadamente agitado. Como a batalha era muito importante e Olowu não podia perder nenhum dos seus soldados, ele fez uma promessa a Osun, a Deusa desse rio, de modo que ele e o seu exército tivesse sucesso na travessia.

Oluwo ajoelhou-se diante do rio e proferiu: “Minha Mãe Osun, se a senhora permitir atravessar o seu rio juntamente com o meu exército e me favorecer na grande batalha, eu lhe darei coisas boas”. Olowu, no entanto, não se atentou que sua esposa tinha por nome “Coisas Boas” (Nkan Rere). Logo após a súplica de Olowu, as águas do rio começaram a baixar, mas Osun havia entendido que Olowu iria lhe presentear com sua mulher “Nkan Rere”.

Olowu e seu exército conseguiram atravessar o rio e venceram a grande batalha. No caminho de volta, Olowu novamente se deparou com o rio, que uma vez mais estava com suas águas bastante agitadas. Diante do rio de Osun, Olowu mandou que todos jogassem às águas muitas coisas boas. Assim, Olowu e se exército começou a depositar no rio muitos búzios, muitos ovos, pulseiras e correntes de bronze. No entanto, tudo que eles jogavam ao rio, voltava, ou seja, Osun não aceitou nenhuma das oferendas e suas águas ficavam cada vez mais agitadas.

Preocupado com aquela situação, Olowu consultou Ifá que lhe disse que Osun estava irritada, pois Olowu havia prometido a própria mulher ao rio. Somente nessa hora Olowu percebeu “Coisas Boas” também era o nome de sua esposa.

Olowu então levou a própria esposa ao rio, de modo que Osun voltasse a ficar calma. A esposa de Olowu estava grávida e essa criança nasceu dentro do rio, com a proteção de Osun. Assim que a criança nasceu, Osun a devolveu, dizendo que Olowu só havia prometido “Nkan Rere” e não a criança.

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!

Texto: Blog Cada do Òsùmàrè

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EWO

Ewó – Os Interditos na Religião dos Òrìsàs – Escute as Recomendações do seu Sacerdote!

“Minha Ìyálòrìsà me disse que eu não podia comer Cajá, eu comi e não me fez mal algum, esse negócio de Ewó é conversa fiada”!

Talvez pela falta de informação ou conhecimento acerca da cultura dos Òrìsàs, muitas pessoas pensam dessa forma, ou seja, se comeu e não sentiu nada, não tem problema nenhum, pois não é… Ewó, será que é isso mesmo?

Antes de tudo é preciso entender o que são os Ewó. Na religião dos Òrìsàs, acreditamos que ao longo da vida, todos os seres e Divindades passaram por momentos de alegria, felicidades, dificuldades, decepções, etc. Nessa ótica, aquilo que motivou ou desencadeou, por exemplo, um processo de decepção, tornou-se um interdito para aquele ser/Divindade.

Há alguns meses, publicamos a razão de Ògún usar màrìwò. À época, esclarecemos que quando ele entrou mata adentro, envergonhado por ter matado o cachorro guardião do mercado da riqueza, suas roupas foram completamente rasgadas pela ação de uma determinada planta espinhosa, fazendo com que ele, envergonhado por estar nu, se vestisse completamente com màrìwò (Ogun Kolaso, Mariwo Aso Ogun-o Mariwo). A partir desse dia, o màrìwò tornou-se sagrado para Ògún, no entanto, a planta que rasgou suas roupas, passou a ser o seu Ewó. Caso um filho de Ògún venha a usar essa planta (por exemplo, um banho), provavelmente naquele momento ele não sentirá nada, mas ele despertará em Ògún, a lembrança daquele momento de vergonha, o que lhe pode ser prejudicial futuramente.

Esse é somente um exemplo, para ilustrar, mas existem centenas de histórias que justificam todos os Ewós do Candomblé. Talvez a mais conhecida, seja a de Òsàlá, que deixou de criar o mundo, pois bebeu o Emú (vinho de palma), tornando essa bebida um terrível Ewó desse grande Òrìsà. Há, também, a história que justifica o Ewó do mesmo Òsàlá com o Epó Pupá, quando Èsù de forma maliciosa sujou sua impecável roupa branca com o dendê (Epo Made So Alá).

Interessante observar que, muito embora o Epó Pupá e o Emú sejam Ewó de Òsàlá, ambos são apreciados por Ògún, o que nos mostra que, nem sempre o interdito para uma pessoa, será para outra. Muito embora, existam casos em que o Ewó é comum para todas as pessoas do Candomblé, como o caso da “Aranhola”, conforme já mencionado em postagens antecedentes.

Muitas pessoas comentam sobre os interditos alimentares, no entanto, existem muitas proibições que variam desde não poder usar roupas remendadas até não poder tomar banho de uma determinada folha ou conjunto de folhas. Esses Ewós são determinados em razão do Òrìsà da pessoa, bem como, o seu destino (Odù), identificado por meio de consulta ao oráculo.

Conforme início do texto, muitas pessoas acreditam que “se comeu e não sentiu nada, não é Ewó”. Mas, em verdade, as proibições não estão somente relacionadas a uma indisposição alimentar. A quebra do Ewó, invariavelmente implicará em prejuízos futuros, como uma possível cólera do Deus, em razão do não cumprimento do interdito.

Quando um Sacerdote diz ao filho: “Meu filho, não coma abóbora”. Ele não está querendo lhe privar de algo que até você ser iniciado sempre lhe fez bem. Ele somente está lhe dando informações preciosas que contribuirá no futuro, para a sua edificação espiritual. O mesmo ocorre quando a Ìyálòrìsà diz: “meu filho, não coma Cajá e não use roupa vermelha”. Ela não quer lhe privar de um refresco saboroso ou da cor da moda. Ela somente quer o seu bem!

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!

Ilé Òsùmàrè Arákà Asè Ògòdó

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