Ọșogbo é a capital do estado de Òşún da Nigéria, está localizada entre Ibòkun, Ikirun, Ede e Akodá. Ela pode ser encontrada na latitude 70 e longitude 4,500 leste. Vale a pena contar a história do mito fundador de Ọșogbo antes de nos aprofundarmos no festival de Òşún em Ọșogbo. De acordo com fontes orais e secundárias, há pelo quatro relatos históricos sobre a origem da comunidade de Ọșogbo.
A primeira conta diz-se que houve luta pela sucessão ao trono de Ibòkun, o que fez um dos príncipes, Ọwátẹ, migrar para outro assentamento. Quando saiu de Ibòkun, ele foi acompanhado por seus amantes de ambos os sexos para fundar Ìpólé-Òmu.
Foi assim que Ọwátẹ tornou-se o primeiro rei de Ìpólé-Òmu. Não muito tempo após o assentamento de Ìpólé, eles foram confrontados com a escassez de água, que o fez consultar Ifá para ter uma pista para o seu problema. Ifá disse a Ọwátẹ para se mover a fim de obter água, mas Ọwátẹ se recusou a sair.
Quando Tìméhìn e Ọláròóyè que eram os filhos mais velhos de Ọwátẹ, viram que seu pai não estava pronto para sair de Ìpólé-Òmu, eles decidiram procurar uma fonte de água para melhorar a situação. O lugar inteiro era uma floresta muito grossa naquele tempo, embora Tìméhìn nada temesse, ele era um caçador valente. Ìdin léké (Òdí’ Ìretè) foi o Odù Ifá que lhe apareceu naquele dia. Em sua aventura, eles se reuniram em Òròkí que era um rio.
Este Ìpólé está localizado nas terras Ìjèsà e não em terras Èkìtì em Badejo (1991:96), situado perto da cidade de Èkìtì que é perto de Ìkogòsì. Ìpólé Èkìtì é chamada de Ìpólé Ìlóró que antigamente se chamava Ìpólé Àpá. Eles migraram para um local que atualmente é Ìpólé-Ìjẹşà.
Esta informação foi fornecida pelo rei de Ìpólé Ìjèsà no ano 2.000.
A informação que recebemos do Sr. Yekeen, é que Òròkí é uma divindade feminina como Òşún. Ele disse também que Tìméhìn e Láròóyè aparecem sobre as águas de Ọkanlá atrás do palácio do Àtàója em Ọșogbo.
Também nos foi transmitido que ela era uma Àjé que acomodou Òşún em Ọșogbo, quando ela vinha de Ìgèdè-Èkìtì. Além disso, a própria pessoa nos disse que ela (Òròkí) foi a única que disse a Láròóyè e Tìméhìn como apaziguar Òşún. Porém, ela não gosta de fama como neste owé:
A kìí fòkìkí pòkìkí.
Nós não anunciamos o que já foi promulgado.
Isto é contrário à ideia de Farotimi D.O. (1990:31):
Os governantes eram filósofos naturais e pensadores que sempre tomaram medidas adequadas antes de embarcar em qualquer ação e as decisões nunca foram lamentadas. Foi por isso que as pessoas se referiam a Ọșogbo como uma cidade onde as pessoas pensam profundamente antes de tomar qualquer decisão, o que se diz na linguagem yorùbá:
Ìlú tí wón gbé ń rò ó kí á tó şe é.
Ou simplesmente: Ìlú Òròkí.
Nossa visão também é contrária à Badejo (1996:34) que diz:
Òròkí refere-se a uma mulher famosa, provavelmente de Ọșogbo. Pode ser o nome de uma ex sacerdotisa da deusa Òşún.
Ela disse-lhes sobre a água de Ọkanlá e que eles deveriam beber. Eles partiram de Òròkí e continuaram sua jornada. Foi assim que encontraram uma corrente de água e eles decidiram montar uma tenda em sua margem.
Este é o lugar onde eles chamaram Ohùn totó, depois o nome da mãe de Ọláròóyè.
Mais tarde, a água também secou e eles continuaram sua busca.
Neste momento à Ọláròóyè foi dado o poder administrativo para coordenar as pessoas. Porque, seu irmão, Tìméhìn não tinha tempo para tal, porque ele era um caçador. Então, Ọláròóyè enviou Tìméhìn e alguns caçadores corajosos para procurar água. Em sua aventura, Tìméhìn atirou em um elefante durante o trabalho e trouxe sua cabeça para o santuário de Ògún na cidade.
Isto é visto no oríkì de Ọșogbo, eles são os descendentes de quem levou o elefante conhecido na cidade de Ọșogbo. Eles fazem alusões ao elefante histórico morto por Tìméhìn.
Eles continuaram a jornada e encontraram Ọsànyín uma poderosa divindade que estava engajada em uma séria batalha. No final Ọsànyín assistiu Tìméhìn e os outros caçadores dando-lhes dezesseis pontos de luz (Àtùpà Olójú Mẹrìndínlógún) como uma fonte de energia para eles. Ele ordenou que observassem a iluminação anual.
Pelo que podemos ver no festival anual de Òşún em Ọșogbo, um dia inteiro é dedicado à iluminação, o ritual dos dezesseis pontos de lâmpada de Osányìn.
A importância desses dezesseis pontos de lâmpada de Osányìn é elogiado pelas pessoas no Oríkì de Ọșogbo:
A descendência das dezesseis lâmpadas.
Que brilham em Òròkí Ilé.
Elas brilham para o rei
Elas brilham para Òşún
Elas brilham para as divindades.
Ela vai brilhar para as pessoas.
Depois que eles receberam as lâmpadas de Osányìn eles encontraram o rio Òşún quando seguiam em frente. Quando eles chegaram lá, eles decidiram se estabelecer.
Eles estavam cortando uma grande árvore e ela caiu no rio, eles ouviram uma voz dizer: Magos da floresta, vocês quebraram todos os meus potes de indigo.
Da mesma forma, discordamos de Wenger (1990), que considera que Òròkí é a irmã mais nova de Òşún. Se Òròkí não é suprema para Òşún, no entanto, elas devem ser iguais em status como divindades.
Ọkanlá é água de nascente.
Ela está atrás do palácio do Àtàója até hoje (a nascente).
Eles a transformaram em um poço. A história diz que a água deve ser pega e bebida por cada Àtàója, pois, é considerado uma fonte de energia para eles. Além disso, é uma herança cultural para os reis de Ọșogbo, este ritual eles devem sempre realizar.
Osányìn é uma divindade poderosa nas terras yorùbá. Ele é uma divindade eminente e tem o conhecimento adequado das ervas medicinais e é o patrono de todas as ervas.
Eles ficaram apavorados com aquela voz e consultaram Ifá para saber o que fazer.
Ifá disse-lhes que era Òşún a deusa do rio, que estava irritada com a invasão de seu império. Além disso, eles devem se afastar desta área antes mesmo de descansarem. Eles enviaram mensagem para o rei Ọláròóyè, dizendo que tinham visto um bom lugar para se estabelecerem e que havia água.
Quando Ọláròóyè chegou, eles tiveram que oferecer sacrifícios, como fora ditado por Ifá.
Depois de oferecerem o sacrifício, um grande peixe chamado Ikò, o mensageiro de Òşún, saiu da água e Ọláròóyè estendeu as mãos para receber Ikò. O aparecimento deste peixe simboliza a aceitação e a eficácia do sacrifício.
A partir deste evento, nasceu o título de rei de Ọșogbo, o Àtàója. Este nome é cunhado em:
Eni tó tẹwọ gba ẹja.
A pessoa que estendeu a mão para receber o peixe.
Esta é a elisão de Àtàója até os dias de hoje.
Outro relato fala que Ajíbógun era o filho de Owá Ìlẹşà. Ele decidiu deixar Ìlẹşà e ir para outro lugar já que não estava satisfeito com seu pai. Depois de muito apelo para que Ajíbógun não deixasse a cidade ele recusou decididamente ao apelo de seu pai.
Ele deixou a cidade com Ọláròóyè, Tìméhìn, Ògìdán, Talo e Sègi lợla. Seu primeiro assentamento foi chamado de Òpólé, onde permaneceu por algum tempo, antes da morte de Ajíbógun.
A morte de Ajíbógun e a escassez de água em Ìpólé o fez deixar o local. Quando eles estavam se preparando para deixar o local, o Ọwá de Ìlẹşà mandou uma mensagem para que voltassem para Ìlẹşà, porém, eles recusaram. Tìméhìn e Ògìdán que eram caçadores tiveram que assumir a liderança em sua jornada na floresta em busca de água. Quando estavam à procura, eles encontraram um grande rio.
Eles decidiram cortar uma árvore para marcar o local e facilitar a identificação do mesmo, para quando eles trouxessem as pessoas de Òpólé.
Quando a árvore caiu na água, eles ouviram uma voz misteriosa que dizia:
Oşó igbó, ẹ pèlé – Mago da floresta, bem feito!
Oşó igbó, ẹ rọra – Mago da floresta, vá com calma
Gbogbo ìkòkò aró mi ni ẹ ti fó tán – Vocês quebraram todos os meus potes de índigo!
Eles tiveram medo e fugiram.
Quando estavam em disparada, eles foram chamados de volta pela mesma voz. A voz revelou ser Osún. Ela disse-lhes para se afastaram um pouco para terminar sua tarefa.
Ela disse que eles deveriam estar adorando a ela anualmente. Este é o festival anual de Osun em Ọșogbo. Quando Ògìdán e Tìméhìn voltaram para Ọwá seus povos souberam que Ọláròóyè lutou com Osányìn e que ele tinha apreendido os dezesseis pontos de lâmpada.
Iko que significa, um mensageiro ou representante, portanto, Iko Òsún refere-se ao seu mensageiro ou representante. Iko Osun é um grande peixe que costumava aparecer no passado, mas não pode mais aparecer por causa da transformação do culto de Òsún. (Cf Bolanle Awe et al (1995:8)
A iluminação dada por Osányìn com esta lâmpada é feita durante um dia inteiro durante o festival Òsún de Ọșogbo até hoje como apontado no primeiro relato histórico.
A terceira consideração é assim:
Ọwá Adéfokàn-balè-bí-àdàbà é o filho de Ajíbógun, também conhecido como Obòkun, a descendência de Òlófín-Ayè Odùduwà Adéfokàn-balè vivia com seu pai em Ìlemùré, que agora é chamado Ibòkun.
Depois que ele partiu de seu pai fundou Ìpólé-Òmu. Embora Ọwá Adéfokàn-balè fosse o primeiro Ọwá de Ìpólé-Òmu mas haviam cerca de oito Ọwá que governaram lá. O último Ọwá de Ìpólé foi Ọláròóyè cujo irmão mais velho, Tìméhìn foi um grande caçador; que estava dando um grande apoio ao rei. Foi durante o mandato de Ọláròóyè que eles estavam enfrentando escassez de água em Ìpólé-Òmu. Esta crise fez Tìméhìn, um caçador valente começar a procurar água na floresta. Em sua busca por água, eles encontraram o rio Òşún, e decidiram montar uma tenda, antes que eles pudessem trazer outras pessoas para o local. Como eles estavam cortando uma árvore, que caiu no rio e eles ouviram uma voz misteriosa de dentro da água:
Oṣò igbó, – Feiticeiro da floresta!
Ẹ pèlé – Acalme-se!
Gbogbo ìkòkò aró mi ni ẹ ti fó tán – Você quebrou todos os meus potes índigo!
Ẹ sún sókè kí ẹ lè gb’èrù – Se mova ali para que possa florescer!
Ẹ sún sókè kí ẹ lè gb’èrù – Se mova ali para que possa florescer!
Este acontecimento os fizeram perguntar a Ifá o que eles fariam.
Ifá disse a eles para oferecer sacrifício a Òşún e eles ofereceram.
Foi assim que eles se estabeleceram neste lugar até hoje.
A quarta consideração diz que a cidade de Ọșogbo é uma comunidade heterogênea. O relato de pessoas de Ìrẹsàadú, Ìrẹsàapa, Òbà, Ìliè e outras cidades e aldeias vieram até os dias atuais, como os agricultores e pescadores deỌșogbo. Seus homens estavam na agricultura e na pesca, suas esposas foram ajudá-los a vender peixe para o povo de Ìjẹşà, Ìpólé-Òmu. Este grupo de pessoas foi chamado Gbónmi porque a sua principal ocupação era a pesca. Eles não estavam em uma cidade, mas em um assentamento de baixa densidade (Wenger 1990:27). Suas esposas também estavam vendendo mingau de milho (ègbo). Este relato diz que o nome Ọșogbo foi cunhado a partir de Ìsò ègbo, isto é, o lugar / local onde se vende ègbo. Um dos nossos informantes, Mr. Yekeen disse: “Gbónmi l’àgbà Ọșogbo – Gbónmi é sênior para Ọșogbo.
Há contradições sobre as histórias do mito ou história de Ọșogbo.
Rev. Samuel Johnson em seu próprio relato é de opinião que foi durante o século 16, quando Aláàfin Kórì era o rei do império de Ọyọ quando Ọșogbo foi fundada. Durante esse tempo, alguns saqueadores de Ìjẹşà interceptaram pessoas em seu caminho para o mercado de Apòmù. Foram essas pessoas que procuraram a assistência de Aláàfin Ọyọ. A pessoa enviada pelo Aláàfin era um caçador valente, que fundou a cidade de Ede. Ele era Tìmì de Ẹdẹ. Quando o Aláàfin de Ọyọ enviou Tìmì, o Ọwá de Ileșa também enviou o Àtàója para neutralizar o poder de Tìmì, e ele também deu a Àtàója o comando do culto do rio Òşún (Samuel Johnson 1921:155-160).
É uma tarefa hercúlea endossar qualquer das narrativas acima sobre o mito/história de Ọșogbo. Ao mesmo tempo, não podemos dizer que qualquer uma delas é falsa. Isto porque, temos de aceitar os mitos de cada sociedade, como a verdade, como eles foram apresentados e aceitos pelas sociedades (Joseph Miller 1980:1-60). Eu acho que a coisa ideal a fazer é trazer ospontos / questões mais salientes e comuns a essas narrativas que têm a sua base na sociedade contemporânea.
A primeira questão a destacar é que as pessoas Ijesa fundaram a comunidade de Ọșogbo, mesmo que as pessoas de cidades como Ìrẹsàadú, Ìrẹsàapa, Òbà e Ìliè tenham existido escassamente nos arredores e imediações. Podemos, então, dizer que Ọșogbo é um conglomerado das pessoas de Oyo e Ileșa.
Outro problema trazido à tona é que a partir de cada mito narrado acima, Osun está relacionada com o estabelecimento da cidade de Ọșogbo. Em outras palavras, podemos dizer que foi Òşún que batizou Ọșogbo. Além disso, é a relação de Òşún com os fundadores de Ọșogbo que trouxe o título de seu rei Àtàója. Portanto, sem Òşún não podemos conhecer Ọșogbo.
Isso significa que o fundamento histórico e a autoridade política dessa comunidade estão vinculados a Osun como uma divindade. Em conclusão, o oríkì de todos os reis de Ọșogbo,mostra que o passado e o presente de Ọșogbo está relacionada tanto com a comunidade de Ìjẹşà, quanto Ọyọ. Isto significa que o poder político em Ọșogbo atesta isso, se examinarmos o oríkì de todos os reis de Ọșogbo começando desde o primeiro até o atual Àtàója.
• Àtàója Ọláròóyè Gbádéwòlú (1670-1760)
• Àtàója Sògbódẹdẹ (1760-1780)
• Àìná Sérébù (1780-1810)
• Àbógbé (1810-1812)
• Òbódegbéwá (1812-1815)
• Àtàója Láhànmí Òyípi (1815-1840)
• Àtàója Òjo Adíò Òkégè (1840-1854)
• Àtàója Ọládéjọbí Ọládélé Mátànmí I (1854-1864)
• Àtàója Ògúnníkèé Dúrósinmi Fábòdé (1864-1891)
• Àtàója Bámigbólá Àlàó (1891-1893).
• Àtàója Àjàyí Ọlósundé Oyètònà (1893-1903)
• Àtàója Àtàndá Olúkéyè Olùgbèjà Mátànmí II (1903-1917)
• Àtàója Kòfowórọlá Àjàdí Lájọmọ Ọlátònà (1918-1920)
• Àtàója Àlàbí Kóláwọlé (1920-1933)
• Àtàója Samuel Oyèdòkun Àkànó Látònà II (1933-1943)
• Àtàója Samuel Adéléyẹ Adénlé I (1944-1975)
• Àtàója Ọlátidóyè Iyìọlá Oyèwálé Mátànmí II (1976 till date).
Destes dezessete reis (incluindo os regentes) de Ọșogbo todos eles têm descendência tanto paternal ou materna deÌjẹşà. Mesmo que os governantes desta comunidade estejam ligados a Ọyọ e Ìjẹşà, o oríkì-Orílè de Ọșogbo também estabelece o fato que o povo de Ìjẹşà estabeleceu Ọșogbo. Não somente isto, Ọșogbo como uma comunidade não pode ser separada de Osun religião.
A questão pertinente:
Nós podemos perguntar: Òşún é a única divindade de Ọșogbo?
A resposta para isso é Não!
Por:
Die Bayreuther Online-Reihe “Bayreuth African Studies Online” präsentiert
Forschungsergebnisse des Afrika-Schwerpunkts der Universität Bayreuth.
October 2005.
George Olusola Ajíbádé
Tradução: Odé Gbàfáomi