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Archive for Maio, 2014

A confraria feminina reivindica o poder!

Nos tempos antigos, pouco depois que Òlódùmàrè delegou a criação do mundo os Òrìsàs agbóros(masculinos), realizavam oferendas para o Senhor da Criação, com o intuito de intervir pelos seres humanos e manter o equilíbrio das forças da natureza. Mas não convidavam as mulheres, pois a cerimônia era proibida para o sexo feminino. Esta foi a razão pela qual Òsun revoltou-se contra os Òrìsà masculinos e reuniu todas as mulheres convencendo-as a tomarem uma atitude quanto a proibição dada pelos Òrìsà masculinos. Òsun então se tornou Ìyálòdè (chefe de todas as mulheres) e, representando as mulheres, recorreu as Ìyamí Òsòròngá (Mães ancestrais), as detentoras do poder feminino. Entregando-lhes oferendas, Òsún pediu o auxilio das Ìyamí Àjé (Mãe feiticeira), que lançaram o àjé em todos os homens que, a partir de então, passaram a não mais defecar e urinar porque suas vísceras não funcionavam normalmente. Até os animais do sexo masculino foram atingidos. Homens e animais começaram a passar mal, pois eles comiam e bebiam, mas não podiam defecar e nem urinar. Esta situação durou sete dias… Os seres do sexo masculino começaram a morrer, o que preocupou os Òrìsà, que resolveram consultar Òrúnmìlà (sacerdote supremo do oráculo de Ifá). Então o Babaláwo Òrúnmìlà consultou o oraculo para responder a todos os Òrìsà, oportunidade na qual respondeu o odu Osé Ireté. Òrúnmìlà recomendou, então, que quando eles fossem realizar oferendas na mata sagrada deveriam convidar uma mulher que estava esperando um filho, está mulher era Òsun. E, se ela concordasse em acompanha-los, tudo voltaria ao normal, e todos ficariam curados daquele grande mal. Seguindo a recomendação do Babaláwo, eles foram até Òsun, que estava se banhando na beira de um rio, e a convidaram para fazer parte das oferendas. Ela ouviu as suplicas dos Òrìsà masculinos e, mesmo com muita vontade de aceitar o convite, se negou a participar alegando que ela e todas as mulheres estavam cansadas de serem tratadas como escravas dos homens, ressaltando que a mulher participa da criação da vida e, por esta razão, tinham o direito de intervir e decidir por ela. Diante da negativa, imploraram a presença de Òsun. Vendo que todos os homens estavam passando muito mal, Òsun resolveu acompanhá-los nas oferendas, mas com uma condição: que  todos os Òrìsà masculinos deveriam passar um pouco de seus poderes para a criança que ela estava esperando, e que deveriam rezar muito para a criança nascer do sexo masculino, pois, se a criança que estava dentro dela nascesse menina,  os homens ficariam subalternos às mulheres. Os Òrìsà masculinos ficaram preocupados, pois acreditavam que a condição imposta por Òsun poderia colocar em risco a existência e que, nada deste mundo,  daria certo para todos os homens. Por outro lado pensavam que, se nada fizessem, todos os homens morreriam o que os obrigou a aceitar a imposição de Òsun para acompanhá-los até  a mata sagrada. Sem saber como passar parte dos seus poderes para criança os Òrìsà voltaram a consultar Ifá, quando então  respondeu o odu odiséséso (mensageiro do nascimento).  Desta feita, o Babaláwo aconselhou  que todos os Òrìsà fossem pela manhã à casa de Òsun e impusessem as mãos no ventre dela dizendo o seguinte: “que de mim passe para esta criança um pouco de meu poder”. Deveriam fazer isto até que a criança viesse ao mundo para garantir que ela fosse do sexo masculino. Recomendou ainda que os homens deveriam aprender respeitar as mulheres. Èsù, Ògún e todos os Òrìsà masculinos  seguiram para casa de Òsun e fizeram o que lhes foi recomendado pelo Babaláwo até o dia do nascimento da criança. Imediatamente as funções intestinais, os rins, fígado, bexiga dos homens e animais do sexo masculino voltaram a funcionar. A partir dai as mulheres passaram a ser respeitadas e temidas como feiticeiras. No dia do nascimento da criança todos Òrìsà masculinos ficaram em frente da casa de Òsun para saber qual seria o seu sexo. Esperaram por muito tempo até  Osun aprensentá-la para o egbe (comunidade): era um menino, para alívio dos  Òrìsà do sexo masculino. Todos os Òrìsa cantaram e louvaram a existência e gritaram assim: urra  to to to  (estamos salvos). A partir deste dia os Òrìsà masculinos não faziam mais oferendas sem convidar e levar suas esposas e  todas as mulheres. O Babaláwo consultou mais uma vez Ifá  e respondeu  o odu oturá, nome que eles propuseram a criança. Levaram a proposta para Òsun, que não concordou e, se preparou para fazer imposições. Neste momento um pássaro pousou no fila (espécie de chapéu) que estava cobrindo a cabeça da criança e se curvou. Aquele sinal significou que a criança tinha o poder de apaziguar até as Ìyamí Àjé, razão pela qual, Òsun  atendeu parcialmente a proposta dos Òrìsà e deu à criança o  nome de Osé Otura:  a criança tem o poder de todos Òrìsà. O garoto ficou conhecido como o décimo sétimo odu do jogo de búzios e, a partir de então, este odu passou a intermediar as mensagens e oferendas para todos os outros odu. Apenas ele tem o poder de entrar  e sair do Orun, quando e como quiser, sem ser perseguido pelas Ìyamí Àjé.

Fonte: Blog Casa do Oxumare

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ALBINOOKOK

Com efeito, podemos afirmar que a religião dos Òrìsàs, por meio das suas histórias, dogmas e costumes, consegue esclarecer tudo o que existe no mundo. Nessa oportunidade, vamos transcrever uma antiga história Nàgó, que nos explica o surgimento de pessoas albinas, que são consagradas à Òsàlá, mas que são dessa forma, por conta de uma magia inicialmente desenvolvida e praticada por Èsù, que a perdeu após uma disputa insensata com a grande Divindade Funfun.

Essa história nos ensina igualmente, que jamais devemos querer ser mais que os nossos mais velhos, que devemos respeitar a sua antiguidade, que não podemos aumentar a nossa idade de iniciação e que sempre devemos seguir as orientações dos nossos sacerdotes. Como costumamos dizer aqui na Casa de Òsùmàrè: “orelha não passa cabeça”.

Naquela época, Èsù queria ganhar notoriedade e, para isso, queria convencer a todos que ele era mais antigo que Òsàlá. Ao longo de muito tempo eles discutiram com o objetivo de provar qual dos dois era o mais antigo. Òsàlá afirmava que quando Èsù surgiu, ele já estava no mundo há muito tempo.

Diante desse cenário, as demais Divindades se reuniram, propondo que Èsù e Òsàlá se confrontassem, com o objetivo de provar qual era o mais antigo. Ambos foram consultar Ifá, o Deus da Adivinhação, para saber o que deveria ser feito. Òsàlá seguiu todas as recomendações de Ifá, por outro lado, Èsù as negligenciou.

Quando chegou a data do confronto, todas as Divindades se reuniram para presenciar Èsù e Òsàlá disputarem o posto de mais antigo. Òsàlá inicialmente tocou Èsù que imediatamente caiu, fazendo com que as Divindades exclamassem: “Epa Baba”. Èsù, insatisfeito, levantou-se e tocou a cabeça de Òsàlá, tornando-o um anão. As Divindades ficaram impressionadas e, também, exclamaram “Epa Èsù”. Ao longo de um grande espaço de tempo, Èsù e Ósàlá ficaram disputando, tentando mostrar quem tinha mais poder, quem tinha mais magia e, por consequência, quem era o mais antigo.

Num dado momento, Èsù tirou de sua cabeça uma pequena cabaça (Ado), na qual tinha uma poderosa magia. Èsù pegou a magia existente dentro dessa cabaça e soprou em direção de Òsàlá, fazendo surgir uma grande nuvem branca de fumaça. Quando essa nuvem se desfez, Òsàlá não era mais um homem negro, ele havia si tornado totalmente branco (albino). Èsù começou a dizer: “Eu sou o mais velho, Eu sou o mais antigo, Eu tenho mais poder que Òsàlá”.

Òsàlá de forma muito serena e calma, retirou do seu Filá, um grande poder, impregnado de Asè. Ele pegou essa magia (Afose), tocando-lhe a boca, dando força às suas palavras. Feito isso, ele disse: “Èsù, eu ordeno que venha até mim e me entregue a sua cabaça com a magia que existe nela”. Èsù, hipnotizado pela força da palavra de Òsàlá, foi em direção do mesmo, entregando-lhe a cabaça com a magia. Todos exclamaram: “Epa Baba”. Òsàlá pegou a cabaça e mostrou a todos que estavam presentes, afirmando que, a partir daquele dia, somente ele, Òsàlá, teria o poder de tornar as pessoas albinas e que essa magia, que outrora pertencia a Èsù, era agora de sua propriedade, que ele era mais velho que Èsù.

Todas as Divindades ficaram espantadas com a forma com que Èsù obedeceu à Òsàlá e, começaram a exclamar: “Alabalaasè” (ele é o senhor da força, do poder). As Divindades falaram: “Òsàlá é mais antigo que Èsù, Òsàlá tomou o poder de Èsù”.

Òsàlá disse que, todas as pessoas albinas que surgissem no mundo, seriam fruto da sua vontade e que, seriam consagradas à ele e abençoadas por ele.

Nós do Terreiro de Òsùmàrè, esperamos que os leitores e admiradores da nossa Fanpage, tenham gostado de mais essa importante história da tradição dos Deuses Africanos, os Òrìsàs.

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos.

Casa de Òsùmàrè

 

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  • dada

Antes de Ìyá Torosí, Òrànmíyàn casou-se com Ìyá Mòrèmí e com ela teve um filho, cujo os cabelos nasceram em tufos, era Dàda Bàayànì Àjàkú. Dàda (Àjàká), que também foi um Aláàfìn Òyó, irmão de Sàngó, era um rei muito calmo e pacífico e sua personalidade não permitiu-lhe ser um grande comandante. Aproveitando-se disso, Sàngó apossou-se do reinado de Òyó, tornando-se Aláàfìn.

Dàda Bàayànì Àjàkú, passou, então, a reinar um povoado próximo de Òyó. Envergonhado com o seu despojamento, Dàda passa a usar uma coroa que lhe cobre todo o rosto (Adé Bàayànì), a qual tiraria apenas quando reconquistasse seu lugar em Òyó.

O reinando de Sàngó durou exatos sete anos, nesse período, ele foi um governante cruel, sendo chamado de aterrorizador (Èrùjèjè), desta feita, Sàngó abdica do trono de Òyó e se refugia em Kòso, lugar onde ele desaparece aos pés de um Igi Àyàn.

Um provérbio yorùbá diz: “De Wole Nira Oya, Ni Kòso Do Wole Sàngó” (“Oya adentrou à terra em Irá e Sàngó adentrou à terra em Kòso).

Isto posto, Dàda Bàayànì Àjàkú retomou o reinado de Òyó, governando a cidade até sua morte. Posteriormente, Aganjú seu filho, torno-se o novo Aláàfìn.

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!

Ilé Òsùmàrè Aràká Asè Ògòdó

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  •  yewa

Com muita satisfação e orgulho, hoje vamos falar um pouco sobre um Òrìsà que possui uma ligação muito forte com a nossa casa, a importante Divindade de Egbado, o Òrìsà Yewa. Sobre isso, recordamos que uma das mais aclamadas Ìyálòrìsàs do Terreiro de Òsùmàrè, Maria das Mercês – Mãe Cotinha, era filha desse Òrìsà.

Uma antiga história Nàgó, explica a razão de Yewa possuir o dom da vidência. Essa história, explica igualmente, a personalidade do Òrìsà de Mãe Cotinha (Yewa Abiyamo), que durante sua gestão no Terreiro de Òsùmàrè, tomava à frente de grande parte das decisões da casa, não se amedrontando com as dificuldades que surgiam.

A vidência e coragem de Yewa de Mãe Cotinha são até os dias de hoje, versadas em meio às comunidades do Candomblé da Bahia. Certa vez, Yewa com sua acurada vidência, ao predestinar que o Terreiro de Òsùmárè seria invadido por policiais, orientou aos filhos da casa que preparassem um banquete com muito vinho e água ardente. Feito isso, alguns policiais chegaram à Casa de Òsùmàrè, com o objetivo de finalizar a cerimônia, conforme repressão existente à época. No entanto, eles foram convidados pela própria Yewa a comer e beber. Esses policiais comeram e beberam tanto que, ao final do banquete, eles não tinham sequer condições de montar em seus cavalos e, por fim, acabaram dormindo na Casa de Òsùmàrè. Ao acordar, eles estavam totalmente envergonhados e nunca mais voltaram a ousar acabar com alguma cerimônia na Casa de Òsùmàrè.

Isso não poderia ser diferente e as histórias relacionadas aos Deuses Africanos, nos ilustram o poder dessa grande Divindade.

Yewa vivia às margens do rio que, futuramente receberia o seu nome, na cidade de Egbado. Todos os dias, Yewa caminhava rumo ao rio, com uma gigantesca cabaça, na qual ela carregava roupas para serem lavadas. Em uma dessas idas, quando Yewa estava cuidando das roupas, ele viu que havia um homem correndo em sua direção. Por ser muito destemida, mesmo sem saber de quem se tratava, Yewa permaneceu no mesmo lugar, não se amedrontando com o homem que corria em sua direção.

Quando o homem chegou, esbaforido com a corrida, Yewa viu que era Orunmila Elerin Ipin Ibikeji Olodunmare, ou seja, o Deus da Divinação, o Testemunha da Criação, o Segundo de Olodunmare. Orunmila disse à Yewa que estava correndo, pois Iku (a Morte) estava à sua caçada e temia por sua vida.

Yewa prontamente retirou todas as roupas que estavam na gigantesca cabaça, emborcando-a sobre Ifá e dizendo ao mesmo que, ele deveria ficar imóvel e sem falar nada, até que Iku fosse embora.

Yewa sentou-se na cabaça e fingiu lavar as roupas, esperando que a morte chegasse. Yewa sabia que não corria risco, sendo que Iku não procurava por ela, mas sim por Orunmilá. Passado alguns minutos, Iku chegou ao local onde estava Yewa, indagando-lhe se havia visto um certo homem, informando as características de Orunmilá. Yewa prontamente disse que sim, que esse homem havia passado correndo, seguindo o curso do rio abaixo. Iku seguiu às margens do rio, no entanto, sem jamais conseguir encontrar Orunmilá.

Passado o susto, Yewa levantou-se e Orunmilá surgiu agradecendo a imprescindível ajuda de Yewa. Como forma de reconhecimento por ela ter salvado sua vida, Orunmilá fez uma magia, conferindo à Yewa, o poder da vidência, como ele mesmo Orunmilá o tem. Orunmilá leu ainda, a mente de Yewa, que almejava por um filho. O Deus da Adivinhação disse à Yewa que ela seria mãe em breve e, por fim, a levou para casa, tornando Yewa sua esposa.

Que Òsùmàrè Aràká continue sempre olhando e abençoando todos.

Terreiro de Òsùmàrè

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Que outro vegetal pode ser mais importante para nosso contexto religioso que o dendezeiro?
Creio que podem existir outros tão importantes quanto ele, mas nenhum mais importante do que ele.
Das suas folhas fazem-se as franjas do mariwo, cortinas sagradas que têm por finalidade resguardar e separar o sagrado do profano.
De seus frutos extrai-se o óleo de palma, conhecido no Brasil como “azeite de dendê”, no Caribe como “manteca de corojo”, entre os Yorubas como “epo pupa” e entre todos os iniciados como “sangue vegetal”.
Retirada a polpa de seus frutos, de onde se obtém o azeite, resta uma semente, pequeno caroço no interior do qual se encontra um coquinho do qual se extrai um óleo finíssimo denominado “óleo de palmiche”, conhecido em yorubá pelo nome de “ADIN”.
Este óleo seria a maior interdição de Exu e sua grande “EWÓ ou KISILA”.
Não bastassem os diferentes produtos que nos é fornecido por esta árvore, devemos nos reportar aos seus significados mais profundos.
O dendezeiro é a árvore sagrada de Ifá e é de seus frutos que se obtêm os negros caroços que, depois de ritualisticamente consagrados, irão representar ORUNMILÁ em seus assentamentos, além de servirem para as consultas ao oráculo de Ifá onde o próprio Orunmilá é contatado por seus sacerdotes, osBABALAWÔS. Aos caroços assim consagrados dá-se o nome de “IKIN”.
Somente os “coquinhos” que possuam quatro “olhos” ou mais servem para esta finalidade, sendo que aqueles que possuem apenas três olhos não devem ser usados para este fim.
Sabemos da existência de escolas que utilizam indiscriminadamente os caroços, independente da quantidade de olhos que possuam, mas não é meu objetivo questionar a validade deste fato na presente mensagem.
O que importa é deixar claro que, classificado cientificamente como “Elaeis Guineensis”, pertencente a família das “palmáceas”, este vegetal possui ainda duas variações que são a “communis” e a “idolátrica”.
A primeira, “comum”, é a mais utilizada na cultura deste vegetal, por produzir, em maior quantidade, frutos maiores e que atendem melhor ao objetivo da produção de mais óleo.
A variedade “idolátrica” produz frutos menores e, por este motivo não é cultivada como sua irmã “comum”, mas é ela que produz as sementes de quatro ou mais olhos o que não ocorre em relação à espécie comum, que pode, ocasional e muito raramente oferecer-nos um caroço de quatro olhos entre milhares de três, e isto é uma exceção dificílima de ocorrer.
Esta diferença sempre foi conhecida pelos africanos que dão, ás duas espécies, nomes diferentes.
Segundo Verger, a variedade “communis” é conhecida pelos YORUBÁ pelos seguintes nomes:
OPÈ PÁNKÓRÓ; ÌPÁNKÓRÓ; OPÈ ARÙNFÓ; OPÈ ÉRÚWA; OPÈ ALÁRÙN; OPÈ ELÉRAN; OPÈ ÒRÙWÁ, ETC.
A VARIEDADE “IDOLÁTRICA” É CONHECIDA COMO: OPÈ, OPÈ IFÁ, OPÈ OLÍFÀ, OPÈ KIN; OPÈ IKIN; OPÈ YÁAÀYÀLA; OPÈ PEKU PE YE; OPÈ KANNAKÁNNÁ E OPÈ TÉMÉRÉ ERÉKÈ ADÓ.
A questão é a que se segue: será que existem, no Brasil, pés da variedade idolátrica?
Será que se conseguem mudas da mesma?
Qualquer informação será de grande utilidade para todos pois é nossa obrigação conservarmos a palmeira sagrada do dendezeiro.
Texto/pesquisa:Baba Ifaleke/ Suami D’Oxun

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Omolokô

Para homenagear o dia 13 de maio,  data oficial da libertação dos Negros no Brasil, um post  sobre o Candomblé Omolokô que hoje em dia interage com outras religiões sem a essência de seus ancestrais, mas que ainda resiste em algumas regiões.

O termo Omolokô, vem da junção das palavras “omo e loko ” filhos Lokô”. Lokô, que era governado pelo rei Farma, no sertão de Serra Leoa. Ele teria sido o rei mais poderoso entre todos os Manes. Sua cidade chamava-se Lokoja e se localizava à margem do Rio Mitombo, afluente do rio Benue, que por sua vez, é afluente do grande rio Níger.

Lokoja ficava próxima do reino Yorubá. O povo Loko também era conhecido pelos nomes de Lagos, Lândogo e Sosso. O nome Loko foi primeiramente registrado em 1606. Também há registro desse povo com o nome de Loguro. Os Lokos viveram até 1917 a oriente dos Temnis de Scarcies. De acordo com pesquisas realizadas, a tribo Loko estava divida em outras menores ao longo dos rios Mitombo, Bênue e Níger e no litoral de Serra Leoa. Em 1664, o filho do rei Farma foi batizado com o nome de D. Felipe. Evidentemente torna-se claro que o principio da sincretização afro-católica já acontecia na África antes da vinda dos africanos ao Brasil. Acredita-se que a tribo Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane e que alguns de seus integrantes vieram escravizados para o Brasil e formaram o Omolokô.

Os povos Mane tinham por costume usar flechas envenenadas e arcos curtos, espadas curtas e largas, azagaias, dardos e facas que traziam amarrados embaixo do braço. Para combater o veneno de suas flechas, em caso de acidente, usavam uma bolsinha com um antídoto. Avisavam os seu inimigos o dia em que iriam atacá-los através de palhas – tantas palhas, tantos dias para o ataque. Traziam no braço e nas pernas manilhos de ouro e prata. Também eram ligados aos brancos que invadiram a África Negra. Adoravam assentamentos de deuses e ídolos de madeira, os quais representavam homem e animais.

Quando não venciam as guerras, açoitavam os ídolos. Se as batalhas eram vencidas, ofereciam aos deuses comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de cabondos e tinham como marca a ausência de dois dentes da frente.


O vocábulo deriva de uma composição baseada em duas outras, oriundas da língua Yorubá com três versões distintas, segundo sua interpretação.

No primeiro ramo de análise, que é a versão de Léa Maria Fonseca da Costa,1 mãe-de-santo de Omolokô significa:

Omo: filho e Loko, que aludiria à árvore Iroko e resultaria em Filhos da Gameleira Branca.

De acordo com a versão de Tancredo da Silva Pinto,2 Tatá Ti Inkice, pai de santo de Angola, no livro Culto Omolokô – Os Filhos de Terreiro, de Ornato José da Silva:

Omo: filho e Oko: fazenda ou zona rural, na qual esse culto, por conta da repressão policial então existente, seria realizado desde a remota época da escravidão.

Por fim, pode-se ainda relacionar o significado da palavra Omolokô também ao Orixá Okô, da agricultura, que era cultuado nas noites de lua nova pelas agricultoras de inhame.

Ainda hoje existem as denominações de terreiro e roça para os locais em que os cultos afro-brasileiros são realizados. Nesse culto os Orixás possuem nomes yorubá (nagô) e seus assentamentos são similares aos do Candomblé.

Há práticas rituais e de culto aos orixásCaboclosPretosvelhos cultivados também na Umbanda.

O Omolokô é apontado por estudiosos e praticantes como um dos principais influenciadores da formação da Umbanda africanizada ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio Candomblé. Teria surgido, segundo Tancredo da Silva Pinto entre o povo africano Lunda-Quiôco.

Possui ritualística própria e seu representante mais expressivo é o Tatá Tancredo da Silva Pinto, já falecido, estafeta dos correios, morador do Morro de São Carlos, que foi um grande estudioso, colunista e escritor. Porém, há relatos da existência de uma escrava, Maria Batayo é a filha de escravos, Léa Maria Fonseca da Costa, que preservaram o Omolokô dissociado da Umbanda conforme é abordado na obra de Ornato José da Silva.

A diáspora dos Orixás cultuados no Omolokô é a mesma utilizada pelo Candomblé e sua organização dogmática o faz diferir também por isso da Umbanda que os cultua em número menor e de forma majoritariamente sincrética.

O Omolokô instaurou-se no Rio de Janeiro, segundo estudiosos, no século XIX, a partir do conhecimento trazido por negros vindos da África e seus descendentes. A herança do período colonial que sofreu influência de diversas vertentes religiosas da África, predominantemente o culto aos Orixás e aos inkices, tornou peculiar a sua forma de culto, mantendo a cosmologia de cada origem, acrescida de rituais religiosos contemporâneos.

No Rio de Janeiro, a partir da miscigenação e influência do Espiritismo francês, instaurou-se um novo movimento denominado Omolokô, disseminado prioritariamente por Tancredo da Silva Pinto. Mantém-se como um exemplo deste seguimento a casa-de-santo Okobalaye, fundada na cidade de São Gonçalo, e o Centro Espírita São Benedito, sediado à rua Vereador Maurício de Souza, 97, Engenhoca, Niterói, RJ, chefiada por Pai Matuazambi, de origem nagô.

*Os escravos de Lokô eram também chamados de Locosís chegaram ao Rio de Janeiro, era costume realizarem seus cultos e oferendas debaixo de uma enorme árvore de boa sombra e davam frutos meio arredondados e vermelhos, porém, não eram comestíveis, oriunda de sua cidade natal. Sofreram influência de diversas vertentes religiosas vindas da África, predominantemente o culto aos Orixás, Inkísses e Voduns, tornou peculiar a sua forma de culto, mantendo a cosmologia de cada origem, acrescida de rituais religiosos heterogêneos. A deformação das tradições trazidas pelos Negros, originou uma ceita ou religião camuflada por várias vertentes religiosas, estando os Nagôs e os Congo-Angola,como raízes principais, fora isso, as influências de ameríndios, da difusão de espíritos de entidades familiares/eguns, da igreja católica com o nascimento do sincretismo e uma nova linguagem de terreiro com clara influência de termos da língua Bantu que se integrou definitivamente a língua portuguesa,  uma associação religiosa. Vários Tátas/Babás renomearam a palavra Omolokô, destituindo-a de seu verdadeiro significado, criando assim ceitas particulares, uma miscelânea sem fim, que ainda podemos observar até hoje em algumas casas de Umbanda. Hoje em dia existem casas que se dizem Omolokô mais que não praticam determinados rituais que caracterizam a Raiz Omolokô, como por exemplo: a falta de camarinhas ou ronkó adequadamente preparados, o ritual de iniciação não contempla a galinha D’angola e um bicho de quatro pés e tão menos o básico do dialeto de algumas cantigas tipicamente da nação Omolokô em África, a queima de efun, ebori, etc. É fácil  observar que muitos abrem suas Casas dizendo-se “Omolokô”, sem raiz alguma  e assim são denominadas por muitos de “umbandomblé” , não se firmam pois não tem essência e se esvaem com o tempo.

 Referências/Fontes

        . Léa Maria Fonseca da Costa
        . Tancredo da Silva Pinto
        . Alberto da Costa  (1994); O Brasil, a África e o Atlântico no século XIX;
        . SILVA, Ornato José da. Culto Omolokô, os filhos de terreiro. Rio de Janeiro: Ed. Rabaço.
  • Ikipédia
  • Luan de N’Zanbi
  • Fernando D’Osogiyan

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EGBE OSUMAREEGBE OSUMARE

Ao som milenar dos atabaques, foi anunciado na última quarta-feira, dia 15, o reconhecimento da Casa de Oxumarê como Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil. O governador Jaques Wagner e as ministras Luiza Bairros e Marta Suplicy entregaram a placa de tombamento do terreiro. Durante a cerimônia, o governador falou de todas as lutas realizadas pelo povo de candomblé para manter a sua religiosidade viva. “É uma honra participar de um momento em que se corrigem séculos de injustiça, um momento especial de vitória”, disse. O Babalorixá do terreiro, Silvanilton Encarnação da Mata, o Baba Pecê, afirma que o tombamento é um reconhecimento nacional de um esforço cotidiano do terreiro e dos seus frequentadores para quebrar preconceitos e disseminar o respeito entre as religiões. Ressaltou, no entanto, que é mais uma etapa vencida de uma luta que está longe de terminar. “Batalhamos dez anos para que tivéssemos esse reconhecimento. Somos, assim como muitos outros terreiros, um espaço que tem o objetivo de acolher a todos, de ajudar, de incentivar e dar acalento. Nosso cotidiano, nosso dia-a-dia é a continuação da resistência do povo negro, do povo que teve papel fundamental na civilização de nosso país. Dentro dessa casa, todos os dias discutimos como combater o racismo, como preservar a cultura afro-brasileira. E fazemos isso por amor ao próximo. A nossa luta, na verdade, está recomeçando”. O sacerdote destacou ainda que é preciso que o Iphan a reconheça como patrimônio nacional outros espaços religiosos, que ao longo dos anos exercem atividades e ações que colaboram com a promoção da igualdade racial, da união e da fraternidade.

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