Para àqueles que ainda possuem dúvidas (pois, muitos vieram me questionar sobre) em relação ao nome de Ọ̀ṣọ́ọ̀sì, baseando-se em meus aprendizados e pesquisas, e respeitando o conhecimento daqueles que podem ter aprendido diferente de mim, resolvi escrever este pequeno texto para melhor esclarecer aqueles que ainda possuem dúvidas. Inicio dizendo que, feiticeiro em iorubá é Oṣó (Oxô) e não Ọ̀ṣọ́ (Óxó). Oṣó entre os iorubás é todo homem que é pactuado no culto de Ìyámi Òṣòròngà ou todo homem que pratica “magia negativa”, feitiçaria, este termo não é bem visto entre os iorubás, assim como o termo Àjẹ́ (feiticeira/bruxa). Ọ̀ṣọ́ entre os iorubás significa tanto vigilante/vigia, que também é chamado de Ẹ̀ṣọ́, quanto adorno, enfeite. Os caçadores (Ọdẹ) em terras iorubás possuem além do hábito de caçarem e trazerem o sustento paras as famílias, aldeias e cidades, o hábito de vigiar, guardar aldeias e cidades iorubás, o verbo vigiar, ficar de olho, em iorubá é “ṣọ́”, que gera o substantivo “Ẹ̀ṣọ́/Ọ̀ṣọ́” = vigilante, vigia, guarda. Ọ̀ṣọ́tókanṣoṣo, que significa “Vigilante de somente uma (flecha)“, era o nome do caçador de Ìrẹ́mọ (em Ilé Ifẹ̀) que matou o pássaro das Ẹlẹ́yẹ que pousou no teto do palácio de Odùduwà em Ilé Ifẹ̀, Ọ̀ṣọ́ọ̀sì foi um título dado à Ọ̀ṣọ́tókanṣoṣo em consequência deste ato. Ọ̀ṣọ́ọ̀sì vem de Ọ̀ṣọ́wùsì, significando “Vigilante/Vigia famoso/popular”, pois, foi isso que Ọ̀ṣọ́tókanṣoṣo tornou-se após ter livrado o rei e o povo do poderoso pássaro das feiticeiras. Mais tarde Ọ̀ṣọ́wùsì tornou-se Ọ̀ṣọ́ọ̀sì. A tradução de Ọ̀ṣọ́ọ̀sì como “O feiticeiro canhoto”, rsrsrsrs, é uma tradução publicada pelo Bàbáláwo Ọbanífá, tradução que foi copiada por alguns Bàbáláwo brasileiros, respeito, mas discordo completamente e qualquer pessoa pode ver claramente que etimologia do nome é diferente, como eu bem mostrei neste artigo. Respeitados autores e sacerdotes iorubás grafam o nome da Divindade assim: Ọ̀ṣọ́ọ̀sì e nunca: Oṣóòsì (Feiticeiro esquerdo/Feiticeiro canhoto). Ọ̀ṣọ́ọ̀sì é Ọ̀ṣọ́ e não Oṣó, Ele é um vigia, vigilante, guarda e não um feiticeiro, e assim é cultuado até hoje, seja em Ifẹ̀, seja em outras cidades, Ele é aquele que guarda a casa de Ògún, de Ọbàtálá, é aquele que nos protege dos pássaros das feiticeiras, para que eles não pousem em nossos telhados, como fizeram no palácio de Odùduwà… Wúya, Wúya, Wúya, Ọdẹ ooo. Plágio é crime!
|
|
|
Archive for Julho, 2020
Ọ̀ṣọ́ọ̀sì, o nome.
Posted in Candomblé on Julho 25, 2020| 3 Comments »