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Archive for Maio, 2015

PÈRÈGÚN-  Nativo Orossi, Pau D’Água, Dracena ou Dracaena fragrans.

 

Uma das folhas mais antigas é o “Pèrègún”, que é utilizada na grande maioria dos rituais aos Òrìsás. Diz o mito: Pèrègún presenciou o crescimento da humanidade. Sempre há de nos trazer a sorte. Pèrègún segura nossa sorte, segura a sua presa no dia de caça e assim, alimenta os seus filhos. 

Pèrègún nos protege de nossos opositores e faz com que nos harmonizemos com os nossos semelhantes.

Pèrègún fez pacto com “Aje” para a sua vinda à Àiyé ( Terra ou o mundo físico, paralelo ao orun ) Ifá dissera, quando Pèrègún o procurava pela sorte, se você quiser ter sorte, deverá ajudar a humanidade, fazendo um pacto com “Aje”, para poder sempre ter e poder emanar sorte, para quem lhe procurar por sua ajuda. Foi então, que Pèrègún tinha feito pacto com “Aje” antes de vir ao mundo, mas não tinha quem o pudesse levar para Àiyé. Novamente foi a Ifá, e este dissera: Pèrègún se você quiser realizar o seu trabalho em Àiyé procure por “Ògún”, pois ele sempre está indo para Àiyé. Pèrègún procurou por “Ògún”, mas ele só levaria Pèrègún, se ele dividisse a sua sorte com ele. Foi então que Pèrègún tinha aceitado, e por essa razão “Ògún” lhe dissera: “Vou dizer a toda humanidade, que Pèrègún emana a sorte, e quem com ele ficar será agraciado com a mesma”. Desde e Pèrègún então foi conhecido, e muito procurado por todos em Àiyé.

Orin – Èwé

“Pèrègún a lá we titun

Pèrègún a lá we titun o

Gbogbo Pèrègún a lá we lessé

Èwé Perègún a lá we titum”.

 “PÈRÈGÚN NÍ Í PE IRÚNMOLÈ L’ÁT’ÒDE ÒRUN W’ÁYÉ”

É Pèrègún que chama os espíritos do além para a terra

 

“PÈRÈGÚN WÁ LO RÈÉ PE AJÉ TÈMI WÁ L’ÁT’ÒDE ÒRUN”

Pèrègún, agora vá e chame minhas riquezas do além

Pèrègún, cujo nome é a contração do verbo “PÈ”, que significa chamar, com a palavra “EGÚN”, que significa espírito, ancestral, etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de “chamar (invocar) espíritos”, e que a própria pronúncia de seu nome já funciona como um ofò!. A sabedoria daqueles nossos ancestrais yorubanos que a elaboraram fez esse trocadilho: se Pèrègún pode chamar espíritos, pode chamar a riqueza!

O Pèrègún é a folha que encaminha e protege  o Iyawo , a folha nasce com o Orixá, participa da queima de efun e o acompanha até o dia do nome.

A n’sé irúnmolè a ewé àjè bi imolè (Das folhas do peregun nasceu uma mulher encantada que dá a essa folha, todo o poder da natureza)

A ewé kí a jé (Nós saudamos suas folhas)

A wá ku rò yá wá lorí òkun (Ela leva os espíritos da escuridão para outro lugar além do mar)

Pèrègún lá to ni o (O Peregun tem um grande poder)

O Pèrègún é a folha principal do Àgbô de Ogun muito usada em ebós de descarrego, banhos, sacudimentos e limpeza nas Casas de candomblé.

Além de Ògún, o Pèrègún tem forte ligação com Òsún devido a sua ligação com ás águas, inclusive em Osogbô o Pérégún é plantado em torno do ojubó de Òsún. É uma folha gún ( de excitação) masculina ligada a terra. Serve  para chamar a sorte “áwúre rí Ire” ou agradar as Iyamis “Iyónú Iyamí”.

Existe também o Pèrègún listrado, folha usada no àgbô de Oyá e Oxumare.

Peregun Listrado- Dracena, DRacaena Braunni, Páu D’água.

Resultado de imagem para fotos do peregun

Pesquisa/texto: Tradições do candomblé/Blogspot.

Acervo cultural: Ilé Àse Òsòlùfón-Íwìn

Fernando D’Osogiyan

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Ewé ÒSÍBÀTÁ – A Folha sagrada

Uma das folhas preferidas de nossas Grandes e Veneradas Mães é a folha de òsíbàtá (oxibatá), também muito conhecida popularmente como ninfeia, folha de lótus, lírio d’água ou golfo d’água.  Seu nome botânico é Nymphaea sp., que tem como origem a palavra em latim nympha (divindade feminina das águas, bosques e dos montes). Existem diversas espécies de ninfeias, sendo que a maioria é originária da África, Europa e Ásia, embora algumas até sejam encontradas no Brasil. Suas flores podem possuir diversas tonalidades como o branco (N. alba), azul (N. caerulea), vermelho (N. rubra), e amarelo (N. luteum). A ninfeia azul é nativa do Nilo (Egito), e segundo relatos era uma das plantas consagradas a uma divindade muito antiga, conhecida como Nefertem ou Nefertum. A flor era muito apreciada pelos antigos egípcios, não apenas pelo seu odor inebriante como também por suas propriedades curativas. Segundo alguns mitos, Nefertem utilizou essa flor como oferenda ao deus do Sol, Ra, para que as dores do seu corpo envelhecido o deixassem.     Outra lenda relata que Isis, deusa da maternidade, fertilidade, protetora das crianças e também associada aos mortos foi quem ensinou aos homens a utilização de seus rizomas na alimentação. Foram encontrados vestígios de grandes buques de ninfeia ofertados no túmulo de Ramsés II, que as cultivava em seu palácio, assim como Amenófis IV. Suas flores serviam como adorno nos festivais religiosos e também como oferendas aos deuses e os mortos, podendo também ser ofertadas como presentes a pessoas importantes ou como sinal de amizade. Assim como as iyabás estão associadas ao elemento água as ninfeias são classificadas como plantas emersas, ou seja, parte de seu corpo fica enraizado no lodo e outra parte fica acima da água. Costumam ser encontradas em rios de águas calmas ou em lagos. Suas folhas são grandes, coriáceas, de coloração verde brilhante em cima e avermelhadas por baixo. Suas flores surgem solitárias, apresentando ambos os órgãos sexuais (hermafroditas). Elas se abrem bem cedo e se fecham por volta do meio dia, realizando esse movimento por até três a quatro dias, quando se fecham (submergindo) e dão origem as sementes.   A planta possui propriedades calmantes, antiespasmódicas, sedativas e psicoativas devido provavelmente à presença de alcaloides como apomorfinas e a nuciferina, presentes principalmente na espécie caerulea. Doses de 5 a 10 gramas das flores podem alterar o grau de consciência, assim como a percepção visual. Uma de suas propriedades mais conhecidas, tanto pelos gregos como pelos egípcios era o seu poder anafrodisíaco, em especial a espécie alba. Podia ser utilizada sobre os órgãos genitais em casos de compulsão sexual obsessiva e ninfomania. Segundo sugerem Pessoa de Barros & Napoleão (1999) a planta poderia possuir ainda propriedades abortivas.

No campo da aroma terapia a flor de lótus do Egito traria harmonia e expansão da consciência, purificando os chacras e promovendo um bem estar sistêmico.

No culto aos orixás costuma ser associado a todas as iyabás: Oxum, Iemanjá, Oyá, Obá, Nana e Ewá. Uma vez que é uma planta ligada a água também é consagrada a Oxalá (ninfeia branca), que é um Orixá úmido por natureza. Uma observação interessante é que embora possua propriedades calmantes e sedativas não é considerada uma ewé eró e sim um ewé gun (Pessoa de Barros, 2011).

Seu nome em Yorubá (òsíbàtá) significa “não se submete”, nos lembrando que é uma planta de grande axé e que deve ser utilizada com cuidado. Por sua ligação estreita com a grande Mãe Oxum e também com Oxalá, é indispensável em determinados rituais, como o odu Èje. Esse momento marca o final do processo de iniciação e o início de uma caminhada independente.

REFERENCIAS: BARROS, José Flávio Pessoa de; NAPOLEÃO, Eduardo. Ewé òrisà: uso litúrgico e terapêutico dos vegetais nas casas de candomblé jeje-nagô. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. BARROS, José Flávio Pessoa de; A floresta sagrada de Ossayin o segredo das folhas. Rio de Janeiro: Pallas, 2011.

Texto: Jonas Gunfaremim .

O Oxibatá é fundamental na liturgia de todo Iyawo, sendo preponderante nos ritos a Oxun, a verdadeira “Mãe do segredo”- “Iyawo”.

Fernando D’Osogiyan

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cuidado com_o_que_se_fala

A Religião dos Òrìsàs, sem dúvidas concentra uma gama inesgotável de conhecimento e conselhos. Um deles, é que devemos ter muito cuidado com o que falamos. Isso é muito forte na Cultura dos Òrìsàs, sendo que desde muito cedo, aprendemos que devemos falar pouco e observar muito. Abaixo, segue uma história que nos convida à essa importante reflexão.

Uma antiga história Nàgó narra que existia um Esquilo muito falante, que nunca soube guardar segredos. O grande Deus da Adivinhação, o avisou que ele deveria guardar para si o que via e ouvia, que deveria ter muito cuidado com o que falava para as pessoas, que não era tudo que se falava, que não era tudo que se comentava, que muito do que vimos e ouvimos devemos guardar para nós e não expor aos ventos. Mas teimoso, o Esquilo não seguiu os conselhos do Grande Sábio. Um dia, a esposa do Esquilo teve filhotes e, muito alegre ele não parava de falar à todos que passavam na estradinha na floresta: “Minha casa está cheia de filhotes, eu tenho filhotes!!! Eu tenho filhotes!!!”. O Esquilo repetia isso para todos os viajantes que passavam na estrada. Até que um deles, ao ouvir isso, entrou mata à dentro e achou a casa do Esquilo, roubando seus filhotes. Quando o Esquilo retornou, ele ficou apavorado, pois não encontrou mais os seus filhotes. Assim, ele procurou um Sacerdote, para saber o que deveria fazer para ter seus filhotes novamente. O Sacerdote lhe disse que nada poderia ser feito, que era tarde demais. Lembrou ao Esquilo que já havia lhe dito que deveria ter muito cuidado com o que falava e que sua boca havia sido a responsável pela morte dos seus filhotes.

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!

Ilé Òsùmàrè Aràká Asè Ògòdó

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Você pode falar perfeitamente o Yorùbá e saber todos os acentos ao escrevê-lo também.
Mas se você não sabe como falar com bondade e amor ao seu irmão ou irmã, então, você não aprendeu nada.

Você pode memorizar cada Oriki e cada ẹsẹ Odu do Corpus Literário de Ifá e saber como lançar uma adivinhação perfeita.
Mas se você não sabe como tratar as pessoas e como superar suas formas destrutivas e negativas, você ainda é um novato no reino espiritual.

Você pode conhecer cada dança e todas as músicas além de todos os protocolos de sua linhagem,
Mas se você não pode andar por um caminho de paz e de alegria interior ….
Isto então e apenas uma outra canção e uma outra dança.

Você pode conhecer todos os rituais, cerimônias, e como fazer milhares de obras e trabalhos espirituais.
Mas se você não pode viver o ritual da vida e viver as virtudes do òrìşà, Egun e seu Ori, então, você é um mero técnico, mas certamente não é um mestre espiritual.

Você pode ter alguns títulos, os mais impressionantes, um ile, templo ou casa de culto para dez mil pessoas.
Mas se você sentir a necessidade de degradar, controlar, manipular os outros ou ofendê-los enquanto eles estiverem em uma posição inferior, você será apenas mais um ego de criança impulsionando e tentando tirar proveito as custas dos outros.

Você pode estar no culto tradicional toda a sua vida, mas se você acha que isso te faz melhor ou mais avançado do que alguém espiritualmente, então, você é um tolo, pois você não poderá reconhecer que nosso Ori é o nosso primeiro professor … E tem ele tem ensinando a cada um desde o nascimento….

Você pode ser velho de anos e chamar a segurança social, mas se você ainda viver a vida como uma criança temperamental de 10 ou 15 você ainda terá que caminhar para chegar ao sacerdócio.

Fale-me de Èşù quando você for capaz de fazer escolhas capacitadas e falar a verdade em palavras e atos.

Fale-me de Ogun quando você for capaz de romper suas próprias ilusões, enfrentar seus medos, seus fracassos e corajosamente evoluir para manifestar o melhor de si.

Fale-me de Osun, quando você for capaz de criar harmonia, alegria e abundância em sua própria vida sem egoísmo.

Fale-me de Ợbàtálá, quando você for capaz de semear a paz mais pura e manter uma mente tranquila.

Fale-me de Òya, quando você for capaz de estar no olho do furacão da vida e fluir facilmente quando os ventos da mudança estiverem sobre você.

Fale-me de Olokun Yemojá ou quando você for capaz de equilibrar suas emoções e empatia com os outros.

Fale-me de Orunmila quando você for capaz de ver o mundo através do olho da sabedoria e equilibrar o julgamento com compaixão e não duras críticas e outras inadequações.

Fale-me de Şàngó, quando você puder transcender o seu ego e servir aos outros com compaixão.

Fale-me de Ìyàámi quando você for capaz de honrar as mulheres em sua vida e tratá-las bem e abraçar o lado feminino de sua própria alma.

Fale-me de Egbe Ợrùn / Ibeji quando você for capaz de conhecer e distribuir o amor universal.

Fale-me de Òșóòși quando você for capaz de repartir o alimento com o estrangeiro.

Fale-me Ǫbalúwayè quando você for capaz de identificar e cuidar das doenças do corpo e da alma de um semelhante.

Fale-me de Iwa Pele (caráter) quando você puder realmente tratar os outros como você gostaria de ser tratado, porque você percebe …
Não há separação entre você e eu …
Exceto o que está em nossas próprias mentes.

Fale-me de Ọlódùmarè quando você tiver a certeza que a Fonte existe e nos alimenta, que estamos interligados e que ninguém conseguirá cumprir seu destino sozinho.
Se você ainda não se considera capaz de aceitar este ensinamento, você deve retornar ao útero e tentar tudo novamente.
Èmi ni Isese (Eu sou Tradição).

Iya Awo Fayele / Odé Gbàfáomi

Tradução Odé Gbàfaomi

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