Os nossos Ancestrais não compactuam com a famosa “Mancomunação” de alguns filhos e principalmente de zeladores da nossa religião, é impressionante que determinadas cabeças (Orís) passam a gerenciar a vontade que eles julgam serem do Orixá, baseadas no seu interesse próprio, como se o Orixá dependesse de suas instruções e comando.
No candomblé, essas pessoas são chamadas de “Mancomunadas”, o que acontece de fato é que perderam em algum momento a conexão com seu Orixá e o que é pior, talvez até de forma definitiva, por não seguirem recomendações e agirem por conta própria.
Um Orí contaminado de um zelador, destitui a fé ao sagrado, cria em sua volta uma rede de interesses que se espalhará como vírus por todo terreiro, transmitirá momentânea sensação da ritualística fundamentada na vontade de seu sacerdote em se beneficiar, em agradar, em querer aparecer.
Há casos de políticas internas dentro de uma casa serem também a causa dessa Mancomunação, influências externas contribuem também de forma nefasta e familiar.
O Orí Mancomunado transpassando o Orixá vai se performando ao longo do tempo, a ponto de se vestirem com a roupa de seu Orixá, dançar, cantar e transmitirem recados em nome do Orixá supostamente presente, assimilam e estudam vícios de forma até teatral.
É constrangedor observar tais comportamentos, deflagrados em personalidades corrosivas, pessoas que se passam pelo seu Orixá por pura vaidade, pela sensação de poder, pela auto-afirmação e até pela carência afetiva.
Somos intercessores do nosso ancestral nada mais além disso, nosso preceito é feito para nossos ancestrais, seguir as recomendações litúrgicas, proceder rituais, daí a importância de cuidarmos do Orí anualmente, alimentando-o através do ritual de Borí pois uma cabeça firme e equilibrada estará sempre alinhada com a energia de seu Orixá, protegida de qualquer interversão que possa aparecer.
Nunca em tempo algum podemos falar em nome do nosso Orixá, nem mesmo através de Jogo de búzios, sonhos, ifá, etc, etc, pois o Orixá é soberano, está acima, em outro patamar, é um ancestral por ora por nós divinizado, um pingo de sua energia quando estamos “virados” , constitui na mais pura manifestação de amor e fraternidade, a transmissão de Axé a todos, preservar com devoção ao mistério que nos propomos dentro da religião.
Mancomunação transforma-se em doença fazendo-se crer num personagem fictício sobre um palco de ilusões cercados por uma inocente platéia, candomblé seja qual for a nação não é bagunça, não é um circo com show de palhaços, não desfile de modas e demonstrações de batuques e cantos, Orixá não é um ventríloquo, muito menos um moleque de recados.
Candomblé é religião com Dogma, Teologia e Liturgia.
Texto: Bàbá Fenando de Òsògìyán
Gostar disto:
Gosto Carregando...
Read Full Post »