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Archive for Março, 2016

Airá um Orixá único.

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Airá é um Orixá da família do raio, mas pode também ser relacionado ao vento, seu nome pode ser traduzido como redemoinho, sendo o fenômeno que mais se assemelha a um furacão em território Nigeriano. Seu templo fica em Savé uma cidade no Benim que é conhecida por ser local de muitas rochas.  O surgimento do culto a Airá antecede ao de Xangô, seu culto migrou de Savé para Oyó e de Oyó para Ketu.  Airá foi incorporado a família de Xangô, é tido como Orixá velho, veste-se de branco, usa contas brancas rajadas de marrom intercaladas com seguí e acompanha Oxolufon, Airá não usa coroa, mas um eketé branco. Suas comidas votivas não são temperadas com dendê, nem com sal e sim com banha de ori africana. Comeria quiabos, assim como Xangô. Conhecido no Brasil como uma qualidade de Xangô, porém, na verdade foi incorporado ao panteão do fogo, mas seu verdadeiro culto é independente, Airá é um Orixá único,  ele não usa coroa e sim um capacete e seu simbolo é uma chave, usa uma lança como simbolo de respeito,impondo-se mesmo depois da chegada de Xangô.

Airá é tido como Ebora, ou seja, Orixá que povoou a terra logo após a sua criação, para alguns historiadores, seria Xangô ancestral, daí sua grande ligação com Oxalá. Airá está intimamente ligado às cantigas da roda de Xangô, assim, se junta à família e formam os 12 Xangôs cultuados e reverenciados.

O Mito Oba àkesón

Oba Àkesón deixou o reinado para seu filho mais velho Aira Ìntilé,  grande caçador e guerreiro, que em acordo com Xangô passou usar um Osé e passou a comer oguidí,(sopa de Feijão com quiabo),Mais por ser um Orixá devoto  de Osolufon, ele evita o sal, dendê e pimenta para poder estar ou comer junto a Oxalá.

O MITO DE AIRÁ

 

Segundo os mitos, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de seu filho, Xangô, sem que este soubesse do fato. Grandes calamidades ocorreram em todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia acontecido com o próprio pai, resgatou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas grandes festas em todo o reino, em sua homenagem. A festividade conhecida hoje como Águas de Oxalá remonta a esse acontecimento.

 

No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido. Apesar de toda a atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em Ifé, onde Yemanjá, sua esposa, o aguardava. Xangô não podia acompanhá-lo, pois precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Airá que fizesse isso em seu lugar.

 

Foi assim que Airá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já que Oxalá andava muito devagar (conta-se também que Airá carregava Oxalá nas costas) pelo fato de ainda estar se recuperando dos ferimentos que adquirira durante os sete anos de prisão.

 

Durante o dia, eles caminhavam. À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar. Para aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Airá mandava que acendessem uma grande fogueira no acampamento. Oxalá observava o fogo e Airá passava longas horas contando-lhe histórias do povo de Oyó.

 

Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira no dia 29 de junho de cada ano (no Brasil), em homenagem a Airá e à viagem que fez em companhia de Oxalá.

A Casa Branca do Engenho Velho consagrada originalmente como Ìyá Omí Àse Àirá Intilè, e conhecido atualmente por  Ilé Ìyá Nassô,  a própria Iyá Nassô  trás de Ketu,  Ìyá Lussô Odé Dana-Dana que auxiliado por Babá Asiká, ficam no Brasil o Àse da Nação Ketu na Bahia próximo a igreja da Barroquinha, na primeira metade do século  XIX. Com forte presença do culto a Airá e Xangô, por ser Iya Nassô um título dado a  um sacerdotisa de Xangô, auxiliadas por Iya Detá e Iya Kalá, mantém a tradição até hoje passando por várias gerações nas grandes casas de candomblé.

Antigos dizem que são seis os caminhos de Airá, porém somente quatro são do meu conhecimento:

 Airá Intilè: Veste branco, aquele que carrega Lufon nas costas.

 Airá Igbonan: É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece à fogueira de Airá, rito em que Igbonan dança sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras.

Airá Modé: É o eterno companheiro de Oxaguiã, veste branco e não come dendê (só um pingo) sua conta leva seguí.

Airá Adjaosí: Velho guerreiro veste branco, ligado a Yemanjá e Oxalá.

Nesta cantiga abaixo, podemos entender a força de Airá nas casas antigas, embora a bandeira seja da nação Ketu no Brasil, muitas casas originadas do Engenho Velho, exibem no alto do seu barracão um referencia a Airá ou Xangô, como uma gamela com machado duplo, xéren, quartinha, otás, etc.

“Airá ó lé lé, a ire ó lé lé

A ire ó lé lé, a ire ó lé lé”

“Airá está feliz, ele está sobre a casa”

Estamos felizes, ele está sobre a casa”

Mito – Fogueira de Airá

Um dos rituais mais preminentes em homenagem a Airá é o orô em torno da fogueira, danças alegres e de muita interação com os poderosos Orixás do Fogo e toda sua familia sendo reverenciada, Bayani, Iyá Massê, Dadá, Ajaká, Kôsso, Aganjú, etc.

Arquétipo: Pessoas de Airá são extremamente bondosas, inteligentes, podem antever situações desfavoráveis e se planejar para qualquer situação, mudança ou recomeço. Seu jeito calmo, manhoso e pacífico, esconde um grande estrategista movendo-se entre o fogo e o vento silenciosamente e sem alarde.

Oriki

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Tradução

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor.

Pesquisa e texto: Ogá Braga D’Odé e Babá Fernando D’Osogiyan

https://ileaxeoxolufaniwin.wordpress.com

Referência: A Fogueira de Xangô – Babá José Flávio P. de Barros e Os Orixás: Pierre Verge

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Toda sexta é santa!

Mo jùbá ao povo que tem todas as sextas-feiras como santas porque toda sexta é de Oxalá, toda sexta é funfun!

Epá Babá! ❤

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O Pano da Costa.

 

O PANO DA COSTA, UM APETRECHO FEMININO.
(sua história e Significados)

1º Também conhecido como alaká, pano-de-alaká ou pano-de-cuia, o pano-da-costa é de origem africana e compõe a indumentária da roupa de baiana. Seu uso está intimamente ligado ao âmbito das religiões afro-brasileiras e obedece às cores simbólicas dos orixás. Sua denominação faz referência à costa africana, mais precisamente a ocidental, local de origem dos muitos produtos trazidos para o Brasil, especialmente para o recôncavo baiano.

De formato retangular – o tamanho padrão é de dois metros de comprimento por 60 centímetros de largura, é composto de faixas, tecidas em tear horizontal, depois,costuradas manualmente, formando padrões, em geral geométricos e bicolores, que seguem as texturas dos fios de algodão combinados com os de seda, caroá e outros materiais.

Seguindo esses padrões formais, o pano-da-costa – usado sobre um ombro, pendendo uma das pontas sobre o peito e a outra sobre as costas – adquire sua identidade de produto que integra a roupa tradicional de baiana e suas variações sociais e religiosas. Listrado, liso, estampado ou bordado em richelieu ou renda, é por meio dele que a mulher demonstra sua posição hierárquica na organização sócio-religiosa dos terreiros.

Em Salvador/BA, mais precisamente no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, a tecelagem tradicional do pano-da-costa está ligada ao uso e ao simbolismo sócio-religioso do tecido na composição das roupas rituais do candomblé.

2º Sendo este presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades religiosas afro-brasileira, o pano-da-costa, não é apenas um complemento da indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como iniciada ou dirigente dos terreiros.

Observemos a profunda conotação sócioreligiosa desse simples pedaço de tecido, que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais significativos e necessários para a sobrevivencia dos rituais africano.

O pano-da costa é assim chamado por ter sido um tipo de tecido vindo da costa dos escravos, Costa Mina, Costa do Ouro.
O tecido original foi substituido por outros tipos de tecidos, o que não diminui em nada as funções do pano-da-costa.

O pano-da-costa identifica a mulher feita, mesmo que ela não esteja de roupa de santo completa.

A situação do pano-da-costa é de maior importância, se colocarmos a presença da mulher como símbolo do poder sócio religioso e arquétipo dos valores mágicos da fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher.

O sentido protetor do pano-da-costa é outro aspecto que merece atenção. As iyawos, ao terminar o período de feitura começam a travar seus primeiros contatos com o mundo exterior protegidas pelo pano-da-costa branco, que representa o prolongamento do Ala de Oxala, envolvendo praticamente todo o seu corpo no grande pano-da-costa, procura manter os valores religiosos de sua feitura quando em contato com os valores profanos encontrados extramuros dos terreiros.

Nos sirruns/axexes, a mesma proteção do pano-da-costa, ateado como capa envolvente mágica, aparece guardando as mulheres das presenças de egum.

O pano-da-costa é de uso exclusivo da mulher nos cultos afro-brasileiro, porque uma das principais funções do mesmo é proteger os orgão reprodutores das mulheres, das Yamis, já que as energias emanadas das mesmas prejudicam muito todo o aparelho reprodutor da mulher.

Nos rituais de sirrum/axexe as mulheres usam dois panos-da-costas branco: um protegendo seus ventres e outro sobre os ombros como uma capa que envolve todo o seu colo e seios.
No Rio de Janeiro convencionou-se que o pano-da-costa deve ser usado de acordo com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são yaos. Esta errado, pano-da-costa é para ser usado dessa forma mesmo independente da idade de feitura.

De alguns anos para cá os homem aderiram o pano-da-costa, mas nenhum deles até agora explicou o porque de usa-lo e nem podem explicar pois o mesmo é de uso exclusivamente feminino.
Observem que as santas mulheres usam o pano-da-costa, os santos homens usam o pano-da costa amarrados no ombro.

Em algumas casas encontramos abians usando pano da costa, esse procedimento esta errado. As abians ainda não tiveram seus chakras abertos durante uma feitura, portanto as mesmas não necessitam dessa proteção ainda.
Texto: Yatemi Jurema de Oya (in memoriam)

3º No caso das Egbómis, o pano da Costa deve ser colocado na cintura elegantemente ou sobre o peito, jamais deve ser enrolado ou torcido, feito uma faixa ou Ojá, na cintura.

Uma iniciada deve saber usar o pano da Costa, pois este é uma peça do vestuário muito importante. Outro fato relevante é quanto à estampa e cor do tecido. São adequadas as estampas em listras e quadros que lembram as formas presentes na indumentária nigeriana. Quando feitos de tecido liso, devem ser de cores claras: branca, bege, rosa ou azul claro.

Nunca devem ser de cores quentes, berrantes, de seda ou estampados vivos, o que causaria “risos” entre as iniciadas mais antigas.

Pano da Costa na cintura ou no peito é demonstração de trabalho, assim usados no barracão, quando em função religiosa.Caso contrário, no dia-a-dia do terreiro pode ser “jogado” sobre o ombro direito e se mantém esticado ao longo do tronco. Não se “dança” sem esta peça da indumentária.

Mesmo fora do trabalho, para visita ou passeio o seu uso é indispensável. Em casas tradicionais, quando uma iniciada chega sem o pano da Costa é comum a proprietária do terreiro emprestar um à visitante, que, em sinal de educação ou respeito, coloca-o sobre o ombro direito ou, se entrar na roda, usa-o de maneira adequada à sua posição dentro da hierarquia do Candomblé;

O pano da Costa é a peça de maior significado histórico dentro do vestuário africano, em conjunto com o torso. O uso de saia, Camisu ou bata e pano da Costa são indispensáveis dentro do Axé… A maneira de amarrar, colocar ou “enrolar” o pano varia de acordo com a situação, o ritual desenvolvido ou a posição hierárquica;

Iyáwô não usa o pano na cintura, mas sim enrolado no peito.
(Parte do livro Sobre o Signo de Omolu – Samuel Abrantes)

4º Pano da Costa é a redução do termo “Pano da Costa do Santo”, e referia-se aos panos de adorno, espécie de xales longos, que integravam o traje típico das africanas e das crioulas da Bahia.

Chamam-se panos da costa, aos tecidos artesanais de origem africana. Tais como os demais produtos importados da África,sabão da Costa, limo da Costa, búzio da Costa, e que tinham uso popular, são conhecidos pelo adjetivo “da Costa”, muito embora a origem de alguns deles seja vária e ainda controversa.

A princípio esta denominação estendia-se a todos os tecidos importados da África, qualquer que fosse a sua aplicação; o uso lhe foi restringindo o campo até a limitação ao xale. O pano da Costa é, portanto, uma peça de vestimenta tecida de algodão, lã, seda ou ráfia — às vezes em dupla associação desses elementos — que a crioula baiana deita sobre pontos diversos das suas vestes, às vezes, ajustando-o ao corpo em formas convencionais e relativas às diferentes funções que se apresta a desempenhar momentaneamente.

5º É, em suma, um xale retangular, cuja disposição informa ao que vai a sua portadora.

É usado de várias formas: sobre as costas, jogados sobre os ombros, usados a tiracolo, cruzados na frente, amarrados sobre  o busto ou na cintura, sobre as saias e principalmente sobre a altura dos seios para proteção.

Tem uma variedade infinda, seja nas cores ou nas padronagens.
A África negra tem uma longa tradição têxtil, onde a variedade de materiais é tão grande quanto os estilos encontrados. Utilizados como roupa, os tecidos serviram também de moeda, foram utilizados como mensageiros e objetos estéticos.

Diz-se com frequência que os Africanos eram mais escultores que pintores : os tecidos podem ser considerados, na África, substitutos da pintura.

Os primeiros “tecidos” foram realizados com casca de árvore batida; muito difundidos antigamente numa grande parte do continente, eles são encontrados atualmente sobretudo nas populações da África central, onde são, na maioria das vezes, decorados com tintas vegetais.

A tecelagem só foi desenvolvida bem mais tarde, a partir do século 11, mesmo se tecidos ricamente trabalhados já eram importados dos países da África do norte, do Egito e da península arábica para vestir as populações das grandes cidades portuárias das costas orientais assim como os membros das classes nobres dos reinos do deserto do Sahel.

Nesta mesma época, a expansão do islã, introduzindo novos códigos vestimentários, desempenhou um papel importante no desenvolvido que sofreram os tecidos, sobretudo na África ocidental.

Os tecidos de fabricação local constituíram durante muito tempo bens raros e preciosos; marcas de poder e de riqueza, reservados a uma elite, eles foram integrados como moeda para troca, graças aos quais era possível estimar o preço de uma mercadoria e comprá-la.

Desde sua chegada nas costas do continente, no século 15, os traficantes europeus exploraram as possibilidades comerciais que ofereciam esta nova “moeda” e encorajaram indiretamente a produção têxtil local devido à sua utilização.

A quantidade de tecidos detidos por cada família foi considerada durante muito tempo uma marca de riqueza e de poder em muitas sociedades africanas.

Nas regiões onde o islã se instalou, como em todas as outras regiões onde o tecido se transforma em hábito vestimentas, a metragem e o peso do produto são proporcionais à fortuna e ao poder daquele que os possui: se este faz parte das pessoas influentes da comunidade, chefe político ou grande comerciante, sua numerosa corte que o segue quando ele sai deve ser como ele, enrolada em abundantes tecidos.

O poder se mede também na possibilidade de dispor de seus bens e de distribui-los e, entre eles, os tecidos constituem presentes excepcionais.

Dar tecidos como presente possibilita a solução de inúmeros conflitos e libera as tensões. Esses presentes são feitos em momentos importantes da vida de cada um (maioridade, casamento, nascimento dos filhos).

A ascensão social ou religiosa ou o pagamento de serviços não pode acontecer sem a distribuição de tecidos. Para manter boas relações com a família, os amigos, os vizinhos, para ser admitido numa seita, cada pessoa é incitada a dar tecidos e a recebê-los.
A posse de uma grande quantidade de tecidos aumenta o prestígio do seu proprietário, o que lhe possibilita uma maior participação na vida comunitária, onde o princípio da dívida é a base de toda relação social e econômica.

Mas o tecido não é somente moeda ou roupa: ele representa também, de acordo com seu estampado, uma espécie de texto onde podem ser “lidas” a identidade social e religiosa daquele que o usa: a decoração, seja ela impressa, tingida, pintada, tecida ou costurada, representa os espaços, os objetos, os seres e as metamorfoses presentes na mitologia.

Por este motivo, os tecidos têm um papel importante na vida ritual: os mortos, mesmo no seio de sociedades que não possuem tecelões, são vestidos ou envolvidos em tecidos, tornando-se assim protegidos pela palavra dos vivos.

Texto: Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
O Pano da Costa é de uso obrigatório para todas as mulheres (Abiyans , Iyawos e Egbons) sem exceção,  pois deve proteger também o útero e os seios.
Homens de forma alguma devem usar pano da costa seja sobre os ombros, seja amarrado a cintura como saia para dançar candomblé, pano da costa é uma indumentária estritamente feminina, assim como o Ojá.
Obs: algumas casas restringe o pano da costa para abiyans.
Considerações: Babá Fernando D’Osogiyan

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Talvez eu devesse pedir licença, não sei bem, pouca prática tenho destes escritos, mas como o canal está aberto eu vou escrevendo.

Dizem que vim de longe, dizem tantas coisas, que sou isso e aquilo, tantas conjecturas, uns me acham o máximo, outros se apavoram ao ouvir meu nome, a maioria só gosta de mim enquanto acham que eu posso beneficiá-los em seus pedidos tão terrenos, tão materialistas.

Tão raro é ver um gesto de carinho, tão raro alguém querer saber como proceder dignamente, tão raro alguém se lembrar de mim como amiga, tão raro alguém querer conhecer a verdade em relação à espiritualidade, tão raro.

Ah! Mas cobrar cobram, portam-se tão mal, mas cobram, querem caminhos abertos, mas esquecem-se das leis básicas, esquecem-se que nesta vida ou na outra colhe-se aquilo que se planta.

Em relação ao amor, cismam e pronto, não querem saber do outro lado da moeda, esquecem-se que devem respeitar os sentimentos da outra pessoa, esquecem-se que cada um tem uma missão, que todos tem livre arbítrio.

Às vezes cismam com vinganças mesquinhas, na maioria das vezes nem razão têm, mas eles não querem saber, só enxergam o seu próprio orgulho, só enxergam o seu lado da questão, esquecem-se inclusive que as vezes certas rivalidades vêm do passado bem distante, e que persistir é não só atrasar a caminhada como também atirar-se em um abismo acordando velhos instintos e com eles antigos inimigos espirituais.

Bem poucos estão interessados em ouvir algo que possa ir contra os seus interesses momentâneos, poucos querem saber a verdade sobre qualquer coisa, muito menos sobre a doutrina religiosa que decidiram seguir, mesmo porque eles não a vêm como religião, mas sim como meio de alcançar as suas metas.

Então alguém me diz: por que deixa que falem tantas coisas, não desmente, apenas dá uma gostosa gargalhada. E eu respondo: Porque eles não estão interessados, eles querem dizer coisas horríveis, mentiras, estórias mirabolantes, só para que eu possa parecer poderosa, para satisfação de seus egos, principalmente dos médiuns que me incorporam.

Então eu espero. Devagar, em um ou outro templo começa a surgir uma luz, alguém se interessa, alguém procura estudar, alguém lembra que acima de tudo está DEUS e suas leis imutáveis, nesta ou em qualquer outra religião.

E graças a estes que começam a despertar para a verdade, eu e outros começamos a receber um pouco de respeito, eu e outros temos a chance de trabalhar para a Luz, sem ter que camuflar uma imagem que não é a nossa, só para sermos aceitos pelos nossos médiuns e termos a chance de evoluir este mesmo médium, mas hoje eu só gostaria de deixar bem claro que Exu e Pomba-Gira de Umbanda, nada mais são do que guerreiros da Luz nas Trevas. Sim, trabalhamos nas Trevas para a Luz, por opção nossa decidimos evoluir desta forma, opção nossa sim pois a todos nós foi dada a opção de escolha do trabalho a ser realizado. Como também poderíamos ter aceitado a opção de reencarnação, para evoluir através dela.

Temos ciência também que a qualquer momento se decidirmos reencarnar, poderemos pedir isto para a Lei que irá direcionar o nosso pedido e verificar quando e como poderemos fazê-lo.

Bem, para quem nunca usou este meio de comunicação já falei demais, mas um dia quem sabe possa vir e contar minha história que garanto não será as estórias que ouvem.

Deixo o meu agradecimento a este cavalo que psicografa e só peço a todos que lerem esta mensagem que ao menos reflitam sobre o que aqui foi exposto, tentem estudar, ganhem conhecimento e lembrem-se que seja qual for o conhecimento que chegar até vocês ele deve passar pelo crivo da lei da razão, não se tornem radicais, pois nenhum conhecimento está totalmente contido em um só lugar, ele sempre é dado aos poucos e um vai completando o outro.

Lembrem-se que a pior fé é a fé cega, a fé verdadeira é sempre baseada no amor.

Agora eu me vou, uma gostosa gargalhada para quem quiser assim, e um forte abraço para quem quiser me conhecer.

(Ditado por Maria Mulambo, psicografado por Luconi)

Pesquisa: Cândida Camini 

https://ileaxeoxolufaniwin.wordpress.com

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Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Okô)

Localizada na Av. Vasco da Gama, em Salvador (BA), a Casa Branca do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká é considerada o primeiro terreiro de candomblé da cidade, tendo dado origem a uma série de outros templos afro-religiosos de destaque. É também o primeiro Monumento Negro brasileiro reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1984.

 Os africanos que se encontravam ali, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Majestade, tiveram receio da intervenção das autoridades no seu Culto, daí, Iyá Nassô resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Culto Africano na Bahia.

Sociedade Beneficente e Recreativa 

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Mãe Tatá – Altamira Cecília dos Santos, Iyalorixá da Casa Branca do Engenho Velho
A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa o candomblé da Casa Branca, foi fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 2 de maio de 1945 sob nº 15.599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.

 

A guerra contra os daomeanos fora, literalmente, longe demais. Escravizadas na terra-mãe, princesas e sacerdotisas africanas, do país iorubá, acabaram indo parar na santa baía, acorrentadas como animais. Foi assim que Iyá Akalá, Iyá Adetá e Iyá Nassô, nomes preservados pela tradição oral, teriam migrado para o Brasil. Mais tarde, fundariam, na Bahia, a Casa Branca, o mais antigo templo de culto africano do país. Começava assim, no século XVIII, em Salvador, primeira capital da colônia portuguesa, no bairro da Barroquinha, a religião dos orixás. Hoje, o terreiro comandado por Altamira Cecília dos Santos, a mãe Tatá ,é símbolo de resistência, fora da África, dos reinos de Ketu e Oyó.Matriarcado ancestralPrincesas e sacerdotisas africanas plantaram na Bahia o axé do terreiro mais antigo do Brasil. A Casa Branca representa o ponto de partida da fascinante história sobre a origem do candomblé no Brasil. Os traficantes e senhores talvez não soubessem, mas naqueles navios negreiros, acorrentadas como animais, viriam verdadeiras princesas e as mais importantes sacerdotisas africanas do país iorubá, escravizadas durante a guerra contra os daomeanos.
Foto do Barracão

Mas já durante a longa travessia do Atlântico, e também ao desembarcar nas águas santas da baía, as nobres matriarcas foram reconhecidas e veneradas pelos seus conterrâneos. Com sua sabedoria ancestral, elas iriam reconstituir na Bahia os locais sagrados destruídos na terra-mãe.E, em pleno centro da capital baiana, fundariam a mais antiga casa de culto africano do Brasil. A tradição oral preservada pelos iorubás aponta o nome de algumas mulheres como sendo as criadoras da Casa Branca, hoje situada no Engenho Velho da Federação.iyá Akalá, iyá Adetá e iyá Nassô são os mais citados.Mas alguns detalhes se perderam com o passar dos séculos e nem mesmo os atuais representantes da casa sabem ao certo quem de fato foi o principal personagem dessa história. No entanto, alguns depoimentos de velhas senhoras do candomblé, registrados por pesquisadores que se dedicaram ao estudo das religiões africanas na Bahia, deixaram pistas que podem contribuir para a revelação do mistério que envolve a fundação do terreiro.O etnólogo Edison Carneiro, que conviveu com antigas mães de santo da velha tradição iorubá, revela o nome das três mulheres, sem, no entanto, identificar qual delas de fato foi a fundadora do terreiro e se atuaram ao mesmo tempo ou se sucederam no poder.Já Vivaldo da Costa Lima, inspirado pelo depoimento da célebre mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá (fundado em 1910), sugeriu que iyá Akalá era mais um título, um “oiê”, de iyá Nassô.Pierre Verger, com base no depoimento de mãe Menininha do Gantois (fundado em 1890), não cita o nome de Iyá Adetá e se refere a iyá Akalá como sendo a primeira mãe-de-santo da Bahia, que seria substituída por iyá Nassô.Para complicar ainda mais, Verger cita um novo nome, Iyalussô Danadana, que teria vindo de Ketu para introduzir o culto a Oxóssi na Bahia. Por fim, há a versão de Roger Bastide, outro etnólogo estudioso das religiões africanas.

Segundo ele, a mãe de Iyá Nassô havia sido escrava no Brasil e depois de alforriada voltou para a África, onde a concebeu. Anos mais tarde, Iyá Nassô teria vindo da Nigéria acompanhada de Marcelina Obatossí, sua sucessora na Casa Branca, com a missão de fundar um candomblé em Salvador.Após 21 anos de pesquisas, o antropólogo Renato da Silveira, autor de artigos sobre a fundação dos terreiros mais antigos da Bahia (e com um livro no prelo sobre a Casa Branca), lança um pouco de luz nessa história até então bastante obscura. Tudo teria começado ainda no país iorubá, no reino de Ketu, durante o governo do Alaketu, Akibiohu, entre 1780 e 1795. De lá vieram alguns integrantes da família real Arô, aprisionados pelos daomeanos na cidade de Iwoye (Iuó-iê), junto com um grupo de cerca de 200 escravos. Entre eles, estavam importantes sacerdotes e também duas princesas, gêmeas, com cerca de 9 anos de idade. Eram netas do Alaketu. Uma delas, Otampê Ojarô – que recebeu o nome cristão de Maria do Rosário Francisca Régis -, foi a fundadora do Terreiro do Alaketu, no Matatu de Brotas, e certamente participou dos rituais de fundação da Casa Branca.Reza a lenda que, ao atingir a maioridade, a princesa foi alforriada pelo próprio Oxumarê, na figura de seu proprietário. Mas, segundo Renato da Silveira, ela era ainda muito jovem quando o terreiro da Barroquinha foi fundado e uma outra sacerdotisa deve ter iniciado os fundamentos de Oxóssi, iniciando a soberania de Ketu na Bahia.Conforme Silveira, iyá Adetá teria sido a sacerdotisa da linhagem Arô a fundar a primeira versão do candomblé baiano, em um culto quase que doméstico a Odé (o caçador, um dos nomes de Oxóssi) e Exu (o orixá mensageiro).Isso teria acontecido não nos fundos da Igreja da Barroquinha, onde mais tarde seria criada a Casa Branca, mas na Rua da Lama (atual Visconde de Itaparica), uma das travessas do bairro próximo à região central de Salvador.SucessãoIyá Akalá pode ter vindo junto com o clã dos Arôs para a Bahia, ou chegado logo depois.

Ela deve ter sido a fundadora do culto a Airá Intile, uma das qualidades de Xangô. Iyá Nassô, por sua vez, era uma das figuras mais nobres do império de Oyó, responsável pelo culto ao orixá do rei, mas é provável que ela tenha chegado em terras baianas somente mais tarde, por volta de 1830, com a missão de comandar a união das diversas divindades africanas em um único templo religioso. Muitos adeptos da casa começam a contar, a partir daí, a história da fundação do candomblé, desde que todos os orixás passaram a ocupar o mesmo espaço sagrado. Em homenagem a esta matriarca ancestral, o título africano da Casa Branca ainda hoje é Ilê Iyá Nassô Oká, a casa de iyá Nassô.Reza a tradição iorubá que iyá Nassô retornaria mais tarde à Nigéria, para reconstituir alguns elementos do culto e provavelmente para adquirir tipos vegetais, minerais e animais necessários nas cerimônias religiosas. Com ela levou sua sobrinha Marcelina Obatossí, e retornou com outras figuras eminentes, que ajudariam a compor na Bahia o cenário dos antigos rituais africanos.Marcelina Obatossí sucedeu sua tia. Em seguida, duas mulheres disputaram o trono do terreiro: Maria Julia Figueiredo e Maria Júlia da Conceição Nazaré. O oráculo de Ifá elegeu a primeira e Maria da Conceição partiu com sua família e aliados para as terras de um antigo casal estrangeiro, de sobrenome Gantois. Também por questões de preeminência, mãe Aninha deixaria a Casa Branca anos mais tarde para fundar o Ilê Axé Opô Afonjá, na roça do São Gonçalo do Retiro.Junto ao Alaketu, eles formam o berço do candomblé de origem iorubá na Bahia. Depois de Maria Júlia Figueiredo viriam Ursulina Figueiredo (mãe Sussu), Maximiana Maria da Conceição (tia Massi), Maria Deolinda, Marieta Vitório Cardoso e Altamira Cecília dos Santos (mãe Tatá), atual ialorixá da Casa Branca, hoje reconhecida como o candomblé mais antigo do Brasil, a matriz dos fatos, lendas e mitos que narram a história de mulheres soberanas, que deixaram seus impérios africanos como escravas para reinarem absolutas na Bahia de todos os santos, com a bênção de seus Orixás.

Monumento negro das AméricasCasa Branca é símbolo vivo da história de resistência de um povo. O monumento a Oxum foi idealizado por Oscar Niemeyer e tem escultura de CarybéTestemunho da história de fé e resistência de um povo, onde sobrevive a riquíssima tradição dos reinos de Oyó e de Ketu, o terreiro da Casa Branca foi o primeiro monumento negro das Américas a ser considerado patrimônio da nação. Mas para compreender seus espaços sagrados é preciso levar em conta os rituais desenvolvidos há mais de 150 anos no local. Cerimônias religiosas que, apesar da opressão policial, se mantiveram fiéis às tradições plantadas pelos ancestrais nagôs.No topo do terreno em declive, ao longe se vê a casa branca, a edificação principal que deu nome ao templo religioso. O barracão, como é chamado pelos adeptos do candomblé, domina o cenário que compõe a “roça” e centraliza os cultos mais importantes; é o cérebro do terreiro. No centro do barracão há uma grande coluna, chamada ixê, culminada por uma coroa de madeira em dimensão monumental, dedicada ao orixá Xangô. O limite da coroa é exteriormente marcado com um oxê – o machado duplo, principal símbolo do orixá da justiça -, e uma quartinha de barro. De acordo com o antropólogo Raul Lody, o ixê funciona como uma espécie de cordão umbilical, um elo permanente com o terreiro e o Orum, que para os africanos representa o céu, a morada dos orixás.Em sua volta, estão dispostos os ilês orixás, as diversas casas de santo, construídas em alvenaria, com seus assentamentos a Exu, Ogum, Oxóssi, Omulu, Xangô, Iemanjá, Iansã, Obá e outras divindades que regem o destino do terreiro. Em espaço contíguo está o peji de Oxalá e, ao lado, ficam os aposentos da ialorixá.

Completando os espaços do prédio estão a cozinha, uma pequena sala ocupada pelos ogãs, os banheiros e o roncó, as camarinhas onde ficam confinadas as noviças no período de iniciação, uma espécie de útero do candomblé que vai gestando suas novas filhas-de-santo.Vegetação ritualAbraçando e acolhendo as divindades africanas, se vê o mato, a vegetação ritual e as imensas árvores sagradas – como jaqueiras e gameleiras brancas – que reservam outros assentamentos, como o do orixá Irôco. Por fim, se vê as habitações da comunidade local, de famílias que há mais de um século ocupam o candomblé, reunindo os mortais aos espíritos ancestrais.Na parte baixa da colina, o visitante se surpreende com uma construção imitando um barco, feito de alvenaria, dedicado a Oxum, um dos principais santuários ao ar livre da Bahia. O povo da Casa Branca gosta de lembrar que a água da fonte de Oxum, onde impera uma sereia prateada, corre até o oceano, onde a orixá das lagoas e rios se encontra com Iemanjá, a rainha do mar. Vale destacar que a Praça de Oxum, como é chamada, foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, e a sereia, pelo artista plástico Carybé.A Casa Branca foi tombada em 1984 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), depois de um esforço conjunto, uma aliança entre intelectuais e adeptos do candomblé, sob a liderança do antropólogo Ordep Serra, que hoje é também ogã (uma espécie de protetor civil) e ex-presidente da Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho, entidade que dá conta de alguns procedimentos administrativos e projetos sociais. Atualmente, a associação é dirigida por Arielson Chagas, o ogã Léo, filho de Aeronithes Conceição Chagas, a mãe Nitinha D”Oxum, uma das ialorixás mais respeitadas do Brasil.Depois da Casa Branca, o Terreiro do Gantois, o Ilê Axé Opô Afonjá, do São Gonçalo do Retiro, o Alaketu, do Matatu de Brotas, e o Bate-Folha – este de nação Angola – também já foram tombados como patrimônio da nação.

O antropólogo Ordep Serra explica que é o simbolismo dos elementos que formam o conjunto e as características do culto que devem determinar as diretrizes da preservação do templo matriz do rito nagô no Brasil. O profundo elo da natureza e sua ocupação espacial pelo imaginário religioso cria um perfeito equilíbrio entre paisagem e arquitetura, compartilhando matas, árvores, riachos e demais marcos naturais que se integram à proposta religiosa e às festas do candomblé.Águas de OxaláAs festas da Casa Branca se iniciam no fim de maio ou início de junho, com a celebração a Oxóssi, o onilé, pai do terreiro. Depois, acontece a festa de Xangô, dono do barracão. Já na última sexta-feira de agosto, é realizada uma das mais belas cerimônias: as Águas de Oxalá, rito de purificação que prepara a casa para as cerimônias de todo o período festivo que se intensifica a partir de setembro.Nas primeiras horas da manhã, ainda madrugada, as filhas-de-santo seguem vestidas de branco em procissão até a fonte dedicada a Oxum. As sacerdotisas carregam vasos, potes e outros artefatos de barro, enquanto cantam e dançam ao som dos atabaques. Após encher os vasos de água, as mulheres voltam, em fila, com seus potes nos ombros. O ritual tem uma pausa e depois continua à noite, com uma longa festa no terreiro. Os três domingos seguintes às Águas de Oxalá são dedicados a Oduduá (orixá da criação), Oxalufan (Oxalá velho) e Oxaguian (Oxalá jovem).Na primeira segunda-feira após esse ciclo, o orixá Ogum é celebrado, e, na segunda seguinte, Omolu. O ciclo de festividades termina no final de novembro, com várias cerimônias de iniciação, tributos a Xangô e a Oxum. No dia de sua celebração, o grande barco é enfeitado de amarelo e dourado, onde são depositados as iguarias africanas em oferenda à orixá. Nenhuma dessas festas pode ser fotografada ou filmada no interior do candomblé, por ordem expressa de sua governante, a iyalorixá Altamira dos Santos, filha de Oxum que representa a mais antiga linhagem de mães-de-santo. Uma linhagem de mais de dois séculos.

Que representa 200 anos de resistência e tradição. E de orgulho para toda uma civilização.Perseguição e mudançasAfricanos da Casa Branca foram expulsos do centro da capital e se mudaram para a roça do Engenho VelhoA Bahia estava passando por profundas transformações naquele meado de século XIX. Desde então, a Barroquinha não seria a mesma, passaria por reformas, e não haveria mais espaço para as comunidades negras ali instaladas, tão próximas da sede do poder local. Era preciso fazer uma limpeza geral, “modernizar” era a palavra de ordem entre os governantes. Por volta de 1850, um ano antes de iniciar as obras na região, as autoridades decidiram acabar com aquelas reuniões tidas como “bárbaras” e “primitivas”. Profanaram os locais sagrados e expulsaram de vez os africanos e seus orixás do centro da capital. Seria preciso reconstituir um novo templo longe dali, onde os atabaques pudessem clamar por suas divindades distante dos ouvidos e olhares opressores das autoridades vigentes. Nasceria a Casa Branca do Engenho Velho da Federação.Embora os cultos africanos fossem terminantemente proibidos na Bahia de outrora – a liberação definitiva só foi assinada pelo governador Roberto Santos. Em 1976 – a presença do candomblé na Barroquinha conviveu com a passagem de alguns governos, uns mais permissivos, como o do famoso Conde dos Arcos; outros mais intransigentes, a exemplo do temido Conde da Ponte. Em qualquer caso, todos os rituais eram feitos às escondidas, ou pelo menos disfarçados pelo sincretismo religioso que ganhava força na Velha Bahia. As duas principais festas comemorativas da fundação do candomblé fazem referências aos orixás mais venerados: Oxóssi, o senhor da terra, e Xangô, o regente da casa. A primeira acontece no dia de Corpus Cristhi, e a segunda no dia de São Pedro, datas em que não seriam necessários maiores pretextos para os banquetes africanos e a batida dos tambores.Quando as festas para os orixás não eram mascaradas pelo sincretismo, os rituais religiosos eram praticados em segredo absoluto para escapar da repressão. Reza a tradição iorubá que, para realizar o culto de Xangô em sigilo, os adeptos da Casa Branca construíram uma passagem secreta sob uma árvore oca, atingida por um raio.Lá, os altares sagrados poderiam ser cultuados e as oferendas realizadas de maneira discreta e preservada.

Segundo contam, o subterrâneo secreto deixou de existir, assim como outros que haveria por ali, quando o terreno foi aplainado e as árvores sagradas extraídas, durante a reforma da área.Ataque policialNo centro da cidade, o terreiro ficava próximo ao Palácio dos Governadores, ao Mosteiro de São Bento e ainda do Solar do Berquó, na época residência de um dos desembargadores do Tribunal da Relação. Temendo um ataque policial, as sacerdotisas arrendaram as terras do Engenho Velho, longe do governo central.Mas, segundo Pierre Verger, estudioso do assunto, antes de chegar na Avenida Vasco da Gama, onde ainda se encontra, o terreiro mudou-se por diversas vezes, “passando inclusive pelo Calabar, na Baixa de São Lourenço”.Depois desse episódio, todos os templos africanos seriam construídos nos arredores da antiga Salvador, onde as cerimônias poderiam ser realizadas de maneira mais discreta.Foi durante o governo do Visconde de São Lourenço, entre 1848 e 1852, que os negros da Casa Branca seriam de uma vez por todas expulsos da Barroquinha.Em 1851, a “modernidade” chegou à capital, com a urbanização da área e pavimentação da Baixa dos Sapateiros, antiga Rua da Vala, por onde esgotos corriam a céu aberto. Alguns anos antes, vários levantes de escravos foram deflagrados em Salvador, até que em 1835 se deu a sangrenta Revolta dos Malês, organizada pelos negros muçulmanos. Era mais um pretexto para desmobilizar os encontros entre os africanos na Bahia. Iyá Nassô, tida ainda hoje como a principal matriarca da história do terreiro, partiu com os seus súditos para plantar o axé na então distante roça do Engenho Velho, “no Rio Vermelho de baixo”. Dizem que foi o lendário babalaô Bamboxê Obticô, avô do saudoso Felizberto Sowzer, uma figura importante na reconstituição dos cultos e rituais perdidos no tempo. Sobre Yá Nassô, se sabe que ela morava na Rua das Flores, no Pelourinho, e era comerciante de carnes no Mercado de Santa Bárbara. Mas, já no Engenho Velho, as autoridades novamente tentaram calar os tambores e cânticos africanos da Casa Branca. Uma reportagem publicada no antigo Jornal da Bahia, de 3 de maio de 1855, faz alusão a uma reunião na casa de Yá Nassô que teria sido interrompida por uma diligência policial: “Foram presos e colocados à disposição da polícia Cristovão Francisco Tavares, africano emancipado, Maria Salomé, Joana Francisca, Leopoldina Maria da Conceição, Escolástica Maria da Conceição, crioulos livres; os escravos Rodolfo Araújo Sá Barreto, mulato; Melônio, crioulo, e as africanas Maria Tereza, Benedita, Silvana… que estavam no local chamado Engenho Velho, numa reunião que chamavam de candomblé”.Pierre Verger destacou o nome de Escolástica Maria da Conceição, não muito comum, com o qual seria batizada, mais de três décadas depois, a famosa mãe-de-santo Menininha do Gantois.

Isso indica que provavelmente os pais de Menininha também faziam parte ou pelo menos freqüentavam a Casa Branca no período em que ocorreu a ação policial. Mas o fato é que os adeptos da Casa Branca resistiram a mais de dois séculos de vigilância repressora. E em tom de discurso, as palavras do elemaxó do terreiro, Antônio Agnelo Pereira, revelam o sentimento de orgulho comum aos filhos e filhas do candomblé mais antigo do Brasil:”Sim, nossa gente tem sofrido muito. Lutamos contra o cativeiro e continuamos lutando contra outras injustiças, sempre com dignidade. Até há pouco nosso culto era perseguido com cruel violência, mas resistimos. Ainda hoje, há quem despreze nossas tradições, nossa religião, tratando-a, por exemplo, como simples folclore, por ignorância ou preconceituosa má vontade. Isto não nos impede de manter a herança divina que recebemos”. Sociedade paralelaHomens proeminentes e `mulheres do partido alto´ criaram organizações secretas de negros na BahiaO culto a Babá Egum é um traço da presença do Estado paralelo criado pelos iorubásDepois de criar as irmandades e confrarias religiosas, e de incorporar novos rituais proibidos pelas autoridades locais, os africanos ligados à Casa Branca seriam ainda mais audaciosos, inaugurando as chamadas “sociedades secretas”. Com a chegada de mais e mais líderes nagôs à Bahia escravocrata, o candomblé mais antigo do Brasil passaria a constituir uma espécie de organização paralela à dos brancos do Novo Mundo. Adaptadas aos rigores da clandestinidade, as sociedades secretas representavam o poder ancestral exercido pelos soberanos da mãe África sobre seus súditos baianos.Entre as sociedades secretas criadas pelos negros ligados à velha Casa Branca, a mais importante foi a Ogboni, na visão do antropólogo Renato da Silveira.Ela representava, na Bahia, o conselho de ministros do alto escalão do império de Oyó e de outros reinos iorubás. A sociedade Ogboni estava acima das demais associações e até mesmo dos clãs, defendendo o interesse da sociedade e servindo como poder moderador do Alafin (imperador). Era uma espécie de corte de justiça do país iorubá, responsável pela manutenção da paz, da ordem e pela determinação do consenso nas decisões políticas.A sociedade Ogboni era dirigida por um conselho de seis êssas, chamados de Aramefá na Bahia. Algumas decisões importantes, como o arrendamento das terras da Barroquinha na virada do século XVIII, podem ter sido de sua responsabilidade.Mestre Didi, filho da célebre mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, se refere à presença do Aramefá como um conjunto composto por homens consagrados “com postos na Casa de Oxóssi”, existente ainda nos anos 30.

O líder da Ogboni era o Oluô, cargo que na Bahia foi ocupado por Bamboxê Obticô, africano que desempenhou papel fundamental na criação da Casa Branca e na história dos chamados “terreiros de tradição Ketu”.O antropólogo Pierre Verger cita o nome dos demais êssas: Assiká (ou Axipá, filho de Oxóssi ou Ogum), êssa Oburô (filho de Xangô), êssa Kayodé (Oxóssi), e ainda os êssas Ajadi, Adirô e Akessan, servidores de outros orixás importantes presentes no candomblé e também do culto de Babá Egum, o espírito dos mortos. Silveira revela que os êssas baianos eram ex-escravos alforriados que chegaram a prosperar na sua atividade e conquistar prestígio e destaque nas irmandades religiosas, sobretudo a de Bom Jesus dos Martírios, recebendo ainda títulos honrosos no candomblé da Barroquinha.GueledésJá as sociedades Iyalodê e Gueledé eram formadas apenas por mulheres e representavam a influência feminina nas organizações africanas reconstituídas na Bahia.As iyalodês, explica Silveira, foram originárias dos reinos de Ibadan e Abeokuta. O título era o mais elevado que uma mulher poderia alcançar nessas cidades, significando “senhora encarregada dos negócios públicos”. As iyalodês baianas, portanto, defendiam os interesses das negras que se tornaram comerciantes, e assim conseguiram fama e dinheiro depois de alforriadas. Na Velha Bahia, elas ficariam conhecidas como “as mulheres do partido alto”.Reverenciar os poderes unicamente femininos era a missão da Sociedade das Gueledés, originárias do reino de Ketu. Na Bahia, as gueledés tinham as mesmas funções de origem, exaltando a fecundidade e a magia dos rituais matriarcais. No terreiro na Barroquinha, em seguida no Engenho Velho, e mais tarde em outros pontos da cidade, elas faziam os chamados Festivais gueledés. Um par de máscaras usadas pelas mulheres da sociedade secreta, pertencente à coleção do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e provavelmente apreendido durante uma diligência policial, revela o caráter carnavalesco das festas promovidas pela associação, com o objetivo de ridicularizar a violência e exaltar a paz entre as nações.Durante alguns anos, a mãe-de-santo Maria Júlia Figueiredo (Omonikê) acumulou os títulos de iyalodê, de ialaxé das gueledés, de ialorixá da antiga Casa Branca e ainda de provedora-mor da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a principal instituição das mulheres iorubás, ativa ainda hoje na cidade de Cachoeira. Era Maria Júlia Figueiredo, portanto, a representante suprema das matriarcas africanas. Através dos ritos misteriosos das sociedades secretas, os adeptos do candomblé criaram na Bahia um novo estado iorubá, extinto após longo período de repressão. E sua existência está intimamente ligada ao mito da criação do candomblé mais antigo do Brasil.”Embora tenham perdido o grande poder que representavam na África, esses títulos mantiveram a solenidade e a legitimidade, pois, adaptados às condições locais, foram atribuídos de acordo com méritos, preceitos, ritos e costumes tradicionais, reconhecidos e praticados pela diáspora nagô-iorubá, que começava a tomar consciência de si como nacionalidade”, observou Renato da Silveira.

Do Estado paralelo criado pelos iorubás, ficaram apenas vagas lembranças, cânticos cerimoniais e alguns títulos ainda hoje usados, além de máscaras e outros objetos de culto, alguns apreendidos durante a repressão policial que se deu na Bahia, sobretudo nos anos 20 e 30 do século que passou. No entanto, alguns rituais se mantiveram até os dias de hoje, como o culto a Babá Egum, com presença marcante, sobretudo, em candomblés da Ilha de Itaparica. Único panteãoAncestrais africanos foram cultuados no mesmo templo pela primeira vez na BahiaNo Terreiro da Casa Branca eles se encontrariam pela primeira vez, discretamente, para não atrair os olhares vigilantes e repressivos das autoridades locais. Cultuados separadamente em seus reinos de origem, os orixás africanos seriam invocados em um só lugar, na Bahia, pelos negros escravos trazidos para o recôncavo. Por razões de proeminência, em um meticuloso acordo político e espiritual, os fundadores do candomblé mais antigo do Brasil implantariam em Salvador os cultos a Oxóssi, Xangô, Oxum e Oxalá, os quatro pilares de sua fé, representando os quatro cantos do país iorubá.Enquanto o povo de cada reino iorubá mantinha seus cultos orientados às diversas qualidades de um único orixá, na Casa Branca, quando esta ainda funcionava nos fundos da Barroquinha, foi criado o xirê – a roda dos orixás -, permitindo que as santidades fossem reunidas em um único panteão. Mas não por acaso.O início dessa história começa ainda na África, em meados do século XVIII, quando o reino do Daomé (atual República do Benin) inicia sua expansão sobre o território iorubá. Ao passo que os daomeanos invadiam e saqueavam as cidades, profanando os locais sagrados e deixando seu rastro de destruição por onde passavam, os prisioneiros iorubanos eram feitos cativos e vendidos em um dos movimentados portos da Costa da Mina (também conhecida como Costa dos Escravos). De lá, milhares deles viriam para Salvador.Mais do que saudades do seu canto, cada povo trazia na lembrança os rituais sagrados do orixá protetor de seu reino. Assim, à medida que os daomeanos avançavam sobre os iorubás, novos povos iam chegando, com novas características religiosas. Em pouco tempo, o litoral da velha Bahia se transformaria num espelho demográfico da Costa da Mina. Com a fundação do primeiro candomblé do Brasil, seria necessário, portanto, que ele representasse as diferentes nações que a partir de então passaria a integrar.E foi o que fizeram os criadores da Casa Branca.Em segredo absoluto, homens e mulheres africanos pertencentes às irmandades negras do Bom Jesus dos Martírios e de Nossa Senhora da Boa Morte plantariam os fundamentos de cada orixá na terra de todos os santos.

O primeiro a chegar foi Oxóssi, do reino de Ketu. Invocado por seus súditos, ele veio e ocupou a terra, recebendo por isso o título de onilé. Mais tarde, Xangô – cultuado no reino de Shabé e Oyó – tomaria conta da casa, do barracão principal, recebendo o título de onilê. A esposa de Xangô, Iansã, também viria com os oyós.Anos depois Oxum e Oxalá também ganhariam assentos privilegiados, representando a nação Ijexá e o povo de Ifé, capital espiritual dos iorubás.Panteão sagradoNão se sabe ao certo quem foi o responsável direto pela união de todos os orixás em um único panteão sagrado. Na tradição oral dos seguidores da Casa Branca se perdeu esse importante detalhe histórico. Mas dois nomes despontam como os mais prováveis; dois homens entre muitas mulheres, dois grandes sacerdotes que vieram para Salvador exclusivamente para participar da reconstituição religiosa que se daria na Barroquinha. Um deles, possivelmente criou o xirê, inaugurou a roda dos orixás, a principal novidade de culto fundada pelo terreiro baiano, e que, anos passados, seria seguida pelos seus filhos e filhas.Os protagonistas dessa história são Babá Assiká (ou Axipá) e Bamboxê Obticô. Ambos vieram da África para ajudar na fundação do terreiro. Os dois têm o título de êssas (ou uêssas), que revelam serem ministros do conselho de Ketu, altos oficiais iniciados no culto a Oxóssi.De acordo com o pesquisador Vivaldo da Costa Lima, Bamboxê significa “ajuda-me a segurar o oxê”, sendo oxê o machado duplo, a ferramenta ritual de Xangô. A tradição afirma que Bamboxê era um membro da família real, um príncipe de Oyó, reino devastado pela guerra a partir dos anos 1830, data em que muitos afirmam ter sido fundado “oficialmente” o terreiro na Barroquinha. Ainda hoje sua memória é exaltada no Padê, a cerimônia de abertura do candomblé da Casa Branca, como êssa Obticô.No Brasil recebeu o nome “branco” de Rodolpho Martins de Andrade e, além de ter sido um dos possíveis criadores da roda dos orixás, participou da iniciação de importantes mães-de-santo da Bahia, como a de Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá.Atualmente seu corpo descansa em um jazigo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, depois de ter sido transladado do Cemitério Quinta dos Lázaros, onde foi sepultado primeiramente.

Na sua lápide é possível ler: “Jazigo perpétuo – Rodolpho Bambocher.- Felizberto Sowzer e família – 1926”. RegistrosSobre babá Assiká, o outro homem que deixou seu nome na lembrança da tradição oral que narra a fundação da Casa Branca, existem pouquíssimos registros. Dois etnólogos franceses, estudiosos dos candomblés da Bahia, fazem referência ao seu nome: Roger Bastide e Pierre Verger. Bastide afirma que babá Assiká veio à Bahia em companhia de iyá Nassô, considerada a fundadora de fato do terreiro que hoje leva seu nome, passando por seu escravo para aqui cumprir sua missão. Para Verger, Assiká teria sido o fundador propriamente dito do terreiro. Nos cânticos do Padê da Casa Branca, quando são saudados os seis êssas fundadores do axé, “os senhores do rito”, babá Assiká é o primeiro a ser lembrado, sugerindo sua maior antiguidade, de acordo com Juana Elbein dos Santos, outra estudiosa do assunto. Para o antropólogo Renato da Silveira, babá Assiká formou todos os demais, inclusive Bamgbose, e sua missão era organizar a mudança que estava por ser feita a partir de 1830. E essa mudança chegaria para valer. Uma mudança feita em sigilo, com coragem, magia e tradição ancestral. Com a sabedoria das lendárias iya Nassô e Marcelina Obatossí, com a autoridade de babá Assiká e Bamboxê Obticô, e com a ajuda de muitos outros africanos anônimos, os orixás enfim tomariam assento nas terras sagradas da Bahia, primeiro na Barroquinha, de onde foram expulsos pelas autoridades. Mas depois, em definitivo, no Engenho Velho da Federação, onde permanecem ainda hoje, zelando pelo seu povo fiel.

 Pesquisa: Facebook Bamgbose Obitiko
ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO
:: TERREIRO DA CASA BRANCA – GRUPO CULTURAL ILÊ FUN FUN
 Situada na Avenida Vasco da Gama, a Casa Branca do Engenho Velho, ou Ilê Axé Iyá Nassô, foi tombada em 1984 e é considerada o primeiro Monumento Negro do Patrimônio Histórico do Brasil. Conta-se que a Casa Branca é a primeira casa de candomblé aberta em Salvador. Iya Nassô, uma das negras africanas fundadoras do terreiro, arrendou terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Candomblé. O Grupo Cultural Ilê FunFun é franco guadião dos ritos, dos toques, danças e cantos sagrados da cultura afro-brasileira. Fundado em 2001, por Edvaldo Araújo, alabê do Terreiro Ilê Axé Yá Nassô Oká (Casa Branca), o Ilê FunFun desenvolve ações sócio-culturais em Salvador e em outros estados, como uma escolinha no próprio terreiro da Casa Branca que ensina jovens e adolescente, toques, dança e culinária, com o objetivo de educar e tirar essas crianças das ruas, da marginalidade e das drogas, tendo sempre como meta preservar as raízes do Candomblé.
Nome: Edvaldo Araújo
Telefone: (71) 3334-5694
Endereço: Avenida Vasco da Gama, Salvador/Bahia
E-Mail: alabeedvaldo@yahoo.com.br
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 https://ileaxeoxolufaniwin.wordpress.com

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Estar no Templo

Muitas rochas eu escalei
Muitas colinas eu conquistei
Tenho visto muitas residências antigas
Em muitas cavernas eu entrei
Mas, em nenhuma como as pedras do magnifico Olúmo
Um bastião de granito maciço
Voando alto em direção ao azul gelado do Céu.
Sorrindo e brilhando em cima do rio Ogun
E da antiga cidade de Abeokuta, sudoeste da Nigéria.

Olumo templo 1

Templo do Òrìşà Olúmo, Abeokuta – Nigéria. A centenas de metros de altura.

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A citação acima é para mostrar que não importa onde o Templo que você frequenta se localiza, ele é sagrado, ele é repleto de silêncio, de energia, de ase e de aprendizado. As pessoas devem se respeitar, deveriam se ajudar, deveriam se alegrar com as vitórias conquistadas por seus pares, afinal todos estão buscando algo parecido – vitória!, elogiar e rezar por seu sacerdote, pois, ele é o veículo que os seres celestiais usam para poder chegar a você.

Quando você entrar no seu Templo na próxima vez, tente se lembrar desse texto, ele faz parte dos ensinamentos de meu Ọbaalá Oluwo Olorí Ợbàtálá Efún Awo Peju Ifáşina Ifárunolá Ifábajo Awoyade Adesanya, Willer De Almeida. e da reflexão da Ìyálóde Erelú Iya Osún Funké, Iyanifá Fún Mi Lợla do Ilé Ègbé Efúnlàsé Ògbóni Ifá ati Ợbàtálá.

Odé Ợlaigbo

ifa

Templo é local exclusivo para fazer e cumprir ritual de forma impecável. É local sagrado!
É o espaço tridimensional físico mais sagrado que possuímos. O Templo é o local onde nos sentimos em união com o alto. É o lugar onde Deus deve ser honrado, adorado, louvado e servido.
Adentrar ao Templo significa que se está penetrando o local mais oculto de si mesmo: representação viva do que cada um é.
O ser esclarecido e espiritualizado entra no Templo consciente de que está caminhando dentro de si mesmo. Local onde busca por virtudes, valores e mudanças em todas as dimensões.
Estar no Templo, é estar conectado com o alto, é estar em sintonia com Deus (Òlódùmarè) e consigo mesmo. Olhos fechados, corpo sereno, mente acalmada, esvaziamento. As portas do coração estão abertas para ouvir aquele que fala no silêncio: Deus (Òlódùmarè).
O Templo é o espaço preparado para que a conexão com o alto seja possível, mas para que isso aconteça, é preciso que o ambiente esteja harmonioso, organizado, limpo e o silêncio é primordial. É preciso que o respeito se faça presente, que a conscientização do que realmente significa estar num templo seja plena. É estar em busca da elevação espiritual, se conectando, se entregando, se purificando e se fortalecendo.
O Templo funciona como uma antena catalisadora, por isso tem maior concentração de energias, e por esse motivo fica muito mais fácil a conexão com o alto. Esta energia concentrada dentro do Templo, funciona como uma teia, onde somos peças fundamentais para o bom funcionamento. Se um de nós se desestabiliza e balança, toda a estrutura balança junto. Por isso, precisamos vigiar para que possamos afastar imediatamente o foco da desarmonia. Precisamos zelar pelo equilíbrio e harmonia dessa energia, manipulada no nosso Templo.
Precisamos ter a consciência do que buscamos e do que queremos. Quando escolhemos fazer parte de um Templo, significa que estamos conscientes de que faremos parte de uma egrégora energética em que cada um é responsável pelas suas próprias escolhas e que arca com suas consequências.
A frequência ao Templo nos dá uma perspectiva mais clara e um senso de propósito, além de nos sentirmos em paz e perto de Deus quando estamos lá.
Por vezes, nossa mente está tão atormentada por problemas e há tantas coisas que demandam nossa atenção ao mesmo tempo, que simplesmente não conseguimos pensar nem ver com clareza. No Templo, a poeira das distrações parece assentar-se, a neblina e as sombras parecem dissipar-se e conseguimos ver coisas que antes não conseguíamos e achar saídas até então desconhecidas para nossos problemas.
Entrar no Templo é entrar no lugar mais sagrado do Universo.
Devemos o devido respeito e importância. Cada um entra no local sagrado exatamente da forma em que se dá importância.
O Templo deve ser respeitado! É inaceitável um comportamento inadequado dentro do Templo que representa a união do Homem com o Universo.

Bibliografia:

Adaptado por Erelú Iya Osún Funké, Iyanifá Fun Mi Lolá

– Vários sites sobre o assunto
– Goswami, Amit, O Universo Autoconsciente, como a Consciência Cria o Mundo Material, tradução: Ruy Jungmann.
http://www.efunlase.com

Foto: http://naijatreks.com/wp-content/uploads/2013/11/Naijatreks_Olumo2.jpg

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