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Archive for Julho, 2019

O Ritual do Ìpàdé

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Um importante ritual que está se perdendo Ipadê .


O ritual do Ipadê é praticado desde os primórdios pelo povo de Ketu. Por isso, com a constituição do Candomblé aqui no Brasil, este preceito não foi reproduzido nas Casas de origem Jêje.

É bom esclarecer desde logo que o ritual do Ipadê, e o padê de Exu são duas coisas diferentes.
O Ipadê é um fundamento da religião direcionado para saudar os ancestrais; e o padê é uma comida de Exu.

“Despachar Exu”, como se diz usualmente, também não se confunde com o Ipadê. O ato de despachar Exu, na verdade, atende ao princípio de que esta divindade deve ser a primeira a ser agradada. Assim, antes do início do xirê, ou mesmo antes dos demais Orixás serem reverenciados, Exu deve ser o primeiro a receber seus agrados. Caso contrário, os praticantes podem ser punidos com as artimanhas dele.
Feitas as distinções necessárias, vamos então falar diretamente sobre o Ipadê. Esse ritual é necessário em 3 situações: quando são sacrificados animais de 4 patas para Exu; nas Águas de Oxalá e no axexê.
O Ipadê só é realizado durante o dia, pois necessita da claridade natural. Portanto, seu melhor horário gira em torno de 14 às 16hs. Só é feito à noite, durante o axexê.
No Ipadê, são reverenciados Exu (o mensageiro), os ancestrais masculinos (eguns), femininos (iyá mi), os esás (ancestrais importantes daquele Egbé) e alguns Orixás (conforme a tradição de cada Axé).
Os elementos necessários ao Ipadê, são: uma cuia feita de cabaça (representando a cabeça de todos), a acaçá (simbolizando o corpo da comunidade), a cachaça (oti), omi (a água, capaz de acalmar e fertilizar), a farinha de mesa crua (iyefún, significando a fecundidade) e finalmente o dendê ou o limo da costa (conforme o caso).
Este ritual é essencialmente comandado pelas mulheres. No caso, a iyadagán e a iyámorô. A primeira prepara os ingredientes, sentada em frente ao Axé, enquanto a segunda dança em volta da cumeeira e despacha os elementos, acompanhada pelos Ogans que batem os atabaques e cantam as músicas especiais para esse momento. Tais músicas e rezas não são executadas em nenhum outro ritual, muito menos no xirê.
Quando o Ipadê é realizado nos trabalhos fúnebres de axexê, não são usados os atabaques, mas instrumentos especiais feitos de cabaça.
Todos aqueles que participarem do Ipadê devem ter as cabeças cobertas. Os mais velhos, ficam sentados, e os mais novos, ajoelhados em esteiras.
Ninguém fica parado durante o Ipadê. Todos devem balançar levemente o corpo, demonstrando que enfrentam vivos aqueles rituais.
A sequência das músicas é repetida durante o preparo e despacho das oferendas, sempre por três vezes. A ordem de reverência é: Exu, egun, esás (alguns fundadores dos primeiros Candomblés, como Obitikô, Oburô, Akesan, Adiro, Ajadi e Akayiodê); os Orixás afinizados (Exu,Ogu, Odé, Omolu, Oxum, Oya, Yemonja, Xangô, Lufan e Guian); as iyá mi oxorongá e finalmente os próprios membros da comunidade participantes.
É um ritual lindíssimo, mas que requer atenção total, meticulosa concentração e extremo respeito.
Pena que o Ipadê esteja sendo renegado ao esquecimento. O requinte desse preceito litúrgico exige que o egbé (a comunidade) possua elementos com tempo de Santo e preparo suficiente para esse ofício.
Em muitas Casas, os iyawôs nem podem estar presentes na cerimônia do Ipadê.
A riqueza dessa tradição, antes de mais nada, nos indica um ensinamento básico da matriz africana: respeito aos mais velhos. E reverenciar os mais velhos (ancestrais masculinos e femininos) consiste nisso! Agradecer, agradar, ofertar àqueles que vieram antes de nós, e que, por isso, construíram parte do caminho que hoje seguimos. Devemos a eles! Pedimos então sua proteção, sua licença para trabalhar.
O respeito aos mais velhos é tudo. É a razão de acatar à ordem hierárquica, o motivo de aprender a obedecer, nos talhando para posteriormente saber mandar.
Respeitar os mais velhos é aprender com a sabedoria e com a experiência dos que viveram mais do que nós. É também a garantia de que no futuro seremos nós próprios respeitados e prestigiados com carinho e solidariedade.
O Ipadê é um pouco isso tudo.

Texto: Portal do Candomblé

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É com profundo pesar que notificamos que Bajigan Ailton , umas das mais antigos Ogans do Rio de Janeiro partiu para o Orun.

No dicionário da língua portuguesa a palavra chefe significa: comandante, autoridade, diretor, líder e mestre. Já na língua fon a palavra agbájígán significa chefe.

Nos Candomblés da Nação jeje, Agbájígán ou Bajigan é o responsável pelo agbasá (salão) pelos cânticos e pelo terreno onde estão as árvores sagradas dos Voduns.

 Além de promover a tranquilidade e a segurança para todo o Xwe Vodun (Casa do Vodun), O Bajigan é essencial na organização e andamento das cerimônias religiosas, pois a sua sabedoria e conhecimento ajudam no sucesso de todos. É isso, o Bajigan é um mestre inteiramente dedicado aos Voduns.

Essa aplicação é nata no carioca do Bairro do Sampaio, Ailton Benedito, que tinha um avô por parte de pai Sacerdote de Vodun. Foi esse avô que ainda criança que fez suas primeiras obrigações.

O tempo passou e em 1972 foi confirmado Bajigan para o Ọbalúwáiyé de João Carlos, filho de santo do Senhor Jorge de Yemọja.

Bajigan Ailton foi casado por 50 anos com a saudosa Ìyálórìṣà Yara de Ọ̀ṣun, e juntos dirigiam o Terreiro, Casa Branca de Ọ̀ṣun no Parque São Bernardo em Belford-Roxo.

Atualmente Bajigan Ailton estava casado com Denise Sabadi de Ọ̀ṣọ́ọ̀sí e assessorava o Bàbálórìṣà Serginho de Ògún, que ficou na direção da Casa Branca de Ọ̀ṣun.

Mawu Na Nu Vodun Sem! (Que Deus abençoe os Sacerdotes de Vodun!)

Axé!

Texto: Paulo de Oxalá

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Cabaça – Igbá

Resultado de imagem para fotos de cabaça

A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé. É o fruto da cabaceira. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou Coité; e as maiorias são denominadas cumbucas. Nos ritos do Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. Os iorubás, como todos os outros povos, aproveitavam as igbá [cabaças] como vasilhas para uso doméstico e ritualístico. As cabaças, dependendo do seu uso, recebiam nomes diferentes:
A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè, a cortada em forma de cuia toma o nome de Igbá. A cortada em forma de prato é o Ìgbájé , ou seja, o recipiente para a comida; a cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ìgbase ou cuia do Àse, e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyàwó como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc. que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé. Ado – cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omolu, como depósito de seus remédios. No Ógó de Èsù, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos.
Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias. Com o corte ao comprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ìpàdé e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè, instrumento musical usado pelos Ogans, durante os toques e cânticos. Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó.  A cabaça inteira em tamanho grande substitui nos ritos de Àsèsè, a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu. Por fim, pode ser lembrado que a cabaça cortada em forma de vasilha com tampa é conhecida como Ìgbádu, a cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odù: Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.

1 – Akèrègbè – cabaça de bom tamanho [30 a 50 cm], servindo como vasilha para líquidos;
2 – Igbá – cabaça cortada em forma de cuia. ÌGBÀ = assentamento de Orixá; panela onde se guardam os objetos sagrados dos deuses e se faz o sacrifício;
3 – Ibajé – cabaça cortada em forma de prato. Recipiente para a comida;
4 – ÌGBASE – Cabaça cortada acima do meio, formando uma vasilha com tampa;
5 – Ádo – pequena cabaça utilizada para armazenar pós ou remédios. É aquela que se vê nas figuras de Exu, Osaniyn e Obaluaiye;
6 – Cabaça cortada ao meio;
7 – Cabaça do Ipadê;
8 – Agbé – Inteira e revestida de uma rede;
Xequerê instrumento musical.
9 – Séré – cabaça com um longo e fino pescoço. Quando cortada ao meio, serve como uma concha. Quando inteira, serve como chocalho ritualístico para anunciar Xangô, sendo chamada então de SÉRÉ Sángo;
10 – Cabaça Inteira;
11 – Igbadu;
12 – Ahá – pequena cabaça servindo como copo ou xícara para tomar remédios e bebidas;
13 – Ató – cabaça pequena e comprida, utilizada para guardar remédios;
14 – Pòko – ou a metade superior ou a inferior de uma cabaça de forma oval;
15 – Igbá kòtò – cabaça larga e alta, usada para guardar ÈkO [um bolo de milho] quente. Tem uma tampa que pode ser usada como funil;
16 – Koto – cabaça grande e larga, semelhante a um cesto .

Texto Internet-Àṣẹ ÌyáOmi

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