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Archive for Maio, 2017

Nota de falecimento

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Ilê Axé Opô Ojú Omí

É com pesar que comunicamos o falecimento de uma grande sacerdotisa do culto aos Orixás: Mãe Beata de Yemanjá.

Beatriz Moreira Costa, que além de Yalorixá era escritora, atriz e artesã, nasceu no Recôncavo Baiano, no ano de 1931, e nos deixa hoje deixando um legado imensurável de muita luta em prol do povo de santo e de contribuição para o Candomblé.

Filha-de-santo da saudosa Olga do Alaketu, e Iyalorixá do Terreiro Ilê Omiojuaro, em Nova Iguaçu – Rio de Janeiro, parte desta Terra deixando-nos com lágrimas nos olhos, porém felizes de termos tido a oportunidade concedida por Olorun de convivermos com este grande ser humano.

O povo-de-santo está em luto!

OLORUN KOSI PURÊ!

Por: Rodrigo Viegas

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Deus segundo Spinoza

Para de ficar rezando e batendo o peito!

O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.

Aí é onde eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me culpar da tua vida miserável:

Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.

Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho…

Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir.

Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Para de ter tanto medo de mim.

Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.

Eu sou puro amor.

Para de me pedir perdão.

Não há nada a perdoar.

Se Eu te fiz…

Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.

Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?

Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.

A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre.

Não há prêmios nem castigos.

Não há pecados nem virtudes.

Ninguém leva um placar.

Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.

Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.

Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.

Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste…

Do que mais gostaste?

O que aprendeste?

Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.

Eu não quero que acredites em mim.

Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Para de louvar-me!

Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?

Me aborrece que me louvem.

Me cansa que agradeçam.

Tu te sentes grato?

Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido? …

Expressa tua alegria!

Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres?

Para que tantas explicações?

Não me procures fora!

Não me acharás.

Procura-me dentro…

Aí é que estou batendo em ti.

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Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia), foi um dos grandes racionalistas e filósofos do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.

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Spinoza sem saber nos joga dentro do Ifismo/Culto de òrìşà e prega o cumprimento do nosso destino, a liberdade de escolha, a buscar ajuda nas forças da natureza e cumprir tudo aquilo que nossa filosofia prega.

Pegue sua vida e faça o melhor que puder com ela.

Epa Odù. Epá Òrìşà.

 

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Todo cuidado é pouco quando se verifica o Orixá que rege uma pessoa, alguns nasceram para um Orixá, trazem até seu arquétipo, porém, se iniciam para outro, justamente aquele que se interpõe ao Orí, isso é fato. A curiosidade de todo abiyan é compreensível e também perigosa, pois podem até inconsequentemente se verem filhos do Orixá que mais lhe trás simpatia, criando assim um elo muitas vezes intransponível ao entendimento litúrgico, por isso, que sempre reforço que abiyan não tem Orixá definido. Os movimentos de odús nos levam a ter cautela, respirar duas vezes, consultar o Orunmilá através do Obi e confirmar quantas vezes forem necessárias, até mesmo em outra casa co-irmã, com seus egbomis. É respeitando o nosso Ifá intuitivo e psicológico, aliado a técnica do merindilogun e experiências vividas que podemos, sem sombras de duvidas, confirmar no caminho de iniciação, o Orixá de uma pessoa e seus enredos.

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Porque ser abiyan

Ser abiyan é viver a emoção de sentir a energia do seu orixá, de aprender a identificá-la e de, aos poucos, ir percebendo como ela vai se moldando a você e você a ela. É nesse período que o orixá inicia o seu processo de desenvolvimento junto ao abiyan e vai embutindo no mesmo muitas das suas características. É nesse momento também que o abiyan vai criando uma relação de afinidades com o seu orixá, que aprende a ouvi-lo de uma forma que ninguém mais consegue, pois o orixá não se comunica melhor com outra pessoa que não seja com o seu próprio filho, afinal é este quem carrega essa energia sublime e única.

Acredito que uma pessoa que antes de se iniciar na religião tenha passado por essa fase esteja mais preparada e consciente do que é a vida após a iniciação. Será uma nova vida, onde muitas vezes será necessário que se abdique de muitos momentos particulares em prol da vida religiosa, ou seja, em razão do que se acredita e do que um dia escolheu para viver, portanto, é indispensável que esteja convicta dessa escolha, pois ela mudará completamente a sua vida. Mas o que vale é que se a pessoa estiver feliz com a presença do orixá no seu cotidiano, as demais questões se ajustarão e será possível viver de forma harmoniosa em todos os aspectos.

Penso que neste momento muitos devem estar se perguntando qual é a importância de ser abian se em muitas Casas de Axé o que se vê são pessoas chegarem e pouco tempo depois serem iniciadas. Não direi que essa atitude esteja errada, mas o que vejo é que em muitos casos, após todo o ritual, surgem as dúvidas e arrependimentos, especialmente se o iniciado for uma pessoa que não conheça absolutamente nada sobre a religião antes da iniciação. Depois vêm a decepção, as desculpas para não estar presente no egbé (comunidade) nos dias de funções e tantas outras justificativas.

Uma situação muito comum são pessoas que não conhecem nada a respeito do Candomblé, mas que vão às festas e se encantam, ficando deslumbradas com as roupas, os fios de contas, com as cantigas, o som dos atabaques, as danças e, principalmente, a presença dos orixás entre nós, e nem sequer imaginam que tudo aquilo que veem não é um show folclórico ou algo parecido. Por isso pensam que a relação de um iniciado com a sua Casa seja apenas naqueles momentos de deslumbres e de encantamentos. Não têm noção que essa é uma relação que deve perdurar por toda uma vida, pois criam-se laços com o seu orixá e com todas as pessoas que fazem parte dessa Casa, ou seja, o iniciado terá uma nova família e dentro dela terá uma série de obrigações. Sendo assim, é indispensável que toda e qualquer pessoa que deseja se iniciar passe a frequentar uma Casa primeiramente como abian, porque será nesse período que ela aprenderá bastante sobre a religião, verá como funciona o dia a dia da Casa, além de ter a oportunidade de, durante esse tempo, refletir sobre o que de fato ela deseja.

É importante que todos que um dia pensem em fazer parte do Candomblé se informem, conheçam e entendam o que é a religião, que busquem Casas tradicionais e sacerdotes sérios e comprometidos para que não haja, posteriormente, dúvidas e decepções que poderiam ser evitadas se houvessem esses esclarecimentos prévios, pois o Candomblé é fé e amor aos Orixás, mas também é compromisso, disciplina e responsabilidade para com os mesmos e com toda a comunidade.

Por isso reitero que é sendo abian que se aprende muito sobre o seu orixá, sobre o sentido do que é o respeito à hierarquia, disciplina, humildade, dentre tantos outros conceitos, muitos deles já perdidos na nossa sociedade. Esse período é essencial para que a pessoa perceba se será nessa Casa que desejará continuar e um dia se iniciar para o seu orixá. É preciso que se tenham todos esses pontos esclarecidos e bem definidos porque a partir da iniciação as responsabilidades e o vínculo com a Casa mudarão completamente, o que até então não existiam com tanto rigor enquanto era apenas abian. Por esse motivo volto a frisar a importância de se entender a religião sobre o olhar de abian, porque nesse momento é possível desmistificar muitas questões, além de ter a possibilidade de conhecer a si mesmo mais intimamente.

O Candomblé é uma filosofia de vida, sendo assim, quando uma pessoa decide fazer parte dele de forma consciente e compromissada por amor aos orixás, ela naturalmente viverá bem e feliz. Mas deixo bem claro aqui que viver na religião e para a religião não será sempre um mar de rosas, pois ser do Candomblé requer que nós trabalhemos diariamente o respeito, a humildade e, especialmente, a paciência, pois em muitos momentos ouviremos e veremos o que não nos agradará e ainda assim teremos que seguir em frente, buscando a sabedoria para compreender o porquê de cada situação e/ou atitude de pessoas dentro da Casa de Axé tendo bem claro um ponto fundamental, qual seja, o caminho que nós pretendemos trilhar dentro da religião. Muitas vezes chego a pensar que para sermos do Axé é necessário que sejamos “casca grossa”, pois senão não suportaremos passar por certas situações que ocorrem no nosso dia a dia no egbé.

O que precisa ficar bem claro para todos é que vivenciar o cotidiano de uma Casa de Axé não é muito diferente do que vivenciamos nas nossas famílias biológicas. Nestas, nós temos pessoas com personalidades totalmente distintas e que com o passar do tempo vamos nos adaptando para que possa haver uma convivência pacífica. Uma grande diferença que existe entre a nossa família biológica com a do Axé é que na comunidade religiosa, além de ser necessário que você se adapte às diversas pessoas que ali estejam, é mais do que preciso que você não se esqueça da adaptação mais importante, ou seja, a sua à Casa em que você se encontra, às pessoas que façam parte dela e, principalmente ao seu orixá, afinal, sentir-se parte integrante da comunidade facilitará o seu caminhar nessa estrada que é longa e de um eterno aprendizado. Por isso costumo dizer que ser abian é enamorar-se pelo seu orixá, é conhecê-lo mais profundamente e criar laços cada dia mais íntimos. Acredito que esse seja o segredo para que você seja um bom abian hoje e futuramente um bom yawô e, posteriormente, um egbomi. Além disso não devemos esquecer o quão importante é a presença dos abians nas Casas de Axé, afinal é impossível pensarmos no Candomblé sem renovação, sem novas gerações para a manutenção do mesmo. Uma Casa sem abians é uma Casa sem perspectivas de futuro.

E para finalizar, deixo claro que ser do Candomblé é renascer para uma nova vida, esta que será privada de muitos momentos particulares, mas que te trará tantos outros importantes e inesquecíveis de alegrias, tristezas e, acima de tudo, de reflexões para que você seja um ser humano melhor.

Texto:Cátia Silva-Blog Ori

Foto: Internet

 

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