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Archive for Novembro, 2018

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MITO DA OBRIGATORIEDADE DA APRESENTAÇÃO DAS CABEÇAS, DOS FLANCOS, DAS ASAS, DAS PATAS DIANTEIRAS E TRASEIRAS DOS ANIMAIS, BEM COMO DA CABEÇA E DA CAUDA DOS PEIXES AOS ORIXÁS.

Contam os nagôs iorubas igbominas que Olódùmarè, o Criador Excelso, sentindo-se exausto (sentido figurado), convocou a sua presença todos os orixás que com ele participaram da formação do Cosmo. Ao se apresentarem na ante-sala da Morada do Justo (Ibùgbé Sèsè Sánmà), este lhes disse: “Mandei chamá-los para que tomem ciência de que, face eu estar me sentindo cansado e idoso (sentido figurado), decidi enviá-los ao planeta Terra. Vocês irão saber do Mundo. Quando retornarem e me relatarem tudo o que ouviram e viram, eu nomearei dentre vós o mais digno e o mais sábio, na condição de meu porta-voz. Eu o exaltarei e permitirei que, diante de mim, se apresente e resista ao meu resplendor”.

Os orixás, tomados de euforia e envaidecidos, vestiram seus mais belos trajes. Todos juntos partiram em direção à Terra, com exceção de Ósètùrá (epíteto de Èsù) que foi atender ao chamado de seu pai, que não tinha tido a permissão de compartilhar daquela jornada. Quando Ósètùrá ao seu genitor se apresentou, dele recebeu uma sacola de linho grosso e a instrução de que deveria portar-se de forma correta por onde passasse e que com humilde se dirigisse a todos com que se defrontasse.

Enfim, todos chegaram ao planeta Terra. De imediato, se personificaram adotando formas e posturas importantes. Uns em trajes de reis, outros trajados tais quais os príncipes. Somente Ósètùrá não participou da pujança da personificação. Suas roupas eram as mais simples. E assim, vestidos, os orixás se dirigiram ao país onde todas as pessoas comiam somente aves. A recepção foi suntuosa. Os orixás escolheram os melhores pedaços das aves.

Após se alimentarem, os orixás disseram uns para os outros: “Estou cansado de comer destes animais. Dêem as cabeças, os flancos das asas e as patas para Ósètùrá se alimentar, uma vez que ele não foi convidado para sentar-se à mesa. Também, vestido nesses trajes, quem iria convidá-lo?” Ósètùrá, apesar da humilhação sofrida, aceita os alimentos com submissão. Este, após se alimentar, colocou os ossos no sol para secar, para posteriormente guardá-los.

Alguns dia depois, os orixás, usando outras vestes suntuosas, se dirigiram ao país onde todos comiam quadrúpedes e répteis. A recepção foi suntuosa. Os orixás escolheram os melhores pedaços dos animais oferecidos no banquete. Após se fartarem, repetiram o mesmo procedimento, isto é, deram para Ósètùrá se alimentar as cabeças, as caudas, as patas dianteiras e traseiras dos animais. Este, procedendo da mesma forma anterior, alimentou-se das mesmas, pondo em seguida os ossos no sol para secar.

Dias depois, os orixás, usando aparatos muito mais luxuosos, se dirigiram ao país onde todos comiam peixes. Todos se fartaram. Desta vez, um acontecimento inédito chamou atenção dos demais orixás presentes. Ìyá Olóòkun não se alimentou dos peixes oferecidos. Ela, simplesmente tocou com suas mãos as cabeças, as nadadeiras e as caudas dos peixes que lhes foram oferecidos durante o banquete.

Após algumas horas, os orixás, repetindo o mesmo procedimento que tiveram nos banquetes anteriores, deram para Ósètùrá as cabeças, as nadadeiras e as caudas dos peixes que lhes foram oferecidos durante as refeições. Este quando da entrega perguntou-lhes: “Onde estão os peixes que Ìyá Olóòkun não comeu?” A resposta foi unânime: “Você acha que nós iríamos desperdiçar tal repasto? Para você Èsù, restou apenas o de sempre. Se dê por satisfeito”. Ósètùrá, cabisbaixo e sem nada dizer, contenta-se com o que lhe dão. Após se alimentar, colocou as espinhas no saco de linhagem. E assim os orixás, com exceção de Èsù, se alimentaram das partes mais nobres dos búfalos, das cabras, dos carneiros, dos patos, dos lagartos, bois e outros tantos animais. E assim, em todas as localidades por onde passaram, os orixás comeram diversas espécies de animais. Para Ósétùrá, somente sobraram as cabeças, os flancos das asas e as patas.

Após viajarem pelo mundo afora, os orixás retornaram ao infinito (sánmà). Ao regressarem, se apresentaram de imediato ao Criador Olódùmarè. Este cansado e idoso (sentido figurado), perguntou-lhes: “O que vocês viram e ouviram na Terra?” Cada um dos orixás narrou sobre as localidades por onde passaram e principalmente sobre os suntuosos banquetes que lhes foram oferecidos. Ósétùrá narra também coisas semelhantes, excluindo apenas que teve de se contentar com as sobras dos outros orixás. Após ouvi-los, perguntou-lhes o Criador: “O que trazem como prova de tudo que viram e ouviram na Terra?” A resposta foi o silêncio. Olódùmarè perguntou pela segunda vez: “Quem é capaz de contar-me a verdade?” “Eu posso provar o ocorrido e a veracidade das minhas palavras”, disse Ósétùrá, derramando no chão diante do Criador todos os ossos que havia trazido.

Diante do exposto, Olódùmarè levantou-se do trono e disse: “Òsétùrá, tu me sucederás. Serás meu porta-voz. Terás ciência de tudo e estarás presente junto a todos os habitantes da Terra, e os mesmos submeter-se-ão a ti e farão o que tu ordenares. Em lembrança dos feitos acima narrados e em face ao descaso feito a tua pessoa por parte dos demais orixás, a cabeça, as asas, as patas dos animais e a cauda dos peixes serão apresentados aos mesmos por ocasião dos sacrifícios, a fim de lembrarem-se do descaso, das ofensas e da segregação feitas a ti.”.

1 – Ìyá Olóòkun – Orixá considerado pelos nagôs yorùbá igbominas como a “Mãe de todas as Cabeças”. Tida como a responsável pela colocação e proteção do “mùdùnmúdùn” (cérebro) dentro do Orí Inú (parte interna da caixa craniana).

Referência bibliográfica: PENNA, ANTONIO DOS SANTOS – “Histórias de Ifá” – “O Livro Sagrado de Ifá” – Segundo os nagôs iorubas igbominas em solo brasileiro – Tomo I – Àdìfá Oba Aláàiyé Fámãkindé Otuoko – 616 páginas – ISBN 978-85-902226-5-1 – Certificado de Registro ou Averbação – Nº. 496.793 – Livro 939 – Folha 425 – No prelo.
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Candomblé

Dia Nacional da Consciência Negra
Zumbi e Princesa Isabel – liberdade aos negros

O dia 20 de novembro faz menção à consciência negra, a fim de ressaltar as dificuldades que os negros passam há séculos.

A escolha da data foi em homenagem a Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares, em consequência de sua morte. Zumbi foi morto por ser traído por Antônio Soares, um de seus capitães.

A localização do quilombo ficava onde é hoje o estado de Alagoas, na Serra da Barriga.

O Quilombo dos Palmares foi levantado para abrigar escravos fugitivos, pois muitos não suportavam viver tendo que aguentar maus tratos e castigos de seus feitores, como permanecerem amarrados aos troncos, sob sol ou chuva, sem água e sofrendo com açoites e chicotadas. O local abrigou uma população de mais de vinte mil habitantes.

Ao longo da história, os negros não foram tratados com respeito, passando por grandes sofrimentos. Pelo contrário…

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