Bom dia e abenção de todos!
“A um tempo atrás, postei uma matéria falando a respeito da origem dos Caboclos e Boiadeiros e hoje gostaria de falar e fazer um breve resumo sobre a origem e tradição dos nossos amados Pretos Velhos”
* Nota: Hoje falarei somente sobre os Negros Bantus, pois eles são a origem dos Pretos Velhos.
– Como disse no post dos Caboclos e Boiadeiros, os Negros Bantus após sua captura e escravatura, e quando eram “comercializados” no Brasil, eram separados e classificados por suas habilidades manuais.
– Os que sabiam mexer com o pastoreio animal iam para o nordeste da Bahia, dai surgindo os Caboclos e Boiadeiros.
– Os que eram mais domesticados, e de feições mais agradáveis eram os trabalhadores domésticos da casa grande.
– As Mulheres novas e bonitas eram as amas e cozinheiras da fazenda.
– Os caçadores e mais fortes eram geralmente alçados ao posto de Capitães do Mato ou homens de confiança dos Srs Fazendeiros, seguranças e etc.
– E os que mexiam com agricultura, iam para o sul da Bahia mexer com o plantio de cacau, café, cana de açucar e todas as outras culturas alimentares, e esses sim são a origem dos Pretos Velhos.
– Mas não foram todos os agricultores que foram divinizados Pretos Velhos, e sim o “Clã de Feiticeiros e Curandeiros”, aqueles negros e negras que sabiam ou tinham o dom da cura e do feitiço, os “Ngangas”.
– Se os Srs notarem, praticamente todas as cantigas de Pretos Velhos, falam de mandinga, feitiço e etc…
– Exemplos:
Maria Conga, é que vence demanda…
…Uma bahiana me chamou para eu ir na Bahia fazer uma macumba, ela me deu banho de ervas fumo de rolo para me “matar”…
– E isso posto podemos afirmar assim como os Caboclos, que a ancestralidade dos Pretos Velhos, são Angolanas, e foram muito bem absorvida pela Umbanda, em seus ritos de curas e atendimentos espirituais.
Logico que a história é bem mais profunda, mas pelo menos podemos ter a noção da origem de tais divindades.
– Quase todos os estudiosos e antropólogos como; Nina Rodrigues, Roger Bastid, Prandit, Manuel Quirino e Rute Lands, fazem menção em seus estudos, na importância desses “Ngangas” na vida tribal.
E isso foi trazido para o Brasil nos porões dos navios, e aqui graças a Nzambi, foram divinizados e hoje, prestam seus serviços aos terreiros e sua comunidade.
Nzambi ua kuatesa!
Mukuiu Nzambi.
Bela postagem sobre os Pretos Velhos. Grato por compartilhar
Ótimo texto, grato mais uma vez por compartilhar.
Difícil encontrar textos sobre Umbanda com qualidade e embasamento teórico e histórico fidedignos.
Sendo o Rio de Janeiro o destino da maioria dos escravos de origem bantu é natural que a Umbanda tenha tanta influência bantu incluindo os nomes das entidades. Perfeito!
Vale a pena investigarmos a forte influencia da cultura Iorubá fazendo com que os Nkises tenham ficado em segundo plano.
Manoel,
Concordo com você. A influência e importância do trabalho de Zélio de Moraes são inegáveis. Entretanto mesmo tendo uma capacidade mediúnica incontestável, fica claro que já existiam modalidades de culto afrodescendentes ocorrendo em todo o território nacional, a saber os calundus e os próprios registros históricos atestam isto. Foram os calundus os embriões das diversas formas de religiosidade genuinamente brasileiras das quais a Umbanda é apenas uma delas.
Observando a história relatada sobre Zélio sinto falta de detalhes mais esclarecedores sobre a enfermidade que o levou a ser tratado na Federação Espírita de Niterói. Fala-se de uma grave doença, mas não se fala muito sobre
que os médicos diziam. O relato da atuação de Zélio durante a referida sessão me dá a certeza de que ele (Zélio) não era inexperiente em assuntos ligados ao trato com a espiritualidade. Os relatos falam de sua desenvoltura ao observar que na mesa faltava uma flor e daí se levanta e vai ao jardim para pegar uma flor e coloca-la sobre a mesa. A incorporação do Caboclo que ocorreu nesta mesma sessão, se deu com grande desenvoltura, pois o Caboclo apresentou-se com seu nome e conversou com o dirigente da sessão. Tudo isto me alerta que este médium já estava habituado a esta entidade, pois sabemos que todo este controle mediúnico não se dá da noite para o dia.
Não coloco dúvidas sobre a missão nem sobre a importância do papel de Zélio de Moraes, mas vejo sua atuação fortemente influenciada pelo pensamento positivista, assim como o foi o Espiritismo de Kardec. Zélio promoveu um corte com os rituais africanos considerados bárbaros pela ótica espírita, mas também efetuou um corte com a segregação imposta pelo Espiritismo que não aceitava a manifestação das entidades. O Caboclo das Sete Encruzilhadas instituiu um data, estabeleceu um marco, de alguma forma criou um código e um ritual, mas volto a observar que o ritual criado é muito mais uma diferenciação do que já vinha sendo praticado do que uma codificação propriamente dita.
Boa Tarde,gostaria de saber pq há o culto de pretos velhos e caboclos no candomblé. Não é só da Umbanda, então, no candomblé também existe? Me disseram que o candomblé mesmo, não tem essas entidades, então fiquei sem entender. Agradeço antecipadamente a explicação. Muito obrigada. Axé!
Boa tarde, não consegui entender sua pergunta, pode ser mais claro?