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Archive for the ‘Inkises’ Category

A cobra Sagrada

No mundo das diversidades não há diferenças. Tudo é Belo

É a cobra sagrada presente em todas as civilizações antigas. O princípio da sabedoria: a cobra que morde o próprio rabo, fazendo um ciclo, simbolizando o infinito.

A corruptela da palavra Hongolô , que significa arco íris, ou réptil, é Angorô, nome pelo qual esta divindade é conhecida nos candomblés de Angola/Congo. Surge da água em evaporação. O seu caminho é muito próximo da Senhora das Águas doces, Mam’etu Ndandalunda, chegando a se confundir, já que estão ambos no reino das águas e da fecundação.

O arco íris é o esplendor pelos raios do sol quando está no alto. Também é a cobra na terra e conhece as profundezas do planeta conseguindo fazer as transformações. Embora sua natureza seja masculina, apresenta uma androgenia nata e tem-se como fêmea quando a conhecemos como Hongolo menha (Angorô-mean). Faz a ligação entre o ntoto/Ixi e o duilo (terra e céu), por isso seu culto é fundamental e tão difundido.

Kijila: Seus filhos devem evitar a tangerina, fruta de conde, abacaxi e peixe de couro. Como faz a transmutação da água em seus estados sendo responsável pelas chuvas, é o senhor das riquezas e ligado aos ciclos vitais da terra.
Características: Deus do arco-íris. A cobra sagrada.
Saudações: Ngana Hongolo kiambote/ Kiua Hongolo! (salve o belo senhor do arco-íris). Hongolo lê! (arco íris hoje!)
Elemento: Água e seu símbolo é uma (ou duas) Cobra de metal. Ligado ao ouro e prata mesclado.

 

Tata Ngunz’tala
Publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira

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O Rei de Angola

“Mesmo que a árvore caia, se a raiz estiver viva, brotará”.

É representado por vários símbolos, sendo o mais destacado a bandeira branca presente em todas as casas de Candomblé de Angola. Esta bandeira está ligada ao tempo que os povos bantu eram nômades. Quando decidiam mudar, cultuavam ao Mukisi/Nkisi Kitembo e esperavam o vento soprar na bandeira branca para dar a direção da nova jornada. Também está ligada aos ritos de caça (a maioria dos Mukisi/Nkisi bantu caça, mesmo que por natureza não sejam caçadores).
Quando iam à caça, cada grupo se dispersava na floresta ou na savana. Para se encontrarem e não ficarem perdidos, o caçador chefe (Mutak’lamb’lunguzo/Mutak’lambô/Ngongombira), levantava a bandeira em um bambu bem alto, assim todos se reuniam e voltavam juntos para a tribo com fartura e muita alegria.
Este Nkisi está ligado ao ar, que regula a direção dos ventos, as estações do ano, as épocas do plantio e das colheitas, a reprodução animal, atuando junto das energias do sol e da lua, influenciando diretamente os dias na terra. Também está ligado ao tempo cronológico.
Kitembo é o Nkisi Rei do Candomblé deAngola. Kitembo está associado a escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio Tempo e à evolução material e espiritual. Tem muita ligação com Kavungo/Nsumbu (seu vento leva as moléstias).
Este Nkisi possui vários tipos de encantamentos que quando tratado corretamente são infalíveis na realização do atendimento dos pedidos.

Características: Deus do tempo.
Saudação: Kitembo dia banganga, talenu (vejam! a divindade do ar, atmosfera) Nzara Ndembwa – Gloria ao Tempo! Kiamboté Tat’etu Kidembu. Kiuá! Eu te saúdo nosso pai Tempo. Salve!
Elemento: Ar.
Símbolo: Gameleira branca (malemba) ou outra árvore, pois é um culto fitolátrico.
Dia da semana: Terça-feira.
Fio de contas: Branco e verde.
Roupa: Branca, verde e cinza e palhas.
Oferendas: Farinha, fumo de rolo, mel e pipoca.
Relacionamentos: Os filhos (as) de Kitembo tem compatibilidade com pessoas de Matamba, kavungo, Hangorô, Katendê e kabila.

Tata Ngunz’tala
Publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira

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A transformação é minha natureza

Esta manifestação divina trata da grande alquimia, transformação e transmutação de tudo que acontece no planeta, mais especificamente ligado à terra. Aqui tudo que nasce depende da terra para viver e mesmo depois, é na terra que acontece a transformação enquanto a vida continua inalterada. Por tudo isso está ligado às doenças e epidemias, além de possuir o poder de levá-las, deixando a saúde em seu lugar.

Apesar de ser conhecido e representado como velho, na verdade retrata a inquietude e a impaciência com a acomodação. Mas claro, sempre se revela cauteloso e discreto. Não tolera as coisas estáticas, pois é necessário transformar constantemente e está em eterno movimento. Não se pode esquecer, porém, do seu carácter vingativo e às vezes inconsequente, quando sua vontade não é atendida. Por isso, todos os anos lhe é oferecido um grande balaio colectivo onde suas comidas predilectas são ali incluídas (pipoca e feijão preto com muito dendê).

Nesta oportunidade, algumas casas, aproveitam para distribuir a alimentação para toda a comunidade. Alguns o tem como pobre e ligado à morte, quando na verdade ele é o Senhor da terra, que a todos mantém, a todos sustenta e tudo transforma em vida.

As kijilas que lhe são atribuídas historicamente no Brasil são tangerina, abacaxi e caranguejo (aranhola).
Suas saudações são: Kavungo mateba kukala kuíza (O pai da ráfia está chegando, eu te saúdo)! Kiuá Nsumbo! Pembelê Tat’etu Kikongo! Salve, eu de saúdo!
Seu dia é a segunda feira.
Suas cores variam do Preto e vermelho e branco ou branco e preto e ainda a rajada de terracota e preto. Também gosta de se adornar com contas feitas com argolas de chifres e muita palha.

Os filhos deste caminho demonstram compatibilidades com pessoas de Tat’etu Kabila, Mam’etu Kaia, Mam’etu Zumba ria ndá (Zumbarandá), Mam’etu Matamba e Tat’etu Lembaranganga.

Tata Ngunz’tala
publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira

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A folha que cura  pode matar

Nesta edição vamos falar desta maravilhosa manifestação divina que chamamos de Katendê. Ele é o senhor das ervas e das curas medicamentosas no panteão afro-bantu-brasileiro. Comanda as folhas medicinais e litúrgicas. É o mestre do mato e o Senhor da medicina fitoterápica e com grandes influencias na homeopatia e nos remédios naturais que reúnem as energias da terra, do sol, da lua e das próprias folhas nos auxiliando nas curas, limpezas, sacudimentos, oferendas e preceitos, por isso, Ele está presente em todos os ritos. Muitas vezes é representado com uma única perna (a árvore só tem um tronco. Para o Negro bantu-brasileiro, que tem seus ritos preservados no candomblé de Angola, Katendê é uma das mais importantes divindades, pois sabemos que o sangue das folhas (nguzu – a força vital) é uma das forças mais poderosas, que fazem nascer o que está por vim. Por isso, toda vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente arrancamos folhas sem necessidade, estamos violando a natureza e ofendendo seriamente a esta manifestação divina.

Seus filhos devem evitar tangerina, melão e carne moída.
Suas principais saudações são: Katendê mukua-xi-unsaba –  Katendê o habitante das folhas. Kiuá Katendê! – Salve Katendê! Katendê Nganga, Katendê! – Senhor Katendê! e  Kisaba Kiasambuká, Katendê! – Folha Sagrada, Katendê!
Tem como símbolo uma árvore de metal.
Suas contas são brancas rajadas de verde.
Seus agrados preferidos são milho vermelho e mel, fumo de rolo e cachimbo.
Seus filhos tem tendências à vida de eremita (gostam da quietude e do isolamento), mas têm compatibilidades principalmente com Kabila, Kaiala, Angorô, Zumba ria Nda, Matamba, Nsumbo e Lemba ria Nganga.

Kiuá Katendê Nganga!

 

Tata Ngunz’tala

Publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira

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Mutakalambo 

O que é meu é meu. O que não é pode vir a ser

Mtakalambô, Mutak’lamb’ngunzo, Cabila e Ngongombila são nomes que revelam a natureza do caçador e a face divina de Deus como provedor. Essa Divindade é responsável pela manutenção da tribo e ainda tem a função de manter a vigilância noturna nas aldeias garantindo-lhes a segurança. Está ligado a abundância de alimentos na Nzo (casa) de culto, proporcionando a fartura, a alimentação, a bem-aventurança financeira dos filhos de santo e da clientela. Seus filhos costumam ser lépidos, faceiros, altivos e possuem  habilidades manuais e rapidez de  movimentos. São também aventureiros e confiantes.    

Ngongobila é também um exíguo pescador e tem a natureza jovial e bela.

Saudação: Pembelê Tat’etu Mutalambô, Kiuá! Cabila Duilo!!!

Seus símbolos são vários e todos ligados à caça ou à defesa, sendo o mais conhecido o arco e fecha, bem como o embornal e a capanga.

No  Brasil se convencionou o dia de quinta-feira em sua homenagem e suas cores várias do azul celeste ou turquesa ao verde.

A comida ritual mais comum a ele oferecida no Brasil é o milho amarelo cozido e o coco. Também pode lhe oferecer grãos torrados e frutas em abundância.

Salve o caçador dos céus!!!!

 

Tata Ngunz’tala

publicado no Jornal Tribuna Afrobrasileira

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Nkosi

Nkosi

Tat’etu NKOSI (Nosso Pai Leão)

É o Mukisi/Nkisi que se revela como a divindade do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores e ainda como o patrono das tecnologias, pois se liga ao fogo, e foi a partir da fundição do metal que se desenvolveu a expansão humana. É o Leão sagrado – O Guerreiro da justiça, o comedor de almas dos ímpios e injustos. Nkosi manifesta-se no sistema passional ligado ao plexo solar das emoções e desejos. Pelo seu carácter impetuoso é a manifestação divina associada as brigas e guerras, com temperamento dominador, autoritário e violento.

Kizilas: Seus filhos devem evitar a tangerina, couve e aimpim.
Saudações: Luna kubanga kuta kueto Nkosi (Nkosi, aquele que briga por nós) / Pembelê Nkosi – Kiua! – Eu te saúdo Leão (o guerreiro) sagrado. Salve!!!
Elemento: Ferro /Fogo
Símbolo: Espada e instrumentos de ferro, pontiagudos e cortantes.
Dia da semana: Terça-feira.
Fio de contas: Azul-marinho.
Roupa: Azul com detalhes em vermelho ou roupas colorida com predominância do verde ou azul-marinho.
Mineral: Minério de ferro e mercúrio.
Oferendas: Feijoada, grãos em geral, inhame (cará), dendê, mel e farofa de banana da terra.

RELACIONAMENTOS: Os filhos e filhas de Nkosi têm compatibilidade com pessoas de Dandalunda, Mikaia, Matamba Hongolo, Pambu Njila e Ganga Malembá.

Tata Ngunz’tala
Publicado no Jornal Tribuna Afro-Brasileira

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Vamos a partir de hoje publicar aqui no blog mais algumas matérias sobre os Nkisi.
Desta feita contamos com a preciosa contribuição de Pai Francisco Ngunz’tala / Tata Ngunz’tala.

Estes são textos resumidos que produzi para serem publicados no Jornal Tribuna Afro-Brasileira (todos Publicados).
Resolvi repartir com todos. Não tem nenhum segredo. Está publicado e é uma simplificação de tudo que um Nkisi pode ser. Não envolve fundamentos de iniciação nem de culto. Podem ser usados como referência.

Que o Todo Poderoso nos abençoe sempre. Nos dê clareza para entendermos até as pedras dos caminhos. Nos dê sabedoria e paciência para não julgarmos, e para os que tem o cargo de sacerdote/sacerdotisa entender que o papel é intermediar entre os humanos (todos nós – iguais) e o divino, e não sermos juízes.

Espero que seja proveitoso para todos. Esclarecemos que Nkisi/Mukisi são as divindades cultuadas nos candomblés de Angola/Congo. Estão no mesmo nível mitológico dos Orixás”.

Tata Ngunz’tala
CEN DF e Entorno
61.8124.0946

 

 pambu-njila

PAMBU NJILA / MAVAMBO

“Só fale comigo se realmente estiver certo do que quer”

Mukixi/Nkisi mensageiro entre os homens e as  divindades, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. É o mais subtil, mais astuto e mais próximo do humano, de todos os Jinkisi. Ele aproveita-se de suas qualidades para provocar mal entendidos e discussões entre as pessoas ou para lhe preparar armadilhas. Pode ter matado um pássaro ontem, com uma pedra que jogou hoje! Ele é encarregado de zelar pelos caminhos da vida humana e responsável pela evolução dinâmica. É o guardião da Lei Universal e pedra do caminho. É quem zela para que cada um receba de acordo com seu merecimento. Se alguém se acha muito bom e evoluído capaz de mudar de plano espiritual, é Ele quem vai agir para que ninguém incapaz possa passar a outra fase espiritual.

Kizilas: Seus filhos devem evitar a tangerina e óleo branco extraído do coquinho do dendê. 
Saudação: Kiuá Nganga Pambu Nzila (viva o senhor dos caminhos)
Elemento: Fogo.
Símbolo: Um bastão adornado com cabaças e búzios.
Mineral: Carvão koque e mercúrio.
Dia da semana estabelecido no Brasil: Segunda-feira.
Fio de contas: Vermelho e preto ou cores primárias mais o preto.
Roupa: Vermelha, preta, branca, cinza e roxo.
Oferendas: Farinha com dendê, feijão, água, mel, aguardente (come tudo que a boca come).

RELACIONAMENTOS: Seus Filhos e Filhas tem compatibilidade com pessoas de Dandalunda, Hangorô, Matamba, Lembaranganga, Mutalambô/ Nkosi e Nkaiala.

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