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Archive for Outubro, 2014

 Que nossa musicalidade sagrada já tem extrapolado os muros das casas de axé nós já estamos cansadas e cansados de saber e de ouvir. Sua utilização para outros fins sempre foi alvo de críticas e polêmicas no meio religioso, mas, longe de discutir opiniões, o que eu me propus hoje foi trazer exemplos de belos, lindíssimos e inspiradores trabalhos musicais que utilizam em seus arranjos elementos de nossas musicalidades de forma enfática ou auxiliar.

Eu não entendo de arranjo, de crítica musical ou qualquer coisa do gênero, apenas sei dizer “gostei” ou “não gostei”. Por isso, trago para o blog alguns grupos que eu vim conhecendo e que tenho escutado nos últimos tempos para que quem não conhece também os conheça. Selecionei alguns nomes, procurei algumas palavras que falam sobre os grupos e links para vocês ouvirem as faixas de cada um.

Infelizmente esses grupos não veiculam muito (ou quase nada) nos grandes canais midiáticos e fazem o trabalho de divulgação pela internet usando também a contribuição de internautas que compartilham, disseminam, tiram a música da internet e levam para o seu dia a dia (como eu).

Espero que vocês gostem!

Abayomy Afrobeat Orquestra

Imagem da internet

O repertório da orquestra formada por 13 integrantes é composto por composições próprias, releituras de músicas brasileiras e do Afrobeat, gênero musical criado pelo ativista nigeriano Fela Kuti. 
A banda nasceu em outubro de 2009 para a primeira edição carioca do Fela Day, evento que celebra o nascimento de Fela Kuti, realizado simultaneamente em diversas cidades do mundo. Desde então, vem se destacando pela qualidade musical, com shows dançantes e vibrantes.
Abayomy é uma palavra da língua Yoruba plena de significados positivos, algo como “encontro feliz” ou “aquilo que nos dá prazer”. Afrobeat é um gênero musical e um movimento cultural criado por Fela Kuti, na Nigéria (África), nos anos 70, e tem como base a percussão africana, com ricas improvisações e identidade contemporânea, mesclando música Yoruba com jazz, highlife e funk, e uma marcante presença de vocais”. (http://www.overmundo.com.br/agenda/abayomy-afrobeat-orquestra)

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=TN4jo-rpV

   Xo

Guga Stroeter & Orquestra HB

guga estroerte

O álbum Xirê Reverb de Guga Stroeter e Orquestra HB debruça-se sobre a seqüência de canções devocionais que é praticada nos terreiros da nação Ketu, uma das mais tradicionais da Bahia. Além dos 3 tambores e do agogô, foram acrescidos instrumentos de sopro, contrabaixo, piano, vibrafone e recursos eletrônicos sintonizando esses cantos ancestrais – interpretados por Aloísio Menezes – com as sonoridades da música contemporânea.” (http://www.tratore.com.br/)

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=u9I4UyBbMXc

Neste endereço estão as faixas do CD completo: https://soundcloud.com/guga-stroeter

Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz

As raízes ritmicas afrobaianas observadas através da harmonia do jazz. Esta é a proposta musical do grupo Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, a BigBand instrumental baiana de percussão e sopros.

Criada em 2006 pelo instrumentista Letieres Leite, a Rumpilezz é regida pela sensibilidade sonora e marcada pela influência do Jazz em sua construção harmônica. Suas composições, concebidas a partir das claves e desenhos rítmicos do Universo Percussivo Baiano, têm como referência histórico-musical as grandes agremiações percussivas como o Ilê Aiyê e Olodum, os Sambas do Recôncavo e o culto sagrado afrobaiano do Candomblé.” (http://rumpilezz.com/a-orkestra/rumpilezz/)

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=kXjyilEmD_s

 

Grupo Bongar

Grupo-Bongar

O Bongar é composto por seis jovens integrantes do terreiro Xambá do Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. O grupo foi fundado em 2001, com o propósito de levar aos palcos a tradicional festa do Coco da Xambá, que se realiza na comunidade há mais de 40 anos, no dia 29 de junho. O grupo Bongar tem um trabalho voltado para preservação e divulgação da cultura pernambucana. A formação musical dos integrantes tem origem no universo popular, especificamente da comunidade religiosa Xambá. O Bongar mostra em suas apresentações toda a musicalidade do Coco da Xambá, uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil, além de ciranda, maracatu, candomblé, entre outros ritmos da cultura de raízes. O Bongar também realiza oficinas de percussão e dança popular, confecção de instrumentos, aulas-espetáculos e palestras. O público, através do show do Bongar terá a oportunidade de conhecer, não só a música e a dança deste coco tão peculiar, mas compreender a formação histórica e cultural desta Nação. O Bongar tem uma musicalidade muito forte de diversas influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente da linhagem Xambá. Os integrantes do grupo herdaram toda essa musicalidade desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as loas e as danças, durante as festas da Casa Xambá”. (http://www.xamba.com.br/bon.html)

LINK ~>https://www.youtube.com/watch?v=kSZaP65FRBs

Grupo Korin Orisha

korin

Korin Orishá é um grupo musical surgido em 2006 que em 2009 fez o lançamento do seu primeiro álbum, Suíte Afro-Recifense, com cânticos sagrados dos Orixás no culto nagô pernambucano.

“O resultado é um diálogo entre instrumentos de corda (violino, viola e violoncelo) e de sopro (flauta, clarineta e fagote), típicos de uma formação clássica, com sabor afro-brasileiro: tanto a percussão, por meio de atabaques do candomblé, abê e gongê, quanto o canto, preservado na língua iorubá, remetem à experiência musical e religiosa africana”, como diz a matéria de Luiz Fernando Moura, publicada no Jornal do Commercio (22/09/09).

Herdamos uma tradição cultural dos africanos trazidos para o Brasil na época da escravidão. Temos que nos impor a missão de restaurar, reviver ou, pelo menos, não deixar morrer essa cultura”, explica o babalorixá do candomblé nagô, professor José Amaro Silva dos Santos (UFPE), regente, arranjador e produtor do grupo.

Com o resgate em mente, o Kori Orishá rodou 16 Estados brasileiros com patrocínio do Sesc. Passou por Acre, Amazonas, Roraima e Tocantins. No Sul, atravessou Paraná e Rio Grande do Sul. Entre vários shows pelo Nordeste, o grupo viajou por vários municípios pernambucanos e terminou a turnê no Rio de Janeiro somando um total de 42 apresentações.” (https://www.facebook.com/ogelawo?fref=nf)

LINK ~https://www.youtube.com/watch?v=P7bv4SxbPiI

Alabê Ketujazz

Alabê Ketu Jazz é um grupo musical que apresenta a percussão tradicional do candomblé da nação Ketu em uma roupagem jazzística.

As composições são diálogos da percussão com o saxofone, como no Candomblé dialoga o Rum (o atabaque que conduz o ritual) com o Orixá.
Alabê Ketu Jazz é o encontro do Jazz com a música tradicional do Candomblé, religião Afro brasileira.” (http://www.coletivobaoba.com/identidade-grafica-e-visual-da-banda-alabe-ketu-jazz/)

 

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=t13f_Yj3i4g

 

Opanijé 

Opanijé

Novidade do hip hop que vem de Salvador, o Opanijé disponibilizou seu disco de estreia na rede. Lançado no ano passado, o trabalho inova por trazer ritmos e referências da cultura afro dentro do rap.

A banda carrega a raiz africana já no nome. Opanijé, no candomblé, é um toque sagrado entoado para orixás e é tocado junto com uma comida chamada Obulajé. O termo vem do iorubá e quer dizer “aceitar comer”. A produção desse primeiro disco, que começou a ser gravado em 2011 e terminou ano passado, é de Andre T. O lançamento é do selo Garimpo Musical. (http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2014/03/14/novidade-do-rap-baiano-opanije-mistura-hip-hop-e-cultura-afro/)

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=NaRzqxLqtwU

Metá Metá

Metá Metá – que significa três em um em iorubá – apresenta um repertório com várias canções inéditas, de compositores contemporâneos.

Descrição

O trio trabalha com a diversidade de gêneros musicais brasileiros, utilizando arranjos nus e econômicos que ressaltam elementos melódicos e signos da música de influência africana no mundo, explorando o silêncio e o contraponto, fugindo das ideias convencionais, seja nas características estéticas, ou seja, no modo alternativo de compartilhar a sua arte. No show, o trio chama ao palco os músicos Marcelo Cabral (baixo), Samba Ossalê (percussão) e Sérgio Machado (bacteria). Com a banda, Metá Metá revela o lado mais pulsante do cd, com grooves dançantes, e arranjos em que a polifonia explorada pelo trio se expande para dialogar agora com referências do rock, afrobeat e dos batuques brasileiros em geral.”

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=4mT_fITFSz0

Grupo Abaçaí, Orquestra HB e Convidados : Agô! Cantos Sagrados de Brasil e Cuba

Brasil e Cuba possuem praticamente as mesmas origens religiosas quando se pensa em África. Com o passar do tempo, a música sacra dos dois países correram paralelas (gerando cada qual sua expressão musical popular particular), mas sempre por caminhos tão diferentes que nos dias de hoje parece ser muito difícil encontrar uma conexão entre as duas culturas sem que o resultado sonoro resulte estranho em alguns momentos.

(…) O modo como se canta e se fala influencia de tal forma uma composição que há sutilezas que se manifestam ainda que de forma quase imperceptível, mas no resultado final da obra mostram traços indeléveis de formação e reconstrução das culturas humanas. Mas no geral, os músicos, das cordas, sopros, cantores e ritmistas – com a direção do grande Ari Colares – brasileiros e cubanos se encontram, na verdade, num grande xirê – uma celebração da música e das artes no retorno feliz a suas raízes ancestrais.” (http://discosbrasil2.blogspot.com.br/2010/10/grupo-abacai-orquestra-hb-e-convidados.html)

LINK ~> https://www.youtube.com/watch?v=fXdLIMBD-UY

(Fora estes, há tantos outros trabalhos que também são compostos nos moldes parecidos de alguns desses grupos citados: ainda temos Rita Benneditto com o seu famoso Tecnomacumba, Lucio Sanfilippo, Mariene de Castro etc. Os afoxés são detalhes à parte que mereciam um post somente para eles, dada a quantidade, história e beleza.)

Axé,

Dayane

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Erê do Ketu Nagô

Erê do Candomblé Ketu/Nagô

No Candomblé o Erê é uma energia oriunda do Orixá  ligada ao inconsciente infantil do noviço, o Erê participa como sendo um elo de incorporação.

É também por meio do Erê que o Orixá se interioriza ao noviço aprendendo as coisas fundamentais do candomblé, como as danças e os ritos e toda a liturgia.

O Erê é o mensageiro do Orixá em qualquer situação, inclusive, podendo substituí-lo momentaneamente em várias circunstâncias, inclusive no xirê.

Em casos raros em que o Orixá foge (desincorporar subitamente) é o Erê que toma a frente, até de forma lúdica, mantendo o iyawo em transe para posterior retorno do Orixá.

O Erê também cumpre funções que o zelador determinar dentro da Casa de Santo, podendo lavar, cozinhar, passar e cumprir as multas ou chimbas aplicadas ao filho.

A palavra Erê vem do Yorubá, iré, que significa “brincar”.

O Erê também recebe oferendas que são as comidas do seu Orixá, e também, simbolicamente, brinquedos infantis, festas, bolos, aí já dentro do sincretismo religioso.

O Erê é responsável pelo cumprimento litúrgico do ronkó independente do iyawo  estar virado ou não, é o vigia do Orixá.

O Erê também responsável pelo resguardo do iyawo defendendo-o contra tudo e em qualquer momento em que estiver fora da Casa de Santo.

O Erê quando muito bem educado e doutrinado, pode ocupar depois de algum tempo, lugar de destaque na Casa de Candomblé podendo dar eventualmente, consultas, indicar ebós, etc.

O Erê estará sempre ligado as determinações do Orixá, pois sem a presença do Orixá não haverá Erê, é condição básica a presença do Orixá para  o que o mesmo deixe o Erê chegar, como também para o Erê ir embora, o Orixá também retornará realinhando as energias.

O Erê acompanhará sempre o sentimento do Orixá  com os mesmos Ewós, kizilas, ajeuns e indumentária básica.

No dia  seguinte a festa da saída do Iyawo, um novo ritual acontece chamado Panan, que é o reaprendizado do dia dia, quebra de ewós, readaptação a vida social, onde pode  haver a participação do Erê, o Erê ganhará um nome que esteja intimamente ligado ao seu Orixá, escolhido por quem o apadrinhou.

Todos os iniciados tem Erê, porém nem todo Orixá deixa o Erê, ainda assim existe um orô para chamar o Erê. Erê Mi!

Os Erês podem participar e serem vistos em algumas casas antigas no ritual chamado  “Carurú de Ibeji”, onde são homenageados os Orixás gêmeos que regem o nascimento do Orixá no ronkó. Só não podemos confundir Erê de Orixá de personalidade infantil com os Orixás Ibeji.

Hoje em dia quase não se vê mais um orô de Erê, o  sincretismo os uniu as crianças da Umbanda, Ibejadas, Cosme e Damião, etc.

Erê cura, reza, faz ebó, presente, passado, futuro e fala sério brincando!

Texto: Fernando D’Osogiyan

Foto: Internet

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Todos nós sabemos – se não por experiência própria, por relatos – o quão difícil é a vida dos e das responsáveis por zelar orixá e cuidar religiosamente da vida de outras pessoas, filhos e filhas de santo. Eu no conversar da vida escuto muito sobre as dores de cabeça e aporrinhações gerais que acontecem dentro de um terreiro por causa de filhos de santo e o quanto zeladores e zeladoras colocam a mão na cabeça demonstrando que tal caminho, apesar de lindo, é tortuoso e exige o exercício e desenvolvimento de várias virtudes para cumprir aquilo que o Orixá determinou para suas vidas.

Porém, se por uma via nós vemos zeladores e zeladoras dedicados a entender e (tentar) ajudar nas complicações, questionamentos e confusões de filhos e filhas de santo (sim, é muito difícil, mas tem gente que tenta), por outra, percebemos outros que simplesmente parecem não valorizar a cuia que receberam e se colocam além do sagrado tornando-se eles autoridades tamanhas que mais se assemelham (ou ultrapassam) nossas próprias divindades. Às vezes, a minha impressão é que o orixá deixou de reger tais oris porque estes já se autoproclamam senhores e senhoras da verdade, de suas decisões e das decisões nos caminhos de filhas e filhos de santo. Decisões tais que muitas vezes por vir com autoritarismo e violência desrespeitam a pessoa alheia, o orixá alheio e as nossas “regras éticas”.

Penso a hierarquia como um sistema dentro da nossa religião crucial para o aprendizado do respeito e manter uma organização na casa de acordo com as nossas regras de comportamento, e não uma maneira de sobrepor pessoas umas sobre as outras de qualquer forma. Abians, Iyawôs e egbomis, apesar das idades, oyês e responsabilidades são antes de tudo pessoas que merecem respeito e bom tratamento.

Fico me perguntando os motivos desse desrespeito que vem de cima para baixo (na relação zelador/filho de santo) e de baixo pra cima (na relação zelador/orixá) acontecer com tanta frequência. A partir de qual momento esses zeladores e zeladoras esqueceram que são apenas canais, apenas a mão de obra do Orixá para se tornarem eles mesmos tão irresponsáveis com os outros e tão frios e suas atitudes?

Pensando no que poderia diminuir esses egos inflados, lembro de como as federações religiosas, se realmente funcionassem, poderiam interceder e enquadrar esses religiosos de alguma maneira com algum tipo de punição material, pois nós sabemos que notícias correm e a fama desses tipos de pessoas costumam ganhar o mundo e as praças, mas sempre terá alguém desavisado, alguém inocente que poderá se aproximar e ser mais uma vítima das irresponsabilidades e autoritarismos daquele que deveria contribuir para seu crescimento espiritual.

Não estou falando nada que não seja do conhecimento de muitos. Os próprios comentários neste blog, os constantes pedidos de ajuda demonstram que esse tipo de religioso asqueroso está presente em muitos lugares e magoando, desiludindo muitas pessoas.

Eu, particularmente, sempre fui voltada aqui no blog (e fora também) a escrever sobre tudo de lindo que a experiência religiosa me traz; sobre as sensações que a dança, os Orixás e o meu convívio causam em mim. Também sei pelos comentários que há gente que se identifica com o que eu escrevo e fico muito feliz com isso. Porém, como nada é perfeito em nenhum mundo, temos que conversar sobre o que nos incomoda também.

Axé.

Dayane Silva

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Por Marcos Ifálola:

ifalola.blogspot.com.br

Esta semana eu estava em Roma e enquanto está sentado em uma audiência Papal, comecei a contemplar o que significa ser sacerdote, o que significa ser “santo” e o papel que as iniciações jogam no nosso Estado, em nossa comunidade religiosa e na sociedade em geral.

Eu começo por dizer que o que proponho aqui pode fazer sentido para alguns, parecer radical para os outros e também parecer herético (doutrina oposta aos dogmas da Igreja), possivelmente, uma grande porção da comunidade de Òrìsà. Dito isto, eu sinto que é minha responsabilidade propor esses pensamentos, para que as pessoas possam ter um segundo para pensar sobre o que eles acreditam e talvez decidam por si mesmo se querem continuar este caminho, ou aperfeiçoá-lo. O que significa adorar e quais os papéis que diferentes pessoas desempenham no processo de adorar o que é sagrado.

Eu deveria primeiro começar expondo a minha definição de sacerdote de Òrìsà (Olórìsà ou Bàbáláwo). Na minha mente, depois de muitos anos de estudo e mais 12 anos como Olórìsà (4 como Áwo Ifá), acredito que o papel principal do pai é agir como intermediário entre os leigos (os crentes que não são sacerdotes) e o Òrìsà (que é em última análise, nosso elo mais próximo com Òlódúmarè). Nesse papel de intermediário é nossa responsabilidade abrir os portais de comunicação, seja por meio do oráculo, a possessão ou de atos da natureza. Devemos, então, interpretar corretamente as mensagens divinas, entregá-las a quem precisa recebê-las e quando necessário, prescrever as ações ou ofertas necessárias para alinhar os seguidores com seu caminho na vida (destino), a fim de dar-lhes Ire (bênçãos).

Nós somos apenas os intermediários, pois, através de nossas iniciações, nossas mentes estão abertas e nossas habilidades para atuar como intermediários são despertados para que possamos servir ao Òrìsà. A iniciação é, com efeito, o ato de submeter-se a vontade de Òlódúmarè.

E ainda, em ambos, Culto Tradicional Yorùbá de Òrìsà e adoração de Òrìsà Lucumi/Candomblé, sacerdotes e pessoas leigas igualmente ficam atolados nos aspectos técnicos de antiguidade e status, esquecendo que como intermediários, nossas ações, nossa ética, nosso conhecimento é mais importante que a pessoa, isto sim, é o que realmente determina a antiguidade e status dentro da hierarquia religiosa.

Eu mesmo vi a pompa e circunstância a um Chefe Sacerdote ou presbítero Yorùbá, não vejo nada de errado em tanta grandeza, porém, cobrar taxas ultrajantes dos pobres pelos seus serviços, vendendo títulos ou não fazer iniciações corretamente porque sabem que o cliente “não vai voltar”. Igualmente eu vi adeptos Lucumi/Candomblé e sacerdotes discutirem sobre quem é o mais velho, quem deve dar dòbalè a quem, fazer desnecessárias limpezas (vulgo ebó) caras ou iniciações igualmente caras ou argumentar sobre qual sacerdote deve ser elogiado primeiro em uma cerimônia (Oro).

Quem se curva para quem, quem é o primeiro a falar, que padrinho de alguém deve recebe um “tambor” em primeiro lugar, estas são apenas construções do ego, preocupados mais com si mesmo e com a auto satisfação do que agir como intermediário entre o profano e o divino.

Eu vou um passo além na minha definição para dizer que a ideia de que o pai atua como um intermediário ou parteiro durante o processo de Dosù / Iniciação é um absurdo.

O “pai” não dá à luz, embora possa ser dito que o Ìyàwò é um renascido.

Não há um único momento em toda a cerimônia de iniciação Lucumi/Candomblé em que o sacerdote espiritual de uma ou de outra forma dá à luz?

Ele simplesmente age como intermediário ou parteiro,passando espiritualmente o àse dos Òtá para outro conjunto de Òtá. E através do ritual de oração e sacrifício levará o ìyàwó através de um renascimento de si mesmo,em que a seu Orí é despertado e a conexão entre  Ori e Òrìsà é aberta para que ele também possa tornar-se intermediário entre os não sacerdotes e o Sagrado. Ifá nos diz que a ideia de que o padrinho é essencialmente um”pai”,é falsa.

Em um verso do Odù Owónrín Ìretè, onde Abesujiyan transmite três pedaços de sabedoria, para os quais ele nomeia seus padrões, o terceiro dele é:

“Agbabo o jo onbi. Omo olómo o leè j’omo taa bi ninu eni”.

“A tutela não é igual à filiação. Filho de outra pessoa não pode ser como uma criança de suas entranhas”.

O que é comprovado mais tarde no Odù quando Abesujiyan está prestes a ser condenado à morte e seu filho adotivo pede que seu pano (roupa) seja removido para que o sangue da execução não o manche.

Vamos deixá-lo livre.

Se esse menino fosse verdadeiramente seu filho.

E não uma criança adotada ele diria que o sangue de seu pai não estaria autorizado a ser derramado em sua roupa?

Podemos todos ver que realmente um Guardião não se iguala a um pai.

Um filho de outra pessoa não pode ser como um filho que sai de suas entranhas.

Através da sabedoria de Ifá o Odù, nos ensina:

Iniciação sozinha não dá caráter.

Iniciação sozinha não dá conhecimento.

Iniciação sozinha não dá uma antiguidade.

Iniciação sozinha não faz de alguém um verdadeiro sacerdote.

Ifá nos diz no Odù Ìwòrì méjì:

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Se você fizer iniciação em Ifá (Îtelódù).

Esforce-se para usar a sua sabedoria e inteligência.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não use uma corda podre para subir uma palmeira.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não se entra em um rio sem saber nadar.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não manipule uma faca com raiva.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não tenha pressa para desfrutar sua vida.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você

Áwo, não tenha pressa para adquirir riquezas.

Ìwòrì ter um olhar crítico sobre o que afeta você

Áwo, não minta, não seja traiçoeiro.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não engana a fim de desfrutar sua vida.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não seja arrogante para com os idosos.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, nunca perca a esperança.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você.

Áwo, não faça amor com o cônjuge do seu colega.

Ìwòrì tem um olhar crítico sobre o que afeta você

Áwo, quando você for iniciado em Ifá.

Inicie-se novamente usando sua sabedoria e inteligência.

Ìwòrì terá um olhar crítico sobre o que afeta você.

Neste e muitos outros Èsè Ifá, somos lembrados de que o caráter, a ética, o bom comportamento, a inteligência e o mais importante, não assumir a iniciação em si, faz com que o iniciado compreenda o papel e a responsabilidade de um sacerdote.

Lembrando-nos, mais e mais, este Èsè Ifá que diz:

“Olhar para o que (nos) afeta”.

Somos repetidamente lembrados de nossa responsabilidade em reavaliar constantemente o mundo que nos rodeia. Além disso, há um lembrete para os membros do sacerdócio a quem foi dado o acesso especial à sabedoria de Ifá. É nossa responsabilidade utilizar a nossa sabedoria e inteligência, ou seja, não assumir Ifá, é saber que a chave não é fornecida simplesmente através da iniciação.

Por último, Ìwòrì Mèjí nos lembra de um não menos importante ​​conceito para o Áwo Ifá:

“Iniciar-se novamente usando sua sabedoria e inteligência”.

É aqui, onde Ifá diz ao Áwo que a iniciação por si só não faz de você um Áwo verdadeiro. É somente através da reflexão e contemplação de Ifá que se pode alcançar uma compreensão da iniciação que você passou e através de análise e estudo, a auto iniciação se torna a consciência das verdades de Ifá que podem e devem ocorrer.

Nada disso quer dizer que não devemos respeitar uns aos outros, ou que certos pais não são dignos de respeito e os rituais/ direitos mostra isso.Porém, a iniciação por si só não dá a um sacerdote esses direitos, estes sim,devem ser conquistados.

A fixação do papel de “pai” e a ideia de que o pai “deu à luz” na diáspora enfatiza exageradamente o papel de mentor/guia do sacerdote.

A criação de cultos a personalidade, muitas vezes, embora nem sempre, com base em desempenho das iniciações e talvez na consulta, no qual eles estão interpretando e esclarecendo o conselho do Òrìsà para o adepto. Estes papéis e status anexos são efêmeros na melhor das hipóteses e só servem para desviar a nossa atenção para longe dos verdadeiros significados que estão por trás do papel de um pai.

Então o que faz um sacerdote digno de respeito e as ações associadas a este respeito?

O cumprimento de iniciação não significa absolutamente nada em si, como podemos dar valores de antiguidade para o ato da iniciação,quando é apenas um ato de habilitação,como um título e o potencial para acessar o Sagrado.

O Odu Èjì Ogbè nos diz:

Iniciamos você nos segredos de Ifá

Agora você deve reiniciar-se

Foi assim que Èjí Ogbè foi iniciado

Ele mergulhou na floresta

Agora iniciamos você nos segredos de Ifá

Você deve reiniciar-se

Se você chegar ao topo da palmeira.

Não deixe suas mãos soltas.

Èjì Ogbè, o mais elevado dos Odù, passou por auto iniciação, mesmo depois de ser levado ao bosque sagrado (igbòdù) para a iniciação (tè’fà), ele mergulhou de volta na floresta. Este ato mostra que mesmo um iniciado deve voltar para o bosque, a fim de ensinar a si mesmo. E, mesmo nesta curta estrofe, Ifá nos lembra de que, mesmo que cheguemos ao auge da compreensão e do conhecimento, nossa arrogância deve desaparecer e não ficar ao nosso lado, se você se perder, pode cair da palmeira.

Este trecho do Odù Èjí Ogbè também apoia esta ideia:

…Ọrùnmìlá foi à pessoa que iniciou Àkòdà.

Ele também iniciou Àsèdá.

Ele também iniciou Àràbà.

Apenas Ọrùnmìlá Àgbonnìrègún.

Foi à pessoa que não se sabe quem iniciou.

Agora, depois de ter sido iniciado.

Eu vou complementá-la com minha auto iniciação.

Todas essas coisas que são meus tabus.

Eu certamente vou evitá-los.

Eu fui iniciado.

Eu vou reiniciar-me, por mim…

Novamente Ifá nos lembra de que a necessidade de auto estudo e iniciação devem ser apenas o começo da estrada, mas há também outra verdade importante, a compreensão da verdade, é um ato solitário. Enquanto outros podem ajudar a guiar-nos ao longo do caminho, no final, deve-se enfrentar a verdade por conta própria. O ato solitário da visão sobre a verdadeira natureza da vida. É por isso que devemos percorrer o caminho final para a realização sozinho.

Através do estudo minucioso dos rituais, métodos de acesso à teologia, ao Sagrado, a filosofia, a ética e a aplicação adequada desses estudos, quando se inicia o longo caminho do sacerdócio. Só depois se pode acessar com êxito o Sagrado e interpretar essas mensagens, então, você pode ganhar o título de “Olórìsà ou Bàbáláwo”.

O Odu Òkànràn Òtúrúpon nos lembra de nossa necessidade de estudar ao dizer:

É através do estudo constantemente de Ifá que chegamos a compreender Ifá.

É através da falta de jeito que chegamos a conhecer o caminho.

É a estrada que nós nunca viajamos antes, que nos leva a vaguear aqui e ali.

Como alguém pode ser considerado um sacerdote de Ifá, se não entende Ifá?

Como se pode entender Ifá simplesmente por ser iniciado em Ifá?

Para ser pai é preciso compreender e o entendimento só pode vir através do estudo, como pode alguém que simplesmente se submeteu à iniciação ser considerado um sacerdote?

Enquanto a compreensão final nos escapa, só podemos vir a entender através do estudo e assim, sem estudo, nós somos sacerdotes do nada.

Caráter / Ética

Há uma infinidade de Ese Ifá sobre o caráter e a ética,mas aqui estão algumas que eu acredito que se destacam.

Em Ogbè Sooto (Ogbè Òsá) Ifá diz:

Ifá se um Bàbáláwo quer cavar seu tumulo.

Não deixe que ele goste.

Se um Onísègun está em necessidade.

Ele não deve ser desonesto.

Que ninguém exiba a desonestidade ou mentira

Por causa da responsabilidade quando se morre

Esta foi à declaração de Ifá para Ọrùnmìlá.

Quando pessoas desconhecidas travaram uma guerra contra ele

Ọrùnmìlá foi convidado a oferecer um sacrifício

Ele obedeceu.

Agora todos os manifestantes

Vocês todos foram expostos

Agora eu conheço a Píton

Que se assemelha a cobra

Reconheço agora a serpente do chocalho

Que se parece com a jiboia.

Agora posso ver através do Iwowo Ereke (imitador)

Quem finge ser Ọrùnmìlá.

Ifá aqui adverte leigos e sacerdotes duas vezes.

Primeiro que a nossa ética deve ser do mais alto padrão e que não mentimos para conseguir o nosso caminho como sacerdotes. E não importa se isso será para afirmar o poder, manipular os outros para o nosso benefício próprio ou para ganhar dinheiro. No final, seremos julgados.

O mais importante: Ifá nos lembra para não confundir uma coisa com outra e para não se confundir o sacerdote com Ọrùnmìlá!

Cuidado com os sacerdotes que começam a confundir-se com o Òrìsà.

Neste Odù, Ifá deixa claro que a comparação pode ser sutil, mas ambas as cobras de diferentes tipos, não se pode dizer abertamente que eles pensam de si mesmos como Òrìsà, mas suas ações desmentem os seus verdadeiros sentimentos. Nós, os sacerdotes não somos Òrìsà encarnados na Terra, nós somos servos humildes, pensar ou agir de outra forma não faz sentido.

Ifá nos ensina que devemos respeitar a todos, independentemente de status, sem o respeito, como se pode reivindicar o título de sacerdote?

Em Òsá Méjì Ifá diz:

A cabeça de uma pessoa com um futuro ruim, não é diferente das outras.

Ninguém é capaz de reconhecer as pegadas de um louco na estrada

Não se pode distinguir a cabeça de uma pessoa honrada em um conjunto de pessoas.

Este foi o ensinamento de Ifá para Mobowu

Quem era esposa de Ògún

Certamente, a cabeça que vai usar a coroa amanhã.

Ninguém pode reconhecê-la

Portanto, marido e mulher devem parar de ofender um ao outro.

E devem parar de falar tolamente um do outro.

O chefe que vai vestir a coroa amanhã.

Ninguém poderá dizer quem será.

Além de nos lembrar de que nunca saberemos quando vamos precisar da ajuda de alguém ou o que acontecerá, Ifá é claro, nós não temos esta previsão. Os líderes e igualmente os loucos de amanhã não são conhecidos hoje, então a partir de um ponto de vista prático, devemos tratar todas as pessoas com respeito.

A questão do caráter e seu efeito sobre o sacerdócio é ainda mais profundamente abordada no Odù Ifá Òfún Òtúrá onde afirma:

O mentiroso lança o obi e produz um mau presságio.

O desagregador se empenha em lançar o obi e não produz um bom resultado.

Mas a pessoa de bom coração lança o obi e o resultado é claramente promissor.

Sacerdotes fazem um pacto de defender e proteger Òrìsà/Ifá e seus princípios, de modo que os sacerdotes que quebraram este compromisso quando lança uma ferramenta de adivinhação neste caso o obi, (mas novamente é Ifá e suas metáforas, então para mim,qualquer forma de adivinhação, incluindo Ikin Ifá ou búzios) não vai render um bom resultado.

Isto significa que a ética/caráter do adivinho é de fato importante para o resultado e afeta o resultado da adivinhação. Se for esse o caso, como se pode dar a antiguidade e muito menos respeito a um sacerdote sem nenhum caráter.

Além disso,as orações e ações do pai antes da adivinhação são projetadas especificamente para despertara voz do Òrìsà e se não for feito corretamente, os objetos usados ​​para divinação permanecem exatamente da mesma forma,objetos inanimados e não conduzidos à palavra divina.

É importante lembrar que a consagração destes objetos não é única coisa que fazem os Ikin, Òpèlè e búzios “falarem”, neste caso bastaria ao pai rezar ou fazer qualquer coisa. Ele simplesmente lançaria estes objetos e iria embora.

Estes são apenas alguns dos muitos Ese Ifá que lidam com o caráter. Eles apontam e mostram que sem caráter e respeito, o título de sacerdote não faz sentido.

A idade / Sabedoria

Se a idade é contada em anos de iniciação ou anos na Terra, a idade por si só não faz um pai. Embora, certamente podemos deduzir que a idade não garante sabedoria,sem idade (anos na Terra) a sabedoria não poderá ser plenamente alcançada. É por isso que na cultura Yorùbá, os anos de iniciação nunca podem superar aos anos na Terra,de modo que seria um absurdo ver um dòbalè/ Kúnlè de uma pessoa de 45 anosa um rapaz de 20 anos, independentemente dos seus anos como sacerdote.

Também é digno denotar que os anos na terra (de vida)de um ancião não garantem a esta pessoa sua sabedoria sobre qualquer assunto.

O Odù Ogbè Ìwòrì diz:

Mau comportamento é o que é atribuído aos jovens.

Mau caráter é o que é atribuído aos idosos.

Ifá explica que na nossa juventude, quando fazemos algo ruim, a ação vem de não sabermos sobre várias coisas. Como ancião, a vida deveria ensinar-nos a ter mais experiência, por isso que, quando fazemos algo ruim, a vida já deveria ter nos ensinado e por isso, esta atitude reflete um mau caráter. Sem caráter, ser um ancião não significa nada, independentemente de como você meça esse tempo.

Ser um ancião ainda não significa que não se deva ter qualquer responsabilidade em ajudar aqueles que são juniores, que é outra demonstração de verdadeiro caráter.

O Odu Òyèkú Méjì declara:

Uma criança não é alta o suficiente para esticar a mão e alcançar a prateleira alta.

A mão do adulto não pode entrar na boca de uma cabaça.

O trabalho que um adulto pede para uma criança fazer

Ela não pode se recusar a fazer

Nós todos temos bons trabalho para cada um fazer.

Adivinhação de Ifá foi executada para Ọrùnmìlá.

Sobre um devoto

Que faria queixa à Òlódùmarè

Òlódúmarè, em seguida, mandou chamar Ọrùnmìlá.

Para explicar a razão pela qual

Ele não suportava seu devoto

Quando Ọrùnmìlá estava na presença de Òlódúmarè

Ele explicou que ele tinha feito tudo ao seu alcance por seu devoto

Mas o destino escolhido pelo devoto tornou seus esforços infrutíferos

Esta foi então a questão da matéria

Tudo se tornou bastante claro para Òlódùmarè

E ele estava feliz

Por que ele não pronunciou o seu juízo sobre a questão ouvindo apenas uma das partes.

Além disso, este Odù lembra-nos que o ancião é citado e respeitado por ser justo e sábio. Òlódúmarè recebeu dois juniores (Ọrùnmìlá e seu devoto) e foi sábio ao esperar e ouvir ambos os lados da história antes de pronunciar a sentença. Isto lhe permitiu perceber que nem tudo é como uma pessoa pode parecer ser, e assim prestou julgamento justo.

Ifá nos diz em Òràngún Méjì (Òfún Mèjí) o mais velho dos Odù que se tornou o júnior dos Odu após descer na terra:
Ònpabì niì j’èjì

Aquele que quebra um obí (com 4 gomos) vai comer dois gomos

Um ancião avarento é aquele que come três gomos

Depois de comer três gomos

Ele carrega sua carga sozinho e prossegue neste caminho

Estas foram às declarações de Ifá para a pessoa que vai à vanguarda (o líder / sênior)

Que mais tarde se tornaria a pessoa que viria atrás (o júnior / seguidor)

Ele foi aconselhado a oferecer sacrifícios

Ele se recusou a cumprir

É a sua falta de decoro e maneiras

É a sua falta de diplomacia

A pessoa da vanguarda

Havia se transformado na pessoa que se tornaria um seguidor

Por sua falta de decoro e boas maneiras

Mesmo um velho líder pode perder o seu status por falta de caráter, como disse Ifá em Òràngún Mèjí (Òfún méjì). O Mentor.

É papel de o sacerdote atuar como mentor e conselheiro do devoto, mas estas não são coisas que vêm facilmente, rapidamente ou imediatamente após a iniciação.

Em Òtúrá Eléjin (Òtúrá Ogbè) Ifá nos diz:

A criança estuda Ifá com trabalho e sofrimento

Quando ele cresce

Ele vai colher todos os frutos

Esta foi à declaração de Ifá para Òtúrá

Quando ele ia mergulhar a mão no barco da prosperidade

Eu mergulhei minhas mãos no barco

E eu retirei todas as coisas boas da vida

Quando Òtúrá mergulhou a mão no barco

Ele tornou um prospero à estada em sua casa.

Eu mergulhei minhas mãos dentro do barco

E eu retirei todas as coisas boas da vida

Na história da criação sobre o sistema de adivinhação Ọrùnmìlá Ifá, nos diz:

Ifá, iwo lara iwaju

Emi ni ero eyin Ara iwaju niì ko ero eyin lógbon

Iwo loo ko’mo l’óràn…

Ifá, você é o líder.

Eu sou o seguidor

O líder é aquele que ensina a sabedoria ao seguidor

Você é o único que ensina

Assim como ao próprio irmão…

É como os líderes que Ọrùnmìlá nos quer ensinar a sabedoria de Ifá aos seguidores e sendo assim, sem caráter, sem sabedoria e sem erudição, como poderemos conseguir isso?

Se não estudarmos, nós não mostramos caráter, nós não mostramos a liderança como poderemos realmente nos chamar sacerdotes e muito menos exigir o respeito e o status sênior?

Vou terminar com a nota sombria citada em uma estrofe do Odù Èjí Ogbè:

Vamos viajar de oceano a oceano

Antes de podermos ver a espécie pequenina do Touraco Azul (tipo de ave).

Vamos viajar de rio para rio

Antes de podermos ver a espécie pequenina do Touraco marrom (tipo de ave) com bócio (uma bolsa) no pescoço.

Vamos viajar de oceano a oceano e de lá no vento de rio a rio

Antes que nós possamos encontrar um Bàbáláwo verdadeiro.

Vamos chegar a Ilé-Ifè Akèlúbébé.

Essa é foi à declaração do oráculo ao Igbin (caracol).

Quando ia para a cidade de Iléyò para praticar Ifá.

Ele fez o do seu choro um grito.

Ele fez de sua música um canto fúnebre de lamentação.

Ele disse: Seres humanos (os verdadeiros) são escassos.

Os seres humanos são difíceis.

Antes que nós possamos encontrar um Bàbáláwo verdadeiro.

Vamos viajar para longe.

Aboru Aboye Ibosíse

Marcos Ifálola

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