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Archive for Fevereiro, 2011

Meus irmãos, dando continuidade ao projeto Espaço dos Leitores, trazemos mais um texto gentilmente cedido pelo Da Ilha (Ary).

Òrúnmìlá é a incorporação da sabedoria (Ògbón), da paciência (suurú), do conhecimento, e da mistificação divinatória no sentido mais puro. Òrúnmìlá é a testemunho a todos os destinos (Èlèri ípìn), o senhor do dia (Olójó). Ifá é a arte da adivinhação, aquilo que está além da nossa imaginação e do sub-incosciente.

Isso mostra que Ifá e Òrúnmìlá são quase os mesmo, mas o ponto que diferencia, é que Òrúnmìlá foi um grande sacerdote e Ifá o sistema de adivinhação criado por Ele.

Òrúnmìlá é a divindade e Ifá é o sistema onde esta divindade se manifesta. Não há Ifá sem Òrúnmìlá e nem Òrúnmìlá sem Ifá. Estes dois conceitos são tão intimamente relacionados que muitas vezes referimo-nos a Òrúnmìlá como Ifá.

Òrúnmìlá é a divindade da sabedoria e do conhecimento, responsável pela transmissão das orientações das “divindades” e de nossos ancestrais, de maneira a permitir a cada um de nós a possibilidade de uma escolha acertada para uma vida feliz.

Òrúnmìlá é aquele que estava presente, ao lado de Olódùmarè, quando a Vida, o Mundo e o Homem foram criados. Òrúnmìlá tudo vê, tudo sabe e tudo conhece. Não há nada que tenha sido criado ou que virá a ser criado que Òrúnmìlá não saiba antes. Òrúnmìlá conhece a vida e conhece a morte, ele conhece a existência: o antes e o depois. Por isso ele pode ajudar.

Ijùb

Ìbà Ògéré afòkó yerí
Ìbà atí yò ọjọ
Ìbà atí wò run
Ìbà Olójó Oní
Ìbà Égun ilé
Ìbà àgbà
Ìbà Bàbálòrìsà (Ìyàlòrìsà)
Ìbà ómó òrìsà
Ìbà ómódé
Awà egbé odò Òrúnmìlá jùbá ô, ki ìbà wà se
T’ómódé ba jùbá bàbá re, àgbélé ayè n pè
Àdá se nìí hun ọmọ
Ìbà kìí hun ọmọ ènìyàn
Akóògba kìí hun Olóko
Àtípá kìí hun Ò
Asợ fúnfún kìí hun Olórìsà
K’ayè oyé wà ô
Ka ríba tí ÿe
Ka ma r’ìjà ọmọ arayè ó
Ka’ ma r’ìjà Eléye ô
Mo jùbá ô! Mo jùbá o! Mo jùbá o!

Àse.

Eu saúdo Olódùmarè
Eu saúdo Òrúnmìlá
Eu saúdo o senhor dos mares, o dono da casa.

Eu saúdo Èsù
Saúdo os Irùnmolè, os òrìsà
Saúdo a terra e que ela não me recuse
Saúdo o dia que amanhece

Saúdo a noite que vem
Saúdo o dono do dia
E saúdo o Égun da casa, nosso ancestral
Saúdo os velhos sábios
Saúdo o Oló/Ìyàlòrìsà
Saúdo os iniciados da casa.
Saúdo as crianças
Nós, que cremos em Òrúnmìlá,

Saudamos e esperamos que Òrúnmìlá ouça nossa saudação

Pai da sorte, eu o chamo para seivar a terra
O filho que reverencia seu pai terá longa vida e por nada sofrerá
Que a nossa saudação, a nós poupe sofrimentos
Que as plantas boas não falhem ao agricultor
Que aos mortos não falte sepultura
Que a Orisa’nlá não falte o pano branco
Para que o mundo nos seja bom
Que nossos caminhos se abram
Que não vejamos a discórdia dos povos sobre a terra
 Nem a obra das feiticeiras, Ìyàámí Osorongà
Nós saudamos, saudamos, saudamos
 Àse o!

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A Magia Negra

No Brasil, por mais que  este termo tenha um caráter pejorativo, nefasto, nebuloso, assustador, na África a magia negra tem seus fins, a prática da Magia Negra entre os Yorubás envolve a crença em cura medicinal, envenenamentos, bruxarias, curanderismo, etc. A Magia era empregada com diversos fins tais como: feitiços para ganhar dinheiro, ter sucesso no amor, induzir pessoas ao erro, detectar veneno na comida na bebida, defesas contra armas, assaltantes, maldições, fazer chover e tantos outras magias.
Recorre-se a Magia Negra em casa de doença do filho cujo pai se encontra distante. Busca-se alguém para alcançar o pai e para trazê-lo a tempo, emprega-se uma magia negra denominada “Ka nako” (encurtamento de caminho). Assim, não há distinção nítida entre a medicina e a magia.
Qualquer pessoa pode praticar medicina entre os Yorubás. Os medicamentos preparados por médicos nativos são purgativos e, quase sempre, eficazes. Conhecem-se incluisve muitos métodos de tratamento da blenorragia…
Toda “oogun” (magia Negra) se baseia na botânica, como indica seu nome alternativo “egbogi” (raiz árvore) e na zoologia, devido às difilculdades de tradução, seria despropositado citar os diferentes tipos de doenças curadas através de Magia Negra e os ingredientes empregados com valor medicinal, entretanto, pode-se dizer que quando praticam como propósito de curar, a magia não pressupõe conhecimento exato de seus processos. Um indivíduo que prescreva alguns ingredientes pode não saber realmente seu mecanismo de atuaçãono organismo.
Segundo  o professor Michel Ademola Adesoji, pode-se afirmar que muitas pessoas são testemunhas dos efeitos da Magia Negra, inclusive ele próprio foi vítima. Ele conta que em Ilexá, teve a oportunidade de assistir ao culto nacional a Ogun, ao qual comparessem pessoas de todos os lugares, longínquos e próximos. Ele diz que foi nessa ocasião que presenciou os efeitos da Magia Negra, já que, neste dia, praticaran-na uns sobreo os outros.
Dize-se que Sìjìdì, uma imagem feita de barro, pode executar tarefas para o mestre que o construiu, à noite, a imagem mata inimigos de seu mestre, por outro lado, este deve permanecer acordado até de manhã, senão corre o risco de ser morto por sua própria criação quando retornar.

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ÒRUNMILÀ / IFÁ

ÒRUNMÌLÁ / IFÁ

A filosofia de Ifá é uma das mais antigas formas de conhecimento revelada a humanidade. Infelizmente as revelações de Ọrúnmìlá, têm desde o início dos tempos, sido escondidas no mais completo sigilo e aqueles que poderiam dispor de tempo e possuir horas de folga para adquiri-los, não tinham recursos de ir atrás deles. Tudo o que sabemos hoje de Ifá, tem sido passado de geração em geração. Muito do que o povo conhece sobre Ifá é também revelado: até mesmo hoje em dia, pelo próprio Ọrúnmìlá, porque ele regularmente surge para seus seguidores em sonhos, para ensiná-los o que é necessário saber sobre sua obra. O conhecimento de Ifá tem sobrevivido essencialmente pela tradição oral de um sacerdote de Ifá para outro. Nenhum esforço consciente tem sido feito para publicar a obra de Ọrúnmìlá completa para o público consumidor. Até os sacerdotes de Ifá entre eles, são freqüentemente relutantes em compartilhar conhecimento por temor que se o mesmo se tornar de domínio público, a fachada mística oculta a qual eles operam será destruída. Isto não é totalmente sua falta, porque levaram pelo menos 21 anos de aprendizado para produzir um sacerdote eficiente.

Mas pelo fato que este trabalho era diretamente inspirado pelo próprio Ọrúnmìlá, não seria fácil para ninguém dispor de tempo, esforços e dinheiro, para iniciar desta maneira numa aventura interminável. Aquilo é dizer que a sociedade de Ifá chamada conhecimento é interminável, imutável e imortal. Ver-se-á de suas revelações que Ọrúnmìlá, embora a mais nova de todas as divindades criadas por Deus, era verdadeiramente a própria testemunha de Deus quando começou a criar outras substâncias orgânicas e inorgânicas. Este é o porque de ser consultado como o Ẹlẹri Upin. Somente ele conhece a verdadeira natureza e Orígem de todos os objetos animados ou inanimados criados por Deus.

Este conhecimento tem lhe dado desta maneira incomparáveis poderes que fazem-no o mais eficiente de todos os adivinhos, que eram as primeiras criaturas de Deus.

Seus seguidores que são capazes de alcançar algo do conhecimento conseqüentemente controlam enorme poder o qual tem muitas vezes confundido muito em chamando na magia ou fetiche.

Por outro lado à expressão “IFÁ” encerra as revelações, estilos devida, e religião ensinada por Ọrúnmìlá. Este é o porque de ser freqüentemente dito que Ọrúnmìlá é a divindade mas Ifá é sua palavra.

O sacerdote de Ifá é o pedaço da boca de Ọrúnmìlá e até comparativamente recentemente, ele era o eixo em torno do qual a vida diária da comunidade girava. Naqueles dias era respeitável ir abertamente até ele para buscar solução para os problemas da vida. Atualmente tem se tornado moda consultar um sacerdote de Ifá em segredo absoluto e furtivamente.

Três fatores têm sido os responsáveis por esta espetacular mudança de atitude.

O primeiro é a chegada da civilização moderna e a educação trazida desta forma. A segunda é a despótica influência das religiões modernas as quais eram usadas pela espécie humana como armas para conquistas não apenas das mentes mortais, mas também para manifestamente ambições de território.

O terceiro é o impacto agregado das duas primeiras forças. As crianças dos sacerdotes de Ifá, não mais desejam ser associadas com a religião e ao modo de vida de seus pais, aos quais eles rejeitam como superstições pagãs.

Muitos sacerdotes de Ifá dotados de brilhante conhecimento teórico e prático do oráculo, têm morrido não restando nada gravado de suas riquezas de conhecimento e experiência. O volume de livros os quais eu estou prestes a me lançar são uma tentativa para deixar um relato histórico da grande obra de Ọrúnmìlá.

Eles se destinam a provocar debates para o enriquecimento do conhecimento de modo que as gerações vindouras conhecerão sobre Ọrúnmìlá e seu acesso para religião, em tempo, ser orgulhoso por estar associado com ela. Este trabalho se designa também para assistir a estudantes da filosofia de Ifá na obtenção mais profunda do conhecimento o Ifismo, tão bem quanto gerar interesse nele.

Também irá prover assistência para aqueles que foram iniciados na religião , mas que continuam a duvidar da veracidade da concepção inteira de Ọrúnmìlá.

Freqüentemente quando uma pessoa vai a um sacerdote, ele conta para seu cliente os encantamentos do Ọdu específico que se apresentou para ele. Depois disso ele prescreve os sacrifícios a serem feitos sem preocupar-se em narrar ao questionador a história fundamental do sacrifício que ele está pedindo para fazer. Eles o fazem por que acreditam que a mente não iniciada não irá entendê-los.

O cliente começa a questionar se o sacrifício é ou não relevante.

Se ele faz ou não o sacrifício, torna a reputação do sacerdote de Ifá incerta e não as suas convicções da necessidade disto. Mais importante é uma tentativa para fazer a religião se classificar como muitas religiões novas, como o judaísmo, cristianismo, budismo e islamismo. Estas outras religiões tinham a vantagem da documentação anterior. Quanto ao mais, nós veremos que Ifá é muito mais rico e mais antigo corpo de conhecimentos.

È importante notar que todavia este trabalho não coloca reivindicações quaisquer que sejam por conta completa da religião de Ifá. É dito que ninguém pode saber no total a Obra completa de Ọrúnmìlá. Este trabalho é portanto o início, e a pesquisa continuará durante toda a vida do autor. Espera-se que ela será atualizada de tempos em tempos tendo em vista a ausência de pesquisas e revelações adicionais.

Por outro lado, o escritor espera com esses volumes de dezessete livros no todo, desmistificar a filosofia da Religião de Ifá. Contrário a todas as aparências externas, não há nada mágico sobre Ifá. A arte é análoga ao trabalho de astrologia. Um astrólogo conta o futuro de um homem lendo o comportamento das estrelas que estavam no céu na época em que a pessoa nasceu. Do mesmo jeito quando uma criança nasce, os instrumentos principais de divinação de Ifá são usados para sensibilizar sua cabeça e escutá-la. O instrumento irá declarar o nome do Ọdu que é sua estrela guia. O sacerdote de Ifá irá então revelar a história da vida do Ọdu que surgiu para ele e pode proclamar com cem por cento de certeza que a vida da criança irá tomar alguns caminhos que aparecem no Ọdu. É uma coisa que acontece quando o Ọdu particular surge no jogo quando uma pessoa é iniciada na religião de Ifá e na sociedade secreta (Ogbodu).

Por exemplo, se a cerimônia do nome ou durante a iniciação em ifá , Ejiogbe é o Ọdu que surgir , a pessoa pode convenientemente ser informada de que sua história de vida seguirá o caminha da vida de Ejiogbe.
Se por exemplo o iniciado é negro e de estatura média, ele pode ser informado que se ele é capaz de seguir os èto e ewọ de Ejiogbe ele certamente prosperará na vida e dispensará sua vida em serviços humanitários. Se por outro lado à pessoa é clara ou baixa, ele pode ser informado que ele não será provavelmente muito próspero a menos que consulte seu Ifá e execute sacrifícios especiais para remover os obstáculos que Ejiogbe tinha em circunstâncias similares. Neste caso Ejiogbe tinha retornado para o céu para se recuperar antes da fortuna lhe sorrir na terra.

No mesmo jeito, se algum Ọdu particular surgir no jogo , o sacerdote vai recomendar a perguntar se é para realizar algum sacrifício executado pelo Ọdu em tais circunstâncias. Se o jogo revelar que a morte da pessoa é iminente, o sacerdote simplesmente informará a pessoa para fazer um sacrifício que Ọrúnmìlá foi informado a fazer , e o qual ele recomendou a outros fazerem a fim de evitar o perigo da morte prematura em circunstâncias similares.

É razoável imaginar pela análise anterior que longe de uma vida de mágico, o sacerdote de Ifá é simplesmente um hábil intérprete. Contanto ele pode desenvolver uma memória retentiva, desde que a maiOría não pode ler e escrever, ele tem somente que relatar os problemas de um cliente com uma situação correspondente ao que ocorreu a milhares ou milhões de anos atrás, para revelar problemas constantes em uma informação de hoje e colocá-los na forma apropriada. Estas considerações da obra de Ọrúnmìlá são uma tentativa de auxiliar os não iniciados, bem como os neófitos, a serem capazes de interpretar as revelações de Ifá por eles mesmos, a fim de perceber que o sacerdote tenta fazer no discurso de sua prática a arte de Ifá.

È importante observar do início que Ọrúnmìlá não procura pela conversão dos fiéis. Esta é uma religião do indivíduo, o qual não confia na importância dos números para sobrevivência. No início Ọrúnmìlá ensina que a melhor maneira de compreensão é prezando seus conhecimentos, o que é completamente eficaz para seu trabalho e para a melodia de sua música.

Por: Cromwell Osamoro

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Dando continuidade ao projeto “Espaço dos Leitores”, temos o prazer de publicar um texto enviado do nosso irmão e grande colaborador Da Ilha. O texto está com sua fonte original devidamente identificada e mantida.

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM ÈLA?
 ÈLA – O PRINCÍPIO: O que é ou quem é ÈLA?

O que é: o princípio da ordem; aquele que mantém o mundo acertado e em ordem. ÈLA veio para a terra no ODU de OBARA OYEKU. Tentaremos neste trabalho passar para todo o significado deste princípio primordial que se chama ÈLA e que, sem ele, nosso mundo seria um caos total. Vamos ver por que.
A tradição oral nos passa que ÈLA é um princípio espiritual que não teve espaço para se tornar conhecido, pois foi dominado historicamente pelo aumento do número de divindades e senhores da cultura Yoruba. Em função disso ÈLA não foi definido.
Na tradição oral existem muitos que dizem que ele “é um dos muitos nomes atribuídos à IFA (ORUNMILA), e é descrito como o principal entre eles” ou que ” é o seu empregado de confiança”. Essas afirmações têm um fundo de verdade e nós vamos ver por que.
Existe uma forte ligação entre ÈLA e ORUNMILA, pois se ÈLA é o princípio da ordem, da retificação de destinos infelizes, ORUNMILA precisa deste princípio para cumprir o seu papel de grande preservador da felicidade e retificador de destinos infelizes, uma vez que podemos dizer que ordem significa felicidade, harmonia, paz e desenvolvimento. ÈLA é chamado de “aquele que mantém o mundo acertado”. Assim, podemos até fazer uma reflexão no sentido de que ÈLA é um princípio primordial onde ORUNMILA tem a sua origem. Podemos afirmar, portanto, de forma inquestionável, que ÈLA é uma emanação direta de OLODUNMARE.
ÈLA é chamado pela tradição oral de ÈLA OMO OSIN – “ÈLA é o preferido de OSIN” – o que é OSIN? Para o Yoruba, OSIN É O LÍDER DOS LÍDERES, ou seja, OLODUNMARE.
Vamos à criação. De acordo com a tradição, ORUNMILA desceu a terra para colaborar com ORISA-NLA nos afazeres de organizar a terra e colocar todas as coisas nos seus devidos lugares (ordem), logo, ÈLA seguramente estava presente. Para ilustrar esse papel, vamos transcrever uma história do ODU ODI IWORI;

ÈLA Iwòri ni kì jéki aiyé ra ‘jú; Nigbati aiyé Oba-‘lufe darú, ÈLA Iwòrì l’ o bá a tún aiyé rè se; Nigbàti awon o-dà-‘lè ìlú Akilà ba aiyé ìlu won jé, ÈLA Iwòri l’ o ba won tún u se; Nigbati òsán d’ òrun ni ilù Okèrèkèsè, Ti aiyé     ìlú nã di rúdurùdu Ti awon awo ibè bà a tì, ÈLA Iwòri l’ o ba Olúyori Oba ibè tún u se; Nigbàti élègbára bá nfé s’ ori aiyé k’ odò, ÈLA Iwòri ni’ ma dùdú ònà rè; ÈLA Iwori kì’ gb’ owó, ÈLA Iwòri ki’ gb’ obi, On l’ ó sì ntún ori ti kò sunwòn se.
ÈLA IWORI é quem salva o mundo da ruína. Quando o mundo de OBA LUFE tornou-se confuso ÈLA IWORI é aquele que restaurou a ordem Quando os depredadores de AKILA deterioram a cidade ÈLA IWORI é aquele que acertou as coisas para o povo, Quando o dia virou noite na cidade de OKEREKESE (Egito) E os sábios do lugar foram desviados. ÈLA IWORI foi aquele que trouxe a ajuda de OLUYORI, seu rei, como remédio, Quando ELEGBARA planejou virar o mundo de cabeça para baixo, ÈLA IWORI foi quem o obstruiu, ÈLA IWORI não recebe dinheiro, ÈLA IWORI não recebe OBI Ainda é ele quem retifica destinos infelizes.

Se nós aceitarmos que ÈLA é um princípio primordial, que estava presente no início da criação, estando no mundo e preenchendo-o de bons trabalhos, estabelecendo a ordem e colocando as coisas em seus devidos lugares, poderemos dizer que em um determinado momento o homem de alguma forma acordou de seu estado de “letargia” em um mundo perfeito e sem atropelos e neste momento se rebelou contra ÈLA, creditando a ele a responsabilidade de ter retardado o crescimento do mundo e então o difamaram. Em função disso, conta à tradição que ÈLA se ofendeu e ascendeu aos céus através de uma corda esticada. Foi somente assim que os habitantes do mundo perceberam que era realmente impossível viver sem ÈLA e assim, desde então, se tem rezado por suas bênçãos.
Vamos a outro verso: ÈLA s‘ ogbó, s‘ ogbó ÈLA s‘ ató, s‘ ató O f’ òdúndún s’ Oba ewé O f’ Irosùn s’ o run rè; O f’ Okun sOba omi O f’ osa sosòrun rè; A-s‘ – èhin-wa a- s‘-èhin-bò Nwon ni ÈLA kò s’ aiyé re; ÈLA b’ inu, o ta’ kùn, o r’ òrun; Omo ar’-aiyé tún wá nkigbe: ÈLA dèdèrè I’ ó mã sòkalè wa gb’ ùre. ÈLA dèdèrè

ÈLA realmente fez a velhice ÈLA realmente fez a vida longa Ele fez de ODUNDUN o rei das folhas Ele fez de IROSUN o seu sacerdote. Ele fez do oceano o rei das águas. Depois de tudo, e ao final, Eles pronunciaram que ÈLA havia conduzido o mundo pelo caminho certo. ÈLA se ofendeu, ele estendeu uma corda e subiu ao céu. Os habitantes do mundo mudaram de opinião e passaram a chamá-lo. ÈLA volte a nos abençoar ÈLA, volte!

Nessa linha ÈLA é referenciado como um libertador. Neste papel aparece a sua ligação com ESU. É sabido que ESU é a dinâmica de todas as coisas, instaura a desorganização geradora de uma nova ordem, num processo contínuo de desenvolvimento do mundo, a dinâmica que faz o mundo andar. Se considerarmos que ÈLA é o princípio da ordem e ESU provoca a desordem e se em algum momento imaginássemos que a desordem provocada por ESU levasse ao caos, somente a interferência de ÈLA como princípio poderia garantir uma nova ordem. Desse modo, podemos dizer que ÈLA trabalha juntamente com ESU, especificamente na tarefa de restabelecimento do equilíbrio.
ÈLA como princípio é de suma importância na vida dos sacerdotes em nossa religião, pois o papel dos sacerdotes é manter e/ou instaurar a ordem. Portanto como isso poderia ser feito sem a interferência de ÈLA?
Vamos à outra consideração: Realizar ÈLA significa carregar ISI. O que vem a ser isso. Vamos contar duas histórias para depois tentarmos concluir essa afirmação.
Existia uma localidade onde os reis não duravam mais de três anos e então eram substituídos – o próximo morreria antes de três anos e assim sucessivamente. A família de onde esses reis eram oriundos era muito rica e o poder era algo extremamente cobiçado, mas o fato da morte prematura era um empecilho para que eles quisessem se tornar reis. Foram consultar ORUNMILA e no jogo apareceu o ODU OGUNDA OFUN, significando que todos os reis têm um ORISA ao qual devem saber cultuar antes que lhes seja entregue o OPA.
Outra história trata de um Rei que num determinado tempo teve suas esposas (6), seus filhos e servos (7) contra ele; suas esposas não queriam mais se relacionar com ele; seus filhos voltaram às costas para ele, bem como seus servos. O rei revoltou-se e, munido de seu Opa e de uma espada, saiu à procura deles, que haviam fugido. O rei então falou que eles deveriam carregar ISI, sem o que não seriam perdoados. Os filhos então pegaram 4 inhames e ofereceram para o Rei (que era o próprio ORUNMILA). Prepararam o inhame e o levaram para o Rei, carregando-o na cabeça. O rei então disse que precisaria matar um deles; os filhos responderam que eles haviam feito o que ele havia pedido. O rei perguntou se era ISI macho ou fêmea. Eles responderam que era ISI feminino. Ele ouviu e não soltou o Opa e a espada. Eles pediram três vezes que ele os soltasse. O rei então respondeu:
“Onde vocês ouviram que esposas, servos e filhos não fizessem o que o Rei quer?”
“Assim, antes que eu largue o Opa e a espada, vocês têm que prometer carregar ISI sempre. Só assim eu os perdôo.”
ISI significa carrego de submissão e homenagem. Ou seja, curvar-se diante do sagrado, do superior, do maior. Para se falar em ordem temos que falar em respeito e homenagem, em submissão a um princípio maior que nos proporcionará a felicidade. Aprender que antes de tudo devemos agradecer louvar e cultuar.
ÈLA, por fim, é sempre invocado durante os cultos para que venha e abençoe os oferecimentos, tornando-os aceitáveis. ÈLA também é denominado como o princípio que inspira a aceitação de alguns sacrifícios; que inspira o culto correto e é por ele que a vida tem sido oferecida.
Para finalizar vamos transcrever uma cantiga de ESU:

ESÙ fi ire bò wá o. ÈLA fi ire bò wà yà yà. ESÙ gbè ire ajè kò wá o. ÈLA fi ire bò wà yà yà. IYA-MÒGÚN fi ire bò wà o. ÈLA fi ire bò wá yà yà.

ESU, faça nossas vidas plenas de coisas boas. ÈLA ponha muita sorte em nossas vidas. ESU ponha sorte e progresso em nossas vidas. ÈLA ponha muita sorte em nossas vidas. IYA MOGUN faça nossas vidas plenas de coisas boas. ÈLA ponha muita sorte em nossas vidas.

1999 – Todos os direitos reservados para IOC – INSTITUTO ORUNMILA DE CULTURA
Artigo publicado no INFORMATIVO do ILE ASE MARABO, Número IV, São Paulo – SP.

Por: LEILA CRISTINA ALBAMONTE POMPEO FERRARA – EFURO LOGUNLOWO

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