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Archive for Setembro, 2019

Perfil Tia Ciata

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Foto: Internet

Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata (Santo Amaro da Purificação1854 — Rio de Janeiro1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum.[1]

No Rio de Janeiro, era Iyakekerê na casa de João Alabá. Também ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Em sua casa na Praça Onze, onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco – “Pelo Telefone”- , uma composição de Donga e Mauro de Almeida, na voz do cantor Baiano, também nascido em Santo Amaro da Purificação.[1][2]

Tia Ciata tornou-se um símbolo da resistência negra no Brasil pós-abolição e uma das principais incentivadoras do samba depois de abrir as portas de sua casa para reuniões de sambistas pioneiros quando a prática ainda era proibida por lei.[2][3] Nascida na Bahia, em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas (na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século, eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século XIX e na primeira do século XX para morar na Praça Onze, na região da Cidade Nova.[2][3]

Biografia

Conhecida como Tia Ciata, Hilária nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 1854, em data incerta.[4] Com 22 anos, ela se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, no êxodo que ficou conhecido como diáspora baiana.[1] Conheceu então Noberto da Rocha Guimarães, com quem teve sua primeira filha, Isabel, mas o relacionamento não foi adiante. Solteira e com uma filha para criar, ela começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Através da comida e das vestes típicas, ela expressa a fé do candomblé, proibido na época.[2][4][5]

Casou-se algum tempo depois com João Baptista da Silva, funcionário público, com quem teve 14 filhos, relacionamento que foi fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época.[1][4][6] Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música e seus quitutes. Cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por vários dias.[4][6][5]

Tais reuniões traziam diferentes compositores e figuras da noite carioca, como Hilário Jovino FerreiraDongaSinhô e João da Baiana, para os saraus. A casa da Tia Ciata na Praça Onze era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era “obrigatório” passar diante de sua casa.[1][2] Eram comuns as “rodas de samba”, onde os mais velhos ficavam na sala da frente cantando alto e os mais jovens nos outros cômodos cantando o samba corrido, enquanto no terreito ficavam aqueles que gostavam da batucada.[6][5]

A repressão da polícia também era comum, porém Tia Ciata era curandeira conhecida das autoridades e muitas vezes ela era chamada para ajudar enfermos e doentes em suas casas. Conta-se que ela teria ajudado o então presidente da República, Wenceslau Brás, com um machucado na perna que não cicatrizava.[4][6]

Candomblé

Tia Ciata, além de cozinheira, costureira e anfitriã, era também “IYá Kekerê” (principal auxiliar do pai-de-santo) num dos mais prestigiados terreiros do Rio de Janeiro, o terreiro de João Alabá. Ela teria incorporado um Orixá que disse aos presentes haver cura para a tal ferida e recomendou a Wenceslau Brás que fizesse uma pasta feita de ervas que deveria ser colocada por três dias seguidos sobre a ferida. Quando a ferida foi curada, o presidente teria lhe garantido qualquer pedido, mas Tia Ciata teria pedido um emprego no serviço público para o marido, por conta da numerosa família que tinha.[4][6][5]

Buci Moreira (1909-1982) e Manoel Macaco. Moreira era neto de Tia Ciata.

Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a frequentar as suas festas.[3] Era nessas festas que Tia Ciata passou a dar consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.[4][6][5]

Últimos anos e morte

Seu marido João Batista da Silva morreu em 1910, época em que Tia Ciata já era considerada uma autoridade e uma estrela no meio do samba carioca.[5] Tinha respeito e popularidade, muito maiores do que qualquer personalidade negra da época. Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, onde eram lançadas as marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval da cidade.[1][2][3][4][6][5]

Tia Ciata morreu em 1924, em data incerta, na cidade do Rio de Janeiro.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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