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Archive for Abril, 2013

Ninguém falou que iria ser fácil. Ninguém falou que tudo seriam somente flores. Ninguém falou que um dia eu não perceberia isso e que mesmo minha zeladora sendo atenciosa, me tendo como uma “mascote”, isso me privaria de perceber os conflitos surgidos no meu caminho, ora porque surgem por conta da “manutenção” da própria vida, ora porque nós os fazemos surgir.

Talvez escrever aqui quase soe como um diário meu, um diário de uma iyawô desde o princípio do seu nascimento. Um diário que tenta relatar com o coração as sensações que vive nesse mundo regido pelos orixás e praticado por pessoas.

Só que não é só de coração que se vive uma pessoa, também não é só de sentimento. Acho que também tenho o dever de afirmar isso para quem me lê, assim como devo afirmar a máxima que circula no discurso de certos religiosos: a relação entre “amor e dor”. Eu sempre entrei em conflito com essa relação, pensava que onde um estava presente o outro não chegaria. Não tinha que chegar. Porém, em aprendizado e vivência religiosa a gente percebe que chega certo momento que relacionar esses elementos já sai no “automático”.

O amor nos emociona, faz a gente ter coragem de viver uma religião que sofre tanta intolerância, o amor nos faz por o nosso Orixá em primeiro lugar, defendê-lo com toda disposição, nos faz continuar mesmo quando machucados.

A dor ensina. Isso mesmo, a dor nos ensina. Ela não só chega pra desestruturar, não chega somente para magoar. Ela sobretudo ensina. Ensina que o jeitinho de andar dentro da vida religiosa não é mesmo jeito de andar na vida. Talvez seja ela que fica apontando o defeito, cutucando o defeito até que ele seja aprumado. Quero que fique claro que o aspecto de dor que falo aqui não é a dor provinda de atos físicos (não falo de ninguém batendo e apanhando!). Falo da dor que vez ou outra nos ocorre, pois por mais que tantos religiosos queiram ser perfeitos, o aspecto humano, a complexidade humana não é imune dessas capacidades negativas.  Somos erros e aprendizados. Exú, o “contraditório”, está presente em nossos corpos. Isso por si só já explica muita coisa.

Enfim, ser “casca grossa” como eu tanto falo é isso: as dores nos criam cascas de aprendizado e proteção. Proteção para o que virá e proteção ao sentimento. A camada grossa também protege o amor que a gente consegue nutrir e nos move pelo orixá, pela ancestralidade, por aqueles que viveram não somente dores “invisíveis”, mas também dores físicas, as dores das chibatas, as dores dos troncos.

Esse tal de mar de rosas não existe, mas Oyá é viva em mim. Cada vez mais viva. E é isso que importa.

Sigamos!

Axé!

“Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando,                                                                                                 a gente vai levando,                                                                                                  a gente vai levando,                                                                                                                   A gente vai levando essa guia”

(Vai levando, Chico Buarque)

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1. Espiritualidade Fast Food: A espiritualidade Mix com uma cultura que celebra a velocidade, a multitarefa e gratificação instantânea onde o resultado seja provável a espiritualidade fast-food. Espiritualidade fast-food é um produto da fantasia comum e é compreensível para o alívio do sofrimento de nossa condição humana, ele tem que ser rápido e fácil. Uma coisa é clara: a transformação espiritual não pode ser obtida como uma solução rápida.

2. Falsa espiritualidade: A falsa espiritualidade é a tendência de falar, vestir e agir como se o imaginário visse o que outra pessoa espiritualizada faria. É uma espécie de imitação da espiritualidade. Imita a realização espiritual da mesma maneira que um tecido pode imitar a pele genuína de um leopardo.

3. Motivações confusas: Embora o nosso desejo de crescer seja genuíno e puro, muitas vezes ele se confunde com motivações menores. Incluindo o desejo de ser amado, o desejo de pertencer a um grupo, a necessidade de preencher nosso vazio interno, a crença de que o caminho espiritual removerá: A nossa ambição, o nosso sofrimento espiritual, o nosso desejo de ser especial, de ser melhor do que qualquer coisa, para ser “o Único”.

4. Identificando-se com Experiências Espirituais: Nesta doença, o ego se identifica com a nossa experiência espiritual e a toma como sua e nós começamos a acreditar que estamos incorporando ideias que surgiram dentro de nós em determinados momentos. Na maioria dos casos isso não dura indefinidamente, embora tenda a perdurar por longos períodos de tempo como aqueles que se julgam terem função iluminada e/ou, serem professores espirituais.

5. O Ego espiritualizado: Essa doença ocorre quando a própria estrutura da personalidade egóica se torna profundamente integrada com conceitos espirituais e ideias. O resultado é uma estrutura egóica “à prova de balas”.

Quando o ego se torna espiritualizado, somos incapazes de ​ ajudar, em uma nova entrada ou em comentários construtivos. Nós nos tornamos seres humanos impenetráveis com crescimento espiritual raquítico e isto tudo em nome da espiritualidade.

6. Produção em Massa de Professores Espirituais: Há uma série de tradições espirituais em moda, produzem pessoas que acreditam estar em um nível de iluminação espiritual ou maestria, que está muito além de seu nível real.

Uma das doenças é o transportador espiritual: Ele coloca um brilho, obtém um insight e… Bam!

Pronto! Você está iluminado e pronto para iluminar os outros de maneira similar. O problema não é que tais professores instruam, mas que representem, a si mesmo, como tendo alcançado o domínio espiritual.

7. Orgulho Espiritual: O orgulho espiritual surge quando o profissional, através de anos de esforço e trabalhado, realmente alcança certo nível de sabedoria e a usa para justificar o poder de desligar uma experiência maior. Um sentimento de “superioridade espiritual” é outro sintoma desta doença transmitida espiritualmente. Ela se manifesta como uma sensação sutil de que “Eu sou melhor do que os outros sou mais sábio e superior porque sou espiritualizado”.

8. Grupo da mente: Também descrito como pensamento de grupo de culto ou doença que cause vergonha, grupo da mente é um vírus insidioso que contém muitos elementos tradicionais que causam dependência.

Um grupo espiritual faz acordos sutis e inconscientes sobre as formas corretas de pensar, falar, vestir e agir. Indivíduos e grupos infectados com o “espírito de grupo” rejeitam indivíduos, atitudes e circunstâncias que não estão de acordo com suas regras, muitas vezes não escritas do grupo.

9. O complexo de pessoas escolhida: o complexo de pessoas escolhidas não se limita aos judeus. É a crença de que “O nosso grupo é mais evoluído espiritualmente, poderoso, iluminado e simplesmente, melhor do que qualquer outro grupo”.

Há uma diferença muito importante entre reconhecer que se encontrou o caminho certo. O professor ou a comunidade e o caminho que você se encontra.

10. O vírus mortal: “Cheguei”:

Esta doença é tão potente que tem a capacidade de ser terminal e mortal para a nossa evolução espiritual. Esta é a crença de que “Eu cheguei” na meta final do caminho espiritual. Nosso progresso espiritual termina no ponto em que essa crença se torna cristalizada em nossa psique, para o momento em que começamos a acreditar que chegamos ao fim do caminho, um maior crescimento cessa.

Mariana Caplan, Ph. D.

Adaptado do livro Eyes Wide Open:

Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual (O Som Verdadeiro).

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Saudações aos Òrìsà

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Ìkíni sí àwọ́n Òrìşà – Saudações aos Òrìsà

Saudação
Ìkíni

Fonética
Pípe ọ̀rọ̀

Pronúncia
Ípe

  Descrição
Àpẹrẹ

     Òrìsà
Orúkọ Òrìṣà

         

ÀRÓBỌ̀ BỌ YI

Àróbɔ̀ bɔ yi àróbô bó ii Vamos cultuar o intermediário que   é elástico (que estica) Saudação ao òrìsà Òsúmàré

ATÓTO O! O!

Atóto o! o! Atóto o! o! Silêncio! Palavra   usada pelo pregoeiro público para impor o silêncio, quando prestes a iniciar   uma saudação ou efetuar uma proclamação.

Saudação ao òrìsà Obàluwayé

BARA OLÙPO ÒNA

Bara Olùkpo onà Bara Olùkpo ôna Òrìṣà Bara dono, possuidor   completamente dos caminhos.

Saudação ao òrìsà Èsù

ÈṢÙ MO JÚBÀ

Èʃù mo ʤúbà Êxù mo djúbà Èsù eu respeito, Èsù   eu venero, Èsù eu considero.

Saudação a Èsù

EWÈ Ó!

Ewè ó! euê ó! Oh! As folhas

Saudação ao òrìsà Osányìn

GBÒÒRÒ FÈ JÉ AGBÁRA RÈ

ɡbòòrò fè ʤé aɡbára   rè Guibôôrô fê djé   aguibára rê

Dono do Mar – amplo e   extenso é o seu poder.

Saudação ao òrìsà Olóokun

HÈPA BÀBÁ

hèkpa bàbá Rêkpa bàbá Êpa papai

Saudação ao òrìsà Osáálá

HÈPA HẸYI! ỌYA

Hèkpa hɛyi! ɔya rêkpa réii! Òia Êpa Senhora! Oya

Saudação ao òrìsà Òya

KÁ WÒ KÁBÍYÈSÍ LÉ

ká wò kábíyèsí lé Ká uô kábíiêssí lé Levantem   os olhos, venha ver o rei passar.

Saudação ao òrìsà Sàngó

ỌDẸ ÒKÈ ÀRÓ!

ɔdɛ òkè àró! Ódé ôkê àró! Salve o caçador,   aquele de alta graduação honorífica.

Saudação ao òrìsà Òsóòsì

ÒGÚN YÈ

Ògún yè ôgún iê Ògún para estar vivo, estar vivo,   para sobreviver, para ser bom, para ser perfeito. Saudação ao òrìsà Ògún
ÒGÚN YẸ Ògún yɛ Ôgún ié Ògún ser digno, apto,   direito, para convir, tornando-se adequado.

Saudação ao òrìsà  Ògún

ÒGÚN YÈ, PÀTÀKÌ ORÍ ÒRÌṢÀ!

ògún yè, kpàtàkì orí òrìʃà ! ôgún iê, kpàtàkì orí ôrìxà ! Salve Ògún, Òrìsà importante da cabeça. Saudação ao òrìsà Ògún

ÒGÚN YÈ, PÀTÀKÌ ORÍ ÒRÌṢÀ!

ògún yè, kpàtàkì orí   òrìʃà ! Ôgún iê, kpàtàkì orí   ôrìxà ! Salve Ògún, a cabeça (o líder)  principal dos Òrìsà.

Saudação ao òrìsà   Ògún

OMI ODÒ AYABA omi odò ayaba omi odô aiaba Rainha das águas dos rios.

Saudação ao òrìsà Yemojá

OMI, OMI, ODÒ ÌYÁ ÒGÙN.

Omi, omi, odò ìyá ògùn. Omi, omi, odô ìiá ôgùn. Senhora, dona,   fidalga dos rios, riachos e córregos etc.

Saudação ao òrìsà   Yemojá

ỌYA TỌPẸ́

ɔya tɔkpɛ́ Óia tókpé

Saudação ao òrìsà Òya

RỌRA YÈYÉ GBÉ MÍ

rɔra yèyé ɡbé mí Róra iêié guibé mí Mãe cuidadosa   proteja-me!

Saudação ao òrìsà Òsún.

RỌRA YÈYÉ Ò

rɔra yèyé ò róra iêié ô Mãe cuidadosa, Oh!

Saudação ao òrìsà Òsún.

RỌRA YÈYÉ Ó FÍ DÉ RÍ ỌMỌN

rɔra yèyé ó fí dé rí ɔmɔn Róra iêié ó fí dé rí   óman Mãe cuidadosa, aquela   que usa coroa e protege os seus filhos!

Saudação ao òrìsà   Òsún

YẸ̀BA ODÒ yɛ̀ba odò Iêba odô Senhora, dona, fidalga dos rios,   riachos e córregos etc.

Saudação ao òrìsà Yemojá

Fonte: www.yoruba.maze.kinghost.net

Tela cedida pela artista plástica.
Aislane Nobre – Salvador – Bahia
https://www.facebook.com/aislane.nobre?fref=ts

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                                                                                                                       Òsóòsì

Foi Òsóòsì (Espírito do Caçador) quem explorou ìgbó (floresta) por um caminho autorizado por Ògún (Espírito do Ferro).

Òsóòsì é conhecido entre os orìsà como o maior dos Odé (caçador), porque se tornou um ìgbó negro (feiticeiro da floresta).

Òsóòsì foi quem forneceu comida para sua família.

Òsóòsì foi quem forneceu comida para sua família estendida em sentido nato. Òsóòsì foi quem forneceu comida para sua aldeia.

O Áwo de Òsóòsì foi quem ensinou (O mistério do cenário) a ele, cujo destino era caçar na trilha da floresta.

Ensinou o àse (poder espiritual/força vital) para fazer um caçador ter dinheiro.

Òsóòsì foi salvo por seu Odideré (papagaio).

O pássaro foi chamado:

Ló kó’gbó odideré ogu.

Que significa:

“O papagaio traz o medicamento usado para caçar.”

Antes de deixar o cenário, Òsóòsì sempre falava ao seu animal de estimação:

“Papagaio, guie-me além do medo”.

Òsóòsì era sempre o primeiro a ser alimentado, ao retornar da caça.

No dia em que os animais da floresta desapareceram, Òsóòsì deixou seu odideré aos cuidados de sua Iyáàgbà (avó).

Nada no mundo era mais amado por Òsóòsì que o seu odideré e sua Iyáàgbà sabia disso, com ela o pássaro estaria a salvo enquanto ele estivesse desaparecido.

Dirigindo-se ao ìgbó (floresta), Òsóòsì começou a procurar pela floresta. No primeiro dia não encontrou nada. No segundo dia, não encontrou nada. Uma semana se passou sem resultados. Um mês se passou sem qualquer sorte. Eventualmente, ele perdeu a noção do tempo.

Antes de voltar para casa de mãos vazias, Òsóòsì continuou a viajar mais e mais pelo ìgbó (floresta).

Toda a sua atenção estava concentrada na procura de uma trilha, procurando a caça e a comida para alimentar sua família e sua aldeia.

Um dia ele avistou um ekútè (rato arbustos) colocou óògún odideré na ponta (medicina feita com papagaio) de sua flecha.

Quando óògún odideré mata, estava no seu devido lugar, ele usou ofò àse (o poder de invocação) para solicitar que seu objetivo fosse preciso.

Òsóòsì matou o ekútè (o rato do arbusto) com um único tiro.

Levando o animal pela cauda, correu para casa para alimentar aqueles que estavam aguardando o seu retorno.

Quando chegou a casa foi direto oferecer um pouco da comida para o seu animal de estimação, odideré. Odideré não estava em seu aposento.

Tudo o que restava de seu animal de estimação foram algumas penas espalhadas.

Com dor e angústia Òsóòsì correu para fora gritando por vingança. Ele colocou óògún odideré mata (medicina do papagaio) na ponta de sua flecha.

Quando o medicamento ficou pronto, usou ofó àse (o poder de invocação) para solicitar que sua flecha fosse atingir a pessoa que tinha comido odideré.

Òsóòsì puxou a corda do seu arco e atirou a seta no topo do céu.

Òsóòsì foi dentro de casa e descobriu que sua flecha tinha perfurado o coração de sua Iyáàgbà (avó).

A partir desse dia os que adoram Òsóòsì o elogiam, dizendo:

Íbà’sè Ode mata.

Que significa:

Louvo o caçador que nunca erra o alvo.

Comentário:

Não importa onde você está indo, a estrada também não importa.

Neste provérbio Ifá diz:

Isto se refere a todos aqueles que se recusam a levar a sério a questão de encontrar o seu destino pessoal.

Òsóòsì no contexto do ritual de Ifá / òrìsà é quem nos leva pelo caminho mais curto e nos coloca em perfeito alinhamento com o nosso destino.

Este conto sugere que aqueles que encontram o seu caminho podem ter o alvo maior sabotado por aqueles que estão mais próximos.

Na história sagrada de Òsóòsì, a avó come o pássaro por causa de sua necessidade pessoal de alimentos.

Ela ignora completamente a importância da relação entre Òsóòsì e seu pássaro.

Em Ifá é por vezes um papagaio treinado que diz determinadas palavras-chave que são essenciais para o ofó àse do áwo (mistério da arte da invocação).

Usando um animal como um instrumento de invocação, há o risco de que a intenção por trás das palavras ditas seja obstruída por pensamentos impróprios.

Nesta história, o papagaio é a fonte do àse (poder espiritual) de Òsóòsì, sugerindo que Òsóòsì usou odideré para preparar o medicamento colocado na sua flecha. Sua avó comeu o pássaro por causa de suas necessidades imediatas e este ato tem um efeito negativo sobre a capacidade de Òsóòsì em preparar sua medicina (magia) no futuro.

A raiva sobre esta indiscrição fez de Òsóòsì um míope que faz uso de seu poder contra a fonte desconhecida de sua raiva.

Quando você diz a oração, você se sente justificado em sua ação.

Quando você descobrir quem foi o responsável pela morte do papagaio estará passando por uma tristeza profunda.

Isto sugere que o desejo de justiça nem sempre traz o resultado desejado.

Como Òsóòsì é o fator chave na colocação das pessoas em seu caminho rumo ao seu destino, ele tem um papel central na aplicação da lei contra essas forças que bloqueiam o processo de transformação espiritual.

É Òsóòsì que traz a verdade sobre quem está a apoiar o nosso crescimento e é quem impede nosso crescimento.

Òsóòsì traz essa verdade não importa o quão doloroso possa ser.

Como caçador habilidoso o papel da Òsóòsì é conhecer, compreender e invocar os espíritos da floresta como um fator preliminar no processo de viver em harmonia com o mundo.

Quando os òrìsà foram trazidos da África para o hemisfério ocidental, os devotos invocaram Òsóòsì, o que permitiu ao òrìsà iniciar o processo de alinhamento espiritual com as forças que estavam presentes neste novo ambiente.

Isto incluiu o respeito aos antepassados que originalmente viviam no país.

Por esta razão Òsóòsì tornou-se associado com os espíritos nativos do ocidente servindo como guardião.

Àse.

Por Fatunmbi.

 

Tela cedida pela artista plástica Aislane Nobre- Salvador – Bahia

https://www.facebook.com/aislane.nobre?fref=ts

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As Escrituras Sagradas do Corpus Literário de Ifá estão guardadas nos poemas/èsè (conjunto de informações/ensinamentos) dos 256 Odù. Um destes ensinamentos transcrito abaixo revela o quanto Olódùmarè estava preocupado com o livre arbítrio dado ao ser humano (Orí ode).

No omo Odù em questão ele fala da impaciência.

E por que Deus estaria preocupado com este quesito?

Creio que ser impaciente é perder de vista coisas simples e importantes, é ficar entretido com detalhes menos importantes e deixar de focar no principal.

Òrúnmìlá diz: O meu é importante.

Eu digo: O meu também é importante.

Mas, que realmente é importante para você?

A roupa, os convites, o local da cerimonia, os convidados, o horário, a limpeza do ambiente, a pontualidade, a ornamentação do salão, a beleza das pessoas, o corpo sarado, a grife?

Alguns destes itens, todos ou nenhum?

O que é importante?

Devemos fazer um exercício diário sobre este tema, buscar se conhecer, conhecer o que estamos cultuando, conhecer a energia de nosso òrìsà, buscar aprender a usar nossa magia, nossas palavras (ofò), nossas rezas e oríkì.

Porém, devemos ter paciência, não aprenderemos tudo em um único mês ou ano. Existe um processo lento e gradual, mas, firme em seus propósitos de evolução.

O que é importante?

Odù Òkánrán’ Ìrosùn

Omo sùúrù, (filho da paciência) isto é o que todos deveriam ser.

Ifá diz:

“Não amaldiçoe seu destino, porque você sabe exatamente o que você possui, mas ainda não sabe o que você vai ter, talvez, você venha há ter o seu caminho e o seu destino de uma forma muito diferente”.

Estes foram os que lançaram Ifá para Impaciência no dia que ela estava muito insatisfeita com o seu destino.

Disseram-lhe para ter cuidado e não ser apressada.

Porque quem muda o destino sem pensar (consultar Ifá), corre o risco de piorar as coisas!

Ifá diz que esta pessoa não deve correr em círculos.

Não deve comportar-se como uma cabra na extremidade de uma corda.

E esta pessoa deve sorrir e simplesmente sobreviver aos maus tempos e esperar o bom tempo chegar.

Ifá diz:

Parece que nada acontece, mas você não pode esperar um trovão quando o céu está azul e na estação da seca, com certeza, não choverá.

Use este período de estagnação criativamente e ganhe força para quando a boa chuva (bom tempo) chegar!

Ifá diz:

Faça sacrifício, a fim de estar preparado para dançar selvagemente (com alegria) quando a música começar novamente.

A importância da paciência (sùúrù)

Obgè’yonu – Ogbè Ògúndá

No òrun, Igún (abutre) estava agindo como o filho de Olódùmarè.  Um dia, Igún adoeceu.  Ele estava fraco, magro e de aparência frágil.  Ele foi a Olódùmarè para se queixar sobre o seu estado de saúde.

Olódùmarè mandou Igún seguir para o mundo e que ele iria encontrar o remédio para seus males na terra. Igún desceu ao mundo.

Por outro lado, Òrúnmìlá estava na terra.  Ele tinha duas mulheres que viviam com ele.  Ele era pobre e nenhuma das mulheres tinha qualquer problema com ele.  Era muito difícil para Òrúnmìlá comer uma vez por dia.  Ele e suas duas esposas não tinha roupas boas que pudessem usar.  Eles não tinham boa acomodação para viver Tudo era muito difícil para eles, enquanto na terra.  Ele, portanto, pediu a seus alunos acima mencionados para consulta Ifá.  Que passos ele precisa fazer para ser uma pessoa bem sucedida na vida?

O que ele deveria fazer para as suas duas mulheres engravidar e dar à luz filhos?

Òrúnmìlá estava certo de que ele iria se tornar um homem bem sucedido e que suas mulheres seriam capazes de dar à luz a filhos em tempo oportuno.  Ele foi informado de que ele ia fazer um grande favor para uma pessoa muito importante e que ele não estaria ciente.  Disseram-lhe, ainda, que a pessoa pagaria de volta as boas ações das obras Òrúnmìlá logo depois.  Òrúnmìlá foi então aconselhado a oferecer sacrifícios com cinco galinhas, cinco garrafas de óleo de palma e cinco cabaças novas.  Ele ofereceu uma das galinhas à Ifá por cinco dias como ritual.  Todos os órgãos internos de cada uma das galinhas como intestinos, fígado, moela, e assim por diante – eram para ser removido, colocado dentro de um recipiente, com uma garrafa de óleo de palma e levado por ele para o santuário de Èsù Òdàrà que era a encruzilhada de três pontas, isto foi feito a cada dia durante os cinco dias.  Òrúnmìlá obedeceu e fez como lhe foi recomendado.

Enquanto isso, quando Igún chegou a Terra, ele desembarcou em uma encruzilhada de três pontas próximas à casa de Òrúnmìlá.  Ele conheceu o sacrifício que Òrúnmìlá acabara de colocar lá.  Èsù Òdàrà convenceu Igún a comer o sacrifício.  Igún fez e descobriu que seu problema de estômago desapareceu de repente.  No dia seguinte, Òrúnmìlá repetiu o sacrifício.  Igún comeu e percebeu que a fraqueza na perna direita também desapareceu.  O terceiro dia, ele comeu o sacrifício oferecido por Òrúnmìlá e a doença em seu membro direito desapareceu.  No quarto dia, a enfermidade na pata esquerda desapareceu.  No quinto dia, ele comeu o sacrifício e a doença em sua pata direita desapareceu.  Igún tornou-se totalmente bem no quinto dia.  Foi então que ele percebeu que sua doença foi causada pela falta de alimentos.  Igún então perguntou a Èsù Òdàrà sobre a identidade da pessoa que o alimentou por cinco dias.  Èsù informou a Igún que este era Òrúnmìlá.

No dia seguinte, Igún voltou para o òrun e informou a Olódùmarè que ele estava totalmente curado e que foi através da comida fornecida por Òrúnmìlá que ele conseguiu a cura.  Olódùmarè disse então a Igún que não era bom para Igún negar a si mesmo.  Ele não deveria pular suas refeições novamente.  Igún concordou.

Igún disse a Olódùmarè que ele (Igún) gostaria de retribuir a Òrúnmìlá a boa ação que havia sido feita.  Olódùmarè entregou a Igún quatro presentes: riqueza, longevidade, filhos e paciência a fim de que Òrúnmìlá escolhesse um.  Olódùmarè disse que Òrúnmìlá não deveria escolher mais de um destes presentes e que Igún deveria retornar com os três restantes para o òrun.

Igún retornou a terra e foi direto para a casa de Òrúnmìlá com os quatro presentes.  Ele agradeceu a Òrúnmìlá pelo favor que este lhe fizera.  Essa foi a primeira vez que Òrúnmìlá soube que o sacrifício que ele ofereceu era o responsável por fazer Igún recuperar sua saúde.  Depois de muitas brincadeiras, Igún disse a Òrúnmìlá que ele (Igún) tinha vindo pagar-lhe de volta a suas boas ações e que ele, Òrúnmìlá, deveria escolher apenas um dos presentes conforme as instruções de Olódùmarè.

Òrúnmìlá convidou as suas duas mulheres para deliberação.  Ele perguntou a esposa mais nova o que ele deveria escolher entre riqueza, vida longa, filhos e paciência e a razão pela qual deveria fazê-lo.

A esposa mais nova escolheu riqueza.  Quando lhe perguntaram por que, ela respondeu que se ele escolhesse a riqueza, eles teriam recursos suficientes para comprar bons vestidos, bons móveis e os mais recentes materiais na cidade.  Ela também afirmou que seria fácil para eles construir uma casa nova, comprar um cavalo novo e ser capaz de comer e beber o que quisessem a qualquer momento.

A mulher mais antiga foi convidada a escolher um dos quatro presentes e dar razões da sua escolha.  A mulher mais velha escolheu filhos.  Ela alegou que se os filhos fossem escolhidos, ele seria contada entre aqueles que haviam dado à luz a muitos filhos em sua vida.  Ela disse ainda que quando ela morresse, haveria alguém que lhe daria um enterro digno.  Para ela valeria mais do que qualquer outra coisa e seria uma realização em vida.

Òrúnmìlá convidou seu amigo (Èsù) para lhe aconselhar sobre qual escolha fazer.  O amigo aconselhou vida longa.  Quando perguntado por que, o amigo respondeu que se ele escolhesse a longevidade, ele seria capaz de viver mais tempo do que qualquer outra pessoa na terra.  Ele seria capaz de narrar histórias que nenhuma outra pessoa poderia narrar.  Ele seria a pessoa mais respeitada da cidade por causa de sua idade.

Òrúnmìlá, em seguida, chamou seus alunos para consultar Ifá para ele pela segunda vez.  Durante a consulta, Ogbè’iyonu (Ogbè Ògúndá) foi revelado.  Os estudantes disseram a Òrúnmìlá para escolher Paciência.  Quando perguntado por que, eles simplesmente responderam:

Ifá diz que a pessoa idosa que teve paciência seria a pessoa que havia começado tudo.

Òrúnmìlá agradeceu a todos os presentes e escolheu Paciência.

Igún voltou para o òrun com os presentes restantes.  As duas mulheres protestaram e começaram a brigar com Òrúnmìlá.  A esposa Mais nova disse que todas as coisas boas da vida iriam se perder porque Òrúnmìlá tinha feito uma escolha errada.

A mulher mais velha disse que Òrúnmìlá deveria ter escolhido filhos, pois nada era maior do que filhos.  As duas mulheres começaram a discutir.  Ambos ficaram com as suas razões de escolha.  Logo depois, uma briga se seguiu e começou a luta.  Eles lutaram, até que cansaram.  Sempre que as mulheres se queixavam de Òrúnmìlá, ele simplesmente dizia-lhes que quem tinha paciência poderia começar tudo.

Riqueza ficou cansada de viver no òrun sem Paciência, depois de três meses Riqueza foi a Olódùmaré para pedir autorização para ir viver com Paciência na casa de Òrúnmìlá.  Olódùmarè concedeu o pedido.  Com ela Òrúnmìlá tornou-se rico.  Ele poderia comprar muitas coisas e sua esposa mais nova tornou-se feliz.

Pouco depois, Filhos foram a Olódùmaré para pedir autorização para ir e ficar com a Riqueza e Paciência.  Olódùmarè concedeu o pedido.  As duas mulheres ficaram grávidas.  A mulher mais velha ficou muito feliz.  Nove meses depois, as duas mulheres deram à luz bebê saudáveis.

Um tempo depois, Longevidade foi a Olódùmarè e pediu permissão para ir viver com Riqueza, Paciência e Filhos.  Olódùmarè concedeu o pedido.  Òrúnmìlá que havia escolhido Paciência, em seguida, tornou-se rico, com muitos filhos, vida longa e paciência como bônus.

Òrúnmìlá e sua casa tornaram-se assim felizes, ricos e contentes.

Eles estavam cantando e dançando e dando louvores a Olódùmarè por dar-lhes todo o Ire da vida.

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