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Archive for Março, 2013

Koori – Aawon – Jewesun

Aawon – Òrìsá caçador cuida das folhas, dos jovens / crianças e Koori Konkoto a esposa do caçador e Òrìsá Olórì akewe – chefe dos jovens.

Não são òrìsà encontrados em uma aldeia, de modo que ele / ela podem ser facilmente encontrados na floresta.

Itan Koori.

Àgan-o-ríbi (àgan = mulher madura; o-Ribi = sem filhos, estéril) foi uma mulher que queria desesperadamente um filho.

Ela foi ao Bàbáláwo para consultar Ifá, ele sugeriu que ela ficaria melhor se não tivesse filhos.

Ela insistiu e ele recomendou um programa de ebo e outros rituais.

Foi longo, mas ela fez tudo.

Eventualmente, ela teve um filho, mas ele tinha uma ponta na cabeça.

Quando ele cresceu, ela também descobriu que ele era mudo.

Ela manteve-o dentro de casa e escondeu-o para mantê-lo seguro.

Quando ele se tornou uma criança de 5 anos.

Ela foi para o mercado um dia depois de dizer-lhe para não sair de casa.

Ele observou as crianças da vizinhança brincando por um tempo, depois saiu para se juntar a eles.

As crianças o receberam e tocaram nele, ele parecia estranho e como era mudo não falava.

Quando Agan-o-ribi chegou a casa na volta do mercado, ela ficou horrorizada.

Ela o trouxe de volta para casa e supôs que seria o fim dela.

Errado.

Logo as crianças do bairro ficaram em frente de sua casa chamando seu filho de:

 “O menino com o chifre na cabeça” para vir brincar com eles.

Os pais começaram a olhar para ele.

Seu baba disse-lhe que a única maneira de mantê-lo seguro seria deixá-lo na floresta.
Ela assim o fez.

Agan-o-ribi visitou-o tantas vezes quanto podia sempre sozinha.

Um dia, ela não pôde encontrá-lo.

Ela nunca deixou de procura-lo.

Os espíritos da floresta estavam cuidando dele.

Um dia um caçador o encontrou.

Aawon, o caçador, perguntou como ele passou a viver no mato.

Ele descobriu que a criança não falava ou não podia falar.

Aawon levou a criança para a cidade e o nomeou Jewesun (pessoa que come folhas no jantar).

Ele era uma criança boa, que conhecia os segredos da floresta, animais e pássaros. A esposa de Aawon, Koori, cuidou dele.

Koori também era estéril.

Ela foi até o Bàbáláwo e este lhe disse que ela precisaria fazer sexo com uma pessoa muito jovem para ter filhos.

Quando perguntado sobre quem, ele disse que ela precisava ter relações sexuais com um garoto com um chifre na cabeça.

Quando ela voltou para casa, Koori fez avanços sobre o jovem.

Demorou um pouco para ele entender a mensagem de Koori, mas quando ele entendeu a mensagem, ele se recusou com honra.

São abuso sexual contra uma criança estas coisas, é contra a norma social e seus valores religiosos, você terá o Òrìsá chateado com você.

Ou será a própria cultura falando?

Koori ficou com raiva.

Aqui está este desconhecido que eu alimento e cuido e ele não quer me ajudar.
Ela decidiu mandá-lo embora.

Koori esperou até um pouco antes de seu marido voltar da caçada e Jewesun foi presenteado com um anel e ela o persuadiu a usá-lo.

Ela deu-lhe um pano para dormir (para se cobrir quando tivesse sono).

Quando Aawon chegou a casa, ele viu Jewesun coberto com o pano que ele e sua mulher geralmente dormiam.

A coberta supostamente seria para ser usada somente por eles.

Koori disse que Jewesun era um menino mau.

Ela disse que ele tentou me estuprar, porém eu resisti.

Ele me obrigou a dar-lhe o nosso anel e tomou o nosso pano de dormir.

Aawon perseguiu-o de volta para a floresta.

Jewesun voltou a uma vida natural.

Ele estava familiarizado com a floresta e era capaz de viver lá sem muitos problemas.

O chefe dos caçadores da cidade de Ilerá viu Jewesun na floresta e persuadiu-o a voltar para a cidade com ele.

Quando eles chegaram à cidade, o rei, o Alárá de Ilerá tinha acabado de morrer.

Os Bàbáláwo locais disseram estar procurando um estranho, um morador da floresta para ser o novo rei.

Os guerreiros vasculharam ao redor e descobriram que o chefe dos caçadores acabara de trazer um estranho para a cidade.

Eles foram até ele e encontraram Jewesun em sua casa.

Eles o trouxeram de volta ao palácio.

Quando ele chegou, eles tentaram limpá-lo, então, eles descobriram o chifre em sua cabeça e que ele era mudo. Eles disseram que não se poderia ter uma pessoa deformada como rei. Os mais anciãos disseram, que se deveria encontrar uma maneira de retirar o chifre e torná-lo capaz de falar.

Eles o fizeram.

Jewesun tornou-se um bom rei.

Enquanto isso, Koori e Aawon estavam tendo um momento ruim.

Eles não tiveram filhos, estavam sem comida e sem respeito.

Eles pediram ao Áwo local para divinar para eles e ele disse que tudo isto foi acontecendo com eles porque ela tinha “feito mal a um estranho”.

Eles precisavam propiciar Ògún e encontrar Jewesun para pedir desculpas e levá-lo de volta.

Depois que propiciassem Ògún, o problema deles poderia ser resolvido.

Para propiciar Ògún, eles teriam que pedir a todos os caçadores da região para participarem de uma festa que eles protagonizariam.

Haveria batuques, comida e dança.

No final da festa, Aawon foi perguntado por que eles precisavam de um ebo tão grande.

O que eles fizeram a ponto de precisar pedir a pessoas que eles nunca viram se reunirem em uma festa?

Aawon contou a história de Jewesun e como eles lhe haviam feito mal.

O chefe dos caçadores da cidade de Ilerá perguntou:

Esse menino tinha um chifre na cabeça?

Sim.

Esse menino era mudo?

Sim.

O chefe dos caçadores da cidade de Ilerá disse, eu sei quem é este rapaz, mas ele é o rei da cidade de Ilerá, você não pode convencê-lo a sair de sua cidade.

Aawon foi para a cidade de Ilerá.

Ele foi levado ao rei.

Jewesun perguntou se ele o reconhecia Aawon disse que não.

Jewesun disse que o chifre foi retirado e agora ele podia falar, mas que ele era a mesma pessoa em seu interior, como sempre.

Jewesun disse a Aawon que sua esposa havia mentido.

Eu nunca me aproximei dela, de modo que ela mentiu para me causar problemas com você.

Aawon não ficou feliz ao ouvir isso.

Os anciãos / conselheiros da cidade de Ilerá queriam decapitar Aawon por causa do mal que ele tinha feito ao seu rei.

Jewesun disse que não deveriam decapitá-lo por um ato de maldade.

Eu quero recompensá-lo porque ele me ajudou quando até a minha própria mãe me abandonou. Jewesun deu-lhe roupas e contas.

E o mandou para casa.

Ele também enviou pessoas para protegê-lo no caminho, como agora, ele tinha uma grande riqueza, ele poderia cuidar para que ele não fosse atacado no caminho de volta..

Aawon não queria voltar para sua esposa, ele agora a conhecia como uma mentirosa.

Uma vez que eles não poderiam trazer Jewesun de volta à cidade, eles jamais seriam bem sucedidos, eles não seriam capazes de alimentar ou ter filhos.

Eles teriam que constantemente viver da caridade da aldeia ou de Jewesun.

No caminho de volta para casa, Aawon disse aos guardas que estava indo ir defecar e entrou na floresta.

Ele tinha uma medicina de seu ancestral com ele e comeu um pouco.

O medicamento incluía yam batido (inhame pilado) e erva de Otrupon. (Òtúrúpon méjì).

O chão se abriu e o levou.

Os guardas comentaram que ele estava demorando muito e foram procurar por ele.

Ele já estava com meio corpo afundado quando o encontraram.

Logo, ele desapareceu em um jorro de água.

Eles chamaram o rio que se formou de: Rio que produz a água que nós bebemos na cidade.

Os guardas foram até a aldeia para contar a esposa de Aawon o que havia acontecido e devolver-lhe as riquezas, mas ela também havia desaparecido.

Ela tinha decidido que não poderia suportar olhar para seu marido ou para seu filho adotivo no olho.

Ela tomou o remédio de sua família, recostou-se contra a parede de tijolos de barro e desapareceu. Ambos Aawon e Koori tornaram-se òrìsá.

Aawon e Koori são os òrìsá dos jovens.

Ela cuida de filhos de outras pessoas.

Ela também é capaz de reformar maus filhos.

Uma vez por ano, todas as crianças sob seus cuidados vão ao rio com bananas, vegetais e cocô.

Eles trazem muita comida e bebida e todas as crianças da cidade comem, bebem e dançam.

A cidade inteira vai até o rio, como sempre tem um monte de comida e bebida sobrando, deixam toda a comida perto do rio e Konkoto, o menor pássaro da Nigéria, vem e come as sobras.

Algumas dessas aves podem entrar nas casas para viver com eles.

É por isso que os nomes Koori e Konkoto são usados ​​indistintamente para este òrìsá.
Não existe uma cidade ou vila que Koori não esteja em lugar de destaque.

Ela é encontrada em toda parte.

Se existem filhos, Koori sempre existirá.

O Alárá de Ilerá (rei de Ilerá) tem um chifre em sua coroa.

Os reis de Ilerá não seguem uma linhagem (não há sucessão familiar).

Os órfãos são filhos de todos nós.

As pessoas que não podem ou não tem filhos devem cuidar de outras crianças. Famílias de acolhimento são boas.

Nada pode tomar o lugar de um pai, mas um pai adotivo é melhor do que uma instituição.
O mundo inteiro não é uma família, porém, é uma aldeia.

Ègbé são as crianças que não nasceram com a gente.

Somente uma fração de nós nasce.

Nós brincamos juntos no céu antes de alguns de nós virmos a terra.

Eles ainda interagem com a gente.

Videntes são capazes de interagir conscientemente com o Ègbé òrun.

Ègbé Ogbà – para aqueles que não estão aqui.

*Será òrìsá Ègbé um òrìsà menor?

*Alguns òrìsà tem esta denominação de ‘menor’, por não ter um culto ‘famoso’, poucos adeptos e/ou iniciados. Convém afirmar que não é uma colocação pejorativa ou diminutiva.

Koori é a òrìsà da juventude e da vida, mas, como para viver não basta respirar, seu àse confere um sentido à existência de seus devotos, facilitando o processo pelo qual cumprirão seu bom destino. É protetor das crianças, especialmente das crianças Àbìkú. Todas as pessoas são constituídas de energias positivas e de energias negativas, mas em alguns casos o peso de elementos como dificuldades, teimosia e desgraças é acentuado. Koori é cultuado para romper com estas desgraças, trabalhando ao lado de Ègbé òrun e de Ibeji para manter os Àbìkú na Terra. Ao lado de Egúngún e de Ifá, atua para corrigir o mau destino de um devoto e para neutralizar um fluxo energético passageiro, mas nocivo.

Koori atua em questões relacionadas à fertilidade e a sobrevivência.

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Eu ontem na Jurema

V Kipupa Malunguinho 2010. Foto de Pedro Stoekcli Pires. (22)

Ontem eu fui a uma Jurema tocada nos ilús, maracás, com fumaça de cachimbos, de charutos, chapéus de palha, bebida jurema pra saldar esses mundos de tantos encantados, muita dança pra poeira subir e muitos mestres bons e mestras boas no ponto dançando e dando seus recados.

As festas do culto da jurema são bem isso: alegria e “ciência”, sorrisos e seriedade, onde mestres e mestras cantam, dançam – mas também falam sério –  aconselham, cumprimentam e ensinam. A minha sensação é que este culto junta as diversas influências recebidas aqui no Nordeste e ao assistir um ritual imediatamente me remeto aos índios sertanejos, aos negros trazidos e aos brancos com suas crenças. A Jurema representa assimilações de cultos e crenças forasteiras e a construção de uma nova identidade sem desrespeitar as suas primeiras raízes.

A Jurema soa a mim identificação, pois, no meu caso, lembra os costumes alimentícios que a minha família trouxe do interior e que persistem até hoje, as comidas de origem indígena tendo a macaxeira como base de inúmeras delas, me lembra também meu avô pilando café torrado no nosso imenso pilão, ele anotando a receita da bebida da jurema para ser guardada para eternidade, me lembra meu avô também rezando o meu olho doente pedindo uma cura, lembra minha avó rezando o ofício da Nossa Senhora da Conceição aos sábados, me lembra seu Zé Filintra dançando o coco e chamando pra dançar com ele as mulheres do salão. A Jurema me lembra todo esse sincretismo, todas as comunicações que culturas e crenças tiveram e se uniram num culto onde ambas não se excluem e convivem harmoniosamente em suas demonstrações rituais através de muita sabedoria.

Há quem apele para o “purismo”, há quem defenda a preponderância única de uma só raiz. Há quem não considere cultura como uma construção sempre em movimento, sempre andando de modo que sempre exista, sempre esteja presente no imaginário coletivo. Eu apelo, defendo e considero a Jurema. Do jeito que ela é.

Para mim, Jurema é assim: “quem nunca viu, venha ver” seus mestres, suas mestras, seus ensinamentos, seu gingado, suas cantigas, seus assuntos cantados. Assuntos sempre tão cotidianamente presentes nas nossas vidas. Cantigas que apelam para “sustentarmos o ponto” e não o deixarmos “cair”, e, caso ele caia, que consigamos erguê-lo novamente nos erguendo também. Cantigas que mostram o quanto de fortaleza e até certa brutalidade devemos ter para encarar esse mundo de gente, que mostram que “fumaças contrárias” podem chegar. Mas se por um lado elas enfatizam a necessidade do permanente cuidado com as intempéries, por outro, cantam o amor: o amor que quer se realizar, o amor que decepcionou, o amor que quer se vingar, o amor que fez chorar, o amor amante, o amor atrevido, o amor que recupera, o amor que corre atrás… E as mestras… Ah, estas são especialistas nisso.

Quem nunca dançou, venha dançar; quem não cantou, venha cantar; quem nunca bebeu, que venha bebê-la. O que os meus olhos veem e sentem não chegam aos pés da completude deste culto e por mais que eu conviva e que tenha sido cuidada pela Jurema desde antes de me entender por gente, ainda não consigo descrevê-la minuciosamente em sensações. Só sei que essas palavras juntas não refletem o meu sorriso e o mexido dos meus pés ontem.

Salve a Jurema Sagrada!

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Oòsà Ojà & Aje Sàlugá

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A palavra Ajè pode ser traduzida como Progresso para você, Sucesso para você e Que aquilo que você espera de seu trabalho se concretize.

Ajè Ògúgúlùsò significa:

Ajè Senhora da morada da sorte e das realizações do homem, Senhora do paraíso da riqueza.

Ajè é um òrìsà paciente, próspero, fértil, longevo, sábio, harmonioso, generoso, tolerante, justo e protetor da riqueza do homem (em todos os sentidos), atraindo dinheiro a quem a cultua.

Protetora do progresso defende as pessoas da inveja e de forças invisíveis que impeçam seu desenvolvimento econômico. Favorece o uso sábio do dinheiro e protege as pessoas de receberem “mau dinheiro”, advindo de pagamentos realizados de má vontade ou com raiva.

No Odù Ifá (Odi méjì) ele está nos dizendo sobre Odi fazer amor com a Chefe das mulheres do mercado que é um Òrìsá chamado Oòsà Ojà, que está ligada a divindade Ajè Sàlugá (omo Olókun Sèníadé), esta divindade é um Òrìsá funfun, fala sobre dinheiro e riqueza, o ìgbà deste Òrìsá – Oòsà Ojà – geralmente está localizado no centro do mercado coberto com pano branco, o chefe ou líder de cada mercado é uma mulher cujo titulo é Ìyá lojá ou Ìyá lajé, todos os mercados são geralmente governados por Aje Sàlugá como a divindade que rege o mercado.

Òrìsá Oya detém uma posição importante no grande mercado é muito popular em Òyó até os dias de hoje com base na posição que ocupou no antigo e histórico mercado de Òyó em Koso.

Temos vários versos de Ifá, que dão referência a Oòsà Ojà e Aje Sàlugá como indicado abaixo:

Odi Méjì diz:

Depois de desfrutar e fazer amor com Oòsà ojà,

Outros também queriam fazer amor com ela,

Quando todos ficaram contentes,

Eles começaram a cantar,

Dizendo Oòsà ojà não nos deixar ir,

Doce mel não nos permita deixar o mercado,

Doce mel, (insinuando para a tentação de permanecer no mercado ou se sentindo obrigado a ficar e possivelmente gastar mais dinheiro do que o esperado).

Em algumas cidades onde o culto desta divindade é maior, todas as jovens vão ao mercado, como parte dos ritos de passagem para mulheres jovens, esta é a divindade primordial que tem os rituais realizados, ela simboliza a riqueza, a prosperidade e a fertilidade da mulher.

Ajè se sente (defecar) em minha cabeça (me abençoe com dinheiro, quando se anda na rua e um pombo defeca em você dizemos que é uma bênção de dinheiro),

Quem toca Ajè se torna ‘humano’ (fértil).

Aje dormiu na minha cabeça, quem toca Ajè (recebe bênçãos) age como uma criança (alegria de “ganhar na loteria”).

Ajè eleve-me como um rei (me dê dinheiro / filhos, me faça uma pessoa importante na vida).

J.K. Olupona

Aqui está outro exemplo de como Oòsà Ojà é mencionada em Ifá, quando se fala sobre uma pessoa que está tentando receber uma bênção e foi a tantas divindades pedir apoio e fez muitas ofertas sem resultado e as oferta não foram aceitas.

Ele disse que não sabia que o pai deles é o Egungun da própria casa.

Ele disse que conhecia a mãe que é a deusa do mercado (Oòsà Ojà).

Orí disse que não sabia que ela era a cabeça (Chefe) deles.

E que Ilé é a terra (outra divindade).

Ele não sabia que ele era chamado Olúbòbò-tiribò.

Bàbá ebo (outra divindade mencionada mais a frente).

Mais uma vez, isso nos dá o exemplo de que Ajè Sàlugá governa sobre a maior parte das coisas que gostamos na vida, a saber, as coisas que ela representa (o dinheiro, os filhos e a fertilidade na mulher).

O rei que reside no interior do profundo e majestoso esplendor é o nome de Olókun Sèníadé (portador da coroa mais antiga).

O rei de todo o prazer é o nome de Ajè Sàlugá.

Òsé Gobi, Gobi Ìwòrì adivinhava para Ajè Sàlugá.

O primeiro nasceu de Elépo (pai).

Este último exemplo de Ajè Sàlugá mostra a sua conexão com o mercado ao ar livre, conhecido como um local de encontro e com muito movimento e fluidez, até hoje o mercado é um indicador chave para a economia local.

Esse versículo mostra como essa troca de bens por dinheiro (que às vezes nem sempre é rentável) no final acaba colhendo benefícios.

Odù Ifá Eji Ogbè diz:

A Terra é negra e sempre será negra.

O solo é escuro e sempre escuro.

Torrentes são sempre muito tempestuosas.

Estes foram os nomes do Áwo que adivinhavam para Ajè Sàlugá (a riqueza)

Que é incerto como o oceano.

Os mesmos adivinhos lançaram Ifá para Obìnrín (natureza feminina)

Que é inconstante como o mar.

O mesmo foi declarado para omo (descendência).

Firmes no apoio como pedras no leito do rio.

Eles disseram:

Riqueza pode ir e vir

O mesmo acontecerá com as mulheres.

Mas filhos continuam a linhagem para a continuidade da terra (Olóye Agbolá)

Por Áwo Faloju

Uma de suas lendas a tem como filha de Aládi, uma das esposas de Olókun (em território nigeriano Olókun tem dupla sexualidade, uma vez, reconhecido como energia masculina e outra energia feminina, isto depende da região).

Ajè Sàlugá ou Anabi como é conhecida pelos próprios muçulmanos nigerianos (que consultam Ifá e fazem ebo de prosperidade no inicio do ano novo yorùbá), é uma divindade muito cultuada entre o povo yorùbá, pois se trata de um òrìsá que quando é tratada costuma trazer riquezas e prosperidade aquele que a trata. Ajè é um òrìsá feminino, considerada irmã mais nova de Yemoja, teve seu culto iniciado quando um dos itan de Ifá foi revelado.

Neste itan conta que Ifá se encontrava em uma situação financeira muito ruim, a fome e a necessidade lhe acompanhavam.

Havia uma menina muito feia que diziam ter saído a pouco das profundezas do mar, ninguém gostava dela, ninguém pretendia aceitá-la dentro de casa por não aceitar sua feiura, deste modo ela andava vagando pelos caminhos, ruas e estradas à procura de um descanso.

Um dia Ifá abriu sua porta e se deparou com aquela menina feia e ela pediu estadia, sem pensar duas vezes Ifá como sempre muito generoso, a aceita dentro de sua casa e deu a ela o pouco do que tinha para comer e um lugar para descansar.

Durante a noite Ifá foi surpreendido por aquela menina dizendo que estava querendo vomitar. Ifá preocupado com aquilo providenciou uma tigela e estendeu a frente da menina, mas ela se recusou, então ele a apresentou uma cabaça e obteve recusa, da mesma forma aconteceu quando ele o ofereceu um jarro, o maior que ele possuía em sua casa, mesmo assim ela se recusou a vomitar ali e disse à Ifá: Em minha casa estou acostumada a vomitar em um quarto.

Ifá levou-a para o único quarto que aquela casa possuía e chegando lá mais uma vez se surpreendeu quando viu aquela menina vomitando inúmeras pedras preciosas, azuis, amarelas, branca, de todos os tipos, incansavelmente. Pelo caminho, um homem viu o apuro que Ifá estava passando com aquela menina e perguntou se ele podia entrar para prestar ajuda, quando entrou no quarto onde estavam se encantou com tamanha riqueza que aquela menina deixava pelo chão de Ifá e exclamou:

“Há! Nós não conhecíamos os poderes desta menina, por isso a repudiávamos, e hoje eles estão revelados!”

Este homem disposto a servi-la, colocou-lhe o nome de Ajè Sàlugá. Depois disso todos ficaram sabendo dos presentes que Ajè havia dado a Ifá e todos queriam recebê-la em suas casas.

Ajè tem seu igbá arrumado de forma individual, não podendo ter finalidade de Ojugbó, é pessoal e intransferível.

Conchas, caracóis e outros apetrechos são os instrumentos sacralizados que fazem parte de seu igbá.

Oríkì Ajè.

 

Aki beru loruko ti a npe Ifá

Akiberu loruko ti a npe Odù

Olómo sawe loruko ti a npe Ajè

Ajè ko yawa je ni ile mi o.

Não tenha medo, é o nome de Ifá.

Não tenha medo, é o nome de Odù.

A mãe de Sawe é chamada Ajè (riqueza)

Ajé venha e coma na minha casa.

Ajè venha e esteja comigo em minha vida.

Àse.

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HÁBITO DE ABRIR CICATRIZES NO ROSTO

Antiga prática muito difundida entre os iorubá, hoje em dia já não é tão comum, pois com o desenvolvimento cultural e tecnológico perdeu a finalidade, e tende a desaparecer por completo.
A origem desse costume foi na Nigéria Ocidental (povo iorubá), devido à grande quantidade de guerras que havia na região. Os fulani estavam sempre em guerra com os iorubá, e as próprias cidades guerreavam entre si. No meio de uma batalha uma pessoa poderia matar alguém do seu próprio grupo. Já com as marcas no rosto a identificação tornou-se bem mais fácil, e só eram mortos ou aprisionados como escravos aqueles com marcas diferentes, ou os que não tinham marca alguma.
Outro motivo para as marcas era que os escravos, quando não tinham marcas, levavam no rosto a marca de seu dono.

Os grupos familiares também costumavam marcar o rosto para facilitar a identificação de pessoas da mesma família, ao se encontrarem fora da cidade.
Finalmente, algumas pessoas se achavam mais bonitas com cicatrizes no rosto, para “estar na moda”.
Atualmente os ijebú e os ijesá não cortam mais marcas no rosto dos recém-nascidos. Em Ondo são feitas marcas somente no rosto do primogênito, enquanto em Oyo existem famílias que fazem as cicatrizes até hoje.
Alguns exemplos das marcas usadas nas diversas cidades do grupo iorubá:

1. Àbàjà meta – três marcas horizontais grandes de cada lado do rosto, ou seis  menores.
2. Àbàjà merin – quatro marcas  horizontais grandes de cada lado do rosto, ou oito menores.
3. Àbàjà alagbele – um dos modelos anteriores com mais  três marcas verticais em cima.
4. Pélé – este tipo de marca é feito para embelezar. São três marcas verticais de cada  lado do rosto. Característica da cidade de Ife.
5. Gombo – são três marcas verticais laterais bem grandes de cada lado, da cabeça até ao queixo. São características da cidade de Oyo.

6. Marca da cidade de Ondo – Uma cicatriz vertical,  comprida, de cada lado, na frente do rosto.
7. Marca de Ijebú – Três marcas verticais curtas de  cada lado do rosto.
8. Àbàjà de Egbá – três marcas verticais em cima de três horizontais.
9. Àbàjà de Ijesà – quatro marcas horizontais de cada  lado.
10. Pélé de Èkitì – uma marca  vertical de cada lado do rosto (encontra-se também três de cada  lado).
11. Àbàjà de Èkitì – nove  pequenas marcas horizontais (três a três) com três verticais  acima.
12. Ture – diversas marcas  verticais finas de cada lado.
Ao  encontrar uma pessoa com uma destas cicatrizes, você poderá facilmente  identificá-la como nigeriana.
Tudo  indica que as “curas” feitas nos filhos de santo foram originadas nesse costume,  pois servem também como identificação das pessoas de candomblé.

Pesquisa/texto: Maria Inez de Almeida – Ifatosin

Fotos: Internet

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“A cartilha OKU ABO é uma ferramenta educativa criada pelo projeto OKU ABO – Educação ambiental para Religiões Afro-brasileiras, com o objetivo de resgatar o saber tradicional das religiões afro-brasileiras e promover a preservação do meio ambiente a partir desse resgate.”

Segue o link da cartilha para download com conceitos importantes para o povo de terreiro e dicas extremamente fáceis de serem assimiladas e praticadas por todos religiosos dentro de suas casas.

Lembrem-se: nosso espaço sagrado não se resume apenas ao terreiro, temos uma natureza que dependemos para continuar a nossa religiosidade e fazemos parte de uma sociedade – isto implica, além de tantos outros fatores, conscientizar-se que os espaços públicos são públicos por serem de todos e não de um. Sendo assim, todos, independentemente de crença, têm direito de usá-los e o dever de não danificá-los.

Abaixo o link para a cartilha:

Click to access 173.pdf

Axé.

Dayane

 

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