Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Okô)
Localizada na Av. Vasco da Gama, em Salvador (BA), a Casa Branca do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká é considerada o primeiro terreiro de candomblé da cidade, tendo dado origem a uma série de outros templos afro-religiosos de destaque. É também o primeiro Monumento Negro brasileiro reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1984.
Os africanos que se encontravam ali, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Majestade, tiveram receio da intervenção das autoridades no seu Culto, daí, Iyá Nassô resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro de Culto Africano na Bahia.
Sociedade Beneficente e Recreativa
Mãe Tatá – Altamira Cecília dos Santos, Iyalorixá da Casa Branca do Engenho Velho
A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa o candomblé da Casa Branca, foi fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 2 de maio de 1945 sob nº 15.599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.

Mas já durante a longa travessia do Atlântico, e também ao desembarcar nas águas santas da baía, as nobres matriarcas foram reconhecidas e veneradas pelos seus conterrâneos. Com sua sabedoria ancestral, elas iriam reconstituir na Bahia os locais sagrados destruídos na terra-mãe.E, em pleno centro da capital baiana, fundariam a mais antiga casa de culto africano do Brasil. A tradição oral preservada pelos iorubás aponta o nome de algumas mulheres como sendo as criadoras da Casa Branca, hoje situada no Engenho Velho da Federação.iyá Akalá, iyá Adetá e iyá Nassô são os mais citados.Mas alguns detalhes se perderam com o passar dos séculos e nem mesmo os atuais representantes da casa sabem ao certo quem de fato foi o principal personagem dessa história. No entanto, alguns depoimentos de velhas senhoras do candomblé, registrados por pesquisadores que se dedicaram ao estudo das religiões africanas na Bahia, deixaram pistas que podem contribuir para a revelação do mistério que envolve a fundação do terreiro.O etnólogo Edison Carneiro, que conviveu com antigas mães de santo da velha tradição iorubá, revela o nome das três mulheres, sem, no entanto, identificar qual delas de fato foi a fundadora do terreiro e se atuaram ao mesmo tempo ou se sucederam no poder.Já Vivaldo da Costa Lima, inspirado pelo depoimento da célebre mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá (fundado em 1910), sugeriu que iyá Akalá era mais um título, um “oiê”, de iyá Nassô.Pierre Verger, com base no depoimento de mãe Menininha do Gantois (fundado em 1890), não cita o nome de Iyá Adetá e se refere a iyá Akalá como sendo a primeira mãe-de-santo da Bahia, que seria substituída por iyá Nassô.Para complicar ainda mais, Verger cita um novo nome, Iyalussô Danadana, que teria vindo de Ketu para introduzir o culto a Oxóssi na Bahia. Por fim, há a versão de Roger Bastide, outro etnólogo estudioso das religiões africanas.
Segundo ele, a mãe de Iyá Nassô havia sido escrava no Brasil e depois de alforriada voltou para a África, onde a concebeu. Anos mais tarde, Iyá Nassô teria vindo da Nigéria acompanhada de Marcelina Obatossí, sua sucessora na Casa Branca, com a missão de fundar um candomblé em Salvador.Após 21 anos de pesquisas, o antropólogo Renato da Silveira, autor de artigos sobre a fundação dos terreiros mais antigos da Bahia (e com um livro no prelo sobre a Casa Branca), lança um pouco de luz nessa história até então bastante obscura. Tudo teria começado ainda no país iorubá, no reino de Ketu, durante o governo do Alaketu, Akibiohu, entre 1780 e 1795. De lá vieram alguns integrantes da família real Arô, aprisionados pelos daomeanos na cidade de Iwoye (Iuó-iê), junto com um grupo de cerca de 200 escravos. Entre eles, estavam importantes sacerdotes e também duas princesas, gêmeas, com cerca de 9 anos de idade. Eram netas do Alaketu. Uma delas, Otampê Ojarô – que recebeu o nome cristão de Maria do Rosário Francisca Régis -, foi a fundadora do Terreiro do Alaketu, no Matatu de Brotas, e certamente participou dos rituais de fundação da Casa Branca.Reza a lenda que, ao atingir a maioridade, a princesa foi alforriada pelo próprio Oxumarê, na figura de seu proprietário. Mas, segundo Renato da Silveira, ela era ainda muito jovem quando o terreiro da Barroquinha foi fundado e uma outra sacerdotisa deve ter iniciado os fundamentos de Oxóssi, iniciando a soberania de Ketu na Bahia.Conforme Silveira, iyá Adetá teria sido a sacerdotisa da linhagem Arô a fundar a primeira versão do candomblé baiano, em um culto quase que doméstico a Odé (o caçador, um dos nomes de Oxóssi) e Exu (o orixá mensageiro).Isso teria acontecido não nos fundos da Igreja da Barroquinha, onde mais tarde seria criada a Casa Branca, mas na Rua da Lama (atual Visconde de Itaparica), uma das travessas do bairro próximo à região central de Salvador.SucessãoIyá Akalá pode ter vindo junto com o clã dos Arôs para a Bahia, ou chegado logo depois.
Ela deve ter sido a fundadora do culto a Airá Intile, uma das qualidades de Xangô. Iyá Nassô, por sua vez, era uma das figuras mais nobres do império de Oyó, responsável pelo culto ao orixá do rei, mas é provável que ela tenha chegado em terras baianas somente mais tarde, por volta de 1830, com a missão de comandar a união das diversas divindades africanas em um único templo religioso. Muitos adeptos da casa começam a contar, a partir daí, a história da fundação do candomblé, desde que todos os orixás passaram a ocupar o mesmo espaço sagrado. Em homenagem a esta matriarca ancestral, o título africano da Casa Branca ainda hoje é Ilê Iyá Nassô Oká, a casa de iyá Nassô.Reza a tradição iorubá que iyá Nassô retornaria mais tarde à Nigéria, para reconstituir alguns elementos do culto e provavelmente para adquirir tipos vegetais, minerais e animais necessários nas cerimônias religiosas. Com ela levou sua sobrinha Marcelina Obatossí, e retornou com outras figuras eminentes, que ajudariam a compor na Bahia o cenário dos antigos rituais africanos.Marcelina Obatossí sucedeu sua tia. Em seguida, duas mulheres disputaram o trono do terreiro: Maria Julia Figueiredo e Maria Júlia da Conceição Nazaré. O oráculo de Ifá elegeu a primeira e Maria da Conceição partiu com sua família e aliados para as terras de um antigo casal estrangeiro, de sobrenome Gantois. Também por questões de preeminência, mãe Aninha deixaria a Casa Branca anos mais tarde para fundar o Ilê Axé Opô Afonjá, na roça do São Gonçalo do Retiro.Junto ao Alaketu, eles formam o berço do candomblé de origem iorubá na Bahia. Depois de Maria Júlia Figueiredo viriam Ursulina Figueiredo (mãe Sussu), Maximiana Maria da Conceição (tia Massi), Maria Deolinda, Marieta Vitório Cardoso e Altamira Cecília dos Santos (mãe Tatá), atual ialorixá da Casa Branca, hoje reconhecida como o candomblé mais antigo do Brasil, a matriz dos fatos, lendas e mitos que narram a história de mulheres soberanas, que deixaram seus impérios africanos como escravas para reinarem absolutas na Bahia de todos os santos, com a bênção de seus Orixás.
Monumento negro das AméricasCasa Branca é símbolo vivo da história de resistência de um povo. O monumento a Oxum foi idealizado por Oscar Niemeyer e tem escultura de CarybéTestemunho da história de fé e resistência de um povo, onde sobrevive a riquíssima tradição dos reinos de Oyó e de Ketu, o terreiro da Casa Branca foi o primeiro monumento negro das Américas a ser considerado patrimônio da nação. Mas para compreender seus espaços sagrados é preciso levar em conta os rituais desenvolvidos há mais de 150 anos no local. Cerimônias religiosas que, apesar da opressão policial, se mantiveram fiéis às tradições plantadas pelos ancestrais nagôs.No topo do terreno em declive, ao longe se vê a casa branca, a edificação principal que deu nome ao templo religioso. O barracão, como é chamado pelos adeptos do candomblé, domina o cenário que compõe a “roça” e centraliza os cultos mais importantes; é o cérebro do terreiro. No centro do barracão há uma grande coluna, chamada ixê, culminada por uma coroa de madeira em dimensão monumental, dedicada ao orixá Xangô. O limite da coroa é exteriormente marcado com um oxê – o machado duplo, principal símbolo do orixá da justiça -, e uma quartinha de barro. De acordo com o antropólogo Raul Lody, o ixê funciona como uma espécie de cordão umbilical, um elo permanente com o terreiro e o Orum, que para os africanos representa o céu, a morada dos orixás.Em sua volta, estão dispostos os ilês orixás, as diversas casas de santo, construídas em alvenaria, com seus assentamentos a Exu, Ogum, Oxóssi, Omulu, Xangô, Iemanjá, Iansã, Obá e outras divindades que regem o destino do terreiro. Em espaço contíguo está o peji de Oxalá e, ao lado, ficam os aposentos da ialorixá.
Completando os espaços do prédio estão a cozinha, uma pequena sala ocupada pelos ogãs, os banheiros e o roncó, as camarinhas onde ficam confinadas as noviças no período de iniciação, uma espécie de útero do candomblé que vai gestando suas novas filhas-de-santo.Vegetação ritualAbraçando e acolhendo as divindades africanas, se vê o mato, a vegetação ritual e as imensas árvores sagradas – como jaqueiras e gameleiras brancas – que reservam outros assentamentos, como o do orixá Irôco. Por fim, se vê as habitações da comunidade local, de famílias que há mais de um século ocupam o candomblé, reunindo os mortais aos espíritos ancestrais.Na parte baixa da colina, o visitante se surpreende com uma construção imitando um barco, feito de alvenaria, dedicado a Oxum, um dos principais santuários ao ar livre da Bahia. O povo da Casa Branca gosta de lembrar que a água da fonte de Oxum, onde impera uma sereia prateada, corre até o oceano, onde a orixá das lagoas e rios se encontra com Iemanjá, a rainha do mar. Vale destacar que a Praça de Oxum, como é chamada, foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, e a sereia, pelo artista plástico Carybé.A Casa Branca foi tombada em 1984 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), depois de um esforço conjunto, uma aliança entre intelectuais e adeptos do candomblé, sob a liderança do antropólogo Ordep Serra, que hoje é também ogã (uma espécie de protetor civil) e ex-presidente da Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho, entidade que dá conta de alguns procedimentos administrativos e projetos sociais. Atualmente, a associação é dirigida por Arielson Chagas, o ogã Léo, filho de Aeronithes Conceição Chagas, a mãe Nitinha D”Oxum, uma das ialorixás mais respeitadas do Brasil.Depois da Casa Branca, o Terreiro do Gantois, o Ilê Axé Opô Afonjá, do São Gonçalo do Retiro, o Alaketu, do Matatu de Brotas, e o Bate-Folha – este de nação Angola – também já foram tombados como patrimônio da nação.
O antropólogo Ordep Serra explica que é o simbolismo dos elementos que formam o conjunto e as características do culto que devem determinar as diretrizes da preservação do templo matriz do rito nagô no Brasil. O profundo elo da natureza e sua ocupação espacial pelo imaginário religioso cria um perfeito equilíbrio entre paisagem e arquitetura, compartilhando matas, árvores, riachos e demais marcos naturais que se integram à proposta religiosa e às festas do candomblé.Águas de OxaláAs festas da Casa Branca se iniciam no fim de maio ou início de junho, com a celebração a Oxóssi, o onilé, pai do terreiro. Depois, acontece a festa de Xangô, dono do barracão. Já na última sexta-feira de agosto, é realizada uma das mais belas cerimônias: as Águas de Oxalá, rito de purificação que prepara a casa para as cerimônias de todo o período festivo que se intensifica a partir de setembro.Nas primeiras horas da manhã, ainda madrugada, as filhas-de-santo seguem vestidas de branco em procissão até a fonte dedicada a Oxum. As sacerdotisas carregam vasos, potes e outros artefatos de barro, enquanto cantam e dançam ao som dos atabaques. Após encher os vasos de água, as mulheres voltam, em fila, com seus potes nos ombros. O ritual tem uma pausa e depois continua à noite, com uma longa festa no terreiro. Os três domingos seguintes às Águas de Oxalá são dedicados a Oduduá (orixá da criação), Oxalufan (Oxalá velho) e Oxaguian (Oxalá jovem).Na primeira segunda-feira após esse ciclo, o orixá Ogum é celebrado, e, na segunda seguinte, Omolu. O ciclo de festividades termina no final de novembro, com várias cerimônias de iniciação, tributos a Xangô e a Oxum. No dia de sua celebração, o grande barco é enfeitado de amarelo e dourado, onde são depositados as iguarias africanas em oferenda à orixá. Nenhuma dessas festas pode ser fotografada ou filmada no interior do candomblé, por ordem expressa de sua governante, a iyalorixá Altamira dos Santos, filha de Oxum que representa a mais antiga linhagem de mães-de-santo. Uma linhagem de mais de dois séculos.
Que representa 200 anos de resistência e tradição. E de orgulho para toda uma civilização.Perseguição e mudançasAfricanos da Casa Branca foram expulsos do centro da capital e se mudaram para a roça do Engenho VelhoA Bahia estava passando por profundas transformações naquele meado de século XIX. Desde então, a Barroquinha não seria a mesma, passaria por reformas, e não haveria mais espaço para as comunidades negras ali instaladas, tão próximas da sede do poder local. Era preciso fazer uma limpeza geral, “modernizar” era a palavra de ordem entre os governantes. Por volta de 1850, um ano antes de iniciar as obras na região, as autoridades decidiram acabar com aquelas reuniões tidas como “bárbaras” e “primitivas”. Profanaram os locais sagrados e expulsaram de vez os africanos e seus orixás do centro da capital. Seria preciso reconstituir um novo templo longe dali, onde os atabaques pudessem clamar por suas divindades distante dos ouvidos e olhares opressores das autoridades vigentes. Nasceria a Casa Branca do Engenho Velho da Federação.Embora os cultos africanos fossem terminantemente proibidos na Bahia de outrora – a liberação definitiva só foi assinada pelo governador Roberto Santos. Em 1976 – a presença do candomblé na Barroquinha conviveu com a passagem de alguns governos, uns mais permissivos, como o do famoso Conde dos Arcos; outros mais intransigentes, a exemplo do temido Conde da Ponte. Em qualquer caso, todos os rituais eram feitos às escondidas, ou pelo menos disfarçados pelo sincretismo religioso que ganhava força na Velha Bahia. As duas principais festas comemorativas da fundação do candomblé fazem referências aos orixás mais venerados: Oxóssi, o senhor da terra, e Xangô, o regente da casa. A primeira acontece no dia de Corpus Cristhi, e a segunda no dia de São Pedro, datas em que não seriam necessários maiores pretextos para os banquetes africanos e a batida dos tambores.Quando as festas para os orixás não eram mascaradas pelo sincretismo, os rituais religiosos eram praticados em segredo absoluto para escapar da repressão. Reza a tradição iorubá que, para realizar o culto de Xangô em sigilo, os adeptos da Casa Branca construíram uma passagem secreta sob uma árvore oca, atingida por um raio.Lá, os altares sagrados poderiam ser cultuados e as oferendas realizadas de maneira discreta e preservada.
Segundo contam, o subterrâneo secreto deixou de existir, assim como outros que haveria por ali, quando o terreno foi aplainado e as árvores sagradas extraídas, durante a reforma da área.Ataque policialNo centro da cidade, o terreiro ficava próximo ao Palácio dos Governadores, ao Mosteiro de São Bento e ainda do Solar do Berquó, na época residência de um dos desembargadores do Tribunal da Relação. Temendo um ataque policial, as sacerdotisas arrendaram as terras do Engenho Velho, longe do governo central.Mas, segundo Pierre Verger, estudioso do assunto, antes de chegar na Avenida Vasco da Gama, onde ainda se encontra, o terreiro mudou-se por diversas vezes, “passando inclusive pelo Calabar, na Baixa de São Lourenço”.Depois desse episódio, todos os templos africanos seriam construídos nos arredores da antiga Salvador, onde as cerimônias poderiam ser realizadas de maneira mais discreta.Foi durante o governo do Visconde de São Lourenço, entre 1848 e 1852, que os negros da Casa Branca seriam de uma vez por todas expulsos da Barroquinha.Em 1851, a “modernidade” chegou à capital, com a urbanização da área e pavimentação da Baixa dos Sapateiros, antiga Rua da Vala, por onde esgotos corriam a céu aberto. Alguns anos antes, vários levantes de escravos foram deflagrados em Salvador, até que em 1835 se deu a sangrenta Revolta dos Malês, organizada pelos negros muçulmanos. Era mais um pretexto para desmobilizar os encontros entre os africanos na Bahia. Iyá Nassô, tida ainda hoje como a principal matriarca da história do terreiro, partiu com os seus súditos para plantar o axé na então distante roça do Engenho Velho, “no Rio Vermelho de baixo”. Dizem que foi o lendário babalaô Bamboxê Obticô, avô do saudoso Felizberto Sowzer, uma figura importante na reconstituição dos cultos e rituais perdidos no tempo. Sobre Yá Nassô, se sabe que ela morava na Rua das Flores, no Pelourinho, e era comerciante de carnes no Mercado de Santa Bárbara. Mas, já no Engenho Velho, as autoridades novamente tentaram calar os tambores e cânticos africanos da Casa Branca. Uma reportagem publicada no antigo Jornal da Bahia, de 3 de maio de 1855, faz alusão a uma reunião na casa de Yá Nassô que teria sido interrompida por uma diligência policial: “Foram presos e colocados à disposição da polícia Cristovão Francisco Tavares, africano emancipado, Maria Salomé, Joana Francisca, Leopoldina Maria da Conceição, Escolástica Maria da Conceição, crioulos livres; os escravos Rodolfo Araújo Sá Barreto, mulato; Melônio, crioulo, e as africanas Maria Tereza, Benedita, Silvana… que estavam no local chamado Engenho Velho, numa reunião que chamavam de candomblé”.Pierre Verger destacou o nome de Escolástica Maria da Conceição, não muito comum, com o qual seria batizada, mais de três décadas depois, a famosa mãe-de-santo Menininha do Gantois.
Isso indica que provavelmente os pais de Menininha também faziam parte ou pelo menos freqüentavam a Casa Branca no período em que ocorreu a ação policial. Mas o fato é que os adeptos da Casa Branca resistiram a mais de dois séculos de vigilância repressora. E em tom de discurso, as palavras do elemaxó do terreiro, Antônio Agnelo Pereira, revelam o sentimento de orgulho comum aos filhos e filhas do candomblé mais antigo do Brasil:”Sim, nossa gente tem sofrido muito. Lutamos contra o cativeiro e continuamos lutando contra outras injustiças, sempre com dignidade. Até há pouco nosso culto era perseguido com cruel violência, mas resistimos. Ainda hoje, há quem despreze nossas tradições, nossa religião, tratando-a, por exemplo, como simples folclore, por ignorância ou preconceituosa má vontade. Isto não nos impede de manter a herança divina que recebemos”. Sociedade paralelaHomens proeminentes e `mulheres do partido alto´ criaram organizações secretas de negros na BahiaO culto a Babá Egum é um traço da presença do Estado paralelo criado pelos iorubásDepois de criar as irmandades e confrarias religiosas, e de incorporar novos rituais proibidos pelas autoridades locais, os africanos ligados à Casa Branca seriam ainda mais audaciosos, inaugurando as chamadas “sociedades secretas”. Com a chegada de mais e mais líderes nagôs à Bahia escravocrata, o candomblé mais antigo do Brasil passaria a constituir uma espécie de organização paralela à dos brancos do Novo Mundo. Adaptadas aos rigores da clandestinidade, as sociedades secretas representavam o poder ancestral exercido pelos soberanos da mãe África sobre seus súditos baianos.Entre as sociedades secretas criadas pelos negros ligados à velha Casa Branca, a mais importante foi a Ogboni, na visão do antropólogo Renato da Silveira.Ela representava, na Bahia, o conselho de ministros do alto escalão do império de Oyó e de outros reinos iorubás. A sociedade Ogboni estava acima das demais associações e até mesmo dos clãs, defendendo o interesse da sociedade e servindo como poder moderador do Alafin (imperador). Era uma espécie de corte de justiça do país iorubá, responsável pela manutenção da paz, da ordem e pela determinação do consenso nas decisões políticas.A sociedade Ogboni era dirigida por um conselho de seis êssas, chamados de Aramefá na Bahia. Algumas decisões importantes, como o arrendamento das terras da Barroquinha na virada do século XVIII, podem ter sido de sua responsabilidade.Mestre Didi, filho da célebre mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, se refere à presença do Aramefá como um conjunto composto por homens consagrados “com postos na Casa de Oxóssi”, existente ainda nos anos 30.
O líder da Ogboni era o Oluô, cargo que na Bahia foi ocupado por Bamboxê Obticô, africano que desempenhou papel fundamental na criação da Casa Branca e na história dos chamados “terreiros de tradição Ketu”.O antropólogo Pierre Verger cita o nome dos demais êssas: Assiká (ou Axipá, filho de Oxóssi ou Ogum), êssa Oburô (filho de Xangô), êssa Kayodé (Oxóssi), e ainda os êssas Ajadi, Adirô e Akessan, servidores de outros orixás importantes presentes no candomblé e também do culto de Babá Egum, o espírito dos mortos. Silveira revela que os êssas baianos eram ex-escravos alforriados que chegaram a prosperar na sua atividade e conquistar prestígio e destaque nas irmandades religiosas, sobretudo a de Bom Jesus dos Martírios, recebendo ainda títulos honrosos no candomblé da Barroquinha.GueledésJá as sociedades Iyalodê e Gueledé eram formadas apenas por mulheres e representavam a influência feminina nas organizações africanas reconstituídas na Bahia.As iyalodês, explica Silveira, foram originárias dos reinos de Ibadan e Abeokuta. O título era o mais elevado que uma mulher poderia alcançar nessas cidades, significando “senhora encarregada dos negócios públicos”. As iyalodês baianas, portanto, defendiam os interesses das negras que se tornaram comerciantes, e assim conseguiram fama e dinheiro depois de alforriadas. Na Velha Bahia, elas ficariam conhecidas como “as mulheres do partido alto”.Reverenciar os poderes unicamente femininos era a missão da Sociedade das Gueledés, originárias do reino de Ketu. Na Bahia, as gueledés tinham as mesmas funções de origem, exaltando a fecundidade e a magia dos rituais matriarcais. No terreiro na Barroquinha, em seguida no Engenho Velho, e mais tarde em outros pontos da cidade, elas faziam os chamados Festivais gueledés. Um par de máscaras usadas pelas mulheres da sociedade secreta, pertencente à coleção do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e provavelmente apreendido durante uma diligência policial, revela o caráter carnavalesco das festas promovidas pela associação, com o objetivo de ridicularizar a violência e exaltar a paz entre as nações.Durante alguns anos, a mãe-de-santo Maria Júlia Figueiredo (Omonikê) acumulou os títulos de iyalodê, de ialaxé das gueledés, de ialorixá da antiga Casa Branca e ainda de provedora-mor da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a principal instituição das mulheres iorubás, ativa ainda hoje na cidade de Cachoeira. Era Maria Júlia Figueiredo, portanto, a representante suprema das matriarcas africanas. Através dos ritos misteriosos das sociedades secretas, os adeptos do candomblé criaram na Bahia um novo estado iorubá, extinto após longo período de repressão. E sua existência está intimamente ligada ao mito da criação do candomblé mais antigo do Brasil.”Embora tenham perdido o grande poder que representavam na África, esses títulos mantiveram a solenidade e a legitimidade, pois, adaptados às condições locais, foram atribuídos de acordo com méritos, preceitos, ritos e costumes tradicionais, reconhecidos e praticados pela diáspora nagô-iorubá, que começava a tomar consciência de si como nacionalidade”, observou Renato da Silveira.
Do Estado paralelo criado pelos iorubás, ficaram apenas vagas lembranças, cânticos cerimoniais e alguns títulos ainda hoje usados, além de máscaras e outros objetos de culto, alguns apreendidos durante a repressão policial que se deu na Bahia, sobretudo nos anos 20 e 30 do século que passou. No entanto, alguns rituais se mantiveram até os dias de hoje, como o culto a Babá Egum, com presença marcante, sobretudo, em candomblés da Ilha de Itaparica. Único panteãoAncestrais africanos foram cultuados no mesmo templo pela primeira vez na BahiaNo Terreiro da Casa Branca eles se encontrariam pela primeira vez, discretamente, para não atrair os olhares vigilantes e repressivos das autoridades locais. Cultuados separadamente em seus reinos de origem, os orixás africanos seriam invocados em um só lugar, na Bahia, pelos negros escravos trazidos para o recôncavo. Por razões de proeminência, em um meticuloso acordo político e espiritual, os fundadores do candomblé mais antigo do Brasil implantariam em Salvador os cultos a Oxóssi, Xangô, Oxum e Oxalá, os quatro pilares de sua fé, representando os quatro cantos do país iorubá.Enquanto o povo de cada reino iorubá mantinha seus cultos orientados às diversas qualidades de um único orixá, na Casa Branca, quando esta ainda funcionava nos fundos da Barroquinha, foi criado o xirê – a roda dos orixás -, permitindo que as santidades fossem reunidas em um único panteão. Mas não por acaso.O início dessa história começa ainda na África, em meados do século XVIII, quando o reino do Daomé (atual República do Benin) inicia sua expansão sobre o território iorubá. Ao passo que os daomeanos invadiam e saqueavam as cidades, profanando os locais sagrados e deixando seu rastro de destruição por onde passavam, os prisioneiros iorubanos eram feitos cativos e vendidos em um dos movimentados portos da Costa da Mina (também conhecida como Costa dos Escravos). De lá, milhares deles viriam para Salvador.Mais do que saudades do seu canto, cada povo trazia na lembrança os rituais sagrados do orixá protetor de seu reino. Assim, à medida que os daomeanos avançavam sobre os iorubás, novos povos iam chegando, com novas características religiosas. Em pouco tempo, o litoral da velha Bahia se transformaria num espelho demográfico da Costa da Mina. Com a fundação do primeiro candomblé do Brasil, seria necessário, portanto, que ele representasse as diferentes nações que a partir de então passaria a integrar.E foi o que fizeram os criadores da Casa Branca.Em segredo absoluto, homens e mulheres africanos pertencentes às irmandades negras do Bom Jesus dos Martírios e de Nossa Senhora da Boa Morte plantariam os fundamentos de cada orixá na terra de todos os santos.
O primeiro a chegar foi Oxóssi, do reino de Ketu. Invocado por seus súditos, ele veio e ocupou a terra, recebendo por isso o título de onilé. Mais tarde, Xangô – cultuado no reino de Shabé e Oyó – tomaria conta da casa, do barracão principal, recebendo o título de onilê. A esposa de Xangô, Iansã, também viria com os oyós.Anos depois Oxum e Oxalá também ganhariam assentos privilegiados, representando a nação Ijexá e o povo de Ifé, capital espiritual dos iorubás.Panteão sagradoNão se sabe ao certo quem foi o responsável direto pela união de todos os orixás em um único panteão sagrado. Na tradição oral dos seguidores da Casa Branca se perdeu esse importante detalhe histórico. Mas dois nomes despontam como os mais prováveis; dois homens entre muitas mulheres, dois grandes sacerdotes que vieram para Salvador exclusivamente para participar da reconstituição religiosa que se daria na Barroquinha. Um deles, possivelmente criou o xirê, inaugurou a roda dos orixás, a principal novidade de culto fundada pelo terreiro baiano, e que, anos passados, seria seguida pelos seus filhos e filhas.Os protagonistas dessa história são Babá Assiká (ou Axipá) e Bamboxê Obticô. Ambos vieram da África para ajudar na fundação do terreiro. Os dois têm o título de êssas (ou uêssas), que revelam serem ministros do conselho de Ketu, altos oficiais iniciados no culto a Oxóssi.De acordo com o pesquisador Vivaldo da Costa Lima, Bamboxê significa “ajuda-me a segurar o oxê”, sendo oxê o machado duplo, a ferramenta ritual de Xangô. A tradição afirma que Bamboxê era um membro da família real, um príncipe de Oyó, reino devastado pela guerra a partir dos anos 1830, data em que muitos afirmam ter sido fundado “oficialmente” o terreiro na Barroquinha. Ainda hoje sua memória é exaltada no Padê, a cerimônia de abertura do candomblé da Casa Branca, como êssa Obticô.No Brasil recebeu o nome “branco” de Rodolpho Martins de Andrade e, além de ter sido um dos possíveis criadores da roda dos orixás, participou da iniciação de importantes mães-de-santo da Bahia, como a de Aninha, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá.Atualmente seu corpo descansa em um jazigo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, depois de ter sido transladado do Cemitério Quinta dos Lázaros, onde foi sepultado primeiramente.
Na sua lápide é possível ler: “Jazigo perpétuo – Rodolpho Bambocher.- Felizberto Sowzer e família – 1926”. RegistrosSobre babá Assiká, o outro homem que deixou seu nome na lembrança da tradição oral que narra a fundação da Casa Branca, existem pouquíssimos registros. Dois etnólogos franceses, estudiosos dos candomblés da Bahia, fazem referência ao seu nome: Roger Bastide e Pierre Verger. Bastide afirma que babá Assiká veio à Bahia em companhia de iyá Nassô, considerada a fundadora de fato do terreiro que hoje leva seu nome, passando por seu escravo para aqui cumprir sua missão. Para Verger, Assiká teria sido o fundador propriamente dito do terreiro. Nos cânticos do Padê da Casa Branca, quando são saudados os seis êssas fundadores do axé, “os senhores do rito”, babá Assiká é o primeiro a ser lembrado, sugerindo sua maior antiguidade, de acordo com Juana Elbein dos Santos, outra estudiosa do assunto. Para o antropólogo Renato da Silveira, babá Assiká formou todos os demais, inclusive Bamgbose, e sua missão era organizar a mudança que estava por ser feita a partir de 1830. E essa mudança chegaria para valer. Uma mudança feita em sigilo, com coragem, magia e tradição ancestral. Com a sabedoria das lendárias iya Nassô e Marcelina Obatossí, com a autoridade de babá Assiká e Bamboxê Obticô, e com a ajuda de muitos outros africanos anônimos, os orixás enfim tomariam assento nas terras sagradas da Bahia, primeiro na Barroquinha, de onde foram expulsos pelas autoridades. Mas depois, em definitivo, no Engenho Velho da Federação, onde permanecem ainda hoje, zelando pelo seu povo fiel.
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Ègbé,
Uma homenagem as grandes matriarcas do candomblé brasileiro.
Dia Internacional da Mulher!
Àwúre!
Um belo trabalho de pesquisa que ainda provoca muitas duvidas.
Quem fundou essa Casa?
Antes ou depois da mudança?
Quero apenas salientar que no final do texto há uma menção ao mais velho sendo saldado primeiro. Na cultura yorùbá o mais velho é saudado por último. Assim é no sirè, na idade dos gêmeos e etc.
Creio que Rodolpho Bamgbose tem um papel, muito mais que fundamental nessa história toda.
Como a história verdadeira nunca vai sair de dentro da Casa Branca, deixemos os antropólogos, pesquisadores e historiadores cuidarem dessa parte midiática.
Mo juba Obìnrin
Mo juba Baba Fernando.
Boa tarde,
Uma bela homenagem a aquelas que a cultura machista proclama ser o sexo frágil. Numa época de perseguição ferrenha, mulheres, com ajuda dos orixás, evidentemente, se firmaram como religiosas num universo completa e totalmente adverso a elas, como mulheres, pobres, negras, escravizadas, ou alforriadas, desprestigiadas socialmente… Mas conseguiram, se homens contribuíram, que é provável, mas foram elas as cabeças, não é a toa que a religião dos orixás é essencialmente feminina.
É um texto histórico muito rico.
Os pesquisadores afirmam, que com o enfraquecimento da escravidão no Brasil, século XIX. A Igreja Romana tomou as rédias da Igreja aqui no Brasil, antes, conforme acordo, estava nas mãos do Imperador. Agora ela envia pra cá Irmandades Religiosas tipo: Filhas de Maria, Sagrado Coração de Jesus e outros para suplantar as dos negros: São Benedito… E os negros, que antes faziam seus rituais sorrateiramente dentro da Igreja dos Pretos (Rosário) Goiana-PE tem uma. Passaram a abandonar a Igreja e fundar clandestinamente as Casas de Candomblé, isso ocorreu motivado por esse fator, segundo estudiosos. Em Pernambuco, Recife foi em 1875, Tia Inês; em Pelotas, se não me engano, foi no século XIX e Maranhão também, se Salvador foi do século XVIII, foi um caso a parte.
Maravilhosa explanação sobre nossa historia e herança religiosa. Parabens e kolofe.
Mário,colaborando, eu ainda acredito que o pós abertura das casas de Àse, se tornou um marco político e um fincar de bandeiras sem fim.
Elas não tinham onde e em quem mandar (eram sacrificadas ao extremo), quando conseguem uma ponta de poder, arrastam tudo que podem para debaixo de suas saias, não entregam o poder dos Ile Àse na mão de ninguém e para finalizar não põem osù (adoxo) na cabeça dos Oye e das Ajoye.
Tá criada a máxima do Candomblé, uma mãe faz mil Ekeji e Ogan e mil Ogan e Ekeji não fazem um sacerdote.
Se eles não tem não podem dar (Fari).
Essa é a minha visão, meus estudo e minha verdade.
Se alguém tiver outro argumento estou pronto a conservar.
Ire alaafia
Carmem agradecemos as palavras.
Kolofé Olorun
Ègbé,
O post A origem do candomblé é simplesmente uma colaboração cultural maravilhosa do Àse Bangbose Obitiko. As grande matriarcas negras são responsáveis por tornar um culto familiar nigeriano em RELIGIÃO. Graças a elas estamos aqui e agora, estudando, ensinando e aprendendo sobre os Orixás e a Origem do Candomblé no Brasil. No candomblé existe liturgia e conceito iniciático, a base do saber está em entendermos o papel de cada um dentro do ritual, respeitar a hierarquia e seus poderes conferidos por Orunmilá. As saias das iyabás resguardavam sua dignidade que muitas vezes eram postas à prova. Um Ogan e uma Ekedi são também pai e mãe dentro de suas funções, tomam suas obrigações, tem seus Oyes e são respeitados. Tratamos nosso pai e nossa mãe ekedi com o mesmo respeito que tratamos nossos zeladores, nossos mais velhos. Os verdadeiros OGANS E EKEDIS estão satisfeitos com seu posto, e se perguntarem se são felizes, não exitariam em momento algum em afirmar que adoram servir Os ORIXÁS, portanto o adôxu não lhes dizem nada. Muitos iyawos tomam obrigação de 7 anos tornan-se egbomi e não tem posto de Babalorixá ou Iyalorixá, não tem direito a deká ou cuia de direitos, alguns até ocupam cargos irrelevantes dentro de uma casa. Cabe tão somente a Orunmilá a sentença máxima, aí sim, do destino de cada um dentro de uma casa religiosa de Candomblé Ketu Nagô no Brasil.
Mojubá Iya Nassô, Iya Detá, Iya Kalá, Iyalussô!
Axé.
Ègbé,
Atualizei o post com mais informações e fotos sobre a Casa Branca do Engenho Velho, o Ilé Àse Ìyá Nasò Oká. A origem do candomblé no Brasil.
Mò Jubá Bàbá Asiká – Oluwo – Rodolpho Bangbosè – Felizberto Sowzer e Mãe Tatá – Altamira Cecília dos Santos, Iyalorixá da Casa Branca do Engenho Velho.
Axé.
Boa tarde, pai Fernando!
O Asese tem particularidades, isto é, de um filho de Oyá é de uma forma, de Yemonja é de outra, pois ouvi falar em Ijala que é específico dos de Ogun, ou entendi errado?
Um abraço.
Boa tarde, Pai Fernando!
Minha pergunta não está em consonância com o texto acima, mas gostaria de saber se há diversidade na ritualística do Asese, isto é, para cada filho de um orixá, há particularidades, se de Ogun é de uma forma, de Yemonja é de outra… O ijala, disseram-se que são cânticos do Asese dos filhos de Ogun, então há Aseses?
Um abraço.
Mário,
Existem particularidades sim, respeita-se alguns interditos de cada um e para Ogan e Ekedi é específico.
axé.
Peço licença para divulgar a page do mais novo afoxé de São Paulo: Afoxé Omo Korin para mais informações nos siga na pagina no Facebook ou no instagram
https://www.facebook.com/Afox%C3%A9-%C3%92m%C3%B3-Korin-196877360673502/?pnref=story
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Agradeço desde já
ola! Gosto muito do site
Pai Fernando D’Osogiyan seu texto sobre a historia de nosso povo é lindo. Cada vez que leio nossa historias me faz chorar, sinto as dores da escravidão na pele e nossa queridas princesas matriarcas sofreram tanto, tanto, só com a força da Fé nos Grandes Orixas para conseguirem atravessar todos esses anos com firmeza, força e mostrando ao povo o que realmente é a Verdadeira Religião de Nações , qual a função de todas; porque elas se reuniram e tomaram a decisão de quem seria a fundadora, quem voltaria para trazer mais força e qual ficaria na atenção com o povo. Te mando um abraço forte e carinho , com muito Axé .
qual é a doutrina do candomblé ?,quanto são no mundo,pessoas? quantos são no BRASIL, belo horizonte, obrigado.estas perguntas é para puc minas gerais, tenho mais 6 perguntas,,,,trabalho de cultura religiosa.
Georges vamos lá:
quanto são no mundo,pessoas?
Não tenho a minima ideia, em nossa terra mãe (Nigéria) somos 5% da população.
quantos são no BRASIL,
Acredito que a resposta pode ser encontrada no site do IBGE.
Ire alaafia
Boa tarde, gostaria de sabe em relação a hierarquia dentro do candomblé, se já existia antes do processo de colonização ou se isso se fundamentou após a chegada ao Brasil com a origem do candomblé??? gostei muito do artigo acima, tirou algumas dúvidas, achei bastante interessante, desde já agradeço pela atenção e aguardo um retorno.
Marilia temos um texto aqui no blog: As 16 Leis de Ifá, que são milenares, ela coloca a hierarquia em seu devido lugar.
Quando os primeiros escravos chegaram ao Brasil, a ordem hierárquica já existia dentro das tribos e dentro da religião de cada região do continente negro.
Os cargos dentro do candomblé, são um pouco diferente na nomenclatura africana, porém, são cargos afins.
A colonização contribui com a confusão que vivemos até hoje, onde juntamos os santos católicos e fazemos referência aos nossos òrìsà.
Ire alaafia