Ese Ifá de Òwónrín’ Ìrètè
Introdução
Òpè kute
Foi o Áwo que lançou
Ifá para a Tartaruga
Que sobe na palmeira
No dia em que iria coletar
Frutos no campo de Ailerolodún
Ele que levou o Áwo à casa da riqueza
É o mesmo que leva
A casa da pobreza
Que é a casa do pai
Da tartaruga
Iton
Aqui está Alabahun (Tartaruga) seu pai se dedicou a colher Eyin (fruto do Ikin).
Quando Alabahun cresceu, também se dedicou a mesma profissão. Ele foi com seus Áwo para saber se ele iria prosperar em sua profissão e eles lhe disseram que ele teria que realizar ebo, disseram que teria que oferecer uma de suas ferramentas de trabalho no ebó. Alabahun tinha dois machados e ele ofereceu um no ebó como lhe disseram seus Áwo.
Depois de realizar o ebó, ele foi trabalhar com o único machado que restava. Quando chegou ao lugar onde se encontravam as árvores de palma, começou a trabalhar cortando os ramos de Eyin e quando havia somente um ramo em uma palma que se encontrava na beira do rio, Alabahun começou a cortar a penca e quando estava cortando o machado saiu de mão e caiu dentro do rio. Alabahun ficou chateado quando seu machado caiu no rio e disse:
Por que foi cair logo agora, quando faltava apenas uma penca para retirar?
Como vou me fazer se não terminar de colher e completar meu trabalho?
Alabahun desceu da palma para tentar encontrar seu machado e entrou na água, a correnteza o puxou e o arrastou até uma aldeia dentro da água. Nesta cidade, a maioria dos habitantes eram mulheres, muitas mulheres e de várias tonalidades de pele, dudu (negras), fun fun (brancas), pupa (rosadas), ayirin (várias cores) e também muito dinheiro, uma incalculável soma de dinheiro. Ao cair, Alabahun, naquela cidade, as pessoas daquele local não tinham um líder e já lhes haviam dito que eles encontrariam uma pessoa de fora da comunidade (um estrangeiro) que iria ocupar este posto.
Por isso quando Alabahun chegou a esta cidade, todos os habitantes foram atrás dele e o agarraram e Alabahun não sabia o por que. Ele se assustou pensando que ele seria agredido e disse:
O que eu fiz para vocês?
Elas o levaram e o sentaram no trono do rei e ali lhe deram dinheiro, mulheres e etc.
Nesta cidade não havia nenhum homem e Alabahun havia sido o único que havia chegado a este lugar.
Eles disseram à Alabahun que naquele povoado elas tinham uma proibição, que era comer Eyin (fruto do Ikin). Elas levaram Alabahun ao pé de uma palma de Eyin e aquele tipo de Eyin não era o que ele conhecia, este era muito grande. O rei desta cidade não podia comer Eyin. Ele foi advertido que se ele comesse aquele fruto, as consequências iriam ser terríveis.
Eles lhe impuseram esta proibição. Ele podia entrar em qualquer parte do palácio, porém existia uma casa onde ele não podia entrar. Este era o quarto menor do palácio. Assim o tempo se passou, até que um dia, ao saírem todos do palácio e Alabahun ficou sozinho, ele se perguntou:
Por que não posso comer Eyin, se este sempre foi o fruto do meu trabalho?
Ele disse:
Eles são tão bonitos e tão grandes!
Eu vou provar um!
Ele foi e comeu um, porém, ele pegou outros e os levou para seu quarto real para continuar comendo. Como Alabahun estava desfrutando do Eyin, Èşù o induziu dizendo:
Não vê que rico é o Eyin que disseram para você não comer?
Então, vê aquele quarto que te disseram para não entrar?
O que você está esperando para entrar nele!
E desta forma Alabahun foi induzido por Èşù, entrou no quarto e ele viu que ali estava a raiz da palma de onde havia caído seu machado e ao seu lado estava sua ferramenta.
(Aqui vemos o trabalho de Èşù em cima de nosso caráter, lembre-se que discutimos este tema e não houve muita concordância de sua parte, rindo)
Quando ele foi nomeado rei, suas roupas sujas foram tiradas e elas também estavam ali.
As pessoas da cidade agarraram Alabahun e o mandaram outra vez para fora, com a mesma roupa e sem nenhum dinheiro.
O que leva um Áwo a riqueza
Também leva um Áwo a pobreza
Que é a casa do pai da tartaruga.
Este Eșé Ifá explica como Alabahun teve a riqueza por meio de ebo que os Áwo realizaram, porém, ao mesmo tempo os mostra que tão importantes é o respeito ao tabu, pois, ainda que o ebo tenha lhe trago toda riqueza, ele rompeu com o tabu e isto o levou novamente a mesma pobreza que ele já havia vivido com muito sofrimento.
De que valeu o sacrifício feito, se não respeitou as proibições?
De nada.
Por esta razão é que explicamos que tão importante é conhecer e realizar os sacrifícios e mais importante ainda é respeitar os tabus ditados por Ifá.
Muitos sacerdotes tanto de Ifá como de Òòșà (Òrìșà), são consagrados (iniciados) corretamente na religião, porém, muitos não conhecem seus èèwò e o que é pior, os conhecem e não os respeitam.
E quando seus assuntos começam a dar errado, com certeza sua vida se tornará um calvário.
O respeito aos tabus (èèwò) deve ser levado muito a sério, para que sua vida não se torne um rio de lamentações.
Os sacerdotes de Ifá e Òòșà, devem levar isto muito a sério, para ter uma vida mais tranquila e com menos inconvenientes, pois, se os ebo nos levam a prosperidade, o respeito ao tabu nos faz manter esta mesma prosperidade.
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