Precisamos falar um pouco sobre internet e aprendizado sobre Candomblé.
As religiões de matriz afro-brasileira vivem numa nova era com costumes muito diferentes da época do processo de desenvolvimento do culto aos orixás no Brasil. Hoje temos, diretamente falando, a internet que é uma ótima fonte de pesquisa e, se bem utilizada, pode proporcionar um bom conhecimento sobre a história da religião.
A internet possui livros de pesquisadores, informações históricas e também possui muita informação inventada. Certo dia eu soube que uma casa que se diz de matriz Angola segue o dvd de tal doté na sala do seu Candomblé. Fiquei sem entender nada: por que uma casa de Angola faria isso e por que qualquer casa sequer faria isso.
Há uma geração e egbons e zeladoras e zeladoras que tem se formado simplesmente no google. Leem lendas que não sabem a veracidade, muitas criadas e vendem como itans para mostrarem que sabem algo e usam termo yorubá para legitimarem o conhecimento. Como se isso fosse possível… Infelizmente há tantas pessoas leigas por aí que estes tipos de religiosos acabam fazendo carreira.
Internet ensina sobre Candomblé. Qualquer adolescente pode fazer um bom trabalho escolar sobre utilizando-a como ferramenta de pesquisa, mas internet não ensina Candomblé. É insano, estapafúrdio, isso de comprar dvd pra copiar roda. É insano decorar tantas lendas se você não sabe o objetivo do itan de onde ela foi tirada ou modificada.
Por que será tão difícil fazer aquilo que se aprende no seu barracão, valorizar o conhecimento que você levou tantos anos e tantas atribulações para adquirir? Por que é mais fácil chutar pra longe o conhecimento ancestral da tua raiz e escolher algo que você nunca viu, mas acha mais “divertido”, “bonito”, “fechante” ou seja lá o que for?
Antigamente quando alguém iniciado falava algo era perguntado logo “Qual é o axé desse?”, “Ela é filha de quem?”. As pessoas pediam referência porque palavra bonita qualquer um pode ter, mas conhecimento legítimo ainda é pra quem respeita as suas próprias raízes.
Atentemos!
Axé
Egbon Dayane de Oyá
Dayane mukuiu! Eu adoro saber mais sobre o Candomblé e nossos amados Orixás e demais entidades. Por favor podes-me indicar livros acerca do Candomblé, Exu(povo de rua), Orixá, Nação de Angola, Ketu, tudo o que involve a nossa espiritualidade e que nos acresente algo. Por favor. Eu até agora, li e gostei – “Orixás – Encanto e Magia – O Despertar” do autor Gil Belo
Sábias palavras. Simples claro e objetivo. Como tem eu ser.
Obrigado
Muito bem! Muito bom! Awre
Enviado pelo meu Windows Phone ________________________________
Muito bom texto, Dayane.
Você abre para uma ótica que deve ser muito pensada e repensada. Outro dia defendi num post do Fernando (acho) que a Internet pode ser, sim, uma fonte de agregar novos conhecimentos, mas desde que aprendidos e usados com cuidado. Mal comparando, é como ler o jornal e acreditar piamente no que está escrito sem usar o bom senso ou uma visão crítica do que está sendo passado. Na faculdade, uma vez ouvi de um professor, que o bom jornalista é aquele que, quando recebe uma pauta para matéria, pergunta ao editor: “escrevo contra ou a favor? ” Isso me fez mudar bastante a forma de como eu recebo a informação.
Concordo com você de que a forma tradicional é a que deve ser usada, e de que devemos passar por tudo que uma boa iniciação nos propõe antes de sairmos por aí passando pra frente o que “sabemos”.
Hoje em dia é tudo virtual demais… Desde amizades até fatos e boatos…
Vivamos mais nossas raízes e aprendamos sobretudo com os mais velhos.
Obrigado pelo ponto de reflexão. Muito axé!
Boa noite.Mokoiu,sábias palavras Dayane,Pessoas como você é que não deixam a chama da fé e esperança se apagar.
lindo texto Dayane totalmente para uma ótima reflexão para todos que usam esta ferramenta da Internet. Muita luz. Vlatima
Isso é realmente fato. Muito complexo encontrar uma Casa com raiz. No RJ tem de tudo um pouco, desde Asés que foram tomados na justiça até pessoas sendo iniciadas à distância por R$100,00 (cem reais). Pior do que isso só escutando papos de iniciados, são “verdades” infundadas que deixam claro a falta de visão das próprias pessoas.
PRECISO DE AJUDA TENHO RECEBIDO VÁRIOS ENTIDADES QUE NAO SEI AINDA QUEM SAO TENHO MEDO QUE PODE ACONTECER COMIGO.
________________________________ De: Candomblé Enviado: quarta-feira, 14 de setembro de 2016 01:41 Para: minie.guimar@hotmail.com Assunto: [Novo artigo] Precisamos falar um pouco sobre internet e aprendizado sobre Candomblé
Dayane posted: “Precisamos falar um pouco sobre internet e aprendizado sobre Candomblé. As religiões de matriz afro-brasileira vivem numa nova era com costumes muito diferentes da época do processo de desenvolvimento do culto aos orixás no Brasil. Hoje temos, diretament”
Primeiro gostaria de parabenizar a todos do site! Que é realmente maravilhoso!
Entrei no Candomblé há pouco e aguardo condições financeiras para feitura. Gosto muito de aprender e também o que aprendo gosto de repassar! Eu tenho uma dúvida, se alguém puder me esclarecer agradeço.
Se uma pessoa se confirma Ekedi em uma casa de Ketu e queira se mudar para uma casa de Angola o que acontece? Tem que começar do zero e fazer tudo novamente? Até porque pelo que sei, no Ketu não raspa e Angola sim. Tenho essa dúvida. Obrigada e parabéns a todos! Axé!
Nine,
O cargo de Ekedi está ligado a um Orixá, portanto, será para sempre Ekedi deste Orixá, mesmo que mude de nação. Na outra nação poderá ocupar o cargo de makota, mas, para isso deverá ter passar pela liturgia da nação Angola e todos os rituais inerentes ao cargo se assim o zelador entender. Na minha visão, começa sempre do zero seja em qualquer nação.
Axé.
Sr. Fernando! Muito obrigada pelos esclarecimentos e a disposição de sempre nos ajudar! Muito legal! Axé, Axé e muito Axé!!! Abraços a todos!!!
Daiane parabéns pelo ótimo texto. Fugindo um pouco do tema, mas como o assunto é aprendizado na internet, vou aproveitar pra partilhar aqui alguns livros pra download LEGAL que encontrei essa semana. São em maioria referentes à arte, muito bonitos. Para quem curte pesquisa acadêmica sobre nossas raízes é um prato cheio.
Axé
http://www.metmuseum.org/art/metpublications/African_Ivories?Tag=&title=&author=&pt=0&tc=F786FD28-A9EE-469A-85DD-A35DAA07ABCD&dept=0&fmt=0#about_the_title
http://www.metmuseum.org/art/metpublications/Art_and_Oracle_African_Art_and_Rituals_of_Divination?Tag=&title=&author=&pt=0&tc=F786FD28-A9EE-469A-85DD-A35DAA07ABCD&dept=0&fmt=0
http://www.metmuseum.org/art/metpublications/Echoing_Images_Couples_in_African_Sculpture?Tag=&title=&author=&pt=0&tc=F786FD28-A9EE-469A-85DD-A35DAA07ABCD&dept=0&fmt=0
http://www.metmuseum.org/art/metpublications/Kongo_Power_and_Majesty?Tag=&title=&author=&pt=0&tc=F786FD28-A9EE-469A-85DD-A35DAA07ABCD&dept=0&fmt=0