Ipeté D’Oxun.
Ipeté é o nome de uma comida especial do Orixá Oxun e que também dá o nome a festividade dedicada a Oxun que comumente chamamos de Ipèté D’Oxun. Essa cerimônia acontece sempre após 8 ou 16 dias após a grande festa anual de Mãe Oxun, normalmente da Iyalorixá de Oxun ou uma Egbon antiga que tenha tomando obrigação. Na verdade o Ipeté é uma festa de congraçamento, finalizando um ciclo, pois não há sacrifícios de animais, não há o ritual do Ipadê de Exú. O candomblé se caracteriza pela harmonia, a beleza e todo o encanto de mãe Oxun, a grande protagonista que convida à todos e elegantemente oferece o Ipeté. O Candomblé tem o mesmo formato com as cantigas básicas e tradicionais de abertura de Casa começando o xirê em Ogun indo até a roda de Oxun. Neste momento todos esperam pela chegada de Mãe Oxun que chegará fulgurante de energia trazendo muita alegria a todos na Casa, alguns outros Orixás também marcarão presença na chegada de Oxun e o convidado especial de Mãe Oxun é o guerreiro Ogun que será paramentado com seu mariwo para dançar as cantigas do Ipeté sendo saudado e homenageado pois foi Ogun que indicou o ixú que é fundamental na magia do Ipeté, com cantigas de orô ligadas a Ogun puxadas pelo alagbê de Oxun. Orin:
“Ipeté Ògún Já Ògún té dèró”.
“Ipeté akún yan Ode mò dèrò A járe o Ofé”
Folha: Abre caminho-Hydrocotyle,
A lenda do Ipeté – o Ìtòn
Oxun encontrava-se com problemas no ventre e isso lhe causava dificuldades para engravidar, Mas era do desejo de Oxun engravidar; Diante dessa dificuldade ela decide consulta Orunmilá. Orunmilá diante do problema de Oxun lhe ofereceu uma ajuda, Indagando que ela deveria seguir um preceito e nesse preceito ela deveria oferecer comida a todas as Oxun, todas as irmãs; Oxun lhe disse que era impossível, pois cada uma comia uma coisa e sem muito pensar Orunmilá lhe respondeu : Se esforce, tens que criar um prato onde todas irão comer! Oxun então responde: Mas como? Orunmilá de pronto lhe responde: você vai procurar uma estrada que parece não ter fim, caminhará e caminhará, algum tempo depois encontrará um homem que lhe presenteará com um fruto! Oxun ficou meio desconfiada, mas era a única maneira de se livrar do problema, então, Oxun no primeiro raiar do sol, no dia seguinte, saiu a procura dessa estrada, passou por matas, rios, caminhos de pedras e ventanias.. Mas no fim encontrou a estrada, e tornou a caminhar, parou e descansou, mas voltou a caminhar… Até que avista um homem, parado na estrada, esse Homem era Ogun.Ogun ficou espantado de ver Oxun ali, pois todos sabiam que Oxun não saía de seus rios pra quase nada, ficava sempre no rio esperando os presentes e se banhando… Ela não gostava de sair de seu palácio de águas e naquele momento ela estava alí em uma estrada quente e sem acomodação! Com esse espanto de Ogun ele lhe pergunta: O que lhe traz aquí Oxun? E Oxun conta a Ogun o que lhe passava. Então Ogun vai até a beira da estrada e colhe um fruto chamado Ixú (inhame) e entrega a Oxun e lhe diz para preparar uma comida chamada Ipeté, a comida que acalma, e entregue as suas irmãs. Oxun lhe pergunta: O que quer em troca? E Ogun muito encantado com a beleza de Oxun lhe responde: Nada! Você só terá apenas que sustentar sobre o seu Orí e sob a panela de Ipeté a folha de Abre-Caminho, e não esqueças de acomodar todos os Okutas de suas irmãs sobre o Ipeté. Oxum ouviu atentamente as recomendações de Ogun e seguiu as suas orientações; pouco tempo depois nascia Logún-edé (O filho querido de Oxun)
Após o orô dedicado a Ògún, o cortejo de mãe Oxun adentra o barracão ao ritmo do Ijexá com a firme marcação dos agogôs, as ajôies de Mãe Oxun ajudam a trazer o Ipeté sobre a rodilha do abre caminho (ewé lorogún) para ser servido no centro do barracão nas conchinhas de Oxun, (igi odán) folha em formato de coração dedicada a Oxun. No final da cerimônia Mãe Oxun vai dançar e aproveita para agradecer abraçando os convidados, filhos dando adobale, iká e depois lentamente vai embora com todos cantando:
Orin:
“Lewá, Lewá, Lewá, Oxun a dé àwa omi s’orò
Lewá, Lewá, Lewá, Oxun a dé àwa omi s’oró”
Tradução:
“Linda, linda ,linda, Oxun entre nós vem das águas consagradas”.
Salve mãe Oxun:“Rora yèyé ó fi dé rí omon”
Uma muda, Folha onde é servido o Ipeté. Polyscias scutellaria- Àbèbè kó (ipeté de oxum, falso abebê)
http://gunfaremim.com
Texto: Fernando D’Osogiyan
Boa tarde, pai Fernando!
Texto muito bom. Existem pessoas que adicionam ao ipeté, ovos, peixe, isso tem fundamento?
Uma braço.
Olá Baba Fernando,
Pode dizer o nome dessa folha na qual o Ipetê é servido?
Motumbá!
Adorei a postagem do Ipetê de OXUm, traz muito esclarecimento para os que não conhecem os preceitos. Muita Luz. Abraços! Vlatima
Mário,
Não tem o menor fundamento, o Ipeté é feito de inhame pilado com cebola, dendê e camarão seco.
Axé.
bizziboy,
Se não me engano chama-se Igi Odan. Tenho plantada na minha Casae chamamos de “conchinha da Oxun”.
Polyscias scutellaria- Àbèbè kó (ipeté de oxum, falso abebê)
http://gunfaremim.com
Axé.
MOTUMBÁ ASÉ MOTUMBÁ BÀBÁ!A MUDA QUE O SENHOR ME DEU ESTÁ LINDA,SEMPRE QUE A VEJO ME RECORDO DO SENHOR E DE IYÁ MI ÒSÚN!
Saudações e bençã!
Eu estou passando por uma fase delicada e muito confusa: estou sendo diagnósticada com ansiedade aguda e depressão, junto com sintomas físicos que se assemelham a crise di pânico. Sinto tbm, no plano mais íntimo, um vazio e grande sensação de estar perdida. A psicologa me recomenda um psiquiatra, para que possa me medicar, mas tenho um convencimento interno que não me trará alívio, e talvez até uma dependência.
Esses sintomas tem uns 8 anos, se agravando agora.Penso em procurar respostas e força no meu orixá, com o candomblé. Até por questões turbulentas familiares (soube que minha bisa foi feita errada e depois abandonou tudo).
Acham minha vontade legítima e pode vir a aliviar minha angústia? Sugerem casas em Salvador, por gentiliza?
Tarsila é uma faca de dois gumes, pode ser que você seja ajudada, pode ser nada aconteça.
Acredito que mesmo com o oráculo dizendo que tudo vai se resolver, temos que saber como você vai se comportar, como vai trabalhar o problema e como vai o arranjo depois que você sair da zona de conforto (iniciação). Com certeza são muitas fichas na mesa, porém, você não pode deixar a medicina de lado, as duas coisas devem caminhar juntas.
Eu não conheço pessoas na Bahia que fazem trabalho de Ori. Aqui no Rio eu poderia lhe indicar a pessoa certa para cuidar deste problema que com certeza lhe ajudaria muito (não estou falando de cura). A questão está muito, muito dentro de você.
Com o trabalho correto, a orientação correta e com a sua coragem (?), acredito em bons resultados.
Orunmilá diz que todos os dias morrem muito mais pessoas de medo, do que de doenças.
Acredito que X da questão passe por este ponto.
Boa sorte.
Ire
Boa tarde, pai Fernando!
Não estou desconsiderando o que foi dito, o Brasil é plural e a religião dos orixás também, felizmente não está presa à dogmas, mas conheço essa planta pela denominação de abebé.
Mas, tenho uma pergunta, já que o tema é comida, o akará conhecido até por quem não é do axé (acarajé), em Salvador, é muito popular. Há alguma resposta para essa popularidade? Por que ele e não o Ipeté, ou outra comida. A minha pergunta parece tola, mas é uma inquietação que tenho.
Um abraço.
Pai Fernando, boa tarde!
A presença do camarão no Ipeté, se deve a ele ser animal aquático e nesse caso, tem que ser de água doce e outra, após passar pelo fogo, a coloração fica vermelha, seria também essa outra razão? A cebola, sei que tem muitas propriedades.
Um abraço.
Mário,
Não é o abebé verdadeiro, embora muitas folhas de oxun levam o nome de Abebé. O Abebé verdadeiro a sua folha é em forma de leque ou seja Abebé que, segundo o professor José Flávio de Barros tem o nome de Hydrocotyle, popularmente chamamos de acariçoba, para-sol, erva-capitão, etc. Não é o caso dessa folha que tem o formato de um coração e que chamamos de conchinha de Oxun, e alguns antigos a chamam de Abebé òdán da árvore Igí òdan.
Sobre o acarajé, ficou popularizado pelas baianas que montavam suas barracas para vender comida baiana e o acarajé acabou sendo muito apreciado por todos, inclusive, com vários outros temperos como pimenta, vatapá, etc. É certo que o cheirinho do dendê novo no tacho perfumava todo o ambiante em torno do tabuleiro da baiana e não havia como não resistir ao bom e bem feito acarajé.
Axé.
Mário,
O Ipeté é feito com camarão seco, batido com cebola e azeite.
Axé.
Bênção, Da Ilha
Creio ter compreendido o que falou – apesar de ter a sensação que não se comunicou com meu corpo racional, RS.
Quando fala “trabalho de ori” é o jogo em específico? E demais trabalhos que venham surgir nele? Quero muito uma casa de confiança… Nao imagina o quanto.
Semana passada eu joguei, deu Apará e Ogun como donos de minha cabeça. Fiquei tão feliz!!! Não quero que eles saiam nunquinha daqui, é possível isso?RS tbm deu que tenho um cuidado pra fazer, pq o número de minha vida ( 8 ) carrega uma negatividade muito ligada a impulsividade e ansiedade. Foi basicamente isso. Quero muito me aproximar de minha mamãe (e que continue ela ❤ ❤ ), mas não sei como fazer. É uma necessidade que venho sentindo, compreende?
Desculpa o desabafo, ficou meio aleatório
Motumba Baba Fernando, por gentileza o Sr. teria o nome científico de Igi Odan?
Thiago,
Me baseio nos livros de Pierre Verge e Professor Flávio Barros nessa questão científica. No mais é no oral mesmo, vamos pesquisando e estudando. Tenho essa árvore plantada na minha Casa.
Axé.
Colaborando:
Polyscias scutellaria- Àbèbè kó (ipeté de oxum, falso abebê)
http://gunfaremim.com/?p=1146
Ire
Àwuré Da Ilha!
É pra ser ofertado a mãe oxum na folha ou no aguida onde colocar num rio ou onde
Thaiz,
Para mãe Oxun também é na folha aos seus pés e depois colocado no rio.
Axé.
Olá,
existe essa cantiga ijesa a Osun:
oba sa were oba ni bode
oba sa were Osun
oba ni bo de
Ypete a ma yan oju Osun o de ero
a be a jale o
Cláudio,
Eu não sei, pode ser uma cantiga de Oxun referente ao Ipeté .
Axé.