Ori wo ibi ire, gbe mi de.
Ese rere wo ibi ire, sin mi re.
Ibi Opè-Agunka* ngbe mi ire, mi o mo ibe.
Sugbon, ibi ire ni Ope-Agunka ngbe mi ire.
Ibi ire.
Àse.
Destino, me leve por caminhos de ire (boa sorte, vida longa e etc.).
Pernas, nunca me deixe desviar (perna alinhe-me com meu destino e guie-me no caminho certo da minha existência terrestre).
Embora, o amanhã possa ser envolto em mistério.
Minha confiança implícita no poder das energias positivas* vai me guiar ao ire.
Certamente, ire está no meu horizonte.
Àse.
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Destino, uma parte invisível, integrante do ser humano, é um fenômeno poderoso em nossa existência terrestre. As curvas e o karma da vida humana estão intrinsecamente tecidos no destino.
Como seres humanos, nós derrapamos com as curvas e sorrimos quando chegamos a uma parada estável e sustentável. Quando tal estabilidade é mantida, nós damos um suspiro de felicidade. Tal é o sentimento de alívio.
Os pés (Odù) possuem energias positivas para orientá-lo sobre seu ire de hoje, de amanhã e do futuro distante.
Àse.
Destino é tão sagrado entre os yorùbá que um recém-nascido tem seu destino desvendado no seu terceiro dia de nascido, este destino será perseguido até o dia de sua morte.
Diz o proverbio:
Orí é destino, destino é Orí.
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A questão de destino se torna importante a partir do momento em que nos ajoelhamos, ainda enquanto espírito no òrun (céu) e pedimos para retornar ao mundo físico (a questão aqui se torna relevante, pois, a decisão de retornar é sua). Então Olódùmarè (Deus) nos abençoa e nos concede as ferramentas para podermos executar a missão. Uma gama de espíritos elevados (òrìsà/irunmolè) torna esta tarefa possível através de uma série de eventos sobrenaturais. Àjàlá Mopín prepara seu destino ‘misturando’ as informações recebidas de cada divindade e transformando tudo isso em Orí Inu (seu Eu interior), Obàtálá juntamente com Ògún, Èsù e muitos outros vão criar o corpo físico e seu funcionamento.
Esta codificação fica guardada com Òrúnmìlá (por isso ele é conhecido como Testemunha do Destino, Elérii Ipín e sempre irá indicar o melhor caminho/ebó para alinharmos nosso destino com nosso Orí), seu Odù, seu(s) òrìsà/irunmolè, seus tabus, seu sexo, profissão ou área de atuação profissional, sacerdócio e afins. Tudo isto é montado de forma harmônica para que você possa chegar a este mundo e desfrutar de todas as benesses, já que as ferramentas cedidas irão lhe ajudar a cumprir seu destino.
O grande problema esta na ocidentalidade da religião que não tem o hábito de querer ou conhecer esta forma de descobrir o destino da criança.
Então como proceder?
É Òrúnmìlá, Òsún e Èsù que irão ajuda-lo a desvendar esta teia de informações. O oráculo está à disposição de qualquer mortal para orientar sua caminhada, por isso é importante saber se você está na profissão/área de atuação correta, se você casou com uma pessoa que vai edificar sua vida ou a escolhida no òrun, se você vem quebrando tabus alimentares, comportamentais, de cores, de uso de animais e etc.
Estas informações podem ser buscadas no jogo e é dever do sacerdote investigar e orientar o iniciado, o neófito, o abian e até mesmo o suplicante. Não importa a sua posição na hierarquia dentro da religião, todos nós temos tabus e devemos ser orientados e guiados de forma a não rompê-los.
Até mesmo se devemos ser iniciado ou não, pois a iniciação de uma pessoa dentro do culto, mesmo que ela queira, deve ser consultada, pois isto pode ser um tabu, dependendo de suas escolhas no òrun antes de retornar a Terra.
Sejamos mais atentos e observadores na hora de fazer um jogo, mesmo que a informação não seja revelada em apenas uma consulta, devemos sempre estar investigando, não podemos simplesmente achar que não somos parte do todo.
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O Odù Éjì Onilé diz:
Quando uma pessoa de sorte vem ao mundo (e não sabe) ela consulta Ifá.
Como ela pode saber se é uma pessoa de sorte neste mundo?
E como ela pode escolher e pedir toda a sorte do mundo.
Ifá pede Ebo (sacrifício).
Nesta parábola não está escrito diretamente, porém, em sua entrelinhas Ifá nos diz:
Peça o que você precisa e não o que você quer!
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Este verso de Ifá fala para nós que a pessoa que vem ao mundo passa na casa de Òrìsánla (Obàtálá) para escolher a sorte ou perder (fazer ou não fazer ebó).
Obàtálá vai abençoar a pessoa antes de ela vir ao mundo.
Quando ela falou para (Obàtálá) que estava com fome.
Ela comeu as coisas do Ebó…
Ela rezou para Obàtálá e sendo assim ela pegou toda sorte (ire) do mundo.
(Esta metáfora nos diz que nada pode ser conseguido sem sacrifício/ebó, nada pode ser colhido no chão, devemos quebrar as costas para pegar o inhame. Devemos subir na árvore para escolher e colher o melhor fruto. Tudo que é conquistado sem sacrifício não agrada Deus).
Assim é a pessoa sortuda (ela trabalhou pela sua sorte), ela tem que agradecer ao Áwo (Bàbáláwo) e este agradecer a Ifá e Ifá irá agradecer a Olódùmaré.
Observação: A pessoa que tem sorte neste mundo tem: Vida longa, saúde, esposa, filhos, casa, dinheiro e etc.
Estes são os verdadeiros ire da vida.
Tem pessoas que não tem sorte na vida, se elas rezarem para Ifá e pedirem, elas vão conseguir.
Após esta pessoa construir toda uma linda história de caráter e fé.
Afinal de contas tudo está interligado ao Cosmos, tudo se conecta a energia de Olódùmarè, Òrúnmìlá, Obàtálá e Èsù, não há dissociação da água, da terra, do fogo e do ar, não há uma folha que caia da árvore que não seja por uma finalidade justa e cabível dentro da natureza.
Sejamos honestos internamente, façamos analises sobre nosso caráter, nosso comportamento, nossa lealdade, nossa fé e sentimentos que não estão dentro das escrituras sagradas (inveja, ódio, egoísmo, avareza e etc…).
As pessoas podem não saber, mas, a atividade fim de nossa religião é esta. Primeiramente você (Ori destino), depois caráter e depois òrìsà.
Òrìsà não é a prioridade, a prioridade é o ser humano que aqui está para evoluir enquanto espirito e não desenvolver mediunidade como alguns pensam. Fazer caridade é muito bom, mas não pode ser as custas de sua saúde, de sua vida e de outros detalhes que o impeçam de ter a sua história e perseguir o seu destino.
Òrúnmìlá gbè wà o.
Da Ilha, o senhor é simplesmente incrível!
ola bom dia a todos gostaria de saber se uma pessoa foi feita de santo toma todas obrigaçoes menos a de sete e depois descobri que seu santo esta errado tem como concertar na obrigaçao de sete ou trocar este santo que ja foi feito e tomou as obrigaçoes ????/
Roberto essa questão não interfere no seu cumprimento de obrigações de ano e nem em recebimento de Deká.
Se algo deve ser acrescentado a sua história, isto será feito entre quatro paredes.
Awo (segredo) do nosso culto.
Ire
Texto lindo e profundo!
Parabéns!
Luciane.
Que delicia de leitura. obrigada pelas palavras neste momento .
Solange uma pena que a prática para alguns não seja tão doce.
Ire
Motumbá Baba, aos mais velhos, aos mais novos!
Texto pleno em sabedoria… construir uma história de caráter e fé, encontrar a harmonia interior e consequentemente, ver a vida com novos olhos, abdicando do egocentrismo e iluminando-se, compreendendo por fim a interligação de todos nós, de toda a criação.
Lamentável apenas que poucos sejam os verdadeiros sacerdotes na maior acepção da palavra, que realmente disponham de dedicação para o estudo, meditação, que busquem conhecimento e, principalmente, tenham a sabedoria e generosidade para ajudar a tantos que buscam algo além de supostos benefícios materiais (relacionamentos, dinheiro, posição social, poder, etc.), incautos que acham que a religião é apenas um meio “fácil” de resolver através de feitiços questões que deveriam ser resolvidas com a própria humildade, inteligência e compreensão das lições que a vida nos trás…
Que os verdadeiros valores possam ser reconhecidos em detrimento dessa nossa herança colonial, onde os valores europeus do “se dar bem e da exploração” tão arraigados em nossa sociedade (e infelizmente na maioria das nossas casas religiosas) possam com essa nova geração finalmente ser resgatados para que a nossa religião não sucumba em devaneios, vaidades, competição, rivalidades, ganância, luxo, assim como tantas tradições espirituais antigas que se perderam e hoje não passam de atração para a diversão ou suposto desencargo de consciência para aqueles que acreditam que basta cumprir suas obrigações e estarão “salvos”!
Que sacerdotes legítimos (e a legitimidade está relacionada a sabedoria e conhecimento e não apenas em títulos) sejam abençoados, pois desses verdadeiros sacerdotes dependerá o futuro da nossa religião, que tenham discernimento para escolher seus filhos e orientá-los com amor, desprendimento e disciplina, para que honrem essa escolha e cresçam exercendo sua missão e perpetuando a Tradição!
Um 2014 com muito Axé!!
Mo Jubá meu velho!!!
Leo
Leo outro dia eu estava vendo um filme: O dia em que a Terra parou.
A mensagem foco do filme resvala no texto e em suas palavras.
Teremos que ir ao fundo do poço para que todos percebam que estamos no fundo do poço?
Precisaremos apanhar na face para acordarmos e ver que a dignidade é uma coisa muito mais ampla que ser simplesmente do bem.
Não basta ser do bem, temos que pratica-lo e deixa-lo como alicerce de uma casa.
Se o mau contagia, por que o bem não pode fazer o mesmo?
Não podemos deixar de lado esta pauta.
Saber do òrìsà é importante, e saber de você e de suas responsabilidades?
Odún de.