A Nação Xambá está ainda bem viva e ativa em Olinda, Pernambuco. Apesar de alguns autores afirmarem que o culto Xambá no Brasil está praticamente extinto. O Xambá de Pernambuco ainda permanecerá vivo por muitas gerações, mantendo seus ritos, mitos e tradição.
Com o falecimento da grande Iyalorixá do Xambá, Severina Paraíso da Silva “Mãe Biu”, como era mais conhecida em 1993, o herdeiro do trono do Xambá é o Babalorixá Adeildo Paraíso. Conhecido popularmente e pelos que fazem parte daquele terreiro como Ivo do Xambá, que convocou seus filhos de santo: professores Antonio Albino, Hildo Leal e João Monteiro, para elaborarem um projeto arrojado e inovador para o terreiro do Portão do Gelo, que seria o memorial do Xambá, onde seriam reunidos e preservados documentos fotográficos e objetos ligados a vida e a atuação da grande líder religiosa, bem como da memória do “Terreiro Santa Bárbara Nação Xambá”.
Fugindo de Maceió, capital de Alagoas, no início da década de 20 do século XX, o babalorixá Artur Rosendo Pereira, de acordo com a “Cartilha da Nação Xambá” (Hildo Leal Rosa,2000), devido à perseguição política às religiões afro-brasileiras da época, se estabelece no Recife, mais exatamente na rua da Regeneração, no bairro de Água Fria. Antes mesmo de fugir da repressão política e ainda residindo em Maceió, o babalorixá Artur Resende viaja à Costa da África onde permanece por quatro anos e com o tio Antonio, que trabalhava no mercado de Dakar, no Senegal vendendo panelas, segundo René Ribeiro. E por volta de 1923, seguindo as tradições da Nação Xambá, e já em Recife, reinicia suas atividades de zelador de Orixás.
O Babalorixá Artur Rosendo iniciou muitos filhos de santo, tendo muitos deles aberto terreiro. Uma de suas filhas mais notáveis foi Maria das Dores da Silva, “Maria Oyá” iniciada em 1928. A saída de iyawô de Maria de Oyá foi realizada sem toques de tambores e cantada em voz baixa por cauda da perseguição. Logo após a iniciação de Maria de Oyá, Artur volta para Maceió.
Em 1930, Maria de Oyá inaugura seu terreiro na rua da Mangueira no bairro de Campo Grande em Recife. Com a conclusão de sua iniciação em 13 de dezembro de 1932, recebe então as folhas, a faca e a espada das mãos de seu Babalorixá que realizou ao meio dia o ritual de coroação de Oyá no trono. Cerimônia belíssima que até hoje é repetida mantendo a tradição Xambá de Pernambuco.
Em 1932 Maria de Oyá tira seu primeiro barco de três iyawôs. Ainda em 1932 ela inicia seu segundo barco de iyawôs, este maior e iniciando principalmente Donatila Paraíso do Nascimento que em 1933 assume o cargo de Mãe Pequena do terreiro, vindo a falecer em 2003 aos 92 anos e passando 60 anos de sua vida no cargo, sendo mais conhecida por Tia Tila, uma outra filha ilustre foi Lídia Alves da Silva (Talabi).
Daí em diante a sucessão de iniciações crescem, O Xambá passa a brilhar ainda mais. Quando em junho de 1935, Maria Oyá inicia nos ritos a sua mais primorosa filha, a que lhe sucederá, Severina Paraíso da Silva, “Mãe Biu”.
Com o passar dos anos e com a violência policial do Estado Novo cada vez mais rígida, em 1938, Maria de Oyá é obrigada a fechar seunterreiro. Terreiro esse que não abriria mais suas portas guiada por aquela que pelas mãoes dr Artur Rosendo Pereira troxe o Xambá para Pernambuco. Pois em 1939 Maria Oyá se despede de sua vida terrena, deixando o Xambá órfão. É ainda nesse duro periodo de perseguições que juntamente com outras nações de candomblé cultuadas em Pernambuco que todos os terreiros são fechados e seus fiéis tolhidos, durante 12 longos anos até 1950, daquilo que lhes é mais precioso, do culto de seus Orixás, Inkísses e Voduns.
Porém.como depois de uma guerreira de Oyá há de vir uma outra guerreira para continuar a luta por seus ideais, pela conservação dos ritos e mitos de uma tradição, Mãe Biu de Oyá Megué reabre o terreiro Xambá em 1950 na estrada do Cumbe, 1012 no bairro de Santa Clara na cidade do Recife, tendo como seu Babalorixá o senhor Manuel Mariano da Silva, como Iyalorixá Dona Eudoxia, como padrinho o senhor Luiz da Guia e madrinha Dona Severina. Permanceu nesse endereço por apenas 10 meses, no dia 7 de abril de 1951 o terreiro se muda para o atual endereço na Antiga rua Albino Neves de Andrade, hoje rua Severina Paraíso da Silva, 65 na localidade do portão do Gelo, bairro de São Benedito-Olinda-Pernambuco.
Com o falecimento de Mãe Biu, que durante 24 anos dirigiu o terreiro Xambá, auxiliada por sua fiel e inseparável irmã e amiga Tia Tila que então assume o cargo de Iyalorixá por um periodo de 10 anos, tendo como Babalorixá seu sobrinho carnal Adeildo Paraíso, filho carnal de Mãe Biu. Hoje com o falecimento de Tia Tila, assume o trono do Xambá a Iyalorixá Maria de Lourdes da Silva de Yemonjá, iniciada por MãeBil em 18 de maio de 1958.
A jovem guarda do Xambá de Pernambuco orgulha-se de seu terreiro, do seu povo, de sua simplicidade sem invenções modernas, sem se quer mudar uma linha do que lhes deixou seu propulsor e suas grandes e humildes Mães de santo.
O Terreiro do Xambá está lá no Portão do Gelo, preservado, conservado e servindo de exemplo para muitos terreiros tradicionais. O Memorial do Xambá foi criado de acordo com a solicitação de seu Babalorixá aos seus filhos, para contar a história de um povo aguerrido e ordeiro.
WWw.nacaoxamba.com.br
Matéria da revista: Candomblé Mitos e Lendas
Editora: Minuano
Linda naçao Xambá.
Nação muito respeitada.
Mojubá
O Xambá é uma casa que dá a sensação de retorno no tempo!
Axé!
Bom dia !
Xambá é condiderada uma nação por qual motivo? são divindades diferentes ? lingua diferente ? pelo que li acima devem cultuar orixá como na nação Ketu, o que os diferem ?
muito axé a todos.
Julio,
Apesar de os Orixás serem praticamente os mesmos do Candomblé, existe diferença na sua forma de culto. Os orixás cultuados na tradição Xambá são:
Exú – Ogum – Odé – Ibeji – Nanã – Obaluaiê – Ewá – Xangô – Oyá – Obá – Afrekete – Oxum – Yemanjá – Orixalá.
A nação xambá é uma nação linda demais.. Salve o xambá, e salve toda a tradição Xambá! Asé
Boa Tarde , saúde para todos… Me chamo Mônica e gostaria de saber de alguma casa do culto NAGO que ministre IFÁ… Desde já muito obrigada
Mônica,
Não recomendo cursos de Ifá, a maioria de cursinhos que existem não são confiáveis, pseudos Babalawos que nunca foram na Nigéria passar pela iniciação estão aos montes por aí, todo cuidado é pouco. Ifá se estuda muito anos e anos à fio.
Axé.
Amo minha nação,sou de Limoeiro Pernambuco e minha nação é xambá. Contudo não sei muito a respeito do orixá afrekete você pode me dar uma singela explicação?
Afrekete é um “orixá”, ou vodun, das águas salgadas. Na cartilha do Xambá existe uma série de informações interessantes sobre a mesma.
Não entendi uma coisa: a ialorixá maria oyá foi iniciada em 1928, em 1930 (apenas dois anos depois) já tinha seu terreiro e “concluiu” suas obrigações em 1932 (apenas 4 anos de feita)? Ela queimou etapas ou é assim mesmo nessa nação?
Alguem poderia responder minha pergunta logo acima? Grato!!!
João eu não conheço a Nação Xambá, não sei como se dá a relação obrigações x tempo de iniciação.
Esperemos que alguém possa lhe trazer a resposta para sua pergunta.
Ire o.
A propia mae menininha que nao tinha o ciclo completo ….
Para assumir o gantois teve por chamado dos orixas que acelerar os preceitos e em uma biografia recebeu axe dos propios orixas oxum obaluae xango e oxossi…. sao algumas controversas que nao imperiam as yalorixas de serem tao respeitas como foram sao casos de necessidade por que mae menininha nao queria dar continuacao por medo outras ya assumiram e coisas teriveis acontecer por desobediencia do pedido como o valecimento de varia ebomis ai ela em diografia disse que os mais velhos pediam menininhas os orixam tao le chamando ate que um dia ela teve uma visao real em seu quarto era oxossi no dia seguite deu as pressar o resto do ciclo. Ja no caso de maria oia era o mesmo se nao a tradicao moria. Lembrando que meninha foi inicia aos 8 anos e apesar de conviver intensamente dos misterios que sua tia pulcreia passava nao tinha o ciclo completto teve que acelera a idade… outra polemica era mais jovem mae de santo da bahia era mal vista pela outras yalorixas antigas de outras comunidades … sao casos de extremas necidades e de apelo dos orixas se bem que hoje o povo queima o ciclo por brincadeira
Mas obrigacoes as idades de obrigacao de santo em geral sao as mesmas no xamba 1 3 7 para ebome e ya e baba sao as mesmas cronologia de ketu nago
Sim
Q história linda! O Xambá perseguido, tendo q ser fechado por 12 longos anos. Q república estupida q se instaurou no Brasil no século XX e pior, disseram q os negros/as e sua cultura seriam respeitados com a laicidade do Estado(união). Hipocrisia! Haviam argumentos higienistas de q a “macumba” teria q ser limpada, pois sujava o Brasil republicado. Grandes Asnos da lei, eram esses positivistas eurocentrados q governavam o Brasil no início do século passado. E o q mais me indigna é q na atualidade ainda se ouve ecos pejorativos dessa época hedionda para com a cultura de matriz africana. Pejorativos pré-concebidos de q “baiano é macumbeiro e vagabundo”, de “q fulano mexe com porcaria”, d q “ciclano é feitiçeiro”. Isso me atinge profundamente, pois vejo negros/as reproduzirem tal asneira, pois foram alienados dessa tradição de matriz africana. Pois como disse um professor meu, parafraseando a frase de um padre Jesuíta. Foi + ou – assim: “O negro/a não é obrigado a pertencer as religiões de matriz africana, mas é obrigado a defendê-la, pois a sua ancestralidade já foi plantada”. E essa tradição, mesmo q negada, nunca será perdida. E o q me entristece, em minha leitura, é q há uma violência simbólica q mata, assim como qualquer outro assassinato, o direito em entender o seu “passado” e ter uma chance de ressignificá-lo hoje. Alienar as pessoas de classes mais simples e as pessoas negras desse projeto hediondo e miserável q ocorreu no início do século XX no Brasil, q matou várias pessoas de cultos de matriz africana, é tentar mascarar de modo covarde, a verdadeira sujeira, porcaria e seus verdadeiros donos, q não foram os macumbeiros e sim quem os rotulou de tal. Me preocupa por de mais ver essas pessoas q nem sabe, mas tiveram parentes, e dessedentes vítimas desse projeto, queimadas na soberania alheia por resplandecer uma cultura considerada ignóbil. Mas ignóbil, pondero, são os lobos q se vestem ainda hoje de cordeiros e matam sem temor o q ELES entendem como anormal em suas ações. Se tratando de capitalismo e mercado, os q não são economicamente viável para suas ambições de governo. Esses são os verdadeiros analfabetos culturais, os arrogantes espirituais, q pregam p milhares de pessoas um céu platônico onde sua estrada é uma guerra santa, vazia, de temor, de ambição em busca de um único Deus, criado exclusivamente para os atender e condenar todos aqueles diferentes q não enquadram em seu paradigma. O q a república fizera no século passado com destreza e primazia ainda, ressoa com força e dinamicidade, infelizmente, na atualidade.
Asè!
Moro perto do Xambá. O governador inaugurou um Terminal de Integração quase em frente ao terreiro, e deu a ele o nome de Terminal Integrado Xambá, em homenagem a esta tradicional casa. Hoje, vários ônibus circulam com a sigla TI – Xambá. Achei uma homenagem bem legal. Fiz visitas à casa e acho bem parecida com o nagô daqui de Pernambuco. Uma axé muito bom.
Adorei tudo que li,muito interesante,sou BABALORIXA ja tenho 18 anos de iniciado,moro em ALAGOINHAS BA.
Advanilton, mo jùbá bàbá, ire aláàfià.
Obrigado pelas palavras.
Erìnlé ki nba se o
É muito importante as obrigações para estar a frente de uma casa isso amadurecerá os conhecimendos do babá ou yálorisa,entretando se ifá determinar que um yao deve subir ao trono,este receberá seus direitos e com certeza será orientado pelos orisas e até por mais velhos.O orisa é quem dá as ordens e não a sociedade.MESMO SENDO O CANDOMBLÉ UMA RELIGIÃO DE ACONSELHAMENTOS E RESPEITO AOS MAIS VELHOS devemos levar em conta que para não deixar o ase morrer são necessárias algumas modificações.Fato este que em áfrica não sobe ao trono mulher,estas também não são olowo,ou seja não consulta o oráculo de Ifa,mas após a dissiminação da religião por outros paises adaptações foram necessárias e isso fez com que o asé sobreviva até hoje.
Pai Beto D’osun,aseÉfon Oloroke iniciado a 38 anos no asé.
Bàbá Ìwòrì méjì (Éjìláséborà) diz:
A mão de uma criança não pode alcançar a prateleira.
A mão do adulto não pode passar pelo gargalo estreito da cabaça.
O adulto não deve recusar o favor a um jovem.
Todos nós temos algo que podemos fazer um pelo outro.
Foi quem lançou Ifá para Ọrúnmìlá.
As mulheres não sobem ao trono, porém, sem elas a coroa não sobe na cabeça do rei.
É poder Àjé que fornece o Adé as suas cabeças.
Elas nunca serão Oluwo, mas a Ìyánifá sabe consultar e deve consultar o Òpèlè Ifá.
Ire aláàfià.
Bom dia gostaria de saber qual é a qualidade do Oxossi com roupa de militar
Daniela,
Nenhum Oxóssi usa uniforme militar.
Axé.
Hoje eu tenho o prazer de morar na rua do terreiro Xambá…Lugar cheio de luz e muito axé!