Arugbá Òsún
A festa anual das oferendas a Òsún, realizada em Osogbo na Nigéria é uma reatualizarão do pacto que o primeiro rei local contraiu com o rio do mesmo nome.
“Laro”, o antepassado do atual rei, depois de prolongadas atribulações procurando um lugar favorável onde pudesse instalar-se com seu povo chegaram ao rio Òsún, onde a água corria permanentemente.
Segundo se conta alguns dias mais tarde uma das filhas desapareceu nas águas quando se banhava no rio e, passado algum tempo, delas saiu, esplendidamente vestida. Declarou aos seus pais que fora admiravelmente recebida e tratada pela divindade que ali morava.
Laro foi fazer oferendas de agradecimento ao rio. Muitos peixes, mensageiros da divindade, em sinal de aceitação, vieram comer o que o rei jogou na água. Um peixe de grande tamanho veio nadar perto do lugar onde ele se encontrava e cuspiu água.
Laro recolheu essa água em um cabaça e bebeu-a, celebrando assim um pacto de aliança com o rio. “Em seguida estendeu as mãos e o grande peixe saltou nelas e assim assumiu o título de Ataojá, contração da frase yorùbá” A lewo gba eja (aquele que estende as mãos e pega o peixe).
A partir disso ele declara “Òsún gbo”, isto é, (Òsún encontra-se em estado de maturidade, suas águas sempre serão abundantes).
Daí originou-se o nome da cidade, Osogbo.
No dia da festa “Odùn Òsún” o “Ataojá” vai com grande pompa até o rio. Leva na cabeça uma coroa monumental feita de pequeninas contas. Usa um pesado traje de veludo e caminha com gravidade e calma, rodeado por suas esposas e dignitários.
Uma filha do “Ataojá” carrega nessa procissão anual, uma cabaça de Òsún. Ela tem o título de “Arugbá Òsún” (aquela que carrega a cabaça de Òsún) e só pode exercer essa função antes da puberdade.
Ela representa a menina que desapareceu outrora no rio. Sua pessoa é sagrada e o próprio “Ataojá” inclina-se diante dela.
O Ataojá vai sentar-se numa clareira e acolhe as pessoas que vieram assistir à cerimônia. Os reis e chefes das cidades vizinhas comparecem ou enviam seus representantes. A todo momento chegam delegações precedidas por orquestras. Troca de saudações, prosternações e danças, como marca de cortesia recíproca que se sucede em crescente animação.
No final da manhã, o Ataojá, acompanhado de sua corte e convidados aproxima-se do rio Òsún e manda jogar nele, através da Iya Òsún e do Aworo, oferendas de comidas: “agídí”(massa feita de milho), inhames cozidos,”iyanli”(espécie de sopa) etc.
Os peixes disputam as comidas sob o olhar atento das sacerdotisas de Òsún.
A seguir o Ataojá vai ao recinto de um pequeno templo vizinho e senta-se em cima da pedra (Okutá Laro) onde seu antepassado Laro repousou outrora.
O Ataojá está rodeado pelos dignitários do culto de Òsún:
Iya Òsún, a mulher que se encontra à frente das sacerdotisas.
Aworo, o homem que se encontra à frente dos sacerdotes e seus substitutos.
Jagun Òsún, a mulher guerreira de Òsún.
Balogun Òsún, o guerreiro de Òsún.
Ololigan Òsún, o homem que se encontra à frente de todos aqueles que fazem oferendas a Òsún.
Ìyálòde Òsún, à mulher que se encontra à frente de todos os adoradores de Òsún, com exceção dos “Ìwòrò”.
Iyangba Òsún, a mulher que, a cada quatro dias, vai procurar água pra lavar os seixos de Òsún.
Àkùn Yungba Òsún, chefe dos cantores do culto a Òsún.
Prosseguindo ao cerimonial da festa a “Iya Òsún e o Aworo” realizam a adivinhação para saber se a divindade ficou contente com as oferendas que acabam de fazer-lhe e se tem alguma vontade a exprimir.
A seguir as pessoas cantam em torno do Ataojá, sentado na OKUTA LARO.
Seguem-se então cantigas em louvor a Òsún seguido de cânticos em comemoração a ação de Òsànyìn cujas palavras evocam as virtudes simbólicas de certas folhas.
Ìrókò, que produz calma.
Ògègè a árvore na qual se sobe pra ficar protegido.
Òdúndún, sempre fresca.
A parte religiosa pública chegou ao fim. O Ataojá, seguido pela multidão volta à clareira onde recebe seus convidados e os trata com uma generosidade digna da reputação de Òsún.
Fora desta data anual são feitas oferendas a Òsún a cada quatro dias (semana yorùbá).
A festa anual (Odùn Òsún) retorna portando a cada noventa e duas semanas yorùbá, perdendo um dia em cada ano solar normal e dois dias a cada ano solar bissexto.
O Ataojá, referindo-se a deusa Òsún diz:
“O povo de Osogbo e o Ataojá tem um pacto com o rio Òsún”.
Eles acreditam que o espírito de Òsún mora no rio Òsún e tem ali seu palácio, em lugar próximo de Osogbo. Pensam também que todos os lugares profundos do rio Òsún, a partir de “Ìgèdè” onde ele nasce até a laguna de “Leke” onde ele despeja suas águas, são habitados pelos espíritos de todos os seguidores, servidores e amigos quando ela vivia.
Esses lugares profundos recebem a denominação de “Ibú”.
Finalizando diz: Todos os rios tributários que deságuam no rio Òsún são os dedos da deusa e todos os peixes que nele existem, bem como em seus afluentes são os mensageiros de Òsún.
Os tesouros de Òsún são guardados no palácio do “Ataojá” templo este que fica situado nas proximidades do rio Òsún.
Fonte: http://www.rulers.org/nigatrad.html
Texto: Notas sobre o culto aos Orixás e Vodoo
Pierre Fatunmbi Verger
Em homenagem a Obinrìn Òsún Eclair, que águas de Òsún possam diariamente lhe limpar de dentro para fora, Odùn de.
Yèyé o fí dé rí omon!
“Omi níwe ná jínsun omi ni we
Omi niwe ná jínsun omi ni we
Xéke xéke ná do ojú e má ojú omi ní we olówo”
Oxun Osogbo Iyá omi o!
Axé da Ilha!
Òsún de. Àse iré, àse aikú, àse aláàfiá, àse gboggo iré Ilè Osogiyan.
Mo jùbá Bàbá.
Achei lindo o post! parabéns! porém posso tirar uma duvida, já a tirando… rs Corre risco de alguém feito no candomblé e ir numa casa de Umbanda, acabar incorporando?
Juliana isto não é risco, pode acontecer naturalmente, desde que a pessoa tenha estas energias dentro de seu caminho.
Ire o.
estudando sobre os orixas vi q oxum responde pelo amor e pela criança no ventre da mae. em consulta com minha mae de santo ela disse q por eu ter feito dois abortos msm q ha mtos anos atras q pode ser q por esse motivo nao tenho sorte no amor, seria como uma divida com oxum pois cometi um crime abominado por ela. me arrependo mto doq fiz, qero casar e ter filhos e estou lutando mto pra firmar com qem amo e estou me relacionando msm q ainda nao sja namoro mas é alguem do bem e meu melhor amigo.
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sou de logun ede e oya. pensei entao q pelo fato de eu ter cometido algo abominavel por ela e ela ser mae de logun ede q poderia estar sendo de certa forma “punida”. seria possivel isso ou to falando mta besteira?
se for o caso uma oferenda a oxum ajudaria? me sinto extremamente culpada.
qdo se alimenta seu exu pessoal e faz um pedido por exemplo (peço q una fulana e beltrano), porem no caso fulana e beltrano ja tem algum relacionamento indireto q so necessita ser firmado.. o fato de fazer o pedido de uniao ou um ebo de uniao seria uma forma de trabalho ou amarração? nao qero jamais interferir no curso natural das coisas ou obrigar alguem ficar comigo. so qeria ajustar oq ja temos. firmar..
estou nesse dilema. tenho exu assentado, ebauri, sou borizada desde julho. sempre q alimento meu exu peço q ele defina a relação q tenho com a pessoa q amo.
estou fazendo errado ou estou pedindo da maneira errada?
desde ja agradeço e peço desculpas se fizer alguma pergunta errada. realmente tenho duvidas e medo de errar em algo.
obrigada a todos.
Boa noite, senhor Da Ilha!
Parece-me que naquela oportunidade colocam comidas no rio, e não cestas cheias de flores,sabonetes, espelhos, champagne… É outra realidade?
Essa postagem é interessante, pois mostra, como Veger, as diferenças e releituras que tiveram que ser feitas na religião aqui no Brasil, por causa da maldita escravidão.
Um abraço.
Mário as oferendas de alimentos quando vão ao rio são colocadas sem embalagens, pratos e etc. Os peixes são alimentados com esta comida e fazem parte da cadeia alimentar.
Não há motivo para se deixar qualquer embalagem industrializada nas águas ou margens dos rios, agindo assim, é um ato de civilidade.
Ire o.
Boa noite, tenho uma dúvida que não tem muito haver com o post, mas gostaria que uma dúvida minha fosse esclarecida. Sou filho de Oxumarê, mas trabalho na Umbanda. No terreiro que frequento meu pai de santo é feito e irá abrir um terreiro de Candomblé, justamente para filhos no meu caso, de ter santos cultuados no Candomblé. Minha dúvida é: quando fui no Candomblé, na primeira vez fiquei muito tonto e achei que iria bolar, na segunda meu oxumare veio, mas veio ajoelhado e de mãos para trás. Meu pai jogou búzios e disse que Oxumarê está querendo seu filho e tenho que ser feito no máximo ano que vem. Meu medo é depois de iniciado minhas entidades de Umbanda não virem mais. O que pode acontecer?
Obrigado, Axé! desculpe pelo assunto ser totalmente diferente do post!
abyanzinha,
De fato Oxun não aceita o abôrto e não é para menos, Oxun é a parturiente, a dona do ventre, porém, ela não interfere no fato de você não ter sorte no amor e nem irá puni-la dessa forma.
O Exú Orixá, não aceita pedido algum que ele não concorde, portanto, entenda que nós é que escrevemos individualmente nossa história e somos responsáveis por quem cativamos, a vida segue e deve ser vivida e não pode ser espiada.
Boa sorte,
Axé.
Andreas,
Oxumare será o dono de seu Orí e ele pode de fato interceder nessa questão, fazendo com que uma ou no máximo duas entidades de Umbanda possam vir.
Axé.
Mojuba Fernando D’Osogiyan
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mto mto mto obrigada por vc sanar nossas duvidas e por tds do site q nos orientam.
vcs trabalham de uma forma unica e na base da caridade, orientando a tds.
obrigada de coração Fernando D’Osogiyan.
uma pergunta..
deveria fazer ao menos uma oferenda a oxum como desculpas ou retratação?
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obrigada mais uma vez a toda eauipe do site.
Mojuba
abyanzinha,
Deverias procurar um bom jogo de búzios e ver a posição de sua Oxun com relação a isso e a possibilidade de se retratar com ela através de oferendas específicas.
Axé.
Obrigada Fernando D’Osogiyan, falarei com minha Mae..
qdo for ao Rio, se puder gostaria de visita-los.. Mojuba.
Bom dia, senhor Fernando!
Obrigado pela resposta sobre o boi, mas gostaria que esclarecesse algumas coisas. Esse cântico, logo no início, que o senhor postou significa o quê? Parece-me que ele fala de água…
E outra coisa, fiz uma pergunta e não encontrei a resposta, é a seguinte: Por que a arraia é interdito para os fieis do Candomblé?
Um forte abraço.
Mário,
O cântigo refere-se ao Orô das águas da roda de Oxun.
Arraia é contra-axé para toda a nação Ketu, talvez até para todas as nações. Existem alguns itans que se referem a arraia se rastejar pelo fundo comendo lixo.
Axé.
Há tá! Obrigado.
Mário,
Tradução do Cântigo:
“Banha-se nas águas do rio aquela que subitamente sai nadando…
Banha-se nas águas do rio aquela que acorda e dorme banhando-se..
É preso aquele que vai olhá-la tomando banho, nós não olhamos o banho da rica Senhora”
BOM DIA VC PODRIA ME ESCLARECER A QUALIDADE DE OXUM COM OMOLU 🙂 FICO MUITO GRATA 🙂
Marta,
Várias Oxuns podem vir nesse caminho,somente através do jogo de búzios isso poderá ser visto.
Axé.
No sabado de aluia , incorporamos no orixa normalmente? E sexta feira santa?
Thalita, a Umbanda é única que tem este sincretismo forte com o catolicismo.
Nós não somos católicos, apesar de sermos todos batizados na igreja católica, não tínhamos direito a opinar!
Eu não sigo este calendário, ele não existe dentro de minha religião, creio ser a sua também, porém, cada sacerdote coloca dentro de seu Ilè Àse as regras e respeito a datas que achar conveniente.
É muito complicado lhe dar um resposta direta e objetiva neste caso.
Ire o.
Boa tarde, gostaria de tirar uma dúvida. Apenas um obi, pode ser oferecido a orixá Oxum em um altar? Obrigada. Axé.
Loudes não esqueça da água. São elementos que Osun aprecia muito.
Nunca ofereça um igbin (caramujo) para Osun.
Ire o.
Obrigada, Da Ilha, foi por intuição, mas acertei. Adquiri um obi africano, não sei se faz diferença. Muito obrigada novamente pela dica. Axé.
Loudes um simples Obi Abata (quatro gomos) requer conhecimento e prática no seu oferecimento.
Fazemos libação com água fresca, entoamos oriki para a água, para Osun e fazemos as rezas pertinentes antes de abrir um Obi, existem coisas que fazemos com o Obí antes de lançar para adivinhação, depois lançamos o Obi e vemos a mensagem do òrìsà e em seguida fazemos a partilha do Obi.
Cuidado para não oferecer de forma errada e não receber aquilo que você vai buscar.
Ire o.
Amei conhecer essa historia… de mamae Oxum