A Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-brasileira promove a I Semana de Cultura, Cidadania e Ecologia dos Povos Tradicionais de Terreiros. O encontro que tem por objetivo promover justiça social e ambiental será realizado durante a Rio + 20, na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, até o dia 23 de junho, no Rio de Janeiro.
A Cúpula dos Povos tem por objetivo alertar o planeta sobre os riscos sinalizados no processo da Rio+20, questionando os limites de compreensão dos líderes políticos e o posicionamento do sistema capitalista acerca das crises que precisam ser enfrentadas neste século XXI.
Comunidades tradicionais, povos de terreiros, povos indígenas, griôs, quilombolas, pontos de cultura, agentes e ativistas culturais se organizam para aproveitar esse espaço de convergência e aglutinação de um amplo Movimento Social da Cultura que se organiza através de diversas redes culturais nacionais e internacionais.
Compreendendo a importância da cultura para pensarmos um novo modelo de envolvimento sustentável de maneira profunda, estrutural e orgânica, o encontro será um espaço aberto para vivenciar, visibilizar, celebrar, apresentar caminhos, trocar saberes, fazeres e tecnologias, intensificar diálogos e propor soluções simples, viáveis e eficientes – muitas das quais são praticadas há séculos pelas comunidades tradicionais – oferecendo assim, conhecimentos e práticas reais para a construção de uma sociedade global baseada na justiça social e no equilíbrio ambiental.
Terreiros Digitais – Durante toda a Cúpula, comunidades de terreiro receberão informações via internet, com o objetivo de propor para a dinamização e o empoderamento dos participantes no debate e disseminação da cultura digital através da ancestralidade. Acompanhe pela Rádio Stream Mojubá, Laroie, Exu! Conexão Oyá Togun, sempre às 18 horas.
Candomblé e Direitos Humanos, Espaço Xangô – Direito Sagrado, Ouvidoria de crimes contra cultura e religião são alguns dos temas tratados pela programação que transmite amplexos radiofônicos emitidos por Terreiros de todo o Brasil.
Programação da I Semana de Cultura:
20 de junho – quarta
9h30 – Roda de Acolhimento de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros 10h – Mobilização Global Mãe Beata de Yemanjá e Wole Soiynka – Mestres de Cerimônias das Culturas Tradicionais
14h – Marcha Mundial dos Povos (Candelária)
18h – Programação Cultural Show Barravento
Grupo Cultural O Som das Comunidades: Entra na Roda
21 de junho – quinta
9h30 – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos das Florestas
10h – Dinamicas Glocais – Cultura, Cidade, território e modelos de desenvolvimento Camilo Bogotá – subdirector de Prácticas Culturales – Secretaría Distrital de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá Edwin Cubillos – Gestor de Cultura Viva Comunitaria – Secretaría Distrital de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá Hamilton Faria – Instituto Pólis (SP) Atílio Alencar – Casa FDE PoA
12h – Intervenção teatral: Centro de Teatro do Oprimido: Direito à Moradia
12h30- Oficina Percussão da Maré
15h – Roda de Conversa – Artes Públicas e Direito à Cidade Amir Hadad – Teatrólogo e Diretor do Grupo Tá Na Rua Reimont Ottoni – Vereador e Presidente da Frente Parlamentar de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro Giuseppe Cocco – Universidade Nômade/ UFRJ Zeca Ligiéro- NEPAA/ UNIRIO
Programação Artística:
18h – Tá na Rua ” Santo Antônio de Lisboa e a Sereia do Mar”
20h30 – Up with people
22 de junho – sexta
Kao, Xango!
9h30 – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos das Florestas
10h às 12h -Dança Palco Pequeno – Iara Cassano
13h – Almoço
15h – Assembleia Cultural dos Povos – Direitos Culturais – Cultura como Bem Comum
23 de junho – sábado
14h – Reunião da Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-brasileira Encaminhamentos, finalização de sistematização dos documentos
20h – Festa de Xango
Fonte: Pontão de Cultura Guaicuru
Religiosos de comunidades tradicionais assinam carta aberta no Rio +20.
http://religioesafroentrevistas.wordpress.com/2012/06/22/encontro-mundial-dos-povos-de-terreiro-na-rio-20-assine-a-carta-do-rio/
Encontro Mundial dos Povos de Terreiro na Rio + 20 – Assine a Carta do Rio
religioesafroentrevistas.wordpress.com
O documento foi aprovado dia 15/6 na Oficina sobre Práticas Religiosas em Unidades de Conservação da Natureza, na Cúpula.
Àse
Boa noite, Dayane!
A participação do povo do axé nesse evento é muito importante e mostra para os preconceituosos e também para muitos integrantes da religião dos orixás, que Candomblé não é apenas fazer oferendas, cantar e executar coreografias, mas participar dos diversos tipos de políticas, sobretudo quando são direcionadas, nesse caso, ao cuidado do planeta, a preservação da natureza, a natureza que é a manifestação dos orixás. “kosi ewê, kosi orixá”.
Muito bom o texto, um abraço.
PREZADOS
A participação cidadã, por meio de grupos organizados em prol de uma causa, é sempre muito bem vinda em eventos interculturais com ou sem foco político.
A Rio + 20, oportunizou debates interessantes sem detrimento da construção de novas possibilidades de mudanças, principalmente no tocante as novas óticas que devem focalizar a cultura florestânica e a cultura africana que expressa nas “Kan odó obi ilés” , ou seja, “Casas onde parou alguma semente ” os ( Can-dom-blés no Brasil ), de algum modo cooperam com a elevação da mentalidade de perservação ambiental.
Embora a eficácia do evento tenha recebido comentários que não o promoveram, cri, que o mesmo, serviu para revisarmos as formas como estamos abordando temas ambientais junto aos nossos educandos e como podemos elevar a participação de Terreiros e Humpagmes, neste contexto citadino e rural vigentes. Neste ponto, mais uma vez chama á atenção das mulheres para reverem sua relação para com a terra, que lhe é análoga.
Sandive Santana
Educador Social / RJ
Quero fazer um alerta para algo que está em andamento, o “Novo Código Penal” já foi encaminhado ao Senado e candomblé pode ser afetado.
Novo Código Penal
Artigo 391:
Praticar ato de abuso ou maus-tratos a animais domésticos, domesticados ou silvestres, nativos ou exóticos:
Pena – prisão, de um a quatro anos.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre lesão grave permanente ou mutilação do animal.
§ 3º A pena é aumentada de metade se ocorre morte do animal.
Art. 392:
Transportar animal em veículo ou condições inadequadas, ou que coloquem
em risco sua saúde ou integridade física ou sem a documentação estabelecida por lei:
Pena – prisão, de um a quatro anos.
São duas as situações onde o candomblé poderá ser alvo de denúncia:
Primeira: um dos significados da palavra abusar é: “usar em excesso, exceder-se na utilização de”, no entanto não há como identificar o uso em excesso de animais no ritual do candomblé, podendo ser considerado excessivo utilizar mais de um animal em um mesmo ritual, ou seja, usar um bode não é excessivo, usar dois torna-se excessivo, pois o ritual já teria sido realizado com o primeiro bode. Quem terá a autoridade para determinar quantos bodes podem ser usados em um ritual?
Segunda: transportar animal sem a documentação estabelecida por lei, implica em não poder transportar um bode, ou mesmo um galo, sem autorização prévia. Como a documentação para transportar qualquer coisa só faz sentido se houver origem e destino, as casas de candomblé, ou seus responsáveis, terão de ser autorizadas legalmente para comprarem os animais, caso contrário quem estiver transportando estará incorrendo em crime, pois quem compra um animal vivo está se propondo a criar ou abater, tanto a criação quanto o abate de bodes e galos necessita de autorização legal e está sujeito a fiscalização.
O artigo da constituição que garante o direito ao culto religioso não tem qualquer efeito sobre a questão do transporte dos animais e dificilmente terá algum efeito sobre o “abuso”, pois o culto não será impedido de ser realizado, no entanto terá que ser comprovado que é necessário mais de um animal para a sua realização.
O “Novo Código Penal” não desencadeia, automaticamente, uma ação contra o candomblé, mas permite que ativistas comecem a denunciar tanto aqueles que transportam os animais como as casas de candomblé. Basta uma fotografia de meia dúzia de bodes mortos para caracterizar o “uso excessivo” e iniciar um processo crime, mesmo que o processo resulte em absolvição dos denunciados, haverá muitos transtornos, durante a tramitação do processo poderá haver manifestações próximas às casas de candomblé, sendo as mais famosas aquelas que estarão mais sujeitas às manifestações.