Escultura Afro Odu.
O Odu Ogbe meji (Ejionile) nos fala:
Faça seu trabalho
Eu não estou trabalhando
Este era o jogo de Ifá para a pessoa preguiçosa
Ele que dorme até que o sol está em cima
Ele que confia que é possuidor (herdeiro) de herança, não se expõe a sofrer.
Se nós não labutamos e produzimos de nosso suor hoje
Nós não podemos ficar ricos amanhã (a prosperidade é um processo)
Marcho pela lama
Eu não posso marchar pela lama
Se nós não marchamos pela lama
Nossas bocas não podem comer comida boa
Estas eram as declarações de Ifá à pessoa preguiçosa
Ele que possui membros fortes, mas se recusa a trabalhar.
Ele que escolhe ser inativo pela manhã.
Ele só está descansando por sofrer pela noite
Só labutando pode-se apoiar um. (receber benção de òrìsá)
Inatividade não pode trazer dividendo. (prosperidade)
Quem se recusa a trabalhar.
Tal pessoa não merece comer
Se uma pessoa preguiçosa tiver fome, por favor, o deixe morrer.
Morto ou vivo, uma pessoa preguiçosa é uma pessoa inútil.
Ifá nos conta neste poema o quanto o sacrificio por uma vida próspera é importante. Sem sacrificio (ebó) pela nossa espiritualidade e sem o sacrificio em adquirir posses, nada adianta aos olhos do Alto.
Quando lemos deixe-o morrer devemos interpretar deixe-o padecer, tal pessoa não é digna de nossa preocupação e esforço.
Ori é soberano e acima de todas as coisas é sempre ele quem decide o que você vai fazer da sua vida.
Boa leitura e medição.
Sua benção,
Este texto me parece protestante, calvinista, ocidental, quando a noção de ocidental de trabalho já havia se enraizado suficientemente na Nigéria e Benin (e também em Cuba, origem dos patakis totalmente ocidentalizados), poluindo assim a religião tradiconal yorubá.
A concepção de tempo yorubà que foi herdada pelo candomblé é completamente outra, anterior a este processo, graças aos orixás. (e não graças ao “Alto” nem ao Altíssimo, que no candomblé nem fica no alto; este está mais para o deus dos cristãos)
Pela concepção de trabalho proposta neste texto, voltaríamos ao tempo da zenzala, à velha República, onde negros forros eram chamados de vagabundos.
“o negro é indolente e preguiçoso”
— esta era a infeliz máxima que dominava no período colonial e no começo da Velha República.
Pois o que era encarado como preguiça, nada mais era do que o jeito do africano lidar com o tempo, muito diferente do ritmo de trabalho necessário ao capitalismo que crescia e marchava a passos largos.
Agora, passado quase um século, observa-se que a própria religião acabou por ser politicamente influenciada e utilizada como instrumento para a servidão capítalista:
“Morto ou vivo, uma pessoa preguiçosa é uma pessoa inútil.”
— esta é a nova cara do velho ditado, já desprovido de etnia, válido para todos.
Lu Tome, bom te-lo de volta, mas veja como Ifá é perfeito, eu interpretei de um jeito e vc de outro. Isto cria o dinamismo de nossa religião onde nada lhe é imposto, apenas pedimos que todos reflitam se vale a pena ver a vida passar ante seus olhos e deixar que o òrìsá resolva seus problemas ou vc deve se sacrificar pelos seus objetivos.
Realmente vc tem razão, mas não pode ter mais razão que Ifá.
Um pregiçoso não mereçe ser alimentado nem pela boca e nem pelo espirito.
Como diz o ditado: Oferecemos o peixe ou a vara??
Ire o.
Certamente, babá
Precisamos correr atrás do pão. Além disso, sabemos que o próprio culto a orixá não se faz sem (muito) trabalho. Tudo da trabalho num terrreiro e exige muito esforço.
Apenas quis salientar o aspecto sócio-histórico, pois sem isso não sabemos onde pisamos, e isso enriquece a discussão. Somos pessoas de fé. E ao mesmo tempo sabemos que nascemos num dado conjunto onde a religião é parte de uma engrenagem.
Desejo saúde e fontes de sustento e de prosperidade todos nós, agora e sempre! (e uma boa dose de direito ao ócio também! rs).
Axé, babá.
Meu pai lhe cubra de bençãos. Mo jùbá.
Lú Tomé, acho que este texto cabe um dissertação, mas a verdade de Ifá é milenar, este texto não é um patakin cubano. Quando tomamos conhecimentos da cultura de um povo de viveu duramente no cabo de um anechada, no mercado varando noites, desejando e implorando filhos ao Alto, como uma benção, para que sua Fazenda podesse ter mão de obra e sua colheita não se estragasse antes da panha, vemos que o preguiçoso era e é muito mal visto, dentro da sociedade tradicional ioruba. Chamar o negro escravo de preguiçosso tinha suas razões por que ninguém queria produzir para o opressor, veja o que se perdeu de fundamentos e culto ao òrìsá Oko, pois um òrìsá ligado a produção agricola não poderia ser cultuado para fazer brotar prosperidade na fazenda do ‘branco’.
Ifá nos dá pistas de como devemos nos comportar neste mundo, para colher-mos evolução através de nosso carater no outro, toda tradição iorubá esta centrada na formação e lapidação de um bom carater, sem abrir mão das beneses deste mundo, incluindo um ‘pouco de ócio’ que não faz mal a ninguém.
A semana ioruba de 4 e sete dias esta descrita no Odu Oturupon meji com seus dias dedicados ao descanso. Não quero saber se Calvino, se a mercantilismo ou o capitalismo se apoderam de ideias nossas e fincaram bandeiras ortodoxas em cima da produtividade e exploração humana.
A questão principal que estamos analizando que vc sutilmente deduziu é que não podemos deixar nossos problemas nas mãos de terceiros, òrìsás ou qualquer outra figura que não seja vc. O maior interessado. Pois estamos falando de individualidade e da vida de cada ser deste planeta.
Obrigado pela sua participação luxuosa e inteligente.
Onan rere o.
Boa noite a todos.
Jesus, falava por palavras, os Orixas por Itans. A nós mortais, cabe “decifrar” tais Parábolas e Itans para vivermos uma vida próspera e sabia diante das dificuldades do mundo. Outrora, um homem preguiçoso morreria de fome. Não existia a abundância de alimentos vistos em todas as esquinas que hoje vemos. O Ócio é doce como o mel e corrosivo como ácido.
O progresso, seja espiritual ou financeiro, exige de nós muita dedicação e trabalho, não cabendo aí espaço para a preguiça. Tampouco o Ócio.
Não vou dizer que: “Morto ou vivo, uma pessoa preguiçosa é uma pessoa inútil.”
Mas, uma pessoa preguiçosa não deve estar ao lado de pessoas que trabalham duro, pois está só contamina com sua ociosidade e indiferença diante dos obstáculos da vida.
amigos,
No candomblé não tem lugar para preguiçoso, faz-se logo o ebó com “balancinho” que o cabra ou a cabrita desperta na hora do ócio ou toma seu rumo.
Axé.
Boa noite a todos!
Comentarios divertidos, descontraido e animado.
Se nao cacarmos nosso alimento morrremos de fome, ou devorados por outro cacador. hahahahaha…
Ate os seres no estado vegetativo estao em movimento absorvendo e/ou trocando energia com a natuereza(trabalhando), como por exemplo os vegetais que realizam a fotossintese.
Axe a todos.
Sei que isso não e o lugar certo mas sempre quando vou a um centro e escuto os pontos ou em casa lendo algumas coisas sobre umbanda eu me arrepio muito isso e só coincidência ou pode ter alguma coisa ?
Rodrigo,
Pode ser algum indício, sem dúvida alguma.
Axé,
meu Deus se o camarada for preguiçoso em um axé tá lascado rsss….
axé baba
Boa noite a todos ,
Acompanho o site sempre , e estou me mudando ao Rio de Janeiro , gostaria de saber se alguem sabe aonde tem uma casa boa de camdonble no recreio dos bandeirantes , vargem pequena , vargem grande barra por esses lados? e de preferencia com telefone e end se alguem souber agradeço
Obrigado
Caro Diego, casa boa de Candomblé é aquela onde nos sentimos bem. Cada casa tem suas virtudes e defeitos. Vou tentar ajuda-lo.
Conheço uma Senhora muito séria que tem uma casa perto de vargem pequena. Mas, não tenho certeza se ela ainda quer filho de santo. Vou pegar o telefone dela, caso ela permita, assim, vc faz contato e poderá sentir-se bem ou não nesta casa.
Abraços.
Manoel
Ok me passe ainda hoje se possivel.
Abraços
Pois, no meu humilde entendimento, achei o sentindo dessas palavras a coisa mais certa que existe. Quer algo? Conquiste-o! Lute, se esforce, corra, vá atrás! Muita gente vai em busca de religião querendo obter benefícios materiais. Infelizmente, por muitos o candomblé ainda é mal visto por causa de pessoas desse tipo, que acham que podem ganhar alguma coisa “fazendo trabalhos”. Ganhar na loteria, trazer a pessoa amada, etc.
Mas sei também que no mundo em que vivemos nem todos tem a mesma oportunidade, então nem todos que se batalham conseguem prosperidade. Mas quem vai pra lida com certeza se sente bem em saber que é útil!
Que Oxalá me ajude a conseguir transformar minhas próprias palavras em atitudes. Esse é meu maior desafio…
Axé
Felinto, àse.
Da Ilha,
Humildemente agradeço o texto e as reflexões sobre a questão da preguiça.
Mas por outro lado gostaria de saber que visão o sr tem da causa desse estado de ânimo tão contrário ao esforço que uma vida plena pede.
Confesso que em minha vida muito refleti sobre certa dificuldade no caminhar firme, se é pura preguiça ou se não esconderia medos outros…
Humilde, aguardo,
Marcelo
Marcelo, dentro do Culto Tradicional, Òrúnmìlá nos fala de esforçe e sacrificio (ebó), para podermos prosperar em nossas vidas. Não existe vitória sem luta, snão existe premio sem prova. Portanto quando dizemos que um preguiçoso deve morrer, estamos dizendo que ele deve ser deixado de lado, que ele não deve ter seu espirito alimentado por nós, pois pela orientação divina que nos dita que somos seres individuias e dono de nosso Orí, as ações são avaliadas pelo seus atos e atitudes espirituais.
Se vc não perseverar, garanto que nada acontecerá em sua vida e com certeza vc não receberá ajuda celestial. Ok.
Ire o.
fico pensando sou filho de ossaguian, e tenho muito problema com a preguiça, não consigo controla-la é como uma eterna depreção…
Davi tome uma atitude, conheço pessoas de Òsalá de são super ativas, a preguiça está dentro de você e não na influência do òrìsà.
Cuide-se pois como diz o texto, a pregiça é um grande tabu.
Ire o.