A Nação Nagô no Rio Grande do Sul é uma das modalidades do Batuque, uma religião voltada ao culto dos Orixás. Bem, minha intenção com este comentário é mostrar que esta nação não foi extinta como muitos pensam e que ela não sofreu processo de aculturação, ao contrário do que ocorreu com outras nações. Uma das principais marcas desta nação é que o transe para ela não é um tabu como nas demais; os filhos sabem que foram pegos pelo Orixá. Muito parecida com o candomblé em muitos aspectos, dentre eles, a nomenclatura dos cargos e o seu panteão que é mais numeroso do que nas demais nações. Esta nação buscou preservar suas origens, sendo por isso, uma nação fechada. Não há aglutinação de divindades como ocorre nas outras nações onde Ibeji é qualidade de Oxun e Xangô, Nanã é qualidade de Iemanjá, Olokun e Orumilá são qualidades de Oxalá, na Nação Nagô estes Orixás mantém sua individualidade.
Uma referência a esta Nação é o Ilê Axé Oba Oluorogbo, casa de Nação Nagô de Pelotas-RS dirigida pelo Babalorixá Eurico de Oxalá. O Panteão desta casa é bem diferente do convencional observado em outras casas. Os Orixás cultuados no Ilê Axé Oba Oluorogbo são:
Exu, Ogum, Odé-Otin, Logunedé, Xangô, Obaluaiê, Oxumaré, Ossaim, Oyá, Oxum, Yemanjá, Nanã, Ewá, Obá, Ibeji, Onilé, Oxalá, Orunmila-Ifa, Olokun.
Também quanto aos cargos que em outras nações não existem, e no Nagô é usado:
-Babalorixá ou Yalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai. É o título sacerdotal.
-Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
-Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
-Egbomis: são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: “meu irmão mais velho”).
-Elegùn: filho-de-santo que já entra em transe.
-Abiã ou abian: novato.
-Ogãs ou Ogans: cargos a confirmar
-Ekedi: camareira do Orixá (não entra em transe).
Esta Nação muito linda, mas infelizmente incompreendida por parte de zeladores das demais nações, é uma boa referência, aqui no Rio Grande do Sul, da conservação da Cultura Africana.
Nas cerimônias os Orixás chegam e dançam ao som das cantigas, as roupas são simples, não há paramenta, os filhos dançam apenas com roupas nas cores de seus Orixás.
O processo de iniciação nesta modalidade também é diferente do que nas demais nações e se aproxima muito da iniciação do Candomblé, com Obí e tudo mais.
“Cada orixá possui “qualidades” ou “caminhos” que irão expressar aspectos ligados a ele, a exemplo uma passagem enquanto jovem, uma passagem enquanto de mais idade, uma passagem de conquista, seja por um titulo honorifico, seja por um cargo (Rei de determinada região). Cada qualidade portanto, trará consigo informações de culto, tais como: Local de origem, cores, números, ferramentas e tipos de ofertas. Há também “qualidades” cuja origem são Orixás independentes aglutinados a categorias de Orixás “maiores”.” (Babá Eurico D’Oxalá)
Parecido com o Candomblé na Iniciação, com obi e tudo mais. O tudo mais não inclui a raspagem total, não é?
Orun, me parece que sim, vou falar com um amigo meu de Nagô e depois te informo.
Axé
Abenção Hungbono Charles
Não, realmente não há, assim como outras coisas se diferenciam, mas não porque nós aqui do sul não saibamos, ou não queiramos, mas sim por um modo de adaptação do nosso dia-a-dia.
Como pesquisador de candomblé nunca vi nehuma referencia sobre: “Ogãs ou Ogans: cargos a confirmar”. O [s] Ogã da casa, junto as ekedis são verdadeiramente quem cuida da casa e da festa enquanto o orixá está em terra. Recolhi muitos relatos sobre a importância vital que o ogã tem, não apenas na condução da música ou trabalhar com egúns, mas da ajuda/manutenção da casa junto a Senhora ou Senhor da Casa.
Quanto ao título: “Nação Nagô no Sul, resistência cultural de um povo” acho que deveria ser revisto à luz do que muitos pesquisadores (veja o que J. Alba coloca na obra “Os nago e a morte, 2001) e as próprias mães e pais de santo pelo Brasil falam/referem-se.
Como antropólogo vejo que ambas as culturas – brasileira e nagô – se perpassaram em vários momentos. O termo resistência tem sim, obviamente, um sentido de manutenção da pureza e de resistência. Contudo, sabe-se que o processo de “resistência” ocorreu de outra forma. Vejam-se as obras de Manuela Carneiro Da Cunha (2001) e Beatriz Góis Dantas (1982), destaca-se a importância desta última obra.
Rodrigo, boa noite.
Nosso site tem por primazia a informação, citar autores e materias a respeito deles, não soma, nossos internautas são ávidos por informação, se vc fizer o favor de citar resumidamente do que se trata o trabalho destes autores, todos poderão pesquisar, participar de alguma forma, principalmente num pais de dimensões continentais, os conterrâneos da Dayane com certeza querem saber sobre nosso povo do sul.
Uma pq observação:
Os ogons não cuidam de egungun, quem cuida é o Bàbá Ojè, um cargo especifico de Ogon, na falta dele o oraculo indica outro Ogon.
Volte com mais informações e obrigado pela visita.
Mo juba.
Charles, boa noite.
Uma pq observação, dentro do culto tradicional o termo egbon mi, significa irmão mais velho.
O Candomblé, criou este termo ‘egbomi’ como uma pessoa que cumpriu sua missão de 7 anos pagos.
Egbon mi, pode ser o primeiro do barco para quem vem atráz dele.
Acho que o termo correto não me cabe descobrir, pois na tradição não temos isso, deixo o registro apenas como esclarecimento.
Ire o.
Charles e Da Ilha,
Vale ressaltar que no Ketu/Nagô, mesmo um egbomi zelador, com todas e possíveis obrigações, nunca deixará de ser um Iyawò.
Iyawó ní lewá! Ojú momò Iyawò ò yeye, Iyawò ni lewá!.
Mo jubá, Mo juba ré, Mo juba sé!
Bàbá Fernando e vamos comendo Ekó.
Asè Bábá n’lá.
Obatalá mo pè o.
Ire l’onon.
Para qual e-mail posso encaminhar artigos e/ou resenhas para a apreciação?
Foi-me pedido que indicasse livros sobre o que me referi, segue listagem abaixo:
AUGRAS, M. O duplo e a metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô. Petrópolis, Vozes, 1983.
BASTIDE, R. As contribuições culturais dos africanos na América Latina: tentativa de síntese. In: Roger Bastide: sociologia. São Paulo: Ática, 1983 (Grandes cientistas sociais; 37).
___________. As religiões africanas no Brasil. São Paulo, Pioneira, 1985
___________. O candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
BENISTE, J. Òrum Àiyé: o encontro de dos mundos: o sistema de relacionamento nagô-yorubá entre céu e a Terra. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
CARNEIRO, E. Religiões Negras: Notas de etnografia religiosa & Negros Bantos: Notas de etnografia religiosa e de folclore. 3. ed. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1991.
CICCIATORE, O. G. Dicionário de cultos afro-brasileiros: com a indicação da origem das palavras. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988.
DANTAS, B. G. Vovó Nagô e papai branco: usos e abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal: 1988.
LANDES, R. A cidade das mulheres. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002.
ORTIZ, Fernando. Los negros brujos. Madrid, Editorial América, 1905.
PEREIRA, Nunes. A Casa das Minas: contribuição ao estudo das sobrevivências do culto dos Voduns do Panteão Daomeano no estado do Maranhão, Brsil. Petrópolis, Vozes, 1979.
MAGGIE, Y. Guerra de orixá: um estudo de ritual e conflito. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001
RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo. 2. ed. Rio de Janeiro: Companhia Nacional, 1946.
RIO, J, do. As religiões do Rio. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
RODRIGUES, N. O animismo fetichista dos negros baianos. Rio, Civilização Brasileira, 1935.
_____________. Os africanos no Brasil. 7. ed. Brasília: UNB, 1971.
Desde já me coloco à disposição para qualquer interação, como disse no site sou antropólogo e pesquiso o candomblé no Rio de Janeiro [tendo a Bahia como referência].
Atc.
Rodrigo Pereira
Antropólogo
Rodrigo, temos uma pagina de leituras sugeridas na barra lateral a esquerda, ficamos muito grato pela sua participação.
Caso tenha disponibilidade do livro na net gratuitamente, deixe o link.
Desde já, Olorun mo du pè o.
“Rodrigo Pereira, Antropologo” muito boa noite.
Sempre é muito bem vindo “um olhar antropologico” sobre os textos, sempre respeitando é claro as narrativas donde os mesmos foram obtidos e entendendo portanto os processos.
Embora por decisão minha e de meus familiares eu a poucas semanas tenha me retirado da “inserção online” não pude deixar de notar a vasta bibliografia publicada sobre o assunto. Me chamo Eurico Pontes Nunes, Academico, Bacharelado em Antropologia linha de formação em Arqueologia (UFPEL).
Poderia deixar aqui seu Currículo Lattes?
Pesquisei no google e Antropologos “Rodrigo Pereira” existem mais de três e você aqui ao assinar “Antropologo” não deixou o nome de sua insituição.
Boa Noite
Rodrigo Pereira, o termo “resistência” ao qual cito, refere-se ao fato desta nação AQUI no RS ter sido a que manteve sua cultura de formação ao contrário das demais que se aculturaram e mesclaram seus cultos e perderam grande parte de seu culto original. E aqui, refiro-me a uma nação de Batuque, não do Candomblé.
Axé
qui odé de a todos de muito axe i farturas , i eu so de nagó;
Edgar, Odé se o.
Somos todos, sem excessão, de òrìsá e nos unimos em torno de um só Deus, tenha o nome que tiver.
Obrigado por suas palavras.
Mo juba.
Nelson
meu nome é cristina e gostaria de saber se eu tenho o exu maré eu nunca frequentei nenhum terreiro , mais conversei com ele sobre algumas atutudes que tenho em minha vida pessoal ai ele me disse que eu posso ter o exu mare comigo e as minahs atitudes ele disse que tinha esse exu..
como posso confirmar isso me ajude se possivel
Cristina, tudo que vc perguntou só poderá ser espondido em um jogo de búzios.
Procure alguém de confiança ou o chefe desta casa.
Ire o
sou filha de obá com ogun e não sou feitamas vou cer sou da naçao ketu
A minha nação em São Paulo é NAGÔ.
DARCI D’OXALÁ
MINHA NAÇÃO AQUI NO SUL É IJEXÁ NAGÔ, E CONCORDO COM DÁ ILHA QUE TODOS NÓS TEMOS UM ORIXÁ PROTETOR E QUE EMBORA EM TODAS AS RELIGIÕES OS CAMINHAS SÃO DIFERENTES, MAS TODOS LEVAM A OLORUN.
olá, eu gostaria muito de aprender as letras das rezas de abertura da nação Nagô, tenho procurado mas não encontrei muita coisa, ficaria muito grata se pudesse me ajudar, atenciosamente Márcia Sousa, sou da cidade de Rio Grande RS
Marcia procure no Google: Cantando para os Orixás. Livro de Altair de Ogun.
Existem livrarias que remetem via Sedex e o livro não é caro.
Ire
Olá, muito obrigada por ter respondido minha dúvida, vou procurar no google e vou ver se compro este livro, obrigada mesmo, sem palavras… Axé!!!
Bom dia .eu comessei na nação nagô .hoje m vejo em uma nação jeje não me comformo como e cuidados os orixá .gostaria muito q a nação nagô viesse para SP .pois tem muitas coisas q eu aprendi na nação nago e no jeje e destinta .eu não aceito a forma q são tratados os orixá e exu .pois bem sei q na África não existe levará somente no Brasil .estas nação cutua mas exu e levará do que os orixá .isto para mim e uma afronta .da forma q eles trata os orixá .obrigado
Antonio realmente temos ouvidos queixas sobre esse procedimento.
Cada cabeça uma sentença, infelizmente, temos que ouvir, ver e aturar esse tipo de culto.
Ire
Boa Noite eu me afastei de um Ile jeje-ijexa e estou a procura de um Ile Keto ou Nagô
Luis Augusto qual sua cidade?
Ire alaafia
Bagé RS
Boa tarde , desculpe , mas discordo da colocação sobre a nação nago , pois sou de nação nago , e os ritos e até mesmo os orixás cultuados não coincidem com os descritos , a casa da minha mãe de santo fica em Alvorada RS com mais de trinta anos , e o seguimento dela a mais de 60 anos , acredito q a descrição que fez tem mais do candomblé . Sem intenção de ofensa , agô !!