A Corte Constitucional do Brasil – STF deve enfrentar no ano de 2009 a arguiição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) nº54.
O tema é polêmico e não encontra consenso religioso, político, filosófico, médico e jurídico. Em que pese o STF decidir a favor ou em desfavor à interrupção da gravidez teremos atores sociais satisfeitos e insatisfeitos com a respeitável decisão.
Recentemente a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou em 26/02/2008, para ministra Carmem Lúcia a sua discordância quanto a aprovação da legalização do aborto, baseado no Código Canônico.
Antes de uma abordagem religiosa como sacerdote no candomblé sobre qual posição a ser adotada, far-se-á uma breve e rápida apresentação jurídica dos casos em que se admite no Brasil a licitude do aborto.
Prefacilmente a definição de aborto no Brasil é entendida coma a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção, que pode ser o ovo, o embrião ou o feto conforme a sua evolução. Podemos classificar o aborto de acordo com a sua forma de interrupção, como o aborto espontâneo, natural, com consentimento da gestante, sem consentimento da gestante, ou o aborto provocado, sendo este último crime.
O Código penal admite e torna lícita a conduta em dois casos: 1 – quando não há outro meio para salvar a vida da gestante; 2 – se a gravidez é fruto de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante, ou quando incapaz do consentimento do representante legal.
Grifo. Ainda que pela legislação infraconstitucional o aborto seja legal é contrário as regras da lei cristã cito o Código Canônico.
Para ilustra a questão concretamente, reporta-se a um lamentável caso no estado de Pernambuco na cidade de Alagoinha, uma criança de apenas nove (9) anos de idade foi submetida à interrupção da gravidez, em razão de um estupro realizado pelo próprio padastro, logo fora internada e recebeu alta no dia 06/02/2009. No caso em tela o argumento utilizado para intervenção médica se baseou no artigo 128 do CP, inciso I e II e com o consentimento da mãe, tendo em vista, que a criança é incapaz.
Imediatamente a igreja católica de Pernambuco apoiada pelo Vaticano excomungou a equipe médica e a mãe da gestante. Para o Arcebispo Dom José o aborto um crime mais grave que o estupro. Para esquentar o confronto o pai da criança que é evangélico, também se pronunciou contrário a intervenção médica.
Contudo, alguns fiéis da igreja como o movimento feminista católico e o Presidente da República Federal do Brasil o Excelentíssimo Senhor Lula, criticaram a conduta do Arcebispo Dom José e apóiaram os médicos.
É importante esclarecer o posicionamento cristão, tendo em vista o senso IBGE 2000, que atribui o seguinte dado, 89,25% da população brasileira é cristã e isso repercute no meio social e político.
Em que pese à força do cristianismo no Brasil, o Candomblé como religião da minoria deve igualmente se manifestar em favor da vida humana e protegendo a dignidade de seus com pares. Explico!
O candomblé possui como um dos seus objetivos fundamentais a proteção da vida. Ao passo que o princípio norteador é da continuidade da vida pelos seus descendentes como perpetuação da espécie humana. Diante de uma questão difícil como o aborto o sacerdote do candomblé deve recorrer ao início de tudo, antes mesmo do nascimento com vida e antes do natimorto. Para isso devemos responder em que momento surge à vida. Prefacimente nascimento com vida é diferente do surgimento da vida.
Podemos afirmar que neste ponto o candomblé guarda semelhança com as religiões cristã. Para o candomblé a vida começa no momento da concepção, logo assumimos a teoria da concepção como fato gerador da vida humana, e a partir daqui os elementos da natureza (orixás) atua em favor do novo ori. A vida é o bem mais precioso e importante que existe, a vida movimenta o mundo, se excluírem a vida não sobra nada, falta continuidade é inóspito o ciclo vital, alias não há ciclo.
O candomblé preceitua mais do que a vida, devemos acresccer que a vida deve ser somada a dignidade humana.
Diante da questão posta temos que a interrupção da gravidez – considerando a inteligência dos princípios funda o candomblé – é permitido somente na ocorrência do plano espiritual que se materializa concretamente na gestante, daí em escrever que os abortos naturais e espontâneos possuem conformação religiosa.
Destarte, o aborto provocado e o aborto consentido não guardam identidade com o nosso axé.
Todos nós temos um destino a cumprir e devemos realizar nosso odú. Eu como sacerdote não posso apoiar a interrupção da gravidez, vige no candomblé também o princípio da lealdade da liturgia e da solidariedade humana, temos sempre que nos recordar que (…) à religião, o ori e os orixá nos concedem axé para vencer as dificuldades humanas e espirituais.
Seguimos no candomblé a vontade sagrada e antes de decidir o que fazer, como fazer e por que fazer, o iniciado ou sacerdote deve buscar sustentáculo com seu Babalorixá e verificar se deve ou não realizar a interrupção através do jogo de búzios. Entretanto, o consulente não pode violar a lei positiva do Estado.
Reclamam os movimentos a favor do aborto a autonomia da vontade em detrimento da vontade do ovo, embrião ou feto. Esquecem que uma vez interrompida a gravidez, não podemos reparar futuras lamentações. Digo futuras lamentações em razão de uma recente pesquisa apontar que as mães que foram submetidas a interrupção da gravidez ficaram arrependidas.
Atos como matar alguém, cometimento de suicídio é desmerecer a vida e afrontar nossos princípios. Ao homem não é dada a faculdade de decidir quando e como ele vai morrer, vamos mais longe, os órgãos pós-morte também não pertence ao morto e sim ao acervo sagrado espiritual. Desse modo indago “se você não possui autonomia sobre seus órgãos e quiçá a vida que é irrenunciável, indisponível, inviolável e indispensável, o que leva você a concluir a determinar-se sobre a vida e morte de outrem?”
Devemos separar as decisões técnicas legiferante das religiosas – todavia o império da norma estatal deve ser seguida, sob pena de praticar crime. O Brasil é um país laico não possuímos uma religião oficial e admite qualquer manifestação religiosa ou filosófica – art. 5, VI, VIII da Constituição Federal – Desse modo o legislador pátrio deve legislar conforme os ditames constitucionais.
Nota: observamos que a temática nos candomblés é controvertida, subsiste correntes a favor e contra a interrupção da gravidez.
CONCLUSÃO.
O candomblé é uma religião pautada na origem e repudia qualquer conduta que vise ameaçar ou delapidar vidas. No caso vivênciado na última semana, no qual um menina fora sujeita a interrupção da gravidez, temos o choque de dois bens: a vida da gestante (considerando o risco da gravidez) e o material humano já concebido. Neste caso para encontrarmos uma solução é necessária muita ponderação, qualquer que seja a decisão (repito neste caso) é aceitável, seja conservar a vida do embrião ou a vida da mãe precoce. No caso em tela a opção foi a da mãe não encontrar óbice em apoiar a decisão, porquanto houve a decisão de preservar a vida nascida em detrimento do fruto da concepção. A fundamentação desta conclusão esta baseada no embate entre duas vidas viáveis.
Por fim o candomblé possui raízes no velho continente Africano emanado de sabedoria sagrada e que durante séculos fora aperfeiçoado vislumbrando a perfeição humana.
Um Omo orixá pede a benção ao seu ori proferindo o itan:
– “(…) TÁ-A FI NLÓKO RE, TÁ-A FI NLÁYA RE (…)”.
Relacionamentos, filhos e todas as coisas boas da vida.
Egbon OmoOde.
Fonte: http://egbonomoode.blogspot.com/2009/03/candomble-vida-e-interrupcao-da.html
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A benção aos meus mais velhos.
Obedecendo ao pedido do Fernando, começo a desenvolver a discussão sobre este polêmico tema que aborda tanto a sociedade, como a nossa religião: o aborto.
Que responsabilidade o senhor me indicou, hein Babazinho?
Mas vamos lá: queridos, o aborto, como tema a ser discutido, é deveras polêmico e sempre puxa para mais de um viés a ser analisado e considerado.
Não falamos apenas de conceitos religiosos, mas também de conceitos sociais que devem ser diretamente internalizados neste assunto.
O Candomblé, por um lado, defende o direito à vida, por outro, o livre-arbítrio; livre-arbítrio este que não manuseia apenas a nossa liberdade de escolha, mas um conceito muito mais forte: o de sermos MORALMENTE RESPONSÁVEIS pelas nossas atitudes e ações. É a própria ética que pede espaço neste conceito também.
Eu não tenho cunho radicalista (mesmo que eu tente). A priori, sou a favor da legalização do aborto sim. Sei que a minha religião é contra este ato, sei que ele fere a continuidade de toda uma ancestralidade. Só que eu sei também, que, por outro lado, mesmo com todo este aprendizado que nós temos, Olorun deu-nos a capacidade de refletirmos e raciocinarmos sobre o que “poderia” ou o que “poderá” ser melhor para nós. São as escolhas. Por mais que o caminho já esteja traçado, podemos fazer as nossas modificações, caso assim desejemos, não é isso? Sendo assim, outras pessoas, de outros ou sem nenhum credo, podem pensar diferente e querer agir diferente. Por mais que eu não aprove, eu respeito.
Só que este meu conceito é um conceito, uma opinião “local” e não “global”.
Globalmente falando, o país, a constituição… “Não é café pequeno”, como diria minha avó sem se importar com a concordância. O tema deve considerar classes sociais, responsabilidades sociais, educação (não em sentido de escola, mas em sentido de ética, de pensar), saúde pública, etc.
O que mais temo, quanto a uma futura legalização, é a banalização do ato. Esta banalização mexe não apenas com o aborto em si, mas o possível aumento no índice de doenças transmissíveis, por ausência da camisinha, principalmente entre os jovens, que vos digo, somos imensamente irresponsáveis. Afirmo isso por que vejo o cotidiano e as estatísticas também comprovam.
A questão do aborto é um problema de saúde pública e creio que a sociedade, as classes sociais como um todo, não têm, ainda, princípios éticos para encarar esta possível legalização de frente.
Não gosto de cabrestos, maneiras únicas de pensar ou de verdades absolutas. Nossa religião, nas nossas casas, barracões, em meio à nossa juventude (os mais cabeças ocas quanto a este assunto), aos nossos mais velhos, egbé em geral, devem abordar – restringido-me à este tema – assuntos que priorizem a saúde sexual. Não é mostrar apenas que a nossa religião é contra a interrupção da gravidez, como fazem as outras religiões que impõem conceitos com o dever de serem seguidos cegamente pelos seus adeptos.
A nossa religião, com todo este conceito lindo de respeito à essência de cada indivíduo, deveria (atrevo-me a pontuar):
- Mostrar os riscos do aborto, pois este ato não deixa de ser uma intervenção no nosso organismo tão perfeito quanto ao seu funcionamento;
- Mostrar o quanto a preservação, o constituir da família é importante e sagrado (além de ser saudável!);
- Mostrar que se deve ter responsabilidade. Responsabilidade consigo e com o próximo. Deveríamos aprender mais sobre o que seria ética, né? 🙂 E também sobre consequência;
- Mostrar que doença transmissível é ruim, mata, aleija, amputa, diminui auto-estima, intervém nas nossas relações sociais e podem ser pegas justamente no ato que resultou no embrião lá no útero da criatura.
São muitas as situações, queridos. Não sei se viajei na questão, voei mais alto que deveria, mas creio que o caminho é por aí.
Penso, como jovem nascida nessa era da correria, nesse caos chamado modernização e ao mesmo tempo envolvida (apaixonada) com uma religião que apela pelo tempo da natureza, da ancestralidade, pelo respeito às tradições, que a modernização está aí pra isso: lutarmos pelo mantimento das nossas tradições, da nossa liturgia, e por outro lado, refletirmos sobre os atos e assuntos desta sociedade moderna que nos cerca e que também não deixa de nos integrar, sem deixá-los influenciar negativamente (mais do que já influenciou) na manutenção da essência do Candomblé.
Nosso papel é muito mais difícil hoje do que ontem, meus irmãos.
A benção,
Dayane
ola bom dia
vc tem email ? msn pra contato ? gostaria de falar com voce
obrigado
motumba
Axé meus irmãos!
O respeito à vida é um princípio soberano que não é passível de “leituras”.
A vida não é produto do livre arbítrio, mas um dom de Olurum/Zambi.
A dignidade humana é um dever de todos nós que professamos a fé nos Orixás (Umbanda ou Candomblé), produto da nossa vontade (livre-arbítrio).
Portanto qualquer forma de interrupção da vida (vontade individual ou coletiva – Tal como em guerras e genocídios), é um ato grave de irresponsabilidade e falta de respeito para com os Guardiões de nosso ori.
No mais, os artigos postados estão excelentes. Parabéns!
Axé!
Dayane, sabe, mandou muito bem… E você tocou num ponto que acho crucial sobre a nossa fé – ponto este, inclusive, muito bem sintetizado por Verger e muito bem escolhido como “slogan” desse blog que gosto tanto:
“O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer as pessoas sobre uma verdade absoluta, ao contrário da maioria das religiões”
Tá ali em cima. (: Foi onde vi a primeira vez, inclusive…
O Verger pode não ter lá uma sonoridade muito poética e a frase parece, a princípio, meio solta, meio jogada, quase estatística. rs Mas está aí para mim uma das grandes belezas na nossa fé… Ela respeita o indivíduo, respeita a escolha, respeita a pluralidade. Impulsiona o pensamento para além do maniqueísmo e o submerge nas raízes da Terra e da vida.
De fato, seria demagógico dizer, na nossa fé, que qualquer verdade é absoluta… Cada barracão é uma verdade, cada babalorixa ou iyalorixá tem sua verdade, cada filho de santo, guiado por seus mais velhos, vai aos poucos crescendo na religião e descobrindo suas próprias verdades… Tirar isso do candomblé, ao meu ver, é tirar uma de suas costelas, uma bem importante.
Ao meu ver, não dá pra dizer “o candomblé é contra ou a favor disso ou daquilo”. Você pode dizer que você é, e só. O candomblé é inclusivo, não exclusivo. Não é festa da uva, nem de longe, quem é do axé sabe bem… Mas respeita a diversidade e, se tem o espaço que tem hoje, foi pela sua capacidade de agregar a diversidade, não de enfiar pretensas verdades goela abaixo de ninguém em nome da religião.
A reflexão, a pesquisa e o desenvolvimento do pensamento devem, sim, ao meu ver, serem sempre incentivados. Mas as conclusões que isso gerará são tesouros particulares. Compartilháveis, mas individuais. Me entristeceria muito ver representantes da nossa fé assumindo como postura a mesma megalomania e egotismo que tanto criticamos e que presta tanto desmérito à nossa fé.
Babazinho, sua bênção, mutumbá!
Dayane, sua bênção, mutumbá!
Há tempos não me manifesto aqui no blog, mas diante do assunto nao posso deixar passar rsrsrsr.
Fico muito contente de ver este assunto sendo abordado de maneira tão profunda.
A opinião da nossa religião sobre um assunto tão polêmico, é fundamental, principalmente para pessoas que ainda estão aprendendo.
Sempre existirá a pergunta: “O que meus mais velhos pensam sobre isso”?
Vejo o Brasil, um país ainda muito despreparado para a legalização do aborto. Este “artifício” seria utilizado como método contraceptivo.
A melhor maneira de se evitar uma gravidez indesejada é utilizando a informação. Métodos contraceptivos, de maneira geral.
Inclusive muitas pessoas desconhecem programas do governo para o controle da natalidade.
Qualquer posto de saúde, fornece preservativos e anti-concepcionais (estes, com receitas médicas), e é GRÁTIS.
Outro ponto importante é a educação sexual nas escolas, que poderia abordar o tema com mais profundidade. Professores têm vergonha de abordar o assunto, sentem-se constrangidos. Acredito que deveríamos ter mais palestras sobre este tema, principalmente nas escolas de nível fundamental (2º ciclo) e médio.
Asè
Tati
Kolofé!
Independente de posições religiosas A ou B, continuo reafirmando que o Estado deve ser Laico. Ou seja: discutir com a sociedade qualquer assunto, incluso o aborto, tendo a religião como apenas mais um dos elementos de interlocução, e não como o elemento-base.
Todas, repito, todas as maiores barbáries da humanidade foram cometidas por Estados não-laicos ou, no mínimo, por Estados laicos mas que tinham o forte dedo influenciador da religião dominante daquele Estado.
Axé!
Ègbé,
Complicadíssimo essa questão, falar de aborto de pobre ninguém quer, de mulheres inocentes, ignorantes, a beira das estradas, menores abortando, a curetagem seringueira das vielas, dos contra-bandos, a marmotegem dos hospitais ditos públicos, os carniceiros de plantão, abortam é a vida, tem que expor a sociedade vilã. A concepção política de um país de serras e dilmas, de siglas a se galfinharem pelo voto e aí, não importa se é contra ou a favor, querem os votos!
Ah! A Santa Madre Igreja, se posicionau muito bem?! ou muito mal?! Na ideologia de que se existe macho e femea, existirá uma futura vida. (padre e madre não tem filhos) Não podemos deixar que a burrice caminhe junto com a ignorância de um povo.
Saude & Educação é a base sólida de um país.
Não acredito que a legalização ou não do aborto mudará o quadro social que vemos hoje por aí, esse tema é muito mais complexo do que parece e vai além dos dogmas de uma religião, abordá-lo sem considerar suas vertentes, responsabilidade social, sócio economica e educação seria como “pegar o filme pela metade”, seria ignorar o príncipio do problema, ignorar a falta de vergonha dos governantes que deixam tantos jovens abandonados pelas ruas, seria ignorar a omissão dos pais na educação de seus filhos que para evitar possíveis “traumas” ou para preencher o afeto que lhes negam permitem que façam tudo o que querem sem nenhum controle. Não vamos fechar os olhos e fingir que não existe o que existe, mesmo clandestinamente, portanto não acho que seria usado como método contraceptivo, ao contrário, iriamos evitar que mais pessoas morressem nas mãos dos sanguinários.
O candomblé como toda religião defende o principio da vida, eu como adepta também defendo, mas temos também nosso livre arbítrio, independente de ser legal ou não sempre vamos fazer o que achamos melhor pra nossa vida e obviamente arcarmos com nossa responsabilidade perante a lei dos homens e a lei de Olorun. Sou a favor da vida, mas não sou a favor de crianças jogadas na rua passando fome, sofrendo, sendo mal tratadas e abusadas sexualmente. no lugar delas ia preferir a morte.
Axé,
Ekedi Sonia
São vários os pontos de vistas considerados. E obviamente, a questão do aborto passa por várias outras questões, assim como sua legalização ou não legalização não mudaria o quadro social do país. O quadro social do país mexe com bom planejamento e distribuição de recursos da união direcionados para a educação e saúde (de forma séria). E isso, creio eu, não será muito atingido, pois partidos, como o de Tiririca, precisam da massa semianalfabeta e desinformada para elegerem seus palhaços e assim conseguir mais cadeiras nas câmaras para seus outros candidatos. A sujeira vem de cima para baixo.
Falar disso já até desanima.
Nós temos sim vários problemas podres nesta sociedade supersaturada de falso-moralismo, assim como temos uma população que cresce de forma exponencial e sem nenhum controle, assim como também temos um sistema super burocrático para as mulheres que desejam fazer laqueadura nos hospitais públicos. O processo é tão lento e burocrático que dá pra supor que o sistema quer dificultar essa vontade das mulheres.
Isso acontece imensamente em hospitais públicos. Muitas mulheres pobres e com seus quatro ou cinco filhos pedem para fazerem a cirurgia e levam um não mandando-as para a fila do processo. Nesse processo, ela desiste, engravida e traz mais um ao mundo pra receber o benefício do bolsa família.
O problema é realmente estrutural e com o sistema político do país, onde os políticos não aprovam melhorias na educação e na saúde, pois seus filhos estão em escolas particulares, abonados de planos de saúde e fazendo algazarras nas ruas, tudo aquilo que ocorre nos becos, às escondidas, na clandestinidade, torna-se tão real, presente e comum quanto esta “feliz” realidade mostrada na mídia.
Eu realmente não sei onde vamos parar. E olha que eu não sou pessimista!
Axé!
Eu sou contra a interrupção da gravidez.
Sou a favor da legalização do aborto.
O aborto é liberado, e é um mercado aquecido, em acelerado crescimento.
Em prédios comerciais de grandes centros ou em casas simples de comunidades pobres, encontramos a comercialização do aborto.
Para quem pode pagar ou vender o fogão,a geladeira ou a tv, não dificuldades em causar a morte do seu filho.
Só na Zona sul eu tenho notícias de 3 clínicas de aborto.
Nas uniddes de saúde pública chegam todos os dias em média três mulheres,para realizar o procedimento de curetagem,resultante de um aborto provocado.
As nossas queridas parteiras,que antes realizavam partos de toda uma família, ultimamente realizam(também) abortos,introduzindo sondas,seringas e outos artifícios, para realizar a prática criminosa. São úteros perfurados,hemorragias e consequêntemente a morte dessas mulheres.
Somente alguns poucos postos de saúde do Rio de janeiro, fazem distribuição regular de contraceptivos,nesta última segunda -feira tomei conhecimento que na Baixada Fluminense a 3 meses está sem distribuição de medicamentos contraceptivos.
Quanto custa o preservativo?
Quanto custa o anticoncepcional?
Como se faz para realizar esterelização feminina?
E a esterelização masculina?
Será que todos tem dinheiro pra comprar ou pagar esses procedimentos?
O que as autoridades estão investindo na educação sexual ?
As campanhas que abordam esse tema são tímidas.
Só atraves de políticas públicas mulheres com pouca infirmação serão alcançadas.
Quem tem dinheiro faz o aborto sem dificuldades.
Quem não tem grana,tenta a sorte,arriscando a vida na clandestinidade, absurda. A questão é acessibilidade,só isso.
O aborto com ou sem aprovação da lei, vai continuar, cada vez mais cedo as moças estão engravidando.Teremos aventureiros mutilando e matando mulheres,isso não vai parar é lucrativo.
As autoridades estão preocupadas com o controle populacional.
Cada dia mais os casais estão tendo menos filhos, o crescimento populacional de 20 anos pra cá diminuiu 50%(dados do IBGE de 2009).
Ou as mulheres estão fazendo mais abortos ou o programa de educação familiar do governo está alcansando eficiência.
Se a prática abortiva continuará, que seja numa unidade de saúde onde essas mulheres terão acompanhamento profissional e através de planejamento familiar poderão optar pela esterelização fminina ou masculina, completamente gratuitas.Quebrando o comércio dos Negligêntes,imperitos e imprudentes.
Axé
Sou contra a legalização do aborto,poisas mulheres sabem muito bem como evitar uma gravidez(preservativos,píluras e por vai)A mulher só engravida se quiser se deixar engravidar.Isso é falta de amor a vida…Que Oxum sege por essas mulheres inresponsáveis,que não sabem o mal que fazem à si mesmas.
O ritual de ABIKU, onde fica nessa história?
Muitas mulheres, por possuírem carrêgo de Abiku, não conseguem concluir o período de gestação. Nesse caso, quando ocorre uma próxima gravidez, e, sabe-se que haverá um novo aborto “espontâneo” um sacerdote faz determinado fundamento, para interromper aquela gravidez e executar preceitos no natimorto, a fim de possibilitar que a próxima gravidez se complete sem problemas.
Eu concordo com todos os comentários acima, apenas devemos lembrar que a maioria de nossas posições são contruídas dentro da criação cristã-tradicional que temos no Brasil. Discutir esse tema realmente é muito plêmico.
Segundo nossa querida Dayane, “A nossa religião, com todo este conceito lindo de respeito à essência de cada indivíduo, deveria (atrevo-me a pontuar):”
“Mostrar os riscos do aborto, pois este ato não deixa de ser uma intervenção no nosso organismo tão perfeito quanto ao seu funcionamento;” – E mostra quando trata do assunto ABIKU, mostrando todos os perigos relacionados ao aborto e a importância de evitá-lo.
“Mostrar o quanto a preservação, o constituir da família é importante e sagrado (além de ser saudável!);” E mostra, se observarmos que, em todos os versos sagrados destaca-se o ato de ter filhos como sinônimo de riqueza e alegria da vida, como o exemplo dado por Fernando, “(…) TÁ-A FI NLÓKO RE, TÁ-A FI NLÁYA RE (…)”.
Relacionamentos, filhos e todas as coisas boas da vida.” E que é encontrado em outros versos com o mesmo sentido em diversos textos sagrados.
“Mostrar que se deve ter responsabilidade. Responsabilidade consigo e com o próximo. Deveríamos aprender mais sobre o que seria ética, né? E também sobre consequência;” E mostra nas Mo Juba Ifá, onde devemos lebrar que somos obrigados dar atenção a todas as pessoas, sentimentos e ações do ser-humano.
“Mostrar que doença transmissível é ruim, mata, aleija, amputa, diminui auto-estima, intervém nas nossas relações sociais e podem ser pegas justamente no ato que resultou no embrião lá no útero da criatura.” E mostra, todas essas colocações estão descritas em Odi-Sá, nos textos de Orunmilá.
Porém, devemos lembrar que os tramites legais deste assunto em debate estão so observação do olhar Judaico-Cristão, no qual foi constituída nossa sociedade.
Citei os exemplos acima na intenção de ampliar o debate do assunto sob a ótica do nosso culto.
Abraços em todos.
ègbé,
Boa pergunta sobre o Abikú Doté, entendendo que não devamos interromper a gravidez e sim preparar com fundamentos para a próxima gravidez. O abikú que não vinga já nesceu e morreu antes de ser gerado, apenas cumpre o seu destino.
Estado laico ou eclesiástico não configuraram soluçôes e entendimentos para essa dolosa questão social.
Dayne com sua visão jovem e inteligente pontua muito bem e nos mostra didáticamente as consequências em nossa sociedade.
Cabe-nos refletir e continuar formando opinião.
Axé,
Boa tarde a todos!!!
Realmente este assunto é bastante divergente… eu particularmente sou contra a interrupção da vida independente da forma em que ela foi concebida, seja estupro ou descuido das partes…. desculpe a minha “ignorancia” mas eu acho que ninguém tem o direito de decidir se uma pessoa deve nascer/viver ou não, se o feto está alí, é que foi vontade de Deus, ele decidiu que deveria vir a esse mundo dessa forma, ele deu a vida, só ele tem o direito de tirar. Eu lido com isso todos os dias, trabalho em um cemitério municipal aqui da região de Guarulhos / SP e vejo a dor das pessoas quando a mãe perde o seu bebe e o mesmo é trazido aqui pro IML (dentro do cemitério), a família cria espectativas sobre o filho, fazem planos e derrepente tudo isso é interrompido, na grande maioria, morte natural, familias que sonham com filhos e perdem esse sonho com um aborto espontaneo contrastam com mulheres que não querem ter filhos e largam por ai ou se acham no direito de decidir a vida daquele ser interrompendo ela. No meu entendimento, o aborto deveria ter a mesma pena que um crime contra qualquer vida, alias, estamos falando do que mesmo?????? VIDA, seja ela qual for seu estagio, vejo aqui diariamente marido matando mulher, pai matando filho, filho matando os pais, acidentes horriveis, dores interminaveis de familiares…….. enfim……. meu raciocinio é o seguinte….. Vá a um IML, veja um feto em formação, ou um já formado, sinta a dor dele por não ter podido VIVER, somos espiritas (espiritualistas, espiritualizados ou seja lá o que for) somos sensiveis a essas sensações, vamos fazer a empatia do espirito, da vontade de Deus, nada acontece por acaso, o acaso não existe (na minha concepção) sabemos que o aborto é algo inadimissivel aos olhos dos Orixás, vamos viver a liturgia pura e simplemente, em mais pormenores, vamos coloca-lá em nossas vidas, pratica-lá, pois o que adianta seguirmos uma religião com suas “regras” se não as aplicamos no nosso convivio……
Desculpem o desabafo meio desordenado….rsrsrsrs….. mas ABORTO NÃO, VIDA SIM!
Axé!!
Júlia Eugênia
Complicado falar sobre aborto, complicado gerar uma opinião… Sou mulher, sou mãe… Já vim ao mundo, enquanto mulher, com a missão de gerar vida.
No entanto, não sou cega. Basta-se olhar ao redor e ver, nas periferias das grandes metrópoles, a quantidade de crianças gerando outras crianças. Claro, mulheres sabem como evitar uma gravidez. Mas será q as crianças o sabem?
Outra questão importante é a naturalização da gravidez na adolescência, muito comum em áreas mais carentes. A cada dia mais adolescentes engravidam, o q torna o fato normal, natural, gerando automaticamente o pensamento: “Se a minha amiguinha teve um filho com 15 anos, eu tb posso ter um filho aos 14 anos”.
Sou a favor da legalização do aborto sim, mas como combate às práticas violentas e às mutilações que são feitas por aí. Mas sou radicalmente contra um aborto na minha vida.
Acho que a beleza e a base do Candomblé está justamente em respeitar e preservar o direito à pluralidade. Não é a Lei ou um sacerdócio que coibam o aborto que vão resolver a questão: é todo um processo de informação, conhecimento, amparo emocional, psicológico e espiritual em torno disso. E claro, o respeito constante ao direito à escolha.
Sou radicalmente contra o aborto. Mas tb sou radicalmente a favor do direito ao livre arbítrio e à liberdade de escolha.
Não sei se me expressei bem =x O assunto é amplo demais para eu, com minha mente extremamente ativa, conseguir concatenar as minhas próprias idéias sem matar tds vcs de tédio com um texto de 5 km. =P
Motumbá!
kolonfé
fernando e dayane dando show como sempre. adoro seus textos e comentários precisos e ponderados.
gostaria de me posicionar como radicalmente contra o aborto a não ser em casos de risco e como foi muito bem explanado acima em casos de fundamentos de abiku.
já passei por isso com namoradas da juventude e me arrependo amargamente, como acredito que a maioria das pessoas envolvidas, em algum momento de suas vidas com esta questão também se arrependam, mas daí a fechar os olhos para o que acontece a nossa volta requer uma maior reflexão.
vivemos em um país onde não há um programa eficiente de educação sexual nas escolas, vamos falar a verdade nem educação num nível satisfatório temos nas unidades públicas.
a mídia aplaude a inversão de valores que faz com que garotas de tenra idade sonhem em ser capa da playboy em vez de se tornarem médicas, professoras, etc…
as igrejas católicas e evangélicas dificultam a distribuição gratuída de camisinhas e outros métodos contaceptivos achando que simplesmente o tabú do pecado afastará nossos jovens das prática sexuais, fazendo uma clara opção por enfermarias lotadas por doenças sexualmente transmissíveis e milhares de meninas grávidas sem nenhum amparo.
por último e mais importante o estado, o mesmo que não legaliza o aborto, não dá nenhum apoio a estas mães, oferecendo uma opção contra o mesmo.
o resultado todos conhecemos, carniceiros, aborteiras, meninas morrendo por infecções das mais variadas, crianças nos sinais, sociopatas filhos de lares detruídos onde falta de tudo e sobram horrores(drogas, prostituição, etc…).
minha preocupação com a legalização, assim como a dayane é a banalização da prática mas confesso que me preocupo mais com as vidas perdidas nos açougues e matadores que vemos por aí e com os frutos destas gestações indesejadas.
só posso apontar como caminho o exemplo da minha mãe de santo Deolinda d”Oxum qua abrigou, criou e sustentou metade da cerâmica em nova iguaçu, rj.
Ela sim já provou que pode ser contra o aborto, pois ja amparou e cuidou de dezenas de mães e crianças, apontando o caminho, trabalhando junto com os Orixás para melhorar a vidadestas pessoas e ainda por cima recebe de muitos deles a ingratidão.
concluindo meus irmãos, enquanto nós como individuos, coletividade, barracão, sociedade e estado não nos concientizarmos que o único caminho é seguir o exemplo desta Sra. e de tantos outros abnegados, estaremos sempre discutindo um tema polêmico sem chegar a nenhuma conclusão de fato.
um forte abraço e que Ogum esteja sempre abrindo e iluminando o caminho de vcs.
kolonfé
Pejigan Hélio,
Olorun Kolonfé! Kolonfé.
Axé a todos
Bom,já faz algum tempo que sempre leio artigos desse site,e eu sempre gosto muito da abordagem,textos sempre ótimos,de fácil compreenção de todos,mas dessa vez resolvi me pronunciar.
Eu entendo e concordo que na nossa religião no geral se desaprove o aborto,mas acho que cada caso devia ser estudado individualmente.Assim como esse caso apresentado na postagem da menina de 9 anos,NOSSA É LOUCURA,como uma menina de 9 anos vai conseguir manter uma gestação e mais do que isso,criar um filho.
Não concordo com o aborto de forma indiscriminada,mas em casos especiais eu acho uma alternativa válida.
Mas que fique registrado que eu enquanto pessoa,enquanto mulher e enquanto candomblecista,sou contra o aborto sim,ainda mais da forma com que ele vem acontecendo de forma tão indiscriminada,pq por mais que o aborto não seja liberado oficialmente não é o que vemos no Brasil onde encontramos diversas clínicas que fazem isso por valores acessíveis a qualquer classe social.
Só acho que cada caso é um e é difícil julgar um assunto tão polêmico sem estudarmos mais a fundo cada caso.
Desculpem se ficou extenso,mas o assunto exige.
Motumbá!
Religião magnifica…
Quando estudada de fato, vemos as coisas mais b elas dentro dela.
Uma vez perguntei ao meu pai de santo: Existem mandamentos no candomblé?
Ele me respondeu.
De acordo com o Tratado de Ifá, quando lido e compreendido absorvemos que:
Devemos honrar família, pai e mãe.
Respeitar e reverenciar os Orisás, afinal, são o nosso caminho e a nossa estrutura.
E, ser-mos felizes, desde que respeite-mos o espaço de cada um.
Ou seja: O homossexualismo, você não está se desrespeitando e nem desrespeitando o proximo, como tantos outros exemplos.
Dofonitinha seu zelador e vc estão corretissimos em suas colocações,obrigado pelo comentário. Tomeje
creio que dayane tenha sido muito feliz em separar as coisas: uma questão é a legalização do aborto, que é uma questão jurídica/política macrossistêmica. outra é a prática seguida pelos filhos de santo/praticantes de quaisquer religiões/indivíduos em geral.
as pessoas abortam, independentemente de ser ilegal, e estão correndo risco de vida. pode o Estado impor uma visão única a respeito disso, criminalizar a conduta, ainda mais tendo em vista o sistema penal de que dispomos, e universalizar crenças morais, impondo-as sobre todos os seus súditos? não.
eu acho que, no limite, o aborto DEVE, SIM, ser legalizado.
o que não quer dizer que seja conveniente para todos.
e aí eu acredito que existe um peso espiritual e moral sobre a decisão.
e digo isso como alguém que passou por essa experiência no passado, antes mesmo de ser feita em ketu. há consequencias, algumas que são arrastadas por anos, que dirá gerações… mas, no limite, elas se vinculam à trajetória de cada um, aos odus de cada um, existe, sim, uma casuística.
acho uma violência obrigar uma mãe a carregar um filho de estupro, apesar de haver itans que narram fatos semelhantes com os nossos orixás.
e obrigar uma mãe a parir um filho anincáfalo?
e obrigar uma adolescente, vítima de abuso, a ter um filho do próprio pai?
sim, existe casuística. e, sim, eu acho que em alguns casos é legítimo fazer, mesmo havendo consequencias, até do ponto de vista espiritual, para os envolvidos.
não é uma questão passível de um esgotamento a priori. independentemente de haver diretrizes éticas e preceitos a serem seguidos, penso que há casos e casos, e que de nada adianta uma discussão permeada por radicalismos e medidas punitivas quando, de fato, é a trajetória humana, em suas múltiplas possibilidades, o que está em jogo.
resumindo, eu creio que: deve haver a legalização. espiritualmente e eticamente, deve haver maior orientação para as consequencias de se abortar. não, não é uma coisa isenta de consequencias…. mas também não se pode generalizar. sou contra na maioria dos casos, mas não consigo ser contra em caso de estupro ou assédio/meninas de 8 anos grávidas/feto anincéfalo/deficiências gravíssimas e risco para a mãe.
é preciso muita sensibilidade para lidar com isso… não enxergo respostas prontas.
pra terminar: acho que grande parte do sentido de uma fé espiritual é buscar eliminar as causas do sofrimento. não o sofrimento em si, mas de onde ele parte… não consigo me conformar com o fato de que o estabelecimento de regras morais impessoais possa vir a gerar o sofrimento de milhares de mulheres e crianças, enquanto o resto da sociedade, dita “isenta”, orgulha-se de, externamente, proteger sólidas crenças morais. isso pra mim é hipocrisia pura!
ps: aborto não é e não pode ser tratado como método anticoncepcional. mesmo havendo legalização, deve haver políticas públicas e medidas educacionais que não ignorem a importância da prevenção à gravidez e às dst. vejo como um pressuposto para qualquer debate sério sobre legalização.
Ago,
parabéns aos que escreveram os textos e aqueles que comentaram, sem dúvida é o melhor debate que já encontrei sobre o aborto.
No entanto é necessário separar as atribuições do Estado e das Religiões.
O Estado não pode legislar segundo crenças, nem mesmo segundo a crença da maioria, pois deixaria de ser laico. Portanto para o Estado trata-se de direitos individuais e saúde pública.
Cada religião deverá estar preparada para apoiar e amparar seus seguidores, no sentido de proporcionar condições para que ajam de acordo com a religião que seguem.
Deste modo, espero que os debates sobre o aborto não sejam direciandos a impor e julgar, mas amparar e apoiar.
Milton alguns debates aqui, como os debates políticos, sempre esbarram no “estado laico”, o problema é que cada vez mais fica claro a força da religião e do voto religioso em nosso “estado laico” e cada vez mais os nosso assuntos “de estado laico” são resolvidos pelas bancadas religiosas que seguem orientação extritamente religiosa. Enquanto não tivermos representantes, jovens como a Dayane e a Carol, não cito outros aqui do blog pois não os conheço pessoalmente, mas sei que há outros líderes aqui, ms enquanto não tivermos lideranças engajadas em nossas lutas e necessidades veremos, passivos, a ditadura ” do estado laico” ser exercida pelo voto religioso de cabresto. E nós aqui no meio do caminho sem representação alguma que possa se colocar diante destes problemas. Axé e vamos debater. Tomeje
Boa tarde Dayane e Nelson,
Ante tudo: meus parabens por abordar um tema complicadissimo e delicado e saber leva-lo. Eu tambem quero participar neste debate sendo uma mulher equipada, como todas, para poder ser mae e sobre tudo nascida, como todas, com dom divino do livre arbitrio para decidir se quero ou nao.
Respeito todos os opinioes, so que acho que quem tem que decidir no final e o dono da barriga que por excelencia e MULHER.
Quer dizer que estado nenhum, religiao nenhuma tem o direito de decidir por qualquer ser humano. Nao sou a favor do aborto indiscriminado, sou sim a favor da legalizacao, porque so por esse meio pode ser controlado dando informacao e apoio no gestante.
Agora, nem estado, nem religiao, nem a ciencia ate hoje podem dizer com certeza e exatitude o que e a vida e quando exatamente ela comeca.
Sendo ecclesiastica, gostei e gosto muito de uma filosofia chinesa que li alguma vez: o corpo do nascido e um copo vacio que so se torna ser humano, se enche, depois de 3 meses de nascido, quando o ‘espirito’ toma ‘posse’ dele.
E depois, tem essa tambem: somos responsaveis por tudo pensamento e por tudo que fazemos, pois, assim como um escritor de teatro, escolhemos o escenario, as personagens, os acontecimentos (the plots), e as consequencias: nosso destino.
Eu acho a religiao do Candomble linda por ser ela livre de prejuizos, pelo menos foi isso que entendi.
Obrigada pelo espaco e Axe para todos,
Gyzah
Olá, meu povo.
Eu sou muito religiosa, muito contrita com a minha fé, porém sou cética quanto a algumas coisas.
Por mais que a laicidade seja apenas aparente, e as câmaras estejam abarrotadas de religiosos, patores-cantores e etc, eu ainda não consigo pensar em política ligada a religião, ainda não consigo visualizar religião como pré-requesito político.
Essa questão do aborto trouxe à tona sociedade, religião e política. É óbvio que a religião reflete a sociedade e a sociedade reflete a política. Só que eu, Dayane, penso que este assunto já é um assunto global demais para os “pequenos problemas” que a religião tem.
Fugindo um pouco do tema central aborto e indo pro tema política, representações e etc. A religião vem ganhando espaço sim no campo político. Ao menos aqui em Recife ela já subiu alguns degraus mesmo sem ter representantes diretos, muitas leis foram aprovadas e etc.
Vejo muitos zeladore felizes com esse envolvimento entre religião e política, felizes com o espaço que tem sido ganhado, mas grande parte das casas ainda possui um tremenda falta de educação entre seus filhos.
O jeje não é mais apenas jeje, o ketu não é mais apenas o ketu, angola não é mais apenas a angola e o nagô não é apenas o nagô. Perdeu-se a noção do rítmo do orixá, perdeu-se o respeito entre zelador e filho de santo, a vaidade e a gana por status tem se mostrado absurdas, tem casas que tocam pra trocentas nações no mesmo dia, é catiço dando vexame, é muito iyawô dando muito ilá e pouco orixá… É muita quantidade e pouca essência, meus irmãos. É muita gente sendo raspada e muita gente sem realmente sentir o orixá como SUA essência, como energia que está presente em nós 24 horas por dia. Às vezes, eu penso que muito iyawô, abian e até ebomi pensam que orixá funciona igual a catiço “manifesta-se” e depois “sobe”, sai do corpo da criatura e vai embora. Eu acho isso extremamente sério…
Eu, sinceramente, não tenho estado preocupada com o que estes fundamentalistas religiosos têm tentado fazer com o Candomblé. Hoje, tenho estado muito mais preocupada com o que os próprios “religiosos” têm feito com a religião. As péssimas práticas destes últimos, sim, podem tornar a verdadeira essência cada vez mais rara dentro da religião.
O meu comentário de hoje é um desabafo e um protesto também.
Todos os dias que estou aqui neste blog leio uma grande quantidade de gente que passa por rituais sem pé-nem-cabeça, que passa por zeladores que tiram seu último tostão, iyawôs velhos que pouco sabem se comportar, conceitos totalmente desvirtuados. Para cada 10 comentários, dois falam da sua felicidade na sua casa, os outros 8 vêm pedir auxílio, ajuda, conselhos.
E isso não ocorre apenas virtualmente comigo.
Bem, eu termino por aqui. Sobre este assunto eu realmente tenho muito a falar e se me deixarem, saem linhas e linhas. 😉
A política pode ajudar muito, socialmente, a religião, mas eu ainda não consegui enxergar onde ela poderá nos ajudá quanto a essência que tem sido diluida cada dia mais entre as casas de Candomblé.
Axé!
Dayane,
Concordo em gênero, número e grau.
Parabéns!
Oyá lhe conserve sempre assim.
Parabéns Dayane, adorei seu desabafo. O que vc fala no texto tb sempre me incomodou muito, onde muitas vezes fiquei desiludida com a religião, mas vi que tem muita gente boa ainda, que leva a sério a religião, então cabe a nós escolhermos o que é melhor para nós. bjos e muito axé para vc
Olá, queridas pessoinhas! Boa tardinha!
Nossa, que saudade de ler esses textos mais incisivos da Dayane. Sempre muito esclarecedores! Obrigada, minha irmã, por sempre colocar a minha cabecinha para funcionar e a sua bênção!
Concordo com a Dayane que realmente é um perigo para a Religião a forma deturpada e aproveitadora que alguns “pseudo-religiosos” usam de seus nomes e sua posição hierárquica para lucrarem e se aproveitarem da fé e do desespero de pessoas inocentes e necessitadas de algum tipo de carinho, de palavra de afeto, de uma esperança. Além de ser prova de um caráter, na melhor das hipóteses, duvidoso, é uma prática que macula a nossa imagem e mais importante, macula a imagem de um culto milenar às Divindades da Natureza. Isso fere os nossos Orixás. Não tem desculpa, não tem justificativa, não tem “meu pé me dói”: é uma atitude inescrupulosa e desprezível: não cabe em lugar nenhum.
Mas a política externa é muito importante também. Da mesma forma que é dolorido ser atingido de dentro para fora, a partir dos “pseudo-religiosos”, também é dolorido ser esmagado de fora para dentro. Intolerância religiosa é uma coisa muito séria e tem se tornado cada vez mais complicada. O secretário da Alerj, Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, apresentou ao governo estadual e federal um projeto de Lei propondo que, em termos bem resumidos, se extinguissem as festas comemorativas religiosas de Matrizes Africanas. Eu acredito que isso seja muito sério sim. Acredito que seja muito sério uma pessoa que, enquanto em uma entrevista de emprego, se for mencionado que a pessoa aspirante ao cargo faz parte de alguma religião de Matriz Africana, o emprego é perdido. As feridas causadas pelos danos externos doem muito também.
Conclusão: a intolerância externa se propaga em grande parte graças a deturpação criada pelos “pseudo-religiosos” ao difamarem nossa religião. A ameaça interna é muito grande, porque além de ferir a espinha dorsal da religião, que é o relacionamento familiar/espiritual, fere também a nossa imagem perante o mundo.
Nossos mais velhos fizeram demais para preservar a nossa religião: guardaram seus conhecimentos em suas memórias para que os brancos não destruíssem escritos com fundamentos de nossa religião na época dos quilombos. Mais recentemente, cultuavam Orixás às escondidas sob pena de cadeia. Cultuavam Orixás em silêncio, porque eram proibidos de cantar em língua nativa… Enfim, tudo isso para manter o culto a Orixá vivo, para que nós, iniciados ou aspirantes à iniciação como eu, tivéssemos a graça de receber as bênçãos de nossos Ancestrais.
Agora o tempo passou. A intolerância religiosa ainda existe, da mesma maneira que existia desde que os negros chegaram aqui. Apenas a sua forma de se mostrar mudou: é mais “educada”, vestida de ternos e taieurs, mas ainda muito dura, muito forte. Temos uma bancada de representades, enquanto cidadãos, em sua grande maioria neo-pentecostais e, uma absurda minoria de Matriz Africana. A nós jovens, cabe dar continuidade ao que os nossos mais velhos fizeram e manter nossa religião viva para os que ainda virão. Nos cabe termos uma postura melhor do que esses “pseudo-religiosos”; nos cabe dividir conhecimentos; nos cabe nos unir, através de todas as formas possíveis de mídia que possam divulgar o que realmente é o Candomblé, o que realmente é a Umbanda, o que realmente é a Matriz Africana. Cabe a nós nos unir, nos mostrar de uma forma positiva para nós mesmos e para a sociedade como um todo. A nós jovens cabem duas tarefas importantíssimas como responsáveis por manter a religião viva: acabar, ou pelo menos diminuir gritantemente, a número de, com o perdão do termo, marmoteiros e “pseudo-religiosos” que fazem da religião a “Botique dos Milagres”. A segunda tarefa é lutar com unhas e dentes, para que nossos direitos sejam preservados, já que para além de qualquer coisa, somos cidadãos e somos todos iguais independente de credo, e, enquanto religiosos, para mostrar que Matriz Africana é luz, é amor, é alegria, é comunhão.
Aff, acho que me empolguei demais escrevendo. Desculpem se falei demais… =x
Aline, minha irmã.
Eu vou lhe ser ainda mais sincera como o de costume. 😉
Sou jovem, sou religiosa, não me envolvo em política, mas leio sobre política para exigir meus direitos. Acho que o Estado deve promover – também – o respeito às diferenças e a preservação da cultura e nisso estão inseridos tombamentos de lugares históricos, manifestações culturuais, etc.
Não concordo com certos projetos que são enviados para as câmaras com fundo totalmente religioso. O Estado tem responsabilidade com as pessoas, com o seu bem-estar (educação, saúde, meio ambiente), e com a sua cultura, além de proteger o seu direito de crença e fé.
Enfim, minha irmã, não vejo com bons olhos este envolvimento entre política e religião. É uma opinião minha e avessa à muitas outras aqui do blog.
Representante político é representante político e representante religioso é representate religioso. Não é por que os protestantes estão enchendo as câmaras de pastores que eu vou votar em zelador pra está presente na câmara. Em todos os fatos históricos que eu conheço, nunca essa união entre religiosidade e política deu certo.
Se político se importasse em ajustar a educação no nosso país, a grande parte dos nossos problemas (que pra mim é a intolerância religiosa) já diminuiria e muito sem falar nos problemas socio-estruturais que a população passa todos os dias.
Quando o povo tem educação de qualidade, ele aprende a reinvindicar seus direitos, entende seus deveres e vota naquele que realmente faz algo, e não por que é membro do seu grupo religioso.
Axé!
Day,
Pronto, começamos um debate filosófico! haha
Eu também tenho um pé atrás com esse lance de votar em zelador “só pra garantir”. Minha visão política vai um pouco além das obrigações do Estado e dos direitos dos cidadãos. Política não é apenas a ciência do governo das nações: é também o modo de haver-se para se obter o que se deseja. Vai além de escolher o melhor candidato e apertar o confirma.
A responsabilidade política que temos enquanto jovens religiosos é divulgar, minha irmã. Divulgar o conhecimento da maneira correta, para que se formem religiosos de valor, de caráter. Divulgar o conhecimento para que pessoas boas e necessitadas não sejam enganados por marmoteiros charlatões que lhe tirarão cada um dos seus centavos. Ao responder uma pergunta a uma pessoa aqui no blog, minha irmã, você já está fazendo política: é o seu modo de haver-se para que a religião seja melhor compreendida, tanto por seus adeptos como pelos visitantes e simpatizantes.
Os projetos que são enviados para Câmara, minha irmã, não têm sempre fundo religioso. O projeto que eu citei no meu comentário anterior era de cunho ambiental: tinha o objetivo impedir celebrações festivas a Orixás porque a culpa dos desastres ambientais era dos Umbandistas e Candomblecistas que “desequilibram as forças da natureza através de seus cultos”. E esse projeto não passou só porque havia uma bióloga candomblecista que, junto com outros profissionais, debateram contra ele.
Política, minha irmã, enquanto ciência do governo das nações eu também não debato, sequer tenho conhecimento para tal. Mas Política enquanto forma de haver-me para obter o que se deseja, é necessária. Sermos políticos é bem diferente de sermos politizados. Mas ainda falando da Política enquanto Governo, pode ser que em uma outra realidade não fosse necessário, mas hoje, diante dos absurdos que se vê por aí, diante das constantes manifestações de intolerância religiosa, precisamos muito ter nossa voz para nos defender. Afinal, como a experiência mostrou nesse caso, se não fosse uma bióloga candomblecista, empenhada no movimento contra a intolerância religiosa, correríamos o risco de perdermos o direito, a nível da federação, de irmos à praia colocar um presente para Iyemonjá, de celebrarmos os nossos rituais em paz… Os umbandistas perderiam sua procissão para Ogum no dia 23/04… Isso dentre tantas outras coisas.
Ficou coerente o texto? É que eu penso tantas coisas ao mesmo tempo que até me perco na hora de escrever (e perco boa parte do que penso também. rs)
Egbé eu vou copiar aqui um trecho de um email de um grupo de trabalho que resume bem o meu pensamento de representatividade política. Somos um grupo com aproximadamente 50 integrantes, nenhum é candidato a nada, e somos todos voluntários, representantes da sociedade civil organizada.
Olá, queridos!!!!
Conforme combinado na última reunião, estou enviando o e-mail do gabinete do governador:
Nesse e-mail deve ser enfatizada a necessidade da assinatura do documento que reconhece o Grupo de Trabalho para enfrentamento a Intolerância religiosa e promoção de direitos humanos do Centro de referência para Enfrentamento a Intolerância Religiosa e Promoção de Direitos Humanos da SUPERDir/SEASDH. Peço que envie uma cópia do seu e-mail para mim, (não mande cópia oculta) é necessário que o gabinete veja que outras pessoas estão recebendo o e-mail também. Vou transformar os e-mails de vocês em um documento impresso para evitar que aleguem não ter recebido. Poderemos tirar uma comissão e entregar o documento impresso no Palácio.
Esta é uma forma de pressão polítca pelos nossos direitos
Pois é, Aline.
Eu já escutei antes E X A T A M E N T E uma parte que você falou aí no seu texto. Rsrs (coisas do além).
Minha irmã, quando falo de política, não falo de ter voz para reinvindicar. Quando se tem o conhecimento necessário, fica menos difícil reivindicar. A minha questão não é essa.
A minha questão é o envolvimento do religioso dentro da política, mas falo não a política do reivindicar direitos, mas da política do Estado (eleições, campanhas, etc).
A comunidade religiosa, aqui no Recife, votou num candidato que não é adepto da religião, não usou campanha eleitoral para tal, mas é um parlamentar que é simpatizante, tem conhecimento da cultura e é uma ajuda dentro da câmara ao nosso favor. Ajudou a aprovar projetos que avivem a nossa cultura negra etc. E é bem querido dentro da comunidade.
Já o oposto também ocorre. Zeladores que fazem política (a do reivindicar), tem conhecimento, não se envolvem diretamente na política do estado para ser um representante na câmara e através da sua voz dentro da sociedade, se faz ser escutado a favor da comunidade religiosa.
Estas atitudes eu acho louváveis, mas ainda em meio as tantas conversas, aos tantos debates que eu já participei sobre isso dentro e fora do blog, ainda não consegui ser sensibilizada quando a questão é o envolvimento da figura religiosa nas eleições diretas.
O último post que teve sobre política, eu nem comentei. Deixei o debate rolar, mas esse, eu mesma quem puxei. Irônico, né? rsrsrs
Axé!!
Minha querida irmãzinha, sua bênção!
Sabe, Day, eu ontem fui dormir pensando nesse papo… rs
E então me passaram duas coisas pela cabeça: a primeira, o Tomeje já comentou – não é necessário eleição nem candidatura para lutar politicamente. Acho que aí entra a questão que eu citei da diferença entre ser político e ser politizado. A segunda é um pouco mais séria.
Vc fala no seu comentário que a resposta para o problema de intolerância religiosa é a educação. Eu concordo em gênero, número e grau. Mas eu fiquei pensando depois em que tipo de governo precisaríamos ter para a população aprender que “Esu não é o diabo”, para aprender que “Orisá não é balcão de troca”, que “Umbanda e Candomblé não são a Boutique dos Milagres”.
Aí eu sentei no computador e vi o seu comentário. Entendi finalmente o que vc quer dizer, e, por incrível que pareça, é o mesmo que eu tenho tentado dizer da minha forma menos coesa: não é necessário que o “Pai Fulano de Não Sei Quem” seja deputado federal para termos uma voz. Eu não defendo uma religião política, porque aí para mim, seria reviver a Igreja Católica da Idade Média. Mas eu defendo uma comunidade religiosa politizada. Defendo uma comunidade religiosa que tenha acesso a informação, que saiba como lutar pelos seus direitos e que, acima de tudo, se una para lutar pelos seus direitos.
Acho que, em nível “internauta” (rs), a comunidade religiosa no Brasil tem dado um passo enorme em relação a se tornar politizado, que é o Candomblé, o Mundo dos Orixás. Esse blog, com cerca de 7 mil acessos diários, troca informações sobre religião e assuntos relacionados a religião com pessoas de todo o mundo.
Acho então, Day, que chegamos a um denominador comum no nosso debate. hehehehehehe
“Quem não gosta de política é sempre governado por quem gosta.” (Franklin Roosevelt)
Aline,
“Até que enfim!” Rsrsrsrsrsrs Ainda bem que aos 45 do segundo tempo nos fizemos entender! RÁ! 😛
Pois é, Aline. Não tenho nada contra políticas públicas, não tenho nada contra a política derivada da palavra ‘politikós’.
Como a minha iyá costuma falar: a minha quizila não é essa. Rsrsrs
E quanto aos: “Esu não é o diabo”, para aprender que “Orisá não é balcão de troca”, que “Umbanda e Candomblé não são a Boutique dos Milagres”. Isso é educação religiosa, isso educação interna.
Aí entramos no meu primeiro comentário. Pois se na minha casa há pessoas que ainda veem Exú como o diabo, o que o leigo lá de fora, que não conhece a religião pensará? Se o zelador cobra horrores para um “ebó da felicidade” para um cliente, o que este cliente pensará? Estes problemas têm raízes internas, minha irmã.
Axé pelo denominador comum! \o/\o/ Rsrs
Day,
Axé axé axé!! Finalmente um denominador comum.
Eu acho tão válido duas pessoas com opiniões divergentes que consigam coexistir em respeito e ainda promover um debate sóbrio, com pontos de vistas sólidos, apesar de distintos. O mais bonito, irmã, é que podemos entrar numa discussão com pontos de vistas diferentes e sabermos que, por mais que nossas opiniões sejam divergentes, são opiniões por um objetivo comum: o respeito pelas Matrizes Africanas. E isso é muito legal!!
E ainda bem que foi um entendimento aos 45 do segundo tempo, senão olha quantas opiniões legais teríamos perdido se tivéssemos encerrado o jogo nos 10 do primeiro tempo!
Beijos, irmãzinha, sua bênção!!
Axé!
Gente quantos comentários!!!
Adorei o post!!!
Daya vc como sempre de parabéns!!!!
Beijocas a todos
Caroooooooooooooooool! Ô saudade danada!
Digo logo que as minhas palavras deste post sairam graças ao Fernando que me pediu uma “opinião” 😛
Beijo grande!
Mo juba, Iyás.
Quanto enganjamento, estão de parábens, todas.
Mas o assunto não era aborto???
Eu gostaria de colocar um assunto nessa ‘roda’.
Sabemos de nossa ancestralidade, atunwá etc..
Porém me veio uma questão:
Laqueadura de mulheres, estariamos interrompendo o fluxo de reencarnação e nossos antepassados?
Vasectomia não estaria interrompendo esse fluxo de reencarnação tbm?
ire o.
Da ilha, além disso temos outros questionamentos. Os abortos intencionais e as cesarianas, como influenciam na vinda dos abikús? Estes procediemntos “criam abikus? Com avanço da tecnologia podemos saber de uma gravidez horas depois do sexo. Poderiamos então “fabricar” abiaxés? Perguntas meu irmão, perguntas….. Tomeje
Nelson, essa estória vai longe mesmo.
Quem já leu alguns itans sobre o recebimento de ori e aquelas outras coisas mais, fica pensando nas madrugadas da vida.
O cara vai lá enche o saco de um monte de gente, recebe, ori, odu etc…
Vem uma/um dismiolado e encerra todo o processo de concepção e ele tem que voltar.
Como será que isso fica perante Olodumare?
Perguntas, perguntas, perguntas…
Alguém se candidata a responder?
Saiba que nosso culto não trabalha com o conjunto pecado / penitência.
Ire o.
Olá…
1–Em uma casa d candomblé, os cuidados para qm nasçe ABIKU é diferenciado dos demais filhos d santo?
2–mito ou verdade q abikus tem.. vamos dizer assim ,o pé mais na morte ?
desculpe-me se fiz uma pergunta mal feita!
motumbá..axé!
bjuuus
Elaine,
O Abikú é assunto que pertence ao zelador e os ebomis de confiança de uma casa, é tratado com respeito.
O Abikú não tem pé algum na morte, apenas receberá uma liturgia voltada a ele propriamente.
Axé.
complicado e convidativo, rs. Assim é bom de ler , mesmo.
Mas, deque forma a “fé” pode ajudar em casos de gravidez provocada por estupro? Palavra forte e nada agradável de fato. Agente sabe – aliás, quem é mãe sabe melhor- que, a espera de um filho PARECE-ME algo acima do que o estado “felicidade” possa definir. Nos tramites normais, ok. Mas, nos casos sórdidos? Entendo bem que a forma como um feto é gerado, não nos dá em qualquer momento o direito de extingui-lo e por fim no seu existir. Quem sou eu para julgar a dor de ser violentada e carregar dentro de si a prova viva do ato! Mas vendo o lado daquele “serzinho” que já existe e não tem culpa de nada…
Não sou a favor do aborto, mas , defendo o direito de cada um ter controle sobre sí. Afinal, como bem disse a Carol, o problema não seria legalizar ou não, mas colocar ordem no barraco – digamos assim – a partir da noção que cada um tem sobre o mundo que quer deixar ou não para os seus. è feio ver uma criança cinza de sujeira, pedindo um trocado no farol? Muito! Então não contribua para o aumento dessa demanda. E já que ninguém sabe o dia de amanhã: previna-se ou tenha o minimo de estrura para manter um filho. Pois – penso eu- que mais feio ainda, é “parir Matheus e não ter como balançá-lo”!
E no caso de “Matheus” existir sem que o queiram, entregá-lo a quem o possa amar de verdade , seria uma saída para que ele não fosse mais um a engordar tal classe dos” marginaizinhos”, como os vêem a tal sociedade! E como são capa de revista, não é? lamentável.
Mtbá.
Alguém pode me dar o telefone de ontato da Iyálorisá Oyá Funkè,meu e-mail é heliopbaptista@gmail.com.
Obrigado.
Estava lendo aqui alguns comentários do post quando vi o questionamento do Da ilha juntamente com os comentários do Nelson e da Iyá Oyá Funkè relativos a aborto, nascimento, reencarnação…
Reencarnação é um tema que muito ocupa os pensamentos dessa Iyawô de Oyá que vos fala. Já li um pouco, já ouvi opinião de mais velhos e ainda não cheguei a uma unanimidade (penso mais ou menos em algumas impossibilidades de opinião por minha parte). E as minhas dúvidas pairam justamente quando eu questiono sobre a religião entre os yorubás e o Candomblé aqui no Brasil.
Certa vez li que “O Orixá é o agente da procriação que decide sobre a aparição de toda criança.” e que “cada ser humano é um representante do deus ancestral”. Quando ele fala o orixá, ele se dirige ao orixá cultuado pela família, pela tribo ao qual ela pertence. E todo “retorno” de um ancestral familiar está ligado ao deus da sua família, ou seja, o orixá. Conclusão: a família sempre será a propagação do culto ao mesmo deus.
Acho esse conceito muito objetivo e organizado. Organizado porque ele trata da reencarnação de uma maneira parcial, como se o ancestral não reencarnasse literalmente na criança nascida e ainda continuasse com todos seus atributos que conseguira ao se tornar um ancestral. Atributos estes que o permitem fazer pela família mesmo não habitando o aiyê.
Diante disso eu retorno o meu foco ao Candomblé aqui no Brasil e o seu sistema de organização. Não temos clãs que reverenciam um único orixá, portanto a nossa ancestralidade familiar não está ligada à um único orixá e se não está, como fica essa perpetuação de culto ao deus ancestral? Como seria explicado o sistema de reencarnação no nosso meio religioso aqui no Brasil sabendo que eu como filha de Oyá posso me casar com um filho de Xangô e ter um filho que venha com Yemanjá em seu ori?
Bem, mais velhos, espero que as visões de vocês me ajudem a concluir uma opinião já em vias de formação. 😉
Axé!
Retomando o Tópico…
Eu também não sou a favor do aborto, mas preciso colocar-me como exemplo.
Sou filha de Osùn, confirmada pelos jogos de Búzios, mas não iniciada. Antes mesmo de saber da minha gravides, minha Mãe Osùn trouxe o recado através do jogo pelas mãos de minha Iya a qual tanto confio.
Após confirmações, essa notícia caiu como uma bomba pois fazia exatamente 2 semanas que eu havia feito um acordo pra sair de onde trabalhava pra começar num novo emprego. Meu namorado estava recente no emprego dele e tudo aconteceu numa UNICA relação sem prevenção.
Após várias conversar, no qual pedi orientação a minha Iya também, decidimos, eu e ele, eu principalmente com muita dor no coração, por interromper a gravidez pois julgamos não ter a menor condiçoes financeiras de arcar com tudo que um filho, que não pediu pra vir ao mundo, merece.
Resumindo… Por ser filha de Osùn, julguei-me por longo tempo culpada por ter feito o ato. Mas tive a compreensão pois meu namorado, que é iniciado e minha Iya me mostraram que a nossa religião e os Orisás não estão aqui para nos julgar. E principalmente, mostrar que temos o livre arbítrio, Mas que devemos ter consciência sempre que, para toda ação, existe uma reação!
Gi sua ultima frase resume tudo.
Àse.
Como pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana quero louvar pela lucidez com que o candomblé defende a vida a partir da família. Paz!
Rolf a luta pela vida não tem bandeira, não tem religião, não tem cor, tem apenas a vontade sincera de Deus em nos ver VIVOS, trabalhando em prol do próximo. Sempre!!!!
Ire alaafia (paz)