Ogá (Ogan) é escolhido pelo Orixá do zelador de uma Casa de Candomblé para diversas funções dentro do Àse, primeiramente é suspenso, para depois ser confirmado. Ogá não incorpora, não entra em transe, ele é escolhido justamente por estar sempre lúcido e cumprir diversas funções que são importantíssimas dentro de toda liturgia.
O Ogá, não é apenas um tocador de atabaque (ilús), a função do Ogá em uma casa de Àse abrange muito mais que somente as cantigas nos terreiros. Os Ògás promovem a segurança da Casa, contribuindo com o zelo dos Òrìsàs, eles também zelam pelo Ilé Àse. O Ogá, ao chegar à Casa de Candomblé, após se purificar com o banho de agbò, se vestirem adequadamente e, saudar seu Àse, seu zelador e todos da Casa, buscar realizar suas funções e se colocar à disposição.
Mas afinal, quais são essas funções? Além do cuidado com os atabaques (manutenção/afinação/osé) os agògòs, àtòrìs, também é papel do Ogá contribuir para que tudo caminhe bem no Terreiro, pois o Ogá busca defender sua comunidade, o seu Àse de forma eficaz, fazendo de tudo para que o mesmo seja preservado, é sua responsabilidade, preservar as edificações de sua Casa, estando sempre atento para qualquer e eventual dano, como, por exemplo, a necessidade da troca de uma telha, ou um degrau danificado em uma escada, etc.
O Ogá se dedica em diversos âmbitos do Candomblé, como aprender os toques e ritmos, as cantigas, os animais, as folhas, adúràs e sàsányìn, copar, etc.
Ogán com o tempo pode se tornar um conhecedor de folhas (Èwé), que aprenderam desde como colher e cantar as folhas específicas de cada Òrìsàs.
Cabe ao Ogá o cuidado especial e indispensável com os animais que serão ofertados aos Òrìsàs, de modo que a oferta seja aceita de forma plena dentro dos rituais sagrados. É primário Ogá saber como entregar, levar e até passar um ebó conforme a necessidade específica de cada situação, sempre em sintonia com seu zelador. Todo esse conhecimento demora anos, cabendo ao Ogá estar sempre atento às palavras, conselhos, doutrinas e ensinamentos do seu zelador.
O Ogá ocupa um papel importante também durante o Candomblé, são eles que com sua forma de tocar e cantar contagiante contribuem para invocar os Òrìsàs a terra.
Os Ògás confirmados servem de exemplo para os Ògás apontados ou suspensos, com postura, moral ilibada, jamais ingerir bebida alcoólica e se impor coercitivamente para o bom andamento da Casa.
A união entre os Ògás ajudam a formar a base de uma Casa de Candomblé, eles formam uma família em que todos se entendem se confraternizam, sem qualquer tipo de disputa, briga ou ego.
Ogá toca e canta para os Òrìsàs e não para as pessoas que estão na festa e sempre consulta o seu zelador, para saber como será o andamento da festividade, para qual Òrìsà poderá prolongar-se um pouco mais nos cânticos, ou não. O Ogá procura permanecer o maior tempo possível no salão, evitando sair, principalmente quando o Òrìsà está no barracão. Ele está sempre atento aos visitantes que chegam, comunicando ao zelador, muitas vezes, os recepcionando. Ogá respeita incondicionalmente os Òrìsàs, ele sabe a hora que deve parar de cantar, também procura aprender os cânticos do seu Àse, da sua raiz, evitando cantar algo que somente ele conhece, afinal, para ele o importante é ver o Òrìsà feliz com o conjunto e não com o solo. Hoje é fundamental que os Ògás procurem se unir e comungar com o Òrìsà, que respeite os seus mais velhos e a liderança do seu Terreiro.
Ogá pode ganhar seu Oyè com o decorrer do tempo e merecimento, conquistando o respeito de todos e que carinhosamente pode ser também chamado de Pai Ogá. Os principais Oyès são: Asògún (homens de Ògún), Alabe, Pèjìgán e Ònilú.
Lenda:
Num tempo muito distante, o orun (céu) era lugar de grandes festas. Os orixás (protetores de cabeças) lá se reuniam para celebrar a vida. Exu era o grande animador daquelas festas porque era ele quem tocava os tambores e que entoava as mais belas e alegres cantigas. E ele ficava todo prosa por exercer tal função. Certo dia, entendendo que estava difícil conversar ao mesmo tempo em que o som dos tambores ecoavam, os orixás pediram para Exu que parasse com aquela cantoria e toques. E assim se deu: Exu deixou de tocar e cantar nas festas.
Sem muita demora, os orixás perceberam que festa sem tambores e sem cantoria, não era festa. Eles se reuniram novamente e decidiram pedir para que Exu voltasse com toda a animação. Mas ele não aceitou: estava profundamente magoado com o pedido do grupo, uma vez que ele desempenhava tais atividades com tanto fervor e o impediram de continuar. Os orixás insistiram bastante até que Exu disse: “Perdi totalmente a vontade de cantar e tocar para vocês, mas vou passar a tarefa para a primeira pessoa que se colocar na minha frente”.
E assim aconteceu. Ogán, um jovem rapaz caminhou na direção de Exu. Exu olhou para ele e o escolheu para inicia-lo na arte dos cânticos e toques em louvor aos orixás. Ogan, prontamente aceitou o convite de Exu, era rapaz esforçado e que queria aprender.
Tão bem Exu o ensinou Ogán e Ogán tão bem aprendeu a animar as festas dos orixás que em sua homenagem, Exu estabeleceu que todo o homem responsável por animar as festas dos orixás deveria receber o cargo de Ogan.
Pesquisa: Blog da Casa de Òsùmàrè (Internet) / Ogans tenda (Internet)
boa noite baba fernando…meus respeitos.
tem onilu no candomble? pelo o que leio, achei ser um cargo sacerdotal dentro do culto tradicional africano para os iniciados no orisa ayian apontados por um determinado odu que orunmila traz o cargo…
desde ja agradeço por mais um conhecimento….
ase
Renato, mo jubá
Onilú também conhecido por Oganilú, ogan responsável pela manutenção dos Ilús. Também confirmado por Orumilá para este cargo.
Axé.
ah sim obrigado fernando …é que no culto tradicional tem o onilu nao sei a escrita correta mais sei que a tradução é “senhor do tambor” e confirmado no jogo e a pessoa se inicia para o orisa ayian (acho que é assim que se pronuncia tb) obrigado baba meus respeitos
Renato,
Ayan o Orixá do Tambor
As religiões de matrizes africanas há tempos vêm resgatando alguns elementos que por ventura ficaram esquecidos dos meados do ano de 1830 há-te o ano atual. Orixá “ÀYÀN” orixá do tambor é um desses elementos. Observando por onde eu ando, a forma como alguns, pode chamá-los de: Ogan de tambor, abatazeiros, abatás, batedores de tambor seja lá qual for à denominação que podemos chamá-los, mas algo nós chama a atenção; a preparação dessas pessoas especiais para a liturgia das religiões de matrizes africana. Assim bem como os seus segredos. Os segredos dos Tambores de Batá que é um elemento sagrado na cultura Yorubá, com rituais religiosos para sua construção, preparação e iniciação daqueles que irão tocá-lo. Os Batás sagrados são tratados como criaturas viventes, que devem ter cuidados específicos e uma variedade de regras para o seu uso.
A força espiritual contida no tambor e que o consagra e é chamado de “Ayan” ou “Ayon” O Orixá do tambor. Para que alguém possa ser iniciado para Ayan e tocar o Batá, deve cumprir rígidos rituais religiosos. No Brasil essa tradição praticamente perdeu-se, mas foi mantida na Nigéria e Benin a Terra Yorubá e em Cuba. O iniciado recebe a força espiritual necessária para tocar os tambores da forma correta, para que estes possam “falar” com os Orixás, chamando-os para as cerimônias a eles dedicadas. Ayan representa a expressão sonora das divindades; e o símbolo do tambor que serve como depositário dos poderes divinos e ele é o veiculo que Ihe da voz. A consagração de Ayan no tambor Batá e feita por meio de ritual e elementos litúrgicos sagrados, que ficam dentro do tambor, que e selado hermeticamente com as duas peles. Quando Ayan é fixado no tambor é chamado de “Eleekoto”. O ritual de consagração inclui a pintura do tambor com a assinatura de Xangô. Eleekoto e representado por uma miniatura de tambor Batá que não pode ser tocada, pois simboliza o “Ayan.”
A ORIGEM DOS TAMBORES BATÁ
Os tambores sagrados Batá foram introduzidos e desenvolvidos na terra dos Yorubás (Atual Benin – Nigéria) ha aproximadamente 800 anos, para a celebração do Orixá Xangô. Tem provavelmente raízes em outras partes do continente africano, oriente médio e nordeste da Índia, onde também são comuns os tambores de duas peles. O som dos tambores Batá sobreviveu por mais de 500 anos, viajando da Terra Yorubá para o “Novo Mundo” e mantendo sua tradição nos Cultos de Nação Africana e em Cuba; mais recentemente também nos Estados Unidos. Sua história é um testemunho do poder e profundidade da religião e cultura Yorubá.
Segundo a Mitologia Yorubá os tambores Batá podem “falar”. Como a língua Yorubá e basicamente um idioma tonal, e possível fazer elogios, recitar os Orikis (os poemas sagrados africanos) e “falar” alguns provérbios por meio do som dos tambores sagrados.
A DANÇA PARA O ORIXA DO TROVAO
Iya llu-Tambor com som mais grave. Também chamado de “Mãe dos Tambores”
Itotele-Tambor médio
Okónkolo—Tambor pequeno, com som mais agudo.
Na Nigéria, Batá também é o nome de uma dança dramática religiosa, que pertence a um dos mais numerosos grupos étnicos do continente africano. A dança possui movimentos vigorosos, percussivos e vibratórios, que produzem momentos de suspense e tensão, representando o aspecto mítico do trovão, do relâmpago, símbolos do Orixá Xangô. Na cidade de Oyo, Nigéria, é onde se encontra seu grande templo, mas é cultuado em grande região da África, no Brasil, em Cuba e em outros países das Américas. A dança Batá é a representação corporal do ritmo produzido pela Orquestra composta pelos tambores que Ihe dão o nome. Surge assim Ayan – o principio vibrante do tambor Batá, que traz os elementos corporais, rítmicos, vocais e visuais do Orixá que e consagrado dentro do tambor de duas peles.
A FAMILIA DOS TAMBORES BATÁ
E formada por três tambores consagrados, talhados em madeira:
São usados quase que inteiramente para eventos religiosos na Nigéria e Benin. Em Cuba e nos Estados Unidos desenvolveram uma identidade sagrada. Na Nigéria são usados em celebrações a Xangô, líder histórico da cidade de Oyo e Orixá do Trovão. São usados também no culto aos Egunguns antepassados. Em Cuba os Batás são utilizados em todas as cerimônias relacionadas aos Orixás.
obrigado baba fernando
Bom dia, pai Fernando!
Como sempre trazendo informações tão preciosas, que Orixalá lhe conceda muito axé, pois isso que o senhor faz, essa dedicação, esse empenho em divulgar de forma benéfica, conceitos e informações de uma religião tão mau vista socialmente, essa sua prática é mais honrosa de que de certas pessoas que vivem fazendo ebos, candomblés, roupas caras e etc. Achando que religião seja isso. Na minha concepção, religião são as práticas ritualísticas, mas principalmente a vivência no dia a dia e esse serviço que o senhor nos presta faz parte desse contexto, assim entendo. So tenho que agradecer ao senhor a Dailha e demais colaboradores, depois que descobri esse espaço meus conceitos mudaram e estou enrequecido com esses conhecimentos.
Muito obrigado.
Gente existe idade para fazer logun ede?
🍃
João Paulo,
Não existe idade para a iniciação de Logun Edé, porém, esse Orixá gosta de cabeça de pessoas jovens, é muito difícil vê-lo em outra situação.
Axé.
Boa tarde,
Gostaria de saber se é possível ou se existe fundamento em suspensão de Ogan e Ekede por Caboclo (Angola).
Augusto,
Não existe de forma alguma, até porque, a suspensão requer rituais litúrgicos próprios do candomblé. Caboclo tem cambono que auxilia.
Axé.
Gostaria ter uma dúvida Ogan se da renovação??
Jonathan,
Não entendi sua pergunta, mas, Ogan toma obrigação como qualquer iyawo, egbon.
Axé.
Boa tarde a todos !
Baba Fernando a bença!
Tenho uma duvida enorme
Ha 4 meses que fiz o santo passei por alguns processos fui feito ogan meu santo de cabeça é logun ede
O que acontece é…..não tive meu kele e nem umbigueira….existe isso de o iniciado seja ogan ou ekeji não usarem a joia do orixa só porq o mesmo não incorpora o santo?
Agradeço a atençao!
Bruno,
Ogan e Ekedi não usam Kelê, O Kelè é um preceito do Iyawo e não cabe a Ogan e Ekedi usarem, mais usam umbigueira e os contra-eguns nos braços.
Axé.
Bom dia,
Me tire uma duvida tenho frequentado o candomblé regulamente a 3 meses, o caboclo do pai de santo falou comigo e disse que era ogan e o mesmo pediu pra falar com o pai de santo, eu falei com o pai de santos ele falou que eu tenho as características mas precisava jogar os buzios, minha duvida é o seguinte o caboclo tem afirmar mesmo se a pessoa é ogan mesmo?
Boa noite irmaos
Qual a diferença entre o abian suspenso para o abian apontado?
O abian suspenso no período antes de se confirmar ja pode usar contas, eketê, copar e exercer função de ogan?
Aproveito o espaço para perguntar o mesmo de equede… Ela sendo suspensa, já pode conduzir o orixa q a suspendeu com adja no salão?
Boa noite, o resguardo e o preceito de Ogan é diferente do yaó?
Emerson,
Sim! Embora algumas casas concedam algumas regalias.
Axé.
Por que muitos criticam o Ogan que sai de ikodide , adoxu e raspado numa primeira saída e na saída em que sai com o Orisa do qual o confirmado será ogan e dará seu orunko ja com seu terno, ekete e sua faixa? A acusação é que se tornaria um híbrido no Candomblé…
Boa noite
Sou novo na religião candomble ketu gostaria de saber se ogã suspenso é a msm coisa que abian e se tiver diferença qual séria?
Edson,
Não é mais a mesma coisa, neste caso ele passa para o grupo de Ogans para ir aprendendo e se confirmar posteriormente.
Oxalá lhe abençoe, Axé.