Aos amigos internautas, iniciados e abian que ainda não tiveram acesso ao Corpus literário de Ifá, mostraremos um de seus versos contidos no Odù Èjì Ogbè (Èjì Onilè).
Estas mensagens cifradas e as parábolas são uma rotina neste tipo de literatura que há pouco tempo atrás tinha-se conhecimento apenas através da oralidade. Hoje temos acesso a vários livros, blog, site e trabalhos avulsos para podermos começar a entender este mundo, ainda novo para o ocidente, chamado filosofia de Ifá.
Este Corpus Literário contém 16 Odù chamados Olódù (Èjì Onilè, Òsá, Òbàrà, Òfún e etc.) e 240 Ọmọ Odù, cada um deles trás em seu Corpus Literário algo perto de 1648 versos/poemas/mensagens de Ifá (O porta voz, aquele que guarda os ensinamentos de Olódùmarè), o que temos abaixo é um exemplar destas mensagens. Os sacerdotes de Ifá devem ter estes versos de cor, o maior número possível, pois, estes versos se completam, somando-se a ele, o tabu do consulente, o etùtú, o osè dùdù e mensagem de Ifá para a mudança da sua vida.
Somente assim conquistaremos vitórias, somente obedecendo a orientação de Ifá conseguiremos chegar a um bom lugar.
Boa leitura.
Da Ilha
Éjì Ogbè
Nós lançamos Ifá com nossa mão (Nós batemos Ikin).
Nós pressionamos Ifá no chão.
Elesa a gbo gi (nome do sacerdote)
Foi lançado Ifá para Ogbè (foi feito o jogo).
Quando ele vinha do Céu para a Terra.
Eles disseram que Ogbè iria entrar no mundo.
Ogbè foi aconselhado a realizar sacrifício (fazer ebo).
Ogbè consultou os itens para o sacrifício.
Ogbè deve sacrificar um rato para trilhar caminhos no mato.
Um peixe para traçar caminhos através do oceano.
Um galo para limpar os caminhos na Terra.
Eles disseram que Ogbè alcançaria o mundo.
Ogbè realizou o sacrifício.
Ogbè se aventurou.
Ele chegou à floresta.
Ogbé ficou perplexo.
Èsù sussurrou no ouvido dele.
Lembre-se você tem um rato para abrir caminho na floresta.
Ogbé usou o rato.
O rato desbravou um caminho pela floresta.
Èsù disse para Ogbè segui-lo.
Quando ele saiu da floresta.
Ogbè encontrou o oceano.
Ogbè ficou perplexo.
Èsù sussurrou no ouvido dele.
Lembre-se você tem um peixe para traçar um caminho através do oceano.
Ogbè deixou o peixe cair na água.
O peixe começou a nadar.
Èsù disse para Ogbè segui-lo.
Quando ele nadou para fora da água.
Ele encontrou a cidade.
Ele não sabia que direção tomar.
Èsù sussurrou no ouvido dele.
Lembre-se você tem um galo para encontrar um caminho na Terra.
Èsù disse para Ogbè seguir o galo.
Ogbè chegou ao centro da cidade.
Ele ficou feliz e começou a dançar e se alegrar.
Nós lançamos Ifá com nossas mãos.
Nós pressionamos Ifá no chão.
Elesa gbo gi (nome do sacerdote).
Foi ele quem lançou Ifá para Ogbè.
No dia que ele estava vindo do Céu a Terra.
O rato usa seu Orí para abrir caminhos na floresta.
O peixe usa seu Ori para abrir caminhos no oceano.
O galo usa seu Ori para abrir caminhos na Terra.
Ogbè, portanto, tornou-se popular (ele obteve sucesso).
A estrela de Ogbè não deve cair como as folhas das árvores.
Ogbè deve ascender um caminho através da dificuldade.
Sagrado Odú Éjì Ogbè.
De acordo com a filosofia e estilo de vida do òrìsà, a vida é uma viagem.
Àjò l’ayè, a viagem da vida, é marcada por muitos portais de iniciação. Cada portal exige uma separação do passado, em favor do que é e o que será. E tão misterioso quanto possa parecer, a viagem fundamental, bem como os portais da iniciação, são tão naturais quanto à própria vida. Desde o nascimento até a adolescência, passando pela idade adulta e além, todas as nossas experiências são ritos de passagens ao longo do caminho da vida.
Ainda assim, o caminho leva-nos através de alguns territórios perigosos, durante o qual as decisões importantes devem ser tomadas, esperamos não só sobreviver à viagem, mas também prosperar. No versículo acima, Ifá usa as metáforas da floresta, do oceano e da terra para exemplificar a gama de capacidade de adaptação e preparação necessárias para a navegação bem sucedida.
E a dificuldade de sucesso?
Quando você falha, você é forçado a se ajustar, buscar novas metodologias e fazer novas alianças. Mas quando você é bem sucedido, é tentador tentar aplicar novamente as mesmas práticas que uma vez funcionaram tão bem às novas circunstâncias. Infelizmente, isso raramente demonstra ser eficaz. Você tem que tentar todas as novas práticas, mas, ao mesmo tempo, manter um senso claro de verdade pessoal e identidade.
No verso de Éjì Ogbè acima, foi Èsù que repetidamente lembrou Éjì Ogbè dos itens de sacrifício que ele estava carregando e quando deveria fazer uso deles em diferentes fases da viagem.
E este é o segredo do sucesso a longo prazo:
Cada um de nós, sem exceção, tivemos alguém que acreditou em nós e nos deu a orientação adequada e que precisávamos para satisfazer a paisagem em constante mudança na jornada da vida.
Às vezes, apesar de nosso conhecimento, do nosso talento e experiência só precisamos de alguém para nos dizer o que fazer e quando devemos fazê-lo!
A nossa capacidade de reconhecer esses momentos e nos dar bons conselhos vai fazer a diferença entre ser chamativo e inesquecível, entre competência e excelência, entre ser competitivo e ser superior.
Como saber mais sobre como estabelecer uma relação com um conselheiro confiável que irá ajudá-lo a otimizar seus dons e talentos naturais?
Pergunte a Ifá.
Àse.
Àse.
A iniciativa é válida, mas sem informar as fontes, não tem valor, visto que qualquer pessoa letrada poderia faze-lo.
Luiz sua iniciativa também é, muito válida.
Qual fonte você quer que eu cite, a origem do verso do Odù ou dos ritos de passagem?
Ori ire baba
Babá,
Ainda aguardo poder um dia ter um livro com seus ensinamentos…quando isto acontecer ( e vai Acontecer)estarei na fila para o seu autógrafo…
CHEGUEI A ME ARREPIAR…LINDO! MARAVILHOSO…MENS…CLARA!!!
Boa noite Babá Já nos conheço este maravilhoso blog e sempre que posso venho aqui, aprender! rs Gostaria de saber meus mais velhos o seguinte: Qual a relação da prática do Santo Daime na filosofia de Ifá? Ifá é uma religião ou uma filosofia? Todos os iniciados em Ifá tem que participar do Santo Dime? Somente os Babalawos podem montar um Orí. (dar um Oborí em uma pessoa)? Os adeptos de Ifá são contra o Candomblé? Ifá não cultua Orixá como no Candomblé? E Odú, Só Os Babalawôs podem lidar com eles? dar ebós? Desculpe as perguntas mas… Falaram-me algo que me deixou com a pulga atrás da orelha!!!! Ire ooo
Olá Araci,
Se me permite, o culto a Ifá é de origem africana, o xamanismo de diversas etnias indígenas da região amazônica na face leste da cordilheira dos antes, que se utilizam de uma das duas espécies de cipós que contém alcalóides alucinógenos (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis), os chamados “Aiuásca”, portanto, não tem nenhuma relação direta, prática ou de exclusividade com o culto a Ifá.
Vale frisar que o licor de Aiuásca (nome andino) ou Iagê ou Mariri, como é chamado pelos povos que habitam o território brasileiro, é um item que compõem um culto original extremamente complexo, aonde a bebida era reservada APENAS ao Pajé, Kujã ou autoridade religiosa da comunidade e a seus aprendizes diretos. O culto chamado “Santo Daime” baseia-se no consumo do licor em si, e é “coisa de caraíba/homem branco”, bem diferente do culto indígena que o originou.
Nenhum iniciado a Ifá tem que participar de nenhum outro culto se não o de Ifá, qualquer outro culto que o iniciado siga é de sua escolha e sua afinidade pessoal. Um padre poderia iniciar-se a Ifá, se desejasse e se não fosse contra os princípios do sacerdócio católico.
Babalorixás e Iyalorixás podem montar assentamentos e alimentar o Ori de uma pessoa. babalaôs também.
Os adeptos de ifá não são contra o Candomblé, muitos deles seguem essa doutrina brasileira.
Ifá se cultua no Candomblé de diversas formas, sobretudo se o dirigente for iniciado em Ifá (o que não faz dele um Babalaô).
Babalorixás e Iyalorixás trabalham com Odus através do jogo de búzios (que é respondido por Exu, e não diretamente por Ifá) e podem, sim, dar ebós.
Resumindo: Tudo balela.
Motumbá!