Ultimamente tenho estado bem eletrizada porque eu acabo ouvindo de tudo, vejo absurdo em um tanto de coisa e os assuntos mais “delicados” sempre afloram: valores morais, concepção de família, opção sexual, integridade… Tudo isso envolvido em propostas políticas. O horário político obrigatório não é nenhum filme de Woody Allen, mas eu paro pra assistir quando estou de bom humor. É lá que eu ouço esse tudo que citei acima e acabo juntando com outras notícias, outros acontecimentos e outras conversas.
Talvez hoje o meu texto saia confuso, mas eu vou dar um jeito de escrever um pouco de tudo que eu tenho visto e que invariavelmente também reflete na nossa religião e na no exercício da cidadania.
O país se autodenomina um Estado laico onde há liberdade religiosa para todos. Até onde vai esta liberdade? Para católicos e evangélicos? Como eles mesmos dizem: “são maioria e não serão superados por uma minoria” (escutei numa marcha da qual falarei mais adiante). Até esta tal liberdade realmente ser estabelecida espíritas, umbandistas e candomblecistas serão amontoados sob o meus estereotipo pejorativo; “macumbeiros”. Mas isso é uma outra história…
Já que falei sobre política e crenças religiosas, falo-lhes logo de antemão a minha opinião contrária a essa relação totalmente desarmônica para a sociedade brasileira. Sou criticada por uma gama de religiosos pertencentes a todos os segmentos que defendem e apóiam as manifestações de opiniões totalmente embasadas em crenças religiosas de grupos para influenciar nos processos políticos direcionados – ou ao menos que deveriam ser direcionados – ao bem estar da sociedade. E a cada tempo e acontecimento que passam, fico ainda mais inclinada e firme na minha posição. Para mim, política e religião se discutem sim, mas a discussão para exatamente no momento em que a religião visa moldar de acordo com os seus conceitos e verdades uma política que se dirige a todos os cidadãos. Vale esclarecer que eu não sou contra religiosos na carreira política, sou contra crenças religiosas interferindo em discussões que não se relacionam a religiões.
“A Dilma é a favor do aborto!”. Essa afirmação causou um avassalador redemoinho no quadro eleitoral do país nas últimas eleições presidenciais (não fui pró-Dilma nas últimas eleições. Só pra esclarecer). Ok, a cidadã é a favor da descriminalização aborto, mas e o que isso influencia na capacidade de governo dela? Isso pode modificar a atenção que ela poderia dar à deficiente educação, ao caos no sistema de saúde, ou à violência estarrecedora que todos nós estamos passivos? Estes fatores sim devem ser discutidos em tempo eleitoral, pois são relacionados às propostas dos candidatos e a possíveis mudanças no quadro do exercício da nossa cidadania: a escolha do nosso representante máximo.
O caso da atual presidenta enquanto candidata em 2010 é o exemplo mais global que tenho, porém isso vive acontecendo nos cargos menores também, como todos sabemos. E este exemplo citado por mim serve para ilustrar a falta de autonomia, de laicidade e de verdadeira cidadania que acabam por tornar a nossa sociedade deficiente quando a questão é pensar no bem para todos e na igualdade enquanto humanos.
No fim não levamos muito em consideração a capacidade das pessoas e sim ou algum estigma ou atributo maldosamente estereotipado por alguém, ou a “cara bonita” que preza pelos “bons costumes e pela família”.
O brasileiro adora discutir valores quando lhe faltam argumentos e estes mesmos brasileiros, sendo católicos, evangélicos, candomblecistas, umbandistas ou kardecistas falam sobre o mantimento de uma família brasileira. Uma típica família brasileira constituída em sua base por um homem e uma mulher.
“Deus não criou o terceiro sexo” (palavras do senador Magno Malta na Marcha contra o PL 122 se referindo aos homossexuais). E qual é o primeiro? Não existe nem primeiro e nem segundo sexo, de onde surgiria este “terceiro”? É uma tal tendência ao radicalismo que faz toda discussão terminar sempre em exaltação e ofensas a pessoas. O “terceiro sexo” ninguém sabe quem “criou” e nós sabemos que não existe! Há uma vasta distância entre sexo e gênero e a construção do “masculino” e do “feminino” pode ser uma construção social e não obrigatoriamente natural, pois não se é obrigado a ser o que os outros dizem que somos ou nascemos para ser.
Tempo desses, enquanto mudava de canal, vi uma tal marcha contra a PL 122 (a qual me referi) feita lá em Brasília, organizada por um grupo de evangélicos. Eu parei para assistir. Exercer sexualidade da forma que lhe dá prazer não define caráter, não define capacidade e não exime nem outorga direitos ou deveres a mais. Se eu não acho certo uma mulher ser demitida pelo simples fato de ser uma mulher e um homem idem pelo simples fato de ser homem, então essa ideia de ter de demitir um homem ou mulher por sua predisposição sexual é ilógica, insustentável e fora de qualquer entendimento sobre igualdade e equidade em termos de cidadania. Mas existem os que pensam diferente e por pensarem diferente discriminam, segregam e matam. Isso mesmo, homofobia mata e a PL 122 surgiu pra isso, pra proteger um direito que já é inato: o direito de ir e vir sem que homossexuais sejam agredid@s no meio do caminho.
Muitos se vangloriam e reconhecem como elogio o tal “jeitinho brasileiro” – que em linhas gerais pode ser comparado aos termos ludibriar e tirar proveito de qualquer tipo de situação em benefício próprio.
Então vamos lá: temos uma população com muita moral; temos uma população que defende a ideia da família ter de ser constituída por um homem e uma mulher; o homem pode se embriagar que é visto com normalidade, a mulher se embriaga e é taxada de deselegante; a homossexualidade é uma anomalia e muitos pais prefeririam seus filhos criminosos a homossexuais; a família tem de ser bem constituída (leia-se o “bem constituída” como “formada por um homem e uma mulher”) pra dar exemplo à prole. Isso é bonito, isso é ter valores morais. Porém, furar fila, passar na frente dos outros, não devolver o troco que recebeu de forma equivocada são sinônimos de esperteza. Esperteza esta, passada nas casas dessa população altamente “moralista” que faz questão de manter a união entre o homem e a mulher, mas que, “por debaixo dos panos” trai, tem seus relacionamentos extraconjugais.
Oxe… É melhor esta demonstração de desrespeito dentro do casamento entre pessoas, do que ter de respeitar (e não apenas aceitar) homossexuais andando de mãos dadas nas ruas?
A nossa sociedade apresenta tanto antagonismo, tantos contrastes que entendê-la exige tempo e bastante reflexão.
Percebo uma grande massa que ver política como arma contra os que vão contra suas convenções religiosas e morais, e não como o ato de organização sadia de uma sociedade. Este rebanho por muitos e muito anos ainda será levado e persuadido por aqueles de português bem falado, concordância perfeita e exaltação de voz e gestos empolgantes por caminhos que, como de costume, o rebanho nunca sabe onde resultará, mas o segue.
Todo mundo prega o respeito, mas poucos o exercitam. Nesse período eleitoral, de forma escancarada ou implícita, isso me parece mais que claro: poucas ideias realmente eficientes e muita falácia.
Dayane
Axé minha Irmã!
Eu nao tenho mais televisão, porque nesses ultimos anos ela se tornou palanque de todas essas aberrações chamada de cristiano e politicamente incorreto…ontem estava em Bauru interior de São Paulo e tinha lá uma marcha pra jesus…numa gritaria de fazer levantar defunto…trato de falar o nome de jesus e tudo é permitido. Devemos combrar do nosso polititico sim lacaissidade do estado…porque do modo como anda…viro evengelico mesmo nao querendo (brincadeirinha) muito bom texto!
Dayane,
O periodo eleitoral é nefasto de promessas escabrosas, a intolerância religiosa ao Povo do Candomblé está fecundada nos educadoraes dentro das salas de aula e depois vão se proliferando pelo futuro.
Faço minhas as suas palavras:
“Todo mundo prega o respeito, mas poucos o exercitam. Nesse período eleitoral, de forma escancarada ou implícita, isso me parece mais que claro: poucas ideias realmente eficientes e muita falácia”
Que Oyá lhe abençoe sempre!
Axé..
Sábias palavras Dayane. Infelizmente parece que há por estes tempos uma crescente onda nazi-fascista a se avolumar no horizonte da política. Muitos preferem não enxergar, mas é imprescindível que todos os que defendem a verdadeira liberdade e, sobretudo nós pertencentes a grupos considerados minoritários acordemos! Os que preferem fechar os olhos a discutirem tais temas não percebem que estão abrindo mão de defender seus direitos, cada vez mais tolhidos e desrespeitados em nome da tal democracia de uma maioria que na verdade é o política que defende o mais forte. É hora de lutar com ideias e defender nossa posição no cenário político atual, nossa liberdade de culto e exigir que nossos direitos sejam respeitados. Quem não se lembra do recente caso ditatorial efetuado na prefeitura de Piracicaba? Ora, esses hipócritas querem interferir em nossas crenças, em nossas identidades em nome de uma falsa moral diante do sacrifício animal mas não hesitam em comprar a carne congelada no mercado, indo para a casa tranquilamente sem saber (ou fingindo não saber) os métodos cruéis através dos quais tais animais foram mortos, em nome unicamente da produção de lucro.
Ignoram como nossos rituais tratam tais animais, com todo o respeito que o povo de axé dispende à natureza.
É hora de ficarmos atentos, nos unirmos e procurar eleger pessoas que não sejam intolerantes. É hora de lutar pelos nossos direitos, pela liberdade de nosso culto em todas as cidades de nosso país!
Axé
Dayane,
Abraços Fraternos!
Sobre o Estado Laico, eis considerações pertinentes;
“O Estado laico é o Estado que não possui religião oficial, ou seja, todas as suas leis passam pelo filtro da constituição e são criadas pelos seus legisladores (religiosos ou não), não precisa passar pelo filtro de nenhuma Igreja ou religião oficial (o que não significa que o LEGISLADOR religioso não possa opinar segundo seu pensamento (religioso ou não), visto que possui direito à personalidade). No Estado confessional toda lei tem que passar pelo filtro da Igreja, no laico o filtro religioso só existe no legislador (que representa seus eleitores e o modo de pensar dos mesmos).
O estado laico não proíbe que valores religiosos de seus políticos (eleitos pelo povo e que os representa) afetem suas decisões, desde que passem pelo “crivo” constitucional. O estado laico só não permite que a religião seja um “crivo” obrigatório e indispensável para a tomada de decisões políticas.”
Palavras do Sr. Pedro Mirotto (que não conheço ressalto) que faço minhas e complemento destacando;
Ou seja, as religiões tem direito SIM a se expressarem no Estado Laico, tem direito SIM a se posicionarem, tem o direito SIM a participarem do processo político, mas NÃO tem o direito de DITAREM PARA A A TOTALIDADE DA SOCIEDADE O SEU MODO DE PENSAR.
Ou seja, concordamos em gênero, número e grau.
Sobre o posicionamento da então candidata à Presidência da República relativo ao aborto conta sua opinião sim, tanto quanto se não fosse favorável, pois esta não será mera e simples opinião, mas sim indicio e fator considerável na condução de propostas de implantação de políticas públicas de saúde, que não deixam de ser propostas do partido político ao qual pertença, e que inevitavelmente se bem ou mal realizadas irão ter repercussão no seu governo, e óbvio na população. O uso de tal posicionamento para demonização é sem dúvida execrável.
“Uma típica família brasileira constituída em sua base por um homem e uma mulher.”
Exato, pois é o que está na Constituição Federal de 1988, com a previsão contida no artigo 226, §3º, consoante a qual “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”, o que não tem impedido o reconhecimento de uniões homoafetivas como entidades familiares, como foi a decisão do STF, NO ENTANTO, na letra da Lei é assim que está.
“Então, e onde raios está este terceiro sexo? Na cabeça de radicais religiosos.”
Não, não está na cabeça deles não, está na cabeça de todos os que não se reconhecem com o gênero ao qual pertencem ou que interpretem de modo diferente o conceito binário masculino e feminino e aí 2º algumas teorias em psicologia / antropologia estão prá lá de ONZE.
“Exercer sexualidade da forma que lhe dá prazer não define caráter, não define capacidade e não exime nem outorga direitos ou deveres a mais.”
Puxa, eu até iria concordar com tudo, mas o pedófilo, o estuprador, o zoófilo, o necrófilo não me parecem exemplos digamos positivos de exercício de formas sexuais de prazer onde não possamos considerar o quesito caráter.
“Isso mesmo, homofobia mata e a PL 122 surgiu pra isso, pra proteger um direito que já é inato: o direito de ir e vir sem que homossexuais sejam agredid@s no meio do caminho.”
A PL 122 que pretende criminalizar a homofobia está cheia de inconstitucionalidades, entre elas cito a supressão do direito de livre expressão, no caso, daqueles que não concordam com a prática homossexual. Posso não aceitar que discordem da minha fé, por exemplo, mas não posso querer calar os discordantes para que eu tenha garantido o direito a ter uma fé diferente. Sou favorável ao reconhecimento da união civil para casais homoafetivos e aos demais direitos consequentes, não apoio discriminação ou agressões aos homossexuais, mas já temos leis que criminalizam tais situações, e como está o projeto hoje, até onde me atualizei, o que se criará é uma classe de cidadãos especiais.
“É melhor esta demonstração de desrespeito dentro do casamento entre pessoas, do que ter de respeitar (e não apenas aceitar) homossexuais andando de mãos dadas nas ruas?”
Não, e vc respondeu muito bem logo depois, no entanto, uma coisa não exclui a outra, pois demonstrações de desrespeito dentro de casamentos ou uniões estáveis não são exclusividade de heteroafetivos.
“A nossa sociedade apresenta tanto antagonismo, tantos contrastes que entendê-la exige tempo e bastante reflexão.”
Exato!! este é o cerne de sua postagem no meu ponto de vista.
“Percebo uma grande massa que ver política como arma contra os que vão contra suas convenções religiosas e morais, e não como o ato de organização sadia de uma sociedade. Este rebanho por muitos e muito anos ainda será levado e persuadido por aqueles de português bem falado, concordância perfeita e exaltação de voz e gestos empolgantes por caminhos que, como de costume, o rebanho nunca sabe onde resultará, mas o segue.”
Perfeita! Especialmente por não ter especificado uma só grande massa, mas como bem sabemos há várias e várias.
“Todo mundo prega o respeito, mas poucos o exercitam. Nesse período eleitoral, de forma escancarada ou implícita, isso me parece mais que claro: poucas ideias realmente eficientes e muita falácia.”
Fechou com chave de ouro!
Paz e Luz!
O mas engraçado e que eles tem a solução para tudo, Então porque não fazem ??
Dayane,
É mt engraçado essas questões(pra não chorar), nesses últimos anos presenciamos passeatas ou coisas do gênero como protesto contra a discriminação do aborto, garanto q uma gama de pessoas q estavam nesse movimento provavelmente já abortou e nao se “arrependeu”. O mesmo contra o casamento homo afetivo, será q todos q ali estavam eram de fatos heteros? Freud não diria isso. idem para a legalização da maconha. Acredito q tinha protestantes q o pé de maconha na casa deles era maior q a avenida do protesto. Mas o q me indignou foi o contraponto a campanha da candidata ao PT em 2010 q resumiu em três discussões simplórias, vazias e néscia. são elas:
Legalização do aborto;
disseram q a candidata a presidencia pelo pt é sapatão;
e seu vice “anti-cristo”
O pior é que teve pessoas levaram esses lixos de discussões sem ao menos reciclar para as salas de aula. E mts babacas e parlos que lecionam nas mesmas alimentaram essa pobreza em discursos políticos.
A Dilma explicou o prq da legalização do aborto, segundo a mesma iria ocorrer em último caso, com equipamentos e profissionais preparados. O q poderia contrapor essa ideia de modo mais coerente e político, seria o fato de ter que investir pesado na saúde deste a preventiva e curativa, evitando a gravidez precoce e mantendo o bm funcionamento dos hospitais. Acredito ser um ponto que deveria ser estudado de forma sistemática ao invés de simplesmente criticar com pejorativos e discursos intolerantes. Mesmo porq o aborto está no seio do cristianismo na mão das parteiras q com poucos recursos realizavam o parto e mts das vezes o perdia, ou receitavam ervas para abortar quando era consultadas por pessoas de gravidez indesejada. A preocupação com a criança prematura e a higienização nos hospitais surge no séc XIX e mesmo assim nas metrópoles europeias e norte-americanas q privilegiavam uma minoria. Já no Brasil, de um modo longínquo em meados do séc. XX com uma elite privilegiada. a partir da década 80 q as coisas começam a melhorar pra classe popular, mas mesmo assim ainda existem regiões q as parteiras realizam tal trabalho. Em suma as parteiras seriam condenadas, mas elas não são católicas? Outra, aborto existe! é crime, mas são poucos os registros de julgamento por tal. Já nao seria o momento de repensá-lo?
Quanto a questão da candidata ser supostamente “sapatão”(pejorativo), o problema é dela. O brasileiro(nós) é tão idiota e sexista que só sabem estereotipa e usa de adjetivos negativos, por isso q me sinto no direito de usar tais qualidades para com os mesmos(idiotas). Talvez seja esse o motivo de estarmos em meio a uma atmosfera retrógrada socialmente, mas a culpa é nossa.
Quanto a questão do candidato a vice pelo PT supostamente ser “anti-cristo”, o problema é dele. O estado nao é laico?
Fiquei profundamente chateado há dois anos atrás, em meio a esse contraponto acéfalo de alguns brasileiros para com os candidatos a presidência pelo PT. Acredito q teriam q contrapor, mas de um modo mais inteligente e ético. E infelizmente este ano não está sendo tão diferente.
Eu agradeço por ter postado esse tipo de filosofia neste blog, compartilhando de um pensamento político-moral raro e valioso. Oxalá! metade de nossa população pensassem e agissem dentro desse segmento ético e reflexivo politicamente e acima de tudo, preocupando a cada frase não fazer o mesmo com o q fazem com as religiões de características afro. Mt bom seu texto!!!!
Asé.
Caboclo,
Um dos meus focos com esse texto foi apontar esses tantos desdobramentos que um fato, um conceito ou uma questão podem ganhar dependendo de quem os analisa e com quais objetivos são feitas essas análises. No caso da então presidenta Dilma o meu foco foi apenas observar o quanto uma posição dela foi interpretada de forma maliciosa e até “demoníaca” sob o enaltecimento de valores cristãos, etc e tal, e tal e coisa.
A prática do aborto é um problema sério, muitas mulheres morrem todos os anos ou sofrem absurdas sequelas por causa da clandestinidade e da falta de apoio do Estado nessas horas. A meu ver, neste caso específico, a discussão no então momento deveria ser “por quê?” e “como?”. Por que deveria descriminalizar, por que não deveria… Falo de argumentos cotidianos, táteis, que estão presentes nos hospitais, nas clínicas clandestinas, nos traficantes do misoprostol… Aborto é uma questão de saúde pública que envolve muita coisa, inclusive, como você citou, educação sexual, saúde preventiva, entre muitas outras coisas. O discurso político deveria sair desse fundamentalismo religioso e discutir de forma clara, apresentar os problemas da forma que eles são e discutir saídas sem que essas saídas tenham que estar obrigatoriamente sob a égide de algum deus, até porque a população tem direito a optar por qualquer credo, ou por nenhum credo se assim se sinta melhor.
Axé e muito obrigada pelas sempre presentes palavras de incentivo.
Edenilson,
Eu editei um parágrafo que até está citado na sua análise do meu texto por ter percebido que acabei fechando a questão homem/mulher de forma muito rasa e engolindo os fatos que causam tanto conflito quando o assunto é gênero e sexualidade.
Estou justificando para que o seu comentário não fique como incoeso em relação ao texto.
Agradeço suas explanações e acredito que não precisem de tréplicas, pois não fui taxativa e nem disse uma coisa querendo dizer outra. Os argumentos que vão surgindo nos comentários só fortalecem o sentido dos textos publicados aqui.
Axé!
Dayane ,
Tenho 22 anos e penso mto parecido com vc !
Parabens , e acredito que seja isso sim são tantos dogmas e preconceitos que esquecem o principal , que e respeito e viver de forma digna .e posso ser radical em falar isso porem acredito que politicos teriam quer ser ateus ou agnosticos , pq assim a politica olharia para seu povo do menor e do maior sem destinção.
Dayane,
Em momento algum entendi que suas observações fossem taxativas, ao contrário seu texto do começo ao fim deixa claro isso. Tanto que é digno de parabenização sua alteração para melhor compreensão.
Já sobre fortalecer o sentido dos textos publicados, aí dependerá com que olhar está-se a enxergar.
Abraços Fraternos!
Edinilson,
“Da discussão chega-se à luz.”
Este é o sentido que, para mim, vai fortalecendo os nossos textos. 😀
Axé!
Mutumba, Dayane.
Antes de iniciar o meu caminho sob a orientacao de Pai Fernando D’osogyan, eu era catolico fervoroso, daquele tipo que acreditava que a unica verdade existente era aquela propagada pela Igreja catolica. Porem, apesar de propagar apenas a fe catolica apostolica romana, sempre mantive o maior respeito pela opcao pessoal de cada um, seja religiosa, politica, profissional ou sexual. Sou advogado, casado, heterossexual e nunca deixei de defender e exercer este respeito, pelo direito individual.
Acredito fielmente que o livre arbitrio de cada um e um direito irrenunciavel. A Historia ensina que as epocas em que o Governo se misturou com a religiao, foram os periodos mais tenebrosos da humanidade.
Hoje em dia o que se ve sao pessoas demagogas que esqueceram o seu passado e/ou presente de “vidro” e insistem em jogar pedra no “telhado” dos outros.
O grande mal da sociedade e a DEMAGOGIA. A sociedade em geral, fala, pensa e age de modo totalmente diferente. Falta uma maior seriedade nas pessoas.
Axe.
Mutunbaxé. Mutunbá, Sergio.
Muitos não sabem o significado da palavra hipocrisia, mas a prática vem sendo bem comum nesses discursos.
Axé.
Dayane,
Se discussão quer significar troca, aí estamos de pleno acordo, e de fato saímos todos fortalecidos ou no mínimo iluminados.
Paz e Luz!
Dayane, adorei seu texto. Mas, lendo o primeiro parágrafo, só gostaria de comentar que não se trata de “opção sexual”. Niguém opta pela atração que vai sentir. Uma pessoa pode, sim, optar por viver sua verdade ou não. Eu concordo com os que dizer que seria melhor usar a expressão “orientação sexual” ou, talvez “predisposição”. Axé!
Affonso,
Quando eu falo “opção sexual” é exatamente falando sobre as vontades e possibilidades que todos temos em termos de relações sexuais. Não falo apenas de parceiros do mesmo sexo e/ou de sexos diferentes, falo de todos os tipos de relações e maneiras como cada um pode querer levar a sua vida sexual. Isso também é muito julgado e apontado pelas outras pessoas como o que seria “certo” e o que seria “errado”.
Axé.
Boa tarde!
Semana passada participei de uma mesa redonda cujo tema era o ensino de religião nas escoas, mas voltado para a questão da intolerancia com religião de matrizes Africanas. Essa mesa redonda fazia parte de um grande evento “pensando África e suas diasporas” desenvolvido por intelectuais que estudam áfrica nas instituições públicas de ensino superior. Esta mesa redonda foi composta de três pesquisadores com temas específicos de pesquisa mas comungando do mesmo objetivo. Um pesquisador realizava pesquisa voltado à relação das escolas de educação básica pública com a laicidade do estado. apontando seus contrastes como por exemplo, simbolos e nomes de santos católicos presente nas mesmas. Outro pesquisador fez um estudo de caso de agressão provavelmente de neopentecostais para com os terreiros de culto afro em uma cidade de MG. Outro pesquisador doutor em educação (babalorisá) que estuda as questões de etnias e raça(estou participando de um grupo de pesquisa com ele) e defende a profundidade africana nos congados, na umbanda, entretanto em mts dos casos disfarçados, ou nao percebidos.
mt interessante, foram levantados dados quantitativos e qualitativos mt importante para o entendimento da “construção” da identidade do negro aqui no Brasil. E qual é a visão dos africanos em relação a essa identidade.
Axé.
“A discriminaçao social / racial no candomblé”.
Peço Vossa licença para colocar uma minha constataçao que tenho feito em alguns candomblés aqui em Salvador / Bahia, sobretudo nos candomblés mais tradicionais e de renome. Infelizmente, pode obrservar, uma diferença no tratamento dado as pessoas de classe media / branca ou mestiça de tez clara em detrimento as pessoas de origem mais humilde. Posso citar como exemplo, uma recente festa de “alubajé” que estive numa “tradicionalissimo e renomodissimo” terreiro aqui de Salvador. A festa estava plena de artistas globais, e o tratamento dado a estes e seus amigos era de vips, com tratamentos privilegiados, bajulaçoes, etc., em contrapartida, com o tratamento dado as pessoas da comunidade, como gente de uma “estirpe inferior”.
Dai eu me pergunto (muito amargamente), posturas como estas tambem nao estarao afastando a comunidade negra e pobre da sua religiao ancestral para outras religioes!
Tifany.
Tifany,
Infelizmente o seu relato não é tão incomum em algumas casas que usam do seu renome para esquecer a humildade de tratar todos bem embaixo dos seus tetos.
Axé.
Bom dia!
Hj dia simbólico que comemoram a proclamação da república. Até alguns dias atrás acreditava que o Império foi pior do q a republica para os negros, entretanto descobrir fontes q me deram uma ideia d q a república nao foi tão republica para os negros. Gosto sempre de enfatizar esses exemplos: Os capoeiras por exemplo eram hostilizados, vistos como marginais e etc. Tomavam porrada da polícia, isso quando não eram mortos nas esquinas. O castigo mais leve era a prisão. Os catimbozeiros morriam quando deparavam com a milícia ao circular próximo dos antigos quilombos onde eram realizado seus cultos. Os baianos eram tido como o “câncer” das metropoles q se encontravam na região sudeste q nesta época passou a ser o foco econômico do país. Surge fortemente o termo “mulato” sinônimo de mula que serve pra “trepa”. Outra questão. Ou o negro servia o país em seus atos cívicos e na guerra, os primeiros a morrer no confronto, ou era os marginalizado dos morros. A republica cortou com inúmeros movimentos negros, q estavam fortalecendo no Império. Antes da abolição que os republicanos tem o orgulho de dizer que foram conquistas deles. Mais de sessenta por cento dos negros não eram escravos. Também com a republica, por exemplo, os candombles só poderiam funcionar pagando impostos ao governo (é claro religiões de matriz africanas eram tida como “baixo espiritismo”), mas o catolicismo e o espiristismo kadercista podiam. Contudo mesmo com tantas “porradas” alçamos várias conquistas nesses últimos cento e vinte e quatro anos.
modupé