Dando Continuidade ao post Perfil das grandes celebridades, trazemos a mais importante personalidade dentre todas: Iya Nassô.
Iyalorixa conhecida como fundadora do Mítico Candomblé da Barroquinha, Casa Branca do Engenho Velho, Iyá Nassô Oká, juntamente com outras duas Iyas preservadas na tradição oral do Candomblé bahiano de Ketu, Iyá Akalá e Iyá Adetá, são ladeadas de mistérios e segredos em um tempo quase imemoravel.
No entanto nos últimos anos muitos tem sido os interessados em desvendar este mistério que paira sobre a origem do Candomblé de Ketu. Além de Pierre Verger, Vivaldo Costa Lima, Nina Rodrigues entre outros, temos alguns contemporâneos como Renato da Silveira e Lisa Earl Castilho que trazem a tona muitos documentos que apontam para desmitificação desta história.
Em sua pesquisa documental Lisa Earl Castilho, que foi publicada pela revista Afro-Asia em sua edição 36 de 2007. Ela através de uma pesquisa profunda nos arquivos públicos da Bahia traz a luz inumeros documentos como testamentos, ocorrências policiais, cartas de alforria, petições entre outros que apontam a identidade “brasileira” de Iya Nassô, que como ja esclarecido por diversos entendidos do assunto, é o nome de um titulo da corte do Alafin de Oyo, responsável pelo culto a Sango e divindades secundarias ligadas a este no palacio de Oyo, importante cidade-estado durante séculos.
Através do testamento deixado por Marcelina da Silva (Oba Tossi) em que ela descreve seu desejo em que seja celebrada in memorian missa a seus antigos senhores Jose Pedro Autran e Francisca Silva casados, moradores da Ladeira do Passo, na Freguesia do Passo em Salvador e seu filho Domingos a pesquisadora da inicio a uma serie de desenrolares na história acerca dessa figura lendária.
Através de outros documentos, ela identifica que este senhores a que Marcelina (Obatossi) cita em seu testamento eram negros da Costa forros libertos, e também proprietário de escravos, já que naquela época a posse de escravos era considerado um investimento seguro e lucrativo, mesmo por parte de ex escravos, que apesar do preconceito existente ascenderam economicamente na Bahia daqueles tempos. Esta senhora e seu marido Jose Pedro Autran constam em muitos documentos principalmente em concessão de alforrias, em especial em fevereiro de 1937 que concederam mais de 15 alforrias a seus escravos inclusive Marcelina (Obatossi) e sua filha a crioula Magdalena constando mais tarde em Outubro na alfândega registros destes e seus escravos alforriados vistos para viagem a África mais especificamente a Costa como era conhecida aquela região da África naqueles tempos. Isso comprova o que diz a tradição oral a respeito da viagem a África por Iya Nasso e Obatossi relatada por Mãe Senhora a Pierre Verger e Costa Lima.
Mas o fato motivador da viagem desta de volta a África pode ter sido por outras razões que não o de aperfeiçoar seu conhecimento a respeito do culto aos Orixás. Considerando a hipótese apontada pela pesquisadora de que Francisca Silva seria a lendária Iya Nassô, “comprovada” por toda documentação pesquisada, esta teria saido do Brasil por conta da perseguição estabelecida pelas autoridades após a revolta do malês na Bahia, tendo seu filho como um dos suspeitos da insurreição. Ela em defesa de seu filho, Domingos, citado por Obatossi em seu testamento opta por deixar o país em troca de seu filho ser deportado. Segundo a pesquisadora após Outubro de 1837 nada mais indicava um retorno de Francisca Silva (Iya Nassô) a Bahia, tendo possivelmente falecido por lá. No entanto em meados nos anos de 1840 documentos voltam a apontar Marcelina Silva (Obatossi) tais como registros de batismo, escrituras de imóveis apontando que esta voltou da viagem a África e se estabeleceu novamente na Bahia, possivelmente assumindo o culto deixado por Iya Nassô, e mais tarde fundando o Terreiro da Casa Branca o Ilê Axe Iya Nassô Oka.
Na pesquisa um outro descrito interessante refere-se a prisão de seus filhos suspeitos de participantes da Revolta do Malês, ns ocorrências policiais testemunhos de pessoas próximas da casa de Francisca Silva descreve festas com a presença de um grande numero de nagos, vestidos de branco e vermelho com colares no pescoço, cânticos em língua ioruba, possivelmente um culto a Xango já que seu outro filho Thomé possuía registro de origem, ele vinha de Oyo.
Todos estes fatos documentados apontam para uma hipótese bastante concreta de que Francisca Silva tenha sido Iya Nassô e que esta tenha de fato trazido consigo o culto a Xango e talvez outras divindades secundarias daquela região de Oyo, e tenha voltado a África sem retorno a Bahia, porem deixado para sempre seu nome registrado na história do Candomblé de Ketu, sucedida anos depois por Marcelina Silva (Obatossi) que mais tarde o lado de Iya Adeta e Akala fundam a Casa Branca.
Concluindo todos estes fatos constatados a hipótese é de que Iya Nassô tenha sido mesmo a Sra Francisca Silva e tenha cultuado Xango em sua própria casa até sua partida para África, permanecendo no Brasil ainda Iya Adeta e Akala que promoviam também em suas casas cultos a Odé (Oxossi) e Aira. A outra hipótese que conclui-se é que o Candomblé da Barroquinha a que todos se referiam eram os festejos realizados no salão de festa anexo a Igreja da Barroquinha, sede da Irmandade do Martirios, aonde realizam a sombra do sincretismo festas a seus Orixás, o Candomblé como conhecemos hoje so teria passado a existir a partir da fundação da Casa Branca.
Referências:
* Silveira, Renato da, Candomblé da Barroquinha, Editora: Maianga ISBN 8588543419
* [(Liza Earl Castilho / Luis Nicolau Pares)] Marcelina da Silva e seu Mundo: Novos dados para um historiografia do Candomblé Ketu. Afro-Asia 36 (2007) 111, 151
*Foto: Martiniano Bonfim -“Entre a Oralidade e a Escrita: a etnografia no Candomblé da Bahia” (Salvador, Edufba, 2008) e também o de Sofia Olszewski, “A fotografia do Negro na Cidade do Salvador, 1840-1914″ (Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1989.
Babá, a sua benção…
Parabens pela pesquisa! Creio que nos resta agradecer a dedicação em preparar um material de tão boa qualidade. Um povo sem HISTÓRIA é um povo vazio, sem identidade, uma presa fácil para os leões imperialistas que desejam a criação em escala, deixando de lado a cultura e os reais desejos das pessoas. Quem não conhece seus ancestrais, e o contesto do seu próprio advento sem muita dificuldade deixam-se alienar, formando assim a massa de “papagaios” tão desejados pelo mercado capitalista.
Sandro não comercializamos estes produtos no blog, inclusive acho perigoso usar estes produtos sem uma finalidade especifica. Somente Sacerdotes e Babalawo podem manipular estes produtos com a orientação das divindades celestes.
Mesmo assim existem vários blog de vende de produtos na internet, basta procurar em um site de busca.
Àse.
Estamos onde estamos por que os ombros de nossos antepassados nos sustentam, epa Esá.
Kawo Obatalá.
Mo juba Oba Igbo.
Ire o.
Seus posts são de tremenda relevancia com certeza meu mais velho. saudações /kolofé/mukuiiu. Quem vos escreve é ARTHUR DIS DA SILVA, a pessoa que te direcionou um post, pedindo sua luz em relação a maneira correta de se invocar a vibração de esu quando se estiver colocando uma oferenda p este: deve-se chamar por osetura primeiro, deve-se chamar por um esu especifico de acordo com o pedido a ser feito( caminhos fartura, beleza etc.) ou se chama esu e .o mesmo se apresernta sem haver a necessidade de chamar por um nome especiífico como odara, laalu, lònan havendo apenas a necessidade do pedido ser claro que ele (esu , entende , e a parte dele que trata do problema ali colocado vira em auxílio . () COMO ,se deve dar um agrado BARÁ , pois li num post do Sr. dailha ( outro muito inteligente e elegante) que existe maneira diferente deste ser agradado …….() OUTRA COISA : peguei dias deste um pequeno entrevero entre alguem que acho que se chama luciano, e o senhor se clocara de maneira perfeta em defesa do Sr dailha , bati palmas , mas daí foi que surgira minha dúvida em relação a minha pergunata : diferença e similaridade entre o culto de orixas /ifá, pois o motivo da contenda virtual era esta o que deve ter despertado dúvidas não só em minha cabeça , na de muitos outros seres que frequentam a pg. , volto dizer , gostei de sua postura . obrigado e vou pedir ago será que o Sr. poderia me responder por e-mail pois eu me perco nas colunas , como posso estar errado e o sr ter me respondido e eu ter esquecido onde postei . e-mail reiguanabara@yahoo.com.br sem nmais me despeço desejando muito axé . OBRIGADO ( O RIO DE JANBEIRO CONTINUA LINDO, SOU CARIOCA DE IRAJ’PREPARADOP O SANTO EM 90 E AFASTADO POR PROBLEMAS SÉRIOS NO MEIO MAS SEI QUE TENHO QUE RETORNAR MAS ESTOU VIVENDO E4M SÃO PAULO A DEZ ANOS (FUGA) E NÃO CORRO CASA DE SANTO MEXXXXXXXXMO NEM QUANDO ESTAVA AI NO RIO. QUE FARÁ AQUI EM SP KOLOFÉ / BOA SORTE / ARTHUR DIAS DA SI8LVA
Arhur, sua duvida.
“diferença e similaridade entre o culto de orixas /ifá, ”
Culto de Ifá, é um culto direcionado a Òrúnmìlá conduzido por Babalawos, Oluwos e Arabas (cargos dentro do culto de Ifá), não há incorporação. As inciaçoes se dão em 3 estagios, Isefá, Itelodu e vou separar a iniciação de Iyànifa, a mulher que é inicada no culto de Òrunmìlá / Ifá, manipula todos os instrumentos menos os Ikins, caroços de dendê. Basicamente a diferença está na incorporação e nos formatos dos Oros e Odun Ire (festas). Porém os dois cultos se entrelação quando invocamos forças para auxiliarem nos Ebós (oferendas), neste caso invocamos de Egungun a Osalá.
Ire o.
Muito importante suas novas postagens que vem resgatando o nosso passado religioso do Candomblé brasil, meus parabéns.
Prezado Fernando de Osagiyan, A foto acima é de Martiniano do Bonfim. Verifique meu livro, “Entre a Oralidade e a Escrita: a etnografia no Candomblé da Bahia” (Salvador, Edufba, 2008) e também o de Sofia Olszewski, “A fotografia do Negro na Cidade do Salvador, 1840-1914” (Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1989). Ademais, na original desta foto, o nome de Martiniano do Bonfim está inscrito no verso.
Lisa,
Maravilha, não sabíamos que era de Martiniano do Bonfim, daremos o devido crédito.
Axé.
Como presidente da ASJEV (Associação São Jorge do Engenho Velho), associação que administra o patrimonio do Terreiro da Casa Branca, afirmo que a pesquisadora Lisa Castillo tem total propriedade em seus comentários, pela seriedade e competência com que realiza suas pesquisas a respeito da história da Casa Branca. Sugiro, então, que considere suas observações e desconsidere a foto acima como de Iyá Nassô, de quem não temos qualquer registro de imagem.
Senhor Willys, boa noite.
A retificação já foi feita, creditamos como sendo Martiniano Bomfim, creio que o senhor ainda não observou o rodapé da materia.
Caso tenha mais algum comentário sobre tão delicado assunto estaremos prontos a colaborar e fazer as devidas correções.
Òrìsá ki ba se.