Falar sobre Candomblé hoje, para os adeptos mais preocupados e mais ativos quanto à religião, não significa apenas discutir sobre assuntos do terreiro, orixás e obrigações.
Hoje convido a todos para percebermos sobre o espaço em que a nossa religião está inserida, falando sobre a Terra e seus recursos, essa grande mãe que nos fornece além da possibilidade de vida, a possibilidade de termos uma fé, uma crença que se baseia totalmente no seu funcionamento.
Se fizermos um balanço entre os pensamentos que existem nas diversas partes do mundo, veremos diferenças gritantes entre estes pensamentos e conceitos. Estamos inseridos numa sociedade de cultura ocidental – judaico-cristã – a cultura de onde surgiu o conceito econômico mais forte mundialmente, o capitalismo, e de onde surgiu e está cada vez mais inerente a nós a globalização. O dia tem hora pra começar e terminar; andamos nas ruas correndo, vidrados nos relógios; o trânsito é um caos: buzinas, berros, chingamentos; pessoas que se esbarram nas calçadas e nem se pedem desculpas. Falta gentileza, falta o pedir licença, falta o “obrigado”. O individualismo cresce, o egoísmo idem, a violência cresce e nisso, por causa desse tempo louco, dessa falta de calma que nos habita, cresce desordenadamente também o número de pessoas estressadas, depressivas, à beira de um ataque de nervos, que descontam seus vazios no consumo de remédios e de bens materiais como se o dinheiro comprasse a felicidade…
A ideia de que o dinheiro move o mundo e o dinheiro compra tudo está também inserida na nossa sociedade, a vontade para o “agora” é a que prevalece, então, se agora queremos energia elétrica construímos usinas hidroelétricas, independentemente dos prejuízos que estas usinas possam trazer à biodiversidade local ou à cultura de um povo “despejado” da sua própria terra; queremos móveis nas nossas casas independentemente da madeira ser de uma área de floresta protegida; não queremos que as ruas encham d’água durante as chuvas, mas não deixamos de lançar na rua, ou pela janela do carro, ou do coletivo, latas de refrigerantes, embalagens de comidas ou qualquer outro produto que não nos sirva mais.
Nós queremos uma vida melhor não só quanto a comida e a educação: queremos cidades mais limpas, mais puras, não sermos contaminados por uma leptospirose, por exemplo. Mas pouco as pessoas têm feito para mostrar esse tipo de cidadania.
Com tudo isso, a níveis urbanos, ou a níveis mundiais, quero falar sobre a natureza. A humanidade pede socorro e esse fato não é um terrorismo de pensamento, é uma realidade. Nós, como criados numa cultura ocidental aprendemos indiretamente que a natureza está para suprir as nossas necessidades, aprendemos que o homem está acima dela, que deus criou o homem sua imagem e semelhança e criou a natureza para servir a este homem criado a partir de deus. A partir desta concepção, a natureza é explorada, é extrapolada e vem sendo destruída pelo homem.
Como na natureza (assim como na vida) tudo é um ciclo, uma cadeia, sempre há as reações. Diferenças drásticas de temperatura são reações, chuvas torrenciais inesperadas são reações, queimadas desordenadas e quase incontroláveis em vários ecossistemas também são reações, e todas estas reações afetam de maneira direta ou indireta os ciclos que fazem a Terra funcionar e conseqüentemente também a nós, seres humanos, os seres causadores da maior parte de todo este silencioso caos.
Nós fomos criados numa cultura ocidental, porém fazemos parte de uma religião que tem como sua raiz conceitos totalmente contrários aos desta cultura.
Somos ramificações da natureza, fazemos parte dela, assim como ela faz parte de nós. Do que seríamos nós sem ela, do que seria nossa religião sem ela? Seria possível dar continuidade às nossas tradições sem a natureza? Não, meus irmãos. Nossos antepassados em África e também aqui no Brasil nos ensinaram que a natureza vem em primeiro lugar: agradamos a mãe Terra quando agradamos nossos orixás, saudamos a mãe Terra quando saudamos aos nossos orixás, tocamos a mãe Terra, pedimos sua licença, antes de cumprimentar um orixá ou um mais velho dentro da religião.
Nós temos as nossas divindades que fazem parte dos elementos da natureza. Elas estão representadas nestes elementos e os elementos estão representados nelas: os orixás. Olorun deu aos orixás seu respectivo elemento para que cada um o representasse, fosse responsável e com a ajuda dos humanos mantessem o equilíbrio entre a natureza e os seres habitantes da Terra. Nós não estamos acima da natureza e nem abaixo da natureza, pois fazemos parte dela, vimos dela e seja de qualquer maneira, voltaremos para ela.
Provavelmente, se esse pensamento fosse mais coletivo, a natureza não estaria revidando de forma tão agressiva ao tratamento que a temos dado. Por isso, nós como pertencemos a uma religião que tem por base esta natureza e dependemos dela para continuar na nossa fé, temos sim o dever de tentar impactá-la o menos possível, tanto como cidadãos nas ruas evitando lançar o lixo em outro lugar que não seja uma lixeira, por exemplo, como a nível religioso, como por exemplo, a disposição dos ebós quando levados para fora do terreiro ou quanto às oferendas direcionadas a Yemanjá no mar ou a Oxum nos rios, pois aqueles vidros de perfumes, ou outros objetos de plástico ou de vidro não somem simplesmente dentro da água, eles permanecem ali ou são levados de correnteza em correnteza e demoram dezenas ou centenas de anos até sejam decompostos.
Não quero aqui propor uma mobilização para sermos “politicamente corretos”, não é isso de maneira alguma. Apenas penso que se os diversos setores da sociedade se mobilizarem para contribuir com o meio ambiente, estas mobilizações, ainda que pequenas em seu grupos, repercutirão em ótimos resultados se forem observadas numa visão geral. E eu, como religiosa e esperançosa quanto ao futuro da religião a partir dos meus netos e tataranetos, me vejo no dever de contribuir de alguma maneira para um ambiente mais limpo, menos poluído e uma natureza viva e presente no nosso Candomblé nesta e noutras gerações.
Axé!
Repostado. 😉
PREZADA DAYANE,
O texto oferecido oportuniza o estabelecimento de relações que num primeiro momento pode parecer óbvia , mas o cotidiano não confirma. Estou tratando do compromisso que, sem exclusão dos demais, os adeptos dos Cultos de Nação, pelo Candomblê, têm no trato com natureza, por meio das práticas relativas ao tema ” meio ambiente”, cabendo, em meio a estas, não apenas leituras, mas a realização de propostas instituicionais cuja abrangência transceda os limites do trato vigente. Acho que mais uma vez Dayane, você conseguiu mudar o rumo de visões com este “post” e rogo ao Criador, lhe ilumine, cada vez mais, neste caminho de aprofundamento onde a relação natureza e religião são tão presente que é surpreendente a distância que lhe impelem inconscientemente. Parabéns!!! Gostei!!!
Sandive Santana /RJ
Parabéns Daiane!
Nossa, estou muito maravilhado com esse seu artigo que nos traz um tema super importante para nós dessa sociedade atual, você se expressou muito bem e espero poder ver novos artigos sobre esse tema que muito me interessa, devemos amar a natureza e cuidar dela visando um futuro melhor para nós e a religião afro-brasileira.
Asé
É isso mesmo, Felipe.
Interação é sempre importante e chegar à conclusão de que fazemos parte de toda essa cadeia é salutar pra todos nós.
Agradeço pelas palavras, irmão. Obrigada.
Axé!
Parabéns Dayane, envolveu o tema com muita luz e sabedoria.
Olorun lhe abençoe.
Ashé.
Depois de algumas parabenizações que recebeu, temo ser repetitivo e chato. Mas vou arriscar! (rsrsrs).
Parabéns! O seu texto, em linguagem clara, consegue expor de forma leve um problema exponencial.
Hoje pela manhã comentei um post do Da Ilha, onde falei sobre o discurso longe da pratica. E é o que acontece em diversos seguimentos. O meio ambiente esta na moda, mas infelizmente pouco é feito de fato.
As sacolas de algodão cru muitas vezes substitui a bolsa da madame, mas somente para enfeite, nas mãos continuam figurando as sacolas plasticas.
Sugiro ao blog (podem contar sempre com minha humilde ajuda), criar um projeto de conscientização sobre a problemática exposta, poderemos um dia ver que demos um passo e ao olha para traz nos assustar com multidão que nos segue. Vamos tentar? quem sabe com o apoio de cada um esse projeto possa chegar aos terreiros do brasil, as escolas, as empresas.
Fica a ideia e mais uma vez, PARABÉNS!!!
valeu Day, voce é esforçada, apesar de voce nao ter falado comigo ainda né ….rssss acho que voce nem lembra mais de mim…brincadeirinha..rss
bjs. e muito axè. ha acho que vou mudar meu nome para “Ainda procura” que vc acha…..rsss..
Alguem pode me aconselhar………..
minha historia começa como todas as historias de candomble…..
eu perdir dois emprego e fiquei muito duente tendo varias convulsoes do nada
sem exame que revelasee minha doença… e mesmo tomando remedios pesados eu tinha convulsoes ….
então fui levado a centro de umbanda e candomble que fiz alguns tratamentos
foi ai que eu conheci os orixas…..
e la o pai de santo não joga buzios faz uma numerologia que é o computador que diz o tripe da pessoa então deu obaluae nana e oxala…
mas apesar de ter melhorado bastante eu sinto que la não é meu lugar e la colocam o orixa de cabeça pelo signo da pessoa
eu sou aguariano o centro tem tudo nago umbandizado
mas eu sinto que o meu orixa é oxum e neste centro me disseram que não podia ser de oxum que estou renegando obaluae….
antes eu tinha procurado os buzios e eles dizem que eu sou filho da oxum e depois disso eu joguei em outro lugares… e quem gritava era oxum
e me afastei fiquei perdido isso é comum ?
tenho medo de fazer a coisa errada eu reconheço que tenho o arquetipo de obaluae em tudo mas foi dito pelo signo não pelo jogo
vai partir de mim tomar a decisão de seguir em frente ….
atualmente estou muito izolado ou quizilidado se antes eu não saia de casa agora mais e não sou feliz no amor e no dinheiro e sinto que o orixa me chama todos os dias espero que deus me de a luz necessaria e clareza para sair dessa…… tenho fé em deus nos orixas e nos espiritos de luz….
Danilo,
(peço agô aos donos do blog para responder ao rapaz)
Pelo que você escreveu, me parece que o caminho a seguir você já sabe: fuja destas casas de candomblé/umbanda totalmente duvidosas, que dizem orixá por computador ou signo. E procure uma boa casa, mesmo que seja numa cidade vizinha. Se realmente for um problema com orixá que estiver ocasionando tudo isso isso, um jogo sério, com um pai/mãe de santo sério vai revelar a você. Mesmo que tenha de ir a uma casa de axé fora de sua cidade. Em que cidade/estado você está? Certamente alguém daqui saberá lhe indicar uma casa séria no seu Estado. Se for no estado de São Paulo, pode te indicar algumas boas casas perto de sua cidade.
Axé.
Maria Antônia e Fomo de Omulu.
Perdoem-me a ausência da resposta. Juro que não tinha visto o comentário de vocês! 🙂
Agradeço pelas palavras e pelo incentivo imbuído nelas. Esse texto já é antigo, porém foi tirado do blog por mim e aos poucos, assim como este, os outros serão republicados.
Fomo de Omulu, a sua ideia é boa e nutritiva. Como devo ter falado no texto, se começarmos dentro das nossas casas e dentro dos nossos terreiros, já será de grande valia. Uma casa de axé gera bastante resíduo, porém se observarmos, dá sim pra ajustar e diminuir a quantidade gerada. Quanto a sua ideia, temos de desenvolver isso, né?
Axé!
Oi, Nascimento!
Menino, obrigada pelas palavras. Não havia falado antes porque devo ter andado pelos posts diferentes dos teus. Também você passou um tempinho sumido, né?
Tome tento, rapaz! Rsrsrs
Axé!
Danilo,
Eu seria repetitiva caso lhe falasse algo. O Luciano foi super completo no que lhe respondeu. Você precisa de direcionamento e de uma casa séria.
No mais, não desanime. Orixá é orixá e nunca nos falta, irmão! 😉
Axé!
Srs. o rapaz postou a pergunta duas vezes e em locais diferentes, ele foi respondido em 05.9.11 mesmo dia de sua postagem em:
RELIGIÃO AFRICANA, POLITEÍSTA OU MONOTEÍSTA?
Danilo, ver òrìsá por um jogo de computador, astros e sei lá mas o que, é um desproposito, uma sacanagem com nossa religião, desculpe-me leitores, estas pessoas estão enganando descaradamente os neofitos. Primeiramente suma desta casa e desta pessoa, se houver alguma federação espirita no seu estado denuncie. Vc não está renegando Obaluwaiyè. E Òsúm pode não ser o seu òrìsá, todo abian está sujeito a este tipo de influência de outro òrìsá. Não se deixe abater por estas pessoas, só falaram besteiras para vc e não se deixe ficar na solidão. Sai de casa, de bom dia ao Sol, ao Òrìsá maior que é Osalá, peça forças e que ele lhe coloque uma pessoa seria e conhecedora da religião no seu caminho.
Ire o.
Parabens Sr.Fernando Dósogiyan,pelo texto sobre as grandes senhoras do candomblé : Mãe menininha Mãe Senhora olga de Alaketo , ,já havia em outros tempos conhecido por foto e fatos estas veneraveis, e agora lendo estes e olhando com bastante atenção as imgens contidas , sinto a força e magnitude e algo que transcende a palavra . Será ue ainda eiste pessoas com este halo por nesta esfera em que vivemos, Será ue é pedir muito para se encontrar uma pessoa assim ,ou e’sonho desejar o encontro de uma pessoa com este mesmo felling, visto os interesses que gravitam em todos os campos das relações humanas. Salve as verdadeiras, salve quem é de verdade . Quem tem axé tem mexxxxxmo, que coisa, Felicidade e verdade sempre p vossa pessoa . Kolofé de um de Erinlé ARTHUR DIAS
Day, Erinlè ki ba se o.
Ontem me peguei lendo um artigo de Blogueiro falando sobre este tema e mostrando o trabalho voluntário que ele faz de terreiro em terreiro, um trabalho de formiguinha, fazendo palestras sobre os cuidados que devemos ter com o Planeta. Eu fiquei pensando sobre o tema e me vi dentro do culto atuando, como faço, por que faço e quais as consequências dos meus atos.
O africano nos ensina que as oferendas colocadas nas águas, se tornam alimentos para os peixes e contribuimos para alimentação e multiplicação dos habitantes aquáticos. As comidas depositadas no solo em cima de panos e folhas são decompostas com maior velocidade e servem para recolocar os componentes organicos em seu habitat natural. Os liquidos são derramados e não deixados em suas embalagens de vidro ou plástico. O descarte de alguidar, garrafas, tubainas e etc… São um atentado as forças da natureza, e a natureza não se vinga ela apenas responde as agressões.
A consciência das casas de àse, deve ser modificada através desta nova geração, como nossos filhos fizeram e mudaram nosso comportamento social em relação ao lixo domestico, vc foi ímpar em sua analize e composição dos argumentos. Tenho certeza absoluta da importancia deste tema e devo de publico parabenizá-la pela coragem em abordar algo tão atual. Pena os grandes conglomerados e governos não darem a minima audiência a este tema, visto a ingerencia que o IBAMA, sofreu no governo passado e continua tendo. Projetos super agressivos ao meio ambiente sendo aprovados a toque de caixa, sem RIMA, sem liberações dos orgãos competentes e depois ficando emperrados nos TCUs da vida e ficamos nós e a natureza esperando solução.
Creio que todos têm um juiz em sua consciência que lhe dirão na hora de deixar algo na natureza se o ato está correto ou errrado.
Temos a obrigação de deixar-mos um mundo melhor para nossos filhos e netos, quero deixar externado mais uma vez o meu agradecimento pelo seu alerta e vontade de manter este planeta melhor do que ele se encontra.
Mo jùbá Iyà.
A mãe dos nove, por seus filhos se transforma em um búfalo.
Epáááááá Òyà mesan.
Mo jubá, Ary.
Eu agradeço imensamente pelas palavras e vivo torcendo e falando para que nossas palavras se tornem atitudes, pois tudo isso não é um discurso da moda e sim algo que está no nosso dia, desde a nossa casa até a nossa casa de axé. Penso não ser totalmente necessário mudanças totalmente drásticas, mas algumas simples mudanças de atitudes como as citadas por ti já deixam de causar impacto e já mexem com a sensibilização precursora pra uma conscientização verdadeira das pessoas e, no nosso caso, os adeptos que precisam fazer uso da natureza pra manter a harmonia entre as energias.
Envia esse texto que leste pra o meu e-mail depois, visse? 😉
Sua benção.
Axé!
parabens dayane se cada um de nos fiser um pouquinho con certesa melhoraria bastante axe
Olá só queria lhe informar que eu postei este lindo texto em meu blog espero que não fiquem bravos e que gostem .. Bjuss obrigada
https://ocandomble.wordpress.com/2011/08/25/a-natureza-e-o-candomble/
http://atuallizando.blogspot.com/
atualizando,
É só dar o crédito ao autor do texto, OK!
Axé
estou fazendo um trabalho sobre a miscigenação preciso e muuuuito da ajuda de voces,se puderem,enviem e-mails pra mim?obrigada——Samara
Samara nosso fórum é aqui no blog.
Ire
Sem comentários, maravilhoso, coerente, bem relatado, meus parabéns, vamos continuar de forma correta, alertar nossos irmãos e irmãs a seguirem o mesmo foco de raciocínio que o seu minha flor, você está certíssima, que Xangô continue mantendo você com os pés no chão, pronta a agir de forma correta para com a natureza e com a humanidade, muito axé para todos irmãos e irmas
Obrigado ajudou no trabalho que estou fazendo