Por: Sikiru salami.
A palavra Oriki, é formada por duas palavras, Ori = Cabeça e KI = Louvar / saudar.
Então Oriki significa, saudar ou louvar a algo que estamos nos referindo.
Sendo as palavras portadoras de força e asè, dá-se aos orikis o poder de invocarem por si próprios a força vital.
Com a importância a ele atribuída, sua entonação sempre emociona as pessoas a quem são dirigidos. Falam de seus feitos e virtudes, suas características e fraquezas, tendo assim valor documental, pois registrou e registra passagens importantes da cultura tradicional Yorubá.
Usamos os orikis por várias razões, direcionados a um òrìsá, egungun, entes queridos, casamentos, komojade, relatam episódios de bênçãos, ressaltam animais e plantas. Quando referido a òrìsá, enfatizam-se suas qualidades e realizações, pois tais chamamentos acreditam-se, tornam-se infalivelmente ouvidos e as oferendas recebidas.
Assim sendo, servem para louvar e pedir auxilio do ALTO.
Os òrisas podem receber o oriki ou o pipe (chamado): oriki Sòngo ou Sòngo pipe, oriki Esù ou Esù pipe, oriki Òyà ou Òyà pipe. Para outros òrìsá usamos apenas o termo oriki, Yemonja, Òba, Òsun e etc.. Estes são devidamente somente alguns exemplos.
Os orikis são repetitivos em algumas palavras, citamos como exemplo os orikis de Sòngo que incluem: Olukoso, e Òba Koso ( orei que não se enforcou), Alado (aquele que racha pilão), Ogiri èkun (leopardo feroz), Asangiri (aquele que racha parede), Alagiri (aquele que abre paredes), Alafin Òyò ( rei de Òyò). Os relativos à Òyà são:
Òyà oriri (o vendaval), Ti ndagi lokeloke ( a que corta a copa das árvores), Òyà ariná bora bi aso (Òyà vestida de fogo). Os de Òsun relatam: A fide rémó ( a que enfeita seus filhos com braceletes de bronze), O wa yanrin wa yanrin kowo si ( a que cava e cava a areia para esconder suas riquezas). Os relativos à Òba incluem: O jowu obirin ( a mulher ciumenta), To t’Ori owu kòla si gbogbo ara ( a que por ciúmes se cobriu de incisões ornamentais).
Tanto os sacrifícios como os orikis são primordiais para que se tenha a presença do orisa ou dos ancestrais e sua entonação pode facilmente induzir ao tranze. Pessoas iniciadas no culto a determinado orisa podem entrar neste transe ao ouvir esta recitação.
Oriki-orilè é a denominação de orikis referentes ás linhagens. Pode ser dirigida a família ou a um de seus membros, com o intuito de louvar seus ancestrais, demonstrar apreço ou aplacar sua ira.
Usado para rememorá-los e dar conhecimento aos mais novos dos feitos de seus antepassados.
Orikis deste tipo não usados para causar emoções apenas louvamos o reconhecimento dos predicados dos antepassados, onde enfatizamos sua profissão, gosto alimentar e outras de suas particularidades.
Esta modalidade é usual entre os Yorubas, quando temos eventos como casamentos, komojade, inauguração de casa, ritos fúnebres e etc..
Existem pessoas especializadas nestes oriki-orilé, que sempre são convidadas para fazer estas recitações.
Os nascimentos têm um oriki diferenciado, chamado de oriki amutòrunwa, que narram as circunstancias do nascimento da criança. Os gêmeos são saudados com oriki-orilè e oriki amutòrunwa, especialmente dedicados a eles.
Nos funerais de anciãos os oriki-orilè são entoados pelas mulheres e no caso de caçadores se faz o mesmo.
Nota-se que estes chamados são para invocar a presença do homenageado.
Em caso de viagens são entoados em forma de benção relembrando suas profissões, motivo da viagem e Ewó (interdições).
Lembramos, porém, que existe uma relação entre oriki-orilè e Ila-oju (marcas faciais), ambos servem para identificar suas linhagens, constituindo sinais de identidade familiar.
Sabemos que animais, cidades, povos, terras possuem orikis próprios, que por vezes são acompanhados de tambores tais como: bata, bembé, gangan, ogidigbo, igbin, gbèdu e etc. Convém que faça-mos uma breve referência a esses tambores. A seu respeito, diz, J. Ki-Zerbo, veículos da história falada, esses instrumentos são venerados e sagrados. Com efeito, incorporam-se ao artista e seu lugar é tão importante na mensagem que, graças às línguas tonais, a música torna-se diretamente inteligível, transformando-se o instrumento na voz do artista sem que este tenha que pronunciar uma palavra se quer. O tríplice ritmo, tonal, de intensidade e de duração, faz-se então, musica significante. A musica está tão intimamente ligada a essa tradição que narrativas somente podem ser feitas sob a forma cantada.
Assim sendo temos: Bata, tambor sagrado tocado com dois atori, é usado no culto dos òrìsá, sendo o preferido de Sòngo.
Bèmbè, tocado com um único atori, é o preferido de Òsun.
Ogidigbo e gangan, são tambores sagrados, sendo este ultimo pendurado no ombro e tocado com um atori, usado para marcar a cadência dos cânticos rituais.
Igbin, usado para acompanhar cantos e outros fundamentos do orisá OBATALÁ, divindade sagrada que modela o corpo do homem.
Gbèdu, usado somente para anunciar a morte de um Oba (rei).
Entoados com finalidade religiosa ou não, o simples ouvir de um oriki impõem silencio, compenetração e respeito dos presentes.
Iba se òrìsá.
Ègbé,
Ary nos trouxe um texto maravilhoso e rico de informações, até lembrei de um Orikí de Osogiyan – Ojò Odò.
“Orisagiyan, odi tapa, o di gunu, o di mo íse, odi kanire, O do kijá. Obatalá Oba L’Orisá, Ají Kulú, èle Alá, Ajagúna ngerekè. Épá Bàbá! èle tèlé je o ekè”.
Òké Àró Odé osí imolè!
Bábá, Fernando eu quero a tradução.
Esse eu não tenho.
haahahuauhahuahhauhuahhauhahua.
Ase o.
Motumbá !
Seria interessante fazer aqui uma comparação entre os Orikis de nossos Orixás e, por exemplo, os Ditirambos e Peãs (cantos sagrados que eram entoados pelos antigos gregos em homenagem aos deuses Dionísio e Apolo, respectivamente.)
Como os Orikis, esses cantos gregos eram acompanhados por instrumentos musicais (liras e cítaras) e eram passados oralmente. Esses e outros cânticos sagrados serviam para relembrar deuses, herois gregos e seus feitos, homens importantes e também ou ocasiões especiais como casamentos e funerais.
Desta forma, pode-se dizer que, tal como os Orikis Africanos, os Cânticos Gregos tinham um carater socio-cultural-religioso, pois através deles as ideias, os costumes e as crenças daquela sociedade eram transmitidos às gerações seguintes, impedindo-os de esquecer seus antepassados, sua cultura e sua religião.
Asè o !
Pedro. Motumba se, motumba.
Fique a vontade para escrever sobre esse tema o qual desconheço, temos o espaço dos leitores na colonua esquerda.
Como cultura não ocupa espaço, eu leio até bula de remédio.
Adoraria saber um pouco sobre essa turma do Panteão Grego.
Ire o.
Pedro, não há espaço suficiente aqui pra te dizer o quanto me orgulho de vc. Te amo filho. Tomeje.
Olá Da Ilha!
Se vc puder me informar?
Existem outros Eyes em algumas lendas dos yorubas sem ser o passaro de Ossanyn e os da yami osoronga. Desde já agradeço!
sander
Sander, existem sim e cada um tem sua lenda (iton) vou postar pra vcs outra hora.
As aves tem uma importancia muito grande dentro dos ebós, iniciações, ojubó e igbás, por voarem mais altos, chegam mais proximo do reino invisivel, (Ikolé Orun).
Mas temos tbm etu, pombo, galinha, galo e o pato que recebeu seus pés chatos no poema de Iwori meji onde Olokun pede que ele procure pela sua cabaça de bom coportamento.( Olokun havia perdido seu bom comportamento).
Saiba que Erinlè tbm carrega o passaro em seu Opá,(cajado) onde demostra seu poder de oso.
No meu blog, vc poderá encontrar um post sobre o uso de penas sagradas, procure por Ebò.
http://orisaifa.blogspot.com/2011/04/ebo.html
Ire o.
Bom dia!!!
Fiquei encantada com tudo que acabei de ler….
Não só pelas informações tão importantes ,mas, principalmente pela seriedade do trabalho apresentado,como também pela origem fide-digna dos mesmos.
Obrigada pelo belo trabalho
Mussaleji
Jansony
Boa noite e motumbá a todos
Antes de qualquer coisa quero agradecer a vocês que escrevem esses ricos textos que saciam as dúvidas de muitos!
mas só tem uma coisa que não da pra achar nesses textos e comentarios e que é uma das minhas maiores curiosidades, talvez porque é um assunto que não deve ser “divulgado” demais: a tradução dos orikis.
Tenho certeza de que como muitos aqui existe sempre uma cantiga que chama a nossa atenção mais que outras, geralmente pelo orixá o qual a mesma é dedicada, aí que vem a pergunta mesmo…. teria como voces fazerem uma pagina que mostra a letra dos orikis e suas traduções? pelo menos 2 de cada orixá para então perguntas serem postadas sobre uma cantiga específica, pois eu acho que não seria legal eu ficar perguntando por horas ao meu pai de santo a tradução de TODAS as cantigas em yorubá que ja ouvi rsrsrsrs
desde então obrigado;
Axé
Thiago, boa noite.
Não deixa de ser uma boa idéia. vamos levar ao conhecimento do grupo e discutir o assunto, obrigado pela dica.
Ire o.
Motumbà, Sou Ogan D’Ogiyan de Uberlândia MG, nação Ketu, Asè Oxumarè…
Gostaria de saber a tradução desse Oriki de Osogiyan – Ojò Odò.
“Orisagiyan, odi tapa, o di gunu, o di mo íse, odi kanire, O do kijá. Obatalá Oba L’Orisá, Ají Kulú, èle Alá, Ajagúna ngerekè. Épá Bàbá! èle tèlé je o ekè”.
Òké Àró Odé osí imolè!
Se for possível ficarei feliz, e obrigado pela iniciativa de vcs, acompanho a pagina ja a algum tempo e me ajudou muito a conhecer mais sobre essa Religião tão linda que conheci por acaso a mais ou menos 5 anos atras, e que me apaixonei e só quero me enriquecer cada vez mais sobre ela, sobre nossos orixas e sobre a cultura Youruba!
Desde ja grato pela atenção…
André Cruz
Ogan de Osogiyan!
Motunbá àse Ogan. Mo juba.
Este oriki quem postou foi Baba Fernando, nosso sacerdote e moderador do blog.
Ele pertence ao Àse Osumare e não colocou a tradução.
Eu não poderei lhe ajudar.
Ire Baba
Ola motunba, gostaria de saber se os orikis pode ser usado como reza diaria, sem que implique uma oferenda ao orixá?
Will existem oriki de uso diário, existem os mais longos que as comunidades de Ifá fazem a cada 4 dias, mas é salutar e saudável, os curtos são maravilhosos para rezar, use e abuse dos oriki.
Se você tem esse compromisso interno e quer levar a cabo, reze seu oriki diariamente e não esqueça de mim Odé Gbáfáomi.
Reze por mim que eu adoro.
Precisamos de vida longa, saúde, sabedoria e sensibilidade.
Ire o.
Muito obrigado Baba Odé Gbáfáomi, a sua palavra me ajudou muito!
E nao vou esqueçer de rezar para o Sr.
Ase o
Salve bom dia lindo! Gostaria de saber aonde eu encontro os orikis de reza diária. Existe arquivo de áudio? Arquivo e áudio e textos são ótimos pra ajudar a gente a aprender a rezar. Gratidão e axé.
Lídia nós temos um post com as rezas do òrìsà, basta ir na janela de busca no alto da página e digitar.
Ire
Achei uns Oríkis na internet, coincidentemente nas semanas que comecei a fazê-los nos meus Oses Ifá só davam boas energias. Meu Awo mandou eu parar por que só podia fazer o que fosse autorizado, na semana que paro, me sinto mais impaciente/irritada e meu Osé Ifá dá negatividade (Ibi). Meu coração diz e também sonhei que deveria continuar com os Orikis, o que fazer? Estou tão confusa.
crismary,
Oriki só trás energias boas, continue a recitá-los.
Axé.
Boaaaa boite, amigos, qual a forma correta de usar a pimenta da costa na oração? Pode mastigar ataré para rezar à Oxalá? O sentido seria purificar nosso hálito certo?
Obrigada desde já
Fernanda,
Sim, devemos mastigar a pimenta da costa para purificar o hálito e a negatividade de nossa saliva, porém, não uso para orar, principalmente para Oxalá.
Axé.
Baba obrigada pelo esclarecimento, eu não usava justamente por medo de fazer errado, mas pensava que deveríamos mastigar para purificar o hálito antes da oração.
Olá, preciso de uma ajuda. Se puderem colaborar, fico muito grato. Eu não sou do Candomblé e não tenho muito conhecimento da religião. Eu tive um sonho muito intenso, um dos personagens desse sonho se chamava Oriki. Fui pesquisar na internet e me deparei com este artigo. Será que foi pura coincidência ou algo me trouxe aqui?
Ramos eu acredito que por vc não conhecer a religião tenha se confundido com o nome.
Oriki é uma reza que fazemos, temos oriki para tudo no universo, animado e inanimado.
Quem sabe vc não estava sendo convidado a rezar mais nessa vida tão atribulada e corrida.
Pense nisso!
Ire
Irmão, sua benção e obrigada pela postagem maravilhosa!
Gostaria de salutar uma dúvida…
Sonhei anteontem com atabaques brancos envoltos com panos amarelos e eu com uma roupa de malandro. Nesse sonho, três pessoas se posicionavam e quando iam começar a tocar, minha cabeça me acordou com “ORIKI ORUNKÓ”. eu to tentando juntar as pontas mas tá dificil ahhahaha poderia ajudar?
Sheila,
Malandro é cultuado na Umbanda e sua cabeça indica que você tem que cultuar Orixá que é de culto do candomblé Ketu/Nagô.
Axé.