Segundo a tradição dos povos Fon/Ewé o mundo foi criado da seguinte maneira: “Nanã Buruku (ou Nanã Buluku) com a ajuda das Serpentes Aido Wedo e Dangbala foi quem criou o mundo e deu vida aos animais, a flora e aos minerais.
Após criar o mundo, Nanã deu origem a gêmeos a quem batizou de Mawu-Lisa e deu a eles a tarefa de criar o homem e povoar a Terra.
Com a criação do par Mawu-Lisa, Nanã criou o equilílibrio no mundo e aos seres vivos.
Mawu é o princípio feminino, a fertilidade, a suavidade, a compreensão, a ponderação, a reconciliação e o perdão.
Lisa é o princípio masculino, o julgador, a impaciência, a força cósmica que castiga os homens errados e os corrige, a seriedade. Ele está sempre atento para que as leis de Mawu sejam cumpridas.
Nanã percebeu que Mawu não conseguia mudar mudar o gênio do irmão Lisa, que castigava sem antes observar direito, resolveu separá-los
Enviou Mawu à lua para ser a luz que iluminaria a Terra no período noturno e suavizar os sofrimentos dos seres e projetar a fé e o amor sobre o planeta. A lua também é o símbolo de varias deusas, um símbolo feminino.
Enviou Lisa ao sol para que esse pudesse ver com mais clareza os erros dos homens e julgasse bem antes de castigá-los. Ordenou também que Lisa uma vez por ano deveria andar na Terra para conviver com os homens e conhecer de perto suas necessidades, ajudando-os e corrigindo-os. Com essas andanças pela Terra, Lisa deixou aqui alguns descendentes que se tornaram divinizados.
Os Fons dizem que a partir dessa separação, Mawu e Lisa só se encontram quando ocorre um eclipse e nessa ocasião Eles fazem amor, gerando mais Voduns para ajudar os homens.
Antes que essa separação se concretizasse, Mawu e Lisa chamaram seu filhos e os enviaram à Terra como os primeiros habitantes e para que esses os ajudassem a governar a Terra, deram a cada um uma atribuição.
- Os filhos mais velhos eram os gêmeos Da Zodji e Nyohwe Ananu. Foram habitar as profundezas do mar e regem todas as riquezas minerais da Terra.
- Os segundos foram os gêmeos Agbe (Hu) e Naeté. Foram habitar o mar e deveriam levar a paz e o amor para as pessoas.
- Aguê, vodum da terra firme, que segundo a lenda violou a mãe Mawu.
- Hevioso, foi habitar os vulcões e ficou encarregado de levar a justiça.
- Gú, seria o responsável por “fazer cumprir” as leis de Mawu.
- Djó teria que enviar a todos os seres o AR necessário à vida e enviar as chuvas para fertilizar a Terra. É andrógino e representado pela atmosfera. Diz-se que no Brasil este vodum é cultuado no Kpò Dagbá.
- Legba por ser o caçula e por suas brincadeiras sem limites foi mantido perto dos pais. Recebeu a incumbência de ser o mensageiro entre os irmãos e Mawu-Lisa. Recebeu o dom de saber todos os idiomas e dialetos para que pudesse escutar tudo no céu e na terra e contasse para seus pais.”
Ainda segundo o mito, após criar Mawu e Lisa, Nanã criou Ayizan, vodum que vive no tempo, em uma esteira, vendo a eternidade passar.
Em algumas narrativas, o povo Fon atribui exclusivamente a Mawu todas as tarefas de criação, tendo Lisa como seu auxiliar e a Serpente Aido Wedo e Dangbala. Para eles o nome “nanã” designa a sacerdotisa de Mawu.
O povo Ewé tem em Nanã Buruku sua Grande Mãe que rege as leis e a vida na Terra. Em algumas culturas Nanã também é vista como andrógina.
Em qualquer mito Dan foi auxiliar na criação e por isso é o vodum mais reverenciado dentro do culto Vodum.
Um bom texto,porém,os povos Ewé se identificam c os Jejes?as citações Vodun,Dan,mostram claramente a visão de povos jejes Lisa,é muito reverenciado na Republica Popular do Benin.
Aninha,
Sim, povos Fon, Ewé, Fanti, Ashanti, Mina, etc, são todos jejes
Obrigada pela informação.É de grande valia esses esclarecimentos.
Meu prezado.
Eu acho que você se deixou levar pelo entusiasmo. Tenho lido alguns dos seus comentátios e achado os mesmos interessantes até concordado. Agora, em nome da verdade é bom que se deixe claro que:
1- Mawu-Lissá nunca foram separados, è uma figura andrógena, inseparável.
2- Ao contrário, foi Mawu- Lissá quem criou Nanã. ( no princípio era o nada além de Mawu-Lissá e Awido-Wedo, a Serpente,Ou Dan.)
3- Nanã foi criada para criar os homens, seres humanos.
4- Agué jamais violou ninguém. Muito menos Mawu-Lissá.
5- Outras observações poderão ser apresentadas, se você concordar, diretamente para seu endereço.
Cordialmete.
Duarte-Agbagigan.
Duarte,
Como vc sabe estes mitos tem diversas. O Vodun ao qual me referi é um Vodun chamado Aguê (lê-se Agüê) que constam num mito, e como eu citei “há povos em que veêm Nanã como sua Grande Mãe (o povo Ewé, e acho que isso vc há de concordar) e os povos Fons tinham Mawu-Lissá que sei que são andróginos, e sim aceito que falemos para que vc me apresente suas observações e assim podemos nos entender.
Só não use o termo “em nome da verdade” porque nós sabemos o quando variável é o Jeji e as diversas ramificações dele que temos.
Kolofé meu irmão,
Ótimo ver alguém do Djèdjè aqui postando, acho seus comentários muito convincentes, embora as vezes o vejo um tanto arrogante em seus comentários. Mas está ótimo.
Que Mawú lhe traga muito mais conhecimento. E aos demais parabéns pelo blog e a equipe formada.
Kolofé Doté Everaldo,
Em seu comentário o senhor diz que me vê “um tanto arrogante” em meus comentários… Na verdade não entendi, acho que não sou arrogante…rsrsrs
Obrigado pelo elogio.
Linda história!!!
Que os voduns te encham de paz, felicidade e uma feliz páscoa pra você!!!
Megitó Benoi, Hungbono Charles
Dofonotinha, Benoi
Muito obrigado, o mesmo desejo pra vc, de coração.
Mawù ló bló DaGbé nú wé
Olá Charles boa noite!
Charles vc poderia me esclarecer uma dúvida. O que significa o poço que tem em algumas casas de jeje?Em quais casas que tem este poço e qual o motivo? Qual a relação entre bessem e este poço? Desde já agradeço. sander
Olá Sander,
Na nossa roça, o poço é um lugar de culto a Aziri Tobosi, a Oxun, enfim, às mães d’água. Gbesen é uma divindade que tem relações com a água, a chuva e está ligado também a este local. Toda roça deve ter o poço onde se fazem as obrigações para as Mães d’água.
Acè
Bom seria lembrarmo-nos que JEJE tem significado de ESTRANGEIRO, mas estrangeiro a que?A Keto? A Angola?
Houve sincretismo? Lembremo-nos que:Orixás da Keto foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos Yorubás;
Voduns da Jeje foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fons; Inkices da Angola foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e criador dos Bantos.
Larogunhê!
Complementando o raciocínio grafo: O Candomblé não deve ser confundido com a Umbanda que é uma crença/religião brasileira. Com crenças/religiões afro-derivadas similares em outros países do Novo Mundo, como o Voodoo Haitiano, a Santeria Cubana, e o Obeah, os quais foram desenvolvidos independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.
Candomblé é uma crença/religião monoteísta, embora alguns defendam que cultuem vários deuses. O deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Angola é Zambi, Zambiapongo para a Nação Jeje é Mawu e são nações independentes na prática diária.
Os Orixás/Inkices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro/roça, que na maioria das vezes é em virtude de associações equivocadas, é confundida com o Deus Cristão, Yaheveh.
Larogunhê!
Geber,
Jêje é o nome que se dava, na Bahia, aos negros “animistas” de origem Daomeana (Jeje e Mahi) e que, embora fossem partilhantes da mesma cultura dos Nagôs, desde 1670 haviam se tornado seus inimigos figadais ao fundarem o estado do Daomé. Sua mais notável contribuição à religiosidade brasileira foi a implantação do terreiro Casa dos MInas, em São Luis do Maranhão, onde são cultuados os Voduns, que são a versão Jêje dos orixás Nagô. Quando chegam negros oriundos dessa região eram chamados de Jêje ou Gêge.
Axé,
mt bom esse site me ajudou mt
Marassa são divindades gemeas, o primeiro casal e os primeiros ancestrais. Eles representam as forças opostas.
No Brasil ha um termo semelhante para designar gemeos, Mabaça, que vem do bantu e quer dizer banana geminada, conforme o vocabulario afro-brasileiro de Yeda Pessoa de Castro.
O casal Mawu-Lissá também é conhecido como Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital), Sé-medô (Princípio da Existência) e Gbé-dotó (Criador da Vida).
De acordo com alguns relatos Dada Segbo é o criador dos gêmeos Mawu-Lisa, aqueles que criaram o mundo, enquanto outros dizem que Mawu criou Segbo-Lisa.
A explicação mais plausivel, no entanto, sobre a origem da criação Fon, admite que foram os gêmeos Mawu (femea) e Lisa (macho) os responsaveis por esta tarefa.
Para o antropólogo Melville J. Herskovits, Mawu e Lissa são os filhos de Nanã Buluku.
Ja Mercier descreve Mawu-Lisa, não como gêmeos , mas como um ser andrógino e hermafrodita:
“A natureza dual do Criador corresponde ao dualismo com que os Fon encaram o universo.
Mawu, o principio feminino é a fertilidade, a maternidade, a doçura, o perdão, enquanto Lissa é o poder, a guerra e a força.”
O que parece “classico” na descrição da criação é que Mawu-Lisa foram auxiliados pela serpente Dan.
A origem de Dan ou Dan Ayìdo Hwedo, a serpente cósmica, é incerta.
Ha relatos de que foi a primeira criatura na terra, e outros que afirmam ter coexistido com Mawu em outros tempos e outros mundos.
Atualmente é adorada como um espirito intermediario, um vodum.
Seus santuários são enfeitados com a pintura de um arco iris com a cabeça de uma serpente.
De acordo com a lenda, Dan transportou Mawu-Lisa pelo universo para realizar sua tarefa da Criação.
Por um breve momento ela pode ser vista enrolada abraçando o mundo, no arco iris e na refração da luz sobre as águas.
Quando Dan descansa larga seus excrementos formando as mont
pesquisei com meu (BABA) e em literatura, e web literatura
espero ter ajudado um pouquinho
Mawu-Lisa e na Che nu we!
Acho eu que tudo que escrito não pode ser encarado como uma verdade absoluta,uma que estamos falando de uma religião onde os ensinamentos são passados para posteridade de modo oral ,oq siginifica que o conhecimento recebido muita das vezes são absorvidos de modo a favorecer o próprio individuo que recebe a informação .O que esses contos fazem e simplesmente folclorizar o culto ,gerando uma troca de informações desconexas gostaria de saber se isso traz algum beneficio as comunidades que praticam o culto de matriz africana .
Vandro quem recebe nossos ensinamentos e os trata como verdade absoluta está desconectado da realidade. Ifá nos diz que nosso culto é mutante, os quadros apresentados nos itans e eses (escrituras sagradas) tinham um palco completamente diferente do mundo atual. As metáforas nos levam a entender nosso papel e o papel dos òrìsá e demais energias neste contexto. As histórias tem que ser contadas por quem realmente entende a parabola, entende o recado e não uma verdade nua e crua, isto sim estaria gerando um folclore e um completo desentendimento de nossa realidade.
Dizer que Òyá pariu nove filhos é uma metáfora, que Òsóòsi caçava é outra metafora, que òrìsá viveu neste mundo é outra metáfora.
Estamos falando de itans, de poemas, de um rosário de informações que nos levam a entender o culto.
Porém tem pessoas que levam isto ao pé da letra, principalmente os leigos, que querem por que querem dar opinião em nosso culto e na forma de conduzir-mos nosso dia a dia.
Precisamos sim desmestificar esta forma de enxergar esses itans e tratá-los da forma como foram idealizados.
Uma ferramenta para o intendimento dos iniciados.
Ire o.