O candomblé opera em um contexto ético no qual a noção Judaico-Cristã de pecado não faz sentido. A diferença entre o bem e o mal depende basicamente da relação entre o seguidor e seu deus pessoal, o orixá. Não há um sistema de moralidade referido ao bem-estar da colectividade humana, pautando-se o que é certo ou errado na relação entre cada indivíduo e seu orixá particular. A ênfase do candomblé está no rito e na iniciação, que, como se viu brevemente, é quase interminável, gradual e secreta.
O culto demanda sacrifício de sangue animal, oferta de alimentos e vários ingredientes. A carne dos animais abatidos nos sacrifícios votivos é comida pelos membros da comunidade religiosa, enquanto o sangue e certas partes dos animais, como patas e cabeça, órgãos internos e costelas, são oferecidas aos orixás. Somente iniciados têm acesso a estas cerimónias, conduzidas em espaços privativos denominados quartos-de-santo.
Uma vez que o aprendizado religioso sempre se dá longe dos olhos do público, a religião acaba por se recobrir de uma aura de sombras e mistérios, embora todas as danças, que são o ponto alto das celebrações, ocorram sempre no barracão, que é o espaço aberto ao público. As celebrações de barracão, os toques, consistem numa sequência de danças, em que, um por um, são honrados todos os orixás, cada um se manifestando no corpo de seus filhos e filhas, sendo vestidos com roupas de cores específicas, usando nas mãos ferramentas e objectos particulares a cada um deles, expressando-se em gestos e passos que reproduzem simbolicamente cenas de suas biografias míticas.
Essa sequência de música e dança, sempre ao som dos tambores (chamados rum, rumpi e lé) é designada Xirê, que em iorubá significa “vamos dançar”. O lado público do candomblé é sempre festivo, bonito, esplendoroso, esteticamente exagerado para os padrões europeus e extrovertido.
Para o grande público, desatento para o difícil lado da iniciação, o candomblé é visto como um grande palco em que se reproduzem tradições Afro-Brasileira igualmente presentes, em menor grau, em outras esferas da cultura, como a música e a escola de samba. Para o não iniciado, dificilmente se concebe que a cerimónia de celebração no candomblé seja algo mais que um eterno dançar dos deuses africanos.
Texto Reginaldo Prandi in Herdeiras do Axé
Interessante o texto!
Mas vou falar um pouco sobre um assunto q tange esse texto, com seu agô.
Estava refletindo sobre o espaço simbólico do terreiro e sua força mágica. Sei q é impreenscendivél nos ilés rituais q tem como objetivo o axé. Mas este axé só é absorvido nos rituais específicos para o mesmo? teoricamente acredito q sim. Contudo a convivência de entrega e simplicidade é de fundamental importância para nosso brilho e “crescimento” dentro de uma casa de culto. Varrendo, lavando as louças, fazendo faxina nos espaços permitidos pelo zelador, trocando uma lâmpada, consertando uma avaria da casa, como uma porta emperrada, por exemplo, caso a pessoa saiba fazer, e etc. Saber ouvir e falar no momento adequado, cumprimentar e reconhecer os mais velhos, e sobretudo respeitar os mais novos, tanto de idade de “iniciação”, quanto de primaveras. Exu é o vigia de plantão q observa detalhes, em minha opinião, dessa natureza. Observa do abiã ao baba mais velho. Do leigo ao sábio babalawô. Esta observação, acredito, q estende ao complexo ritual de fundamentos da casa de culto e da religião como todo. Indo além do domínio e fazer cumprir o culto, q são importantíssimos. Mas buscando necessariamente detalhes não tão valorizados, e que em mts casos são despercebidos e deixado só para as pessoas mais novas fazer. Acredito q o grande sábio conquistou tal posto porque reconheceu e reconhece a sabedoria nas pequenas coisas, q implicitamente exalava excesso de magia(axé).
modupé.
Jefferson o àse que conquistamos dentro de nossa religião é culumativo, estamos acumulando àse (força vital) em tudo que fazemos, mesmo na situações do cotidiano, visto que a atividade fim de nossa religião é a formação e a perfeição do caráter.
Creio que as funções ditas menores dentro de uma casa carecem de detalhamento, não é apenas a humildade do ato e espirito de colaboração. É a magia que envolve a tarefa, vejamos:
Se alguém está varrendo o chão do Ilè Àse, deve ao mesmo tempo rogar aos espiritos da “terra” que também possa varrer as mazelas e negatividades de sua vida, se alguém está lavando, usando a água para limpar, deve invocar o espirito da água (quase todas as Ìyàgbá) para lavar seus maus costumes, lavar seu caráter e etc, se estamos limpando um bicho pedimos para que nos limpe de todo mal etc, se estamos tirando as penas de uma ave, pedimos aquelas penas que serviram de ‘roupa’ e proteção ao animal que ele nos empreste esta energia que agasalha e proteje. Portanto, temos muitos tipos de pedidos e acumulo de àse a obter quando estamos dentro de uma casa de òrìsà.
Os que não conseguém observar estes detalhes, ainda não estão prontos para acumular o verdadeiro àse.
Quando temos o Oro propriamente dito, podemos nos beneficiar como podemos também perder o àse emanado, pois nesta hora devemos estar conectados e o mais próximo possível das palavras e ofó pronunciados.
Creia o àse está no universo e principalmente em nossa palavras.
Ire o.
De fato, isso q meu zelador está sempre frisando.
Asé.
toda e qq tarefa seja ela requisitada ou não pelo nosso zelador pai ou mãe de santo deve ser realizadas com a melhores das intenções e ciente que seja qual for a sua posição na hierarquia do terreiro faça tdo com humildade e muita dedicação pois não só nossos valores morais como tbm colaborativos nos aproximam cada vez mais dos nossos orixas os quais tbm nos ajudam em nossos caminhos para uma vida melhor,priorizando a caridade,o amor,o respeito entre todos os homens…lembre-se nada passa despercebido nessa vida para tudo se tem um proposito,assim como tambem tudo o que fazemos de uma maneira ou de outra nos retorna de maneira justa..portanto nosso candomble é assim,simples,humilde,tem seus misterios,como tudo nessa vida e nesse mundo,,,abs a todos e muito axe no coração.