“O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).
Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.
Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.” (Wikipedia)
Muito recentemente foi lançado na rede um vídeo curto onde em um momento o entrevistador indaga o ator Morgan Freeman com a seguinte questão: “Quando iremos nos livrar do racismo?”, e Morgan o responde “Parando de falar sobre ele.”.
Esse vídeo tem sido usado por muitas pessoas para passar a ideia de que quem fortalece o racismo são aqueles que falam e lutam contra ele e, por conseqüência, o mês da Consciência Negra é posto em cheque.
Infelizmente muitas pessoas são capazes de usar quarenta segundos de um vídeo editado e descontextualizado para criticar e fortalecer o mito da democracia racial no nosso país, pois viveríamos numa sociedade igualitária e com oportunidades acessíveis a todos. O que valeria seria a meritocracia.
Desconsiderar a necessidade da discussão, da existência do problema e de soluções para que o racismo não ganhe mais força, para mim, beira a insanidade e a ignorância.
O racismo é um problema complexo e todos os movimentos que aqui estão lutando não estão aqui por conflito entre raças, para testar ou comprovar alguma soberania racial. O racismo existe, os números comprovam, a tela da nossa sociedade comprova, a minha prima negra de seis anos que tem vergonha do cabelo por causa dos amiguinhos da escola comprova, os índices de marginalização também comprovam isso, a negra como empregada doméstica na televisão comprova isso.
Não só se discute preconceito e racismo no mês de novembro. Durante todos os outros meses do ano há pessoas engajadas em estudar, observar, comprovar esta anomalia presente em nossa sociedade e montar políticas públicas que visem diminuir esse abismo de diferenças sociais.
Afirmo-lhes: não adianta dizer que racismo existe ou não, não adianta dizer que é contra ou a favor do movimento da boca pra fora por causa de quarenta segundos. A história do negro marginalizado aqui tem centenas de anos, ou seja, precisamos de muito mais que quarenta segundos para discutir o problema. Adianta sim abrir os horizontes dos nossos olhos, do nosso mundinho, ler, buscar informação, usar os nossos olhos para observarmos como realmente são as coisas ao nosso redor.
O mês, a semana, o Dia da Consciência Negra servem para tentar tirar – com mais ênfase – do pensamento dos próprios negros as palavras que eu ouvi num ônibus dia desses: “Negro nasceu pra sofrer.”. Não é se por na moda, no politicamente correto e sim não ver na própria cor, no próprio cabelo entraves para a própria aceitação. Nós temos que nos ver com os nossos próprios olhos e não com os olhos de uma sociedade montada e estratificada de uma maneira onde a sua base é composta, em sua maioria, pelos descendentes daqueles falsamente alforriados no dia 13 de maio de 1888.
Dayane





Pai Fernando, como sempre, me dando as melhores sacadas e me conduzindo como um bom mestre.
Mutunbá!
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão …
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar…
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar …
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro”.
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
Castro Alves
Dayane,
O mérito é seu, sei bem de sua facilidade de se expressar e documentar situações, observar com clarevidência, e essa sensibilidade própria das filhas tremulantes de Oyá, eu apenas a incentivo.
Oyá súre fún o.
Bm dia!
Hj fiquei mt feliz, pois meus olhos celebraram em uma apresentação de maracatu, um canto a Esu no ritmo de ijesá. Mas o espaço não era um ilé ou terreiro. Era o pátio e o corredor de uma escola. Nesse caso exu pôde. E q bm! Isto é um salto de q as coisas tão mudando, as lutas contra intolerância religiosa e a discriminação racial a cada dia ganha mais força.
“eu sou o que mataram
e não morreu,
o que dança sobre os cactos
e a pedra bruta
_ eu sou a luta.”
(Salgado Maranhão)
Asé.
oi, meu nome é patricia, estou fazendo um trabalho sobre candomble, e me surgiram muitas duvidas, gostaria de saber se tem um meio de entrar em contato com um de vocês para estar tirando estas duvidas.
obrigada pela atenção.
Bom dia,
Disculpe no fallo Português.
Gostaria saber si estive possível de ter um pai na umbanda et um otro no candomblé?
Can I ask questions in English?
Muito obrigada para sua resposta,
Katy
Katy,
É possível ter um orientador em cada culto, e saber entender as diferenças e respeitar mutuamente.
Axé.
O Maior jornalista da Abolição – José do Patrocínio.
José do Patrocínio (J. Carlos do P.), jornalista, orador, poeta e romancista, nasceu em Campos, RJ, em 8 de outubro de 1854, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30 de janeiro de 1905. Compareceu às sessões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras e fundou a Cadeira nº 21, que tem como patrono Joaquim Serra.
Era filho natural do padre João Carlos Monteiro, vigário da paróquia e orador sacro de grande fama na capela imperial, e de “tia” Justina, quitandeira. Passou a infância na fazenda paterna da Lagoa de Cima, onde pôde observar, desde criança, a situação dos escravos e assistir a castigos que lhes eram infligidos. Por certo nasceu ali a extraordinária vocação abolicionista. Tinha 14 anos quando, tendo recebido apenas a educação primária, foi para o Rio de Janeiro. Começou a trabalhar na Santa Casa de Misericórdia e voltou aos estudos no Externato de João Pedro de Aquino, fazendo os preparatórios do curso de Farmácia. Ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Sua situação, naquele momento, se tornou difícil, porque os amigos da “república” de estudantes voltavam para suas cidades de origem, e ele teria que alugar outra moradia. Foi então que seu amigo João Rodrigues Pacheco Vilanova, colega do Externato Aquino, convidou-o a morar em São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena. Para que Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos. Patrocínio aceitou a proposta e, desde então, passou também a freqüentar o “Clube Republicano” que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiúva, Lopes Trovão, Pardal Mallet e outros. Não tardou que Patrocínio se apaixonasse por Bibi, sendo também por ela correspondido. Quando informado dos amores de sua filha com Patrocínio, o capitão Sena sentiu-se revoltado, mas, afinal, Patrocínio e Bibi se casaram. Já a esse tempo Patrocínio iniciara a carreira de jornalista, na Gazeta de Notícias, e sua estrela começava a aparecer. Com Dermeval da Fonseca publicava os Ferrões, quinzenário que saiu de 1o de junho a 15 de outubro de 1875, formando um volume de dez números. Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão e Eurus Ferrão. Dois anos depois, Patrocínio estava na Gazeta de Notícias, onde tem a seu cargo a “Semana Parlamentar”, que assinava com o pseudônimo Prudhome. Em 1879 iniciou ali a campanha pela Abolição. Em torno dele formou-se um grande coro de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses, na Gazeta da Tarde, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Sampaio, Paula Nei, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação.
Em 1881, passou para a Gazeta da Tarde, substituindo Ferreira Meneses, que havia morrido. Na verdade, ele tornou-se o novo proprietário do periódico, comprado com a ajuda do sogro. Patrocínio tinha atingido a grande fase de seu talento e de sua atuação social. Fundou a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo.
Em 1882, foi ao Ceará, levado por Paula Ney, e ali foi cercado de todas as homenagens. Dois anos depois, o Ceará fez a emancipação completa dos escravos. Em 1885, visitou Campos, onde foi saudado como um triunfador. Regressando ao Rio, trouxe a mãe, doente e alquebrada, que veio a falecer pouco depois. Ao enterro compareceram escritores, jornalistas, políticos, todos amigos do glorioso filho. Em setembro de 1887, deixou a Gazeta da Tarde e passou a dirigir a Cidade do Rio, que havia fundado. Ali se fizeram os melhores nomes das letras e do periodismo brasileiro do momento, todos eles chamados, incentivados e admirados por Patrocínio. Foi de sua tribuna da Cidade do Rio que ele saudou, em 13 de maio de 1888, o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara.
Em 1899, Patrocínio não teve parte na República e, em 1891, opôs-se abertamente a Floriano Peixoto, sendo desterrado para Cucuí. Em 93 foi suspensa a publicação da Cidade do Rio, e ele foi obrigado a refugiar-se para evitar agressões. Nos anos subseqüentes a sua participação política foi pouca. Preocupava-se, então, com a aviação. Mandou construir o balão “Santa Cruz”, com o sonho de voar. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, ele estava saudando o inventor, quando foi acometido de uma hemoptise em meio ao discurso. Faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da Abolição.
Obras: Os Ferrões, quinzenário, 10 números. Em colaboração com Dermeval Fonseca (1875); Mota Coqueiro ou A pena de morte, romance (1887); Os retirantes, romance (1879); Manifesto da Confederação Abolicionista (1883); Pedro Espanhol, romance (1884); Conferência pública, feita no Teatro Politeama, em sessão da Confederação Abolicionista de 17 de maio de 1885; Associação Central Emancipadora, 8 boletins. Artigos nos periódicos da época. Patrocínio usou os pseudônimos: Justino Monteiro (A Notícia, 1905); Notus Ferrão (Os Ferrões, 1875); Prudhome (A Gazeta de Notícias, A Cidade do Rio).
Axé.
lindo texto Dayane sempre arrazando!!!!
Muita obrigada para sua reposta. Eu tem duvidas sobre o que o babalawo que encontrei me falo. Para o respeito dele eu no posso falar disso publicamente, seja uma possibilidade de ter sua ajuda via o mail?
Dayane suas palavras, serviram de grande amparo para que eu pudesse soltar as minhas, que ficaram entaladas assim que vi esse vídeo.
Fiquei realmente incomodada e acima de tudo revoltada com aqueles que de alguma forma usaram isso como uma forma de defesa.
Mas ainda bem que suas palavras me serviram de impulso e coloquei pra fora.
Parabéns por sua iniciativa.
Motubá!
Juliana,
Mutunbaxé. Mutunbá.
De cara eu também fiquei sem saber como dizer tudo o que eu queria dizer, mas o assunto precisa da nossa voz e da coerência que muitos não têm ao querer criticar a causa. Sigamos. 😉
Axé.
Por favor é eu sei q tem o enredo dos orixás são sete né ? e q os dois primeiros influencias mas assim eu não tem terreiro na minha cidade e na tenho dinheiro enfim quero saber assim a função de cada um dos 7 no enredo da pessoa por exemplo ouço falar q o primeiro é o da cabeça o segundo é o do corpo acho q o terceiro é da proteção e assim por diante .Olha me conte assim bem resumigredo.do mesmo q nao vai revelar nehum s
segredo
Renan,
Enredo de Orixá envolve inúmeros fatores a serem considerados, não há um número pré-estabelecido, não se pode afirmar que são sete. Quando a pessoa vai se iniciar o zelador vi apurar o enredo dos Órixás que a pessoa tráz e determinar quais aqueles que são imprenscidíveis para a iniciação, Cada caso é um caso.
Axé.