Entrevistado por Bruno Hoffmann para revista Almanaque Brasil, Zulú Araújo, despertou para importância da luta contra o racismo ao ouvir do seu pai, semianalfabeto: “Preto só é gente se estudar”. Mesmo tendo sido sempre o melhor aluno por onde passou, esse baiano não conseguiu escapar da discriminação racial. Logo percebeu que para que a situação do negro pudesse mudar, o País teria também que se transformar. Formado em arquitetura, decidiu fazer do combate ao racismo o seu principal objetivo de vida. Hoje é presidente da Fundação Palmares, entidade governamental que trabalha para incluir o negro de fato na sociedade brasileira. Zulu comemora os avanços das políticas afirmativas, principalmente das polêmicas cotas raciais que, em sete anos, colocaram mais negros em universidades públicas do que em toda a história do Brasil. Mas sabe queo trabalho é árduo, pois, como diz,” nenhuma elite do mundo, branca ou preta, quer perder privilégios”. Diante da urgência em corrigir distorções históricas, conclui: “A sociedade precisa entender que a inclusão dos negros é boa para todos”.
Qual é a gênese do racismo brasileiro? Elê é fruto de um processo complexo. A colonização feita pelos portugueses foi distinta da empreendida por espanhóis e anglo-saxões. A colononização portuguesa se deu, entre aspas, ” dentro da promiscuidade”. Aqui ocorreu o período de escravidão mais longo do mundo: dos nossos 510 anos, 4/5 foram de escravidão. O mesmo que 385 anos, quase 400 anos. É evidente que há uma sociedade conformada dentro do processo escravizador. O Olhar direcionado ao negro sempre o projetou como menor. Primeiro pela cor da pele, de origem africana, e também porque era ele quem trabalhava. A elite portuguesa sempre raciocinou que ser rico e poderoso estava relacionado com o não trabalho, com o ócio, diferentemente do pensamento de outras elites. O racismo foi naturalizado ao extremo. Sempre foi comum o negro ouvir: ” Se comprenda, rapaz. Procure o seu lugar”. nem se davam ao luxo de dizer qual era o nosso lugar. Não era preciso ser dito: era na senzala, na cozinha, como lixeiro, como pedreiro. Esse era o lugar próprio, de subserviência e subalternidade. Quais são os reflexos dessa cultura? No Brasil sempre houve uma escala cromática para se livrar de ser negro. Quando fui tirar minha carteira de identidade, aos 12 anos, e disse queera preto, a moça se recusou a registrar a informação: ” Pelo amor de Deus, você não é preto, não faça uma coisa dessa com você”. No Brasil há essa escala cromática: o branco, o preto, o pardo, o escurinho, o moreninho, o cor de jambo… Nosso racismo não tem nada a ver com a nossa ascendência. É um racismo fenotípico. Quando mais próximo da cor escura, mais excluído. Mas branco é branco. Porque ser branco, no Brasil, é se aproximar do sucesso, da civilidade, da beleza. Tanto que a mulher negra bonita deixou de ser negra e se tornou mulata. É um tipo de racismo muito próprio, então? Sim. E ao enfrentar o racismo, é preciso entender a complexidade do racismo brasileiro. Não podemos responsabilizar os brancos de hoje, mas também não podemos esquecer o passado. É preciso de medidas corretivas capazes de tornar as oportunidades iguais. Aí a condição do negro tem de prevalecer. Nenhum outro pobre foi escravizado no Brasil que não o negro. Italianos, alemães, japoneses…Nenhum.
A escravidão no Brasil foi um processo extremamente inteligente sob o ponto de vista do colonizador. Para enfraquecer a resistência., comoçou-se desagregando a estrutura familiar. Ao chegar ao Brasil, o pai ia para Bahia, a mãe para São Paulo, o filho para o Rio Grande do Sul. Além disso, misturavan-se negros de várias etnias, com estruturas linguísticas totalmente diferentes. Também havia a eliminação do sobrenome, além de uma enorme violência. Diante de tentativas de lutar contra a escravidão, houve processos violentíssimos, como no quilombo de Palmares. Lá 20 mil negros e alguns brancos foram assssinados em 1685 por lutarem bravamente pela liberdade. sabe qual é a dimensão desse número de mortos hoje? Um milhão de pessoas. É o mesmo que entrar numa cidade e matar um milhão de pessoas. Zumbi dos Palmares recebe o mesmo tratamento de heróis nacionais como Tiradentes? Zumbi está na galeria dos heróis nacionais., mas, depois de muita luta. Por muito tempo foi tratado como marginal. Até hoje é celebrado muito mais pelos negros. Defendemos que o dia de Zumbi seja considerado um feriado nacional, coisa que ainda não é, diferentemente de Tiradentes. Uma pessoa que morre por 20 mil pessoas, que fazemde tudo para esconder sua presença na nossa história e continua com toda essa importância 300 anos depois…Sem dúvida se trata de um herói nacional. Falta torná-lo um herói de todos. O Processo de abolição no Brasil foi diferente do de outros países? No Brasil deu-se um processo planejado de exclusão. Depois da abolição houve um incentivo de um movimento maciço de imigração de europeus e asiáticos, apoiados por intelectuais como Nina Rodrigues, que dizia quera fundamental embraquecer o País, pois a majoritária presença negra era vista como responsável pelo apobrecimento da nossa sociedade. Não houve nenhum processo de inclusão do negro após a abolição. nenhum.
Na Bahia, em 1920,havia ádido para negro não ir a escola, porque diziam que os negros promoviam badernas e intranquilidades. isso ocorreu muito recentemente, há menos de 100 anos. Há dados do IBGE e do IPEA que atestam que as assimetrias entre negros e brancos continuaram com a mesma distância, paralelas, de 1888 a 1988. As primeiras mudanças só ocorreram com a entrada do sistema de cotas iniversitárias em 2003. As cotas estão sendo bem-sucedidas? Sem dúvida. A presença dos negros nas faculdades brasileiras sempre foi ínfima. Com as cotas raciais e o ProUni, que existem desde 2003, houve a entrada de mais negros no ensinio superior de que no período entre 1808 e 2002. Por que persiste alguma resistência a esse sistema? Não acho que a população seja contra. Numa pesquisa, 68% das pessoas se declararam favoráveis às cotas. sabe o que um articulista da Folha de São Paulo disse ao comentar a pesquisa? ” Ainda temos tempo de mudar essa situação”.
Apesar de haver um bombardeio nos últimos cinco anos de todos os grandes órgãos de imprensa contra cotas, neste ano a pesquisa deu 66,5% das pessoas continuam favoráveis a elas. Isso não é divulgado. A população não é contra as cotas. Quem é contra é uma classe média alta que se consideram herdeiras divinas dos privilégios e da melhor parte da sociedade. Como está o atual momento de discussão? O debate sobre a inclusão racial é fundamental. As provas são contundentes nesse aspecto. O que ocorreu no leste europeu sobre a questão étnica? Sérvios, Montenegrinos, Croatas e Albaneses se mataram devido a uma questão étina que não foi resolvida. Em Ruanda, Hutus e Tutsis também se mataram. Tudo preto no Branco. Ou a questão étnica é resolvida do ponto de vista cultural e social ou ela explode de maneira trágica e cruel. O que vivemos hoje é um processo de discussão de reflexão e de avanço para superarmos a tragédia de quase 400 anos de escravidão no Brasil. Desfizeram-se alguns mitos? Há dados maravilhosos. Primeiro:destruiu-se o mito de que elas iriam reduzir a meritocracia na universidade. As pesquisas comprovam que a maioria absoluta dos alunos cotistas é superior ou igual à média dos outros alunos. A evasão escolar é menor, mesmo vindo de base mais frágil do que a dos não cotistas.
Praticamente não houve casos de tensão racial nas faculdades. Nada daquilo que se disse que iria acontecer com a entrada dos negros cotistas aconteceu. Todos os medos caíram, além de haver dados excepcionais. Hoje há aproximadamente 400 mil jovens negros no ensino superior, ou seja: daqui a quatro anos teremos esse pessoal disputando o mercado de trabalho com igualdade de condições. Essa é uma norma eficaz de combater o racismo? Sem dúvida alguma. As cotas promovem a ascenção social, fazem a iniversidade refletir sobre a questão. Etambém é muito importante colocar negros em postos de comando da sociedade, fazendo com que esses postos espelhem a nossa composição social. É preciso ter negros médicos, advogados, engenheiros, desembargadores, professores. Eu sou arquiteto, e na minha prifissão 1,8% são negros. Quando estudei em Salvador, há masi de 30 anos, havia dois negros na minha turma. Sabe quantos entraram este ano? 40%. É uma diferença enorme. É evidente que essa inclusão vai alterar as relações sociais, as relações econômicas e as relações políticas. Os brasileiros ainda têm dificuldade de encarar e discutir o racismo? A questão racial no Brasil é um trauma estrutural na sociedade brasileira. O número de negros aumentou de 10 anos pra cá, subiu 52%, mesmo sem aumento vegetativo da população negra. A partir do momento em que se deram condições das pessoas se assumirem como cidadãs, elas foram se assumindo de forma plena como negras. Mas há um preço alto a ser pago com a discussão do racismo para determinada parcela da sociedade. É bom que o Brasil seja considerado com poucos negros, para que a universidade continue com 90% de eurodescendentes. É bom que não se fale muito de negros, para que a faculdade de medicina tenha 98% de brancos. De 200 vagas, 198 são de um público que representa uma minoria no Brasil. Há interesses em torno disso. Se há negros no Brasil, é preciso assumir que seus ancentrais foram vítimas do processo de escravidão dos mais longos da história da humanidade. Aí serão necessárias políticas públicas para superar essa questão.
Com políticas públicas se conclui. Com a inclusão, se estabelece competitividade, processos democráticos de escolha, distribuição das riquezas da sociedade. E nenhuma elite do mundo, branca ou preta, quer perder previlégios. No caso brasileiro, essa elite se confunde com os brancos: a maioria absoluta é formada por brancos que dominam e se apropriam da coisa pública há 500 anos.
Demover esse processo é complicado. Quais são as suas expectativas para os próximos anos acerca das questões raciais? Eu vejo com muito otimismo. Estamos construindo um espaço necessário para reduzir a discriminação no Brasil. É claro que 400 anos não se apagam de uma hora para outra. Mas estamos criando condições de disputar de igual para igual o direito de sermos tratados como cidadãos. Evidentemente, teremos muitos embates, mas também sei que teremos uma oportunidade muito maior de alcançar o que está na constituição: que somos todos iguais, independentemente da cor, raça, religião e origem social. Isso é fundamental.
Eu não desejo que todos no país se considerem iguais. Somos didtintos mesmo. Temos culturas, origens, religiões e pensamentos diferentes. Isso é bom. Não queremos ser melhor ou pior do que qualquer outro grupo brasileiro. Queremos ser respeitdos nessa diferença. O futuro dos negros no Brasil é o futuro da sociedade brasileira. É impossível fazer uma sociedade verdadeiramente democrática sem que haja a superação do racismo e sem inclusão plena do negro na sociedade brasileira. É bom para a sociedade que sejamos incluídos o mais rápidamente possível, para garantir uma sociedade plural, segura, democrática, aberta, diversa. Não será bom, só para os negros, mas para todos.





Taí um ótimo texto para pensarmos e discutirmos durante essa semana da consciência negra.
Axé, Fernando!
Sou pobre, de família predominantemente preta e acredito que cota para negro é aumentar um abismo já bastante profundo. Não sou contra a cota, porém a mesma deveria ser criada para a igualdade de todos os brasileiros, sejam eles pretos, branco, pardos, roxos, etc. Desta forma seria mais sensato para os pobres que não tem condições de pagar uma faculdade. Tentar classificar o Brasil entre raças é uma forma de dividir um povo e alimentar o ódio em um país que se considera uma mistura multirracial.
Imagine um moleque loiro e um preto que estudam em uma escola pública e ambos são pobres, o preto vai conseguir entrar ma universidade através de cota e o loirinho não, porque os pais não vão ter condições de pagar um curso pra criança. O que pode passar na mente de uma criança ao saber dessa desigualdade de condições? Será que diriam, há, é pq há muito tempo atrás pessoas brancas como você escravizaram pessoas como ele e por isso ele merece uma reparação por esse dano.
Sem contar no mérito do que é ser preto no Brasil, tenho olhos claros e pele mais clara, porém meu avô era preto mesmo, como sou classificado? Sou preto ou simplesmente seria classificado como branco?
Repito sensato mesmo é conta pra quem não tem condições de pagar não para dividir o país por raça.
Esta é só minha opinião.
Muito axé pra todos!
Mutumbá Pai Fernando! Parabéns pelo ótimo texto! Muito oportuno para reflexão já que nesta semana comemoramos o dia do grande Lider Zumbi dos Palmares.
Acho que já passou, e muito, da hora deste país incluir o negro não só nas universidades, mas na sociedade em geral lhes dando melhores oportunidades. Mas,felizmente o preconceito racial existe neste país de forma velada por mais que digam ao contrário.
A última constituição coloca a discriminação racial como crime inafiançável, mostrando com isso o nosso desprezo pelo racismo, tentando mostrar que aqui existe democracia racial, mas as estatíscas provam o contrário.
Um estudo publicado este ano pelo Instituto de Pesquisa Sangari mostra que a chance de um jovem negro ser morto é 130% mais que de um jovem branco, em 2007 morria 2,6 jovens negros para cada 1 branco com idade entre 15 e 24 anos.
O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “A Hora da Igualdade no Trabalho”, divulgado no dia 12 de maio, mostra que, apesar de avanços em alguns indicadores sociais, a situação de desemprego persiste na população negra brasileira: a renda mensal de um trabalhador negro é 50% inferior a do branco.
Segundo o IBGE 6,9% da população se declara negra, essa declaração é baseada na aparência física, côr da pele, tipo de cabelo, mas podendo aumentar muito se considerarmos a miscigenação.
Portanto antes de lançarmos piadas e termos sórdidos aos nossos irmãos negros, o que aliás é comum no nosso cotidiano, vamos pensar que nossa cor de pele mesmo sendo branca não significa que nossa ancestralidade é puramente européia.
Axé,
Sonia
corrigindo…
Infelizmente e não felizmente.
Babá Fernando, sua benção
Como sempre muito bom o texto! Pai, aproveito para pedir uma informação, se possível.
O senhor conhece o Ornato José da Silva, grande membro e autor de livros sobre Candomblé, residente no Rio de Janeiro?
Estive com o pai Air José, fundador do Terreiro Pilão de Prata (Salvador) e tataraneto de Bomboxê Obitiko, e ele me pediu a gentileza de eu ajudá-lo a encontrar o Ornato, embora não tenh certeza de que esteja vivo. Pois pai Air perdeu seu contato.
Obrigado!
Luicano,
Oxalá lhe abençoe, sua benção.
Até onde sei Ornato está vivo, vou procurar informações a seu respeito e assim que souber, lhe informo.
Grande abraço,
Axé.
Baba Fernando, vc tem trazido uns texto que nós fazem refletir… Isso é muito bom porque nós faz pensar em como podemos mudar essa história tão polêmica que tanto se fala mas que ainda anda a passos de tartaruga. Abs e axé.
Concordo com tudo o que foi descrito desta situação triste e verdadeira a que ainda nos deparamos em nossos dias e necessito de colocar entre outras coisas, a situação religiosa onde o Culto aos Orixas de África é visto como algo desonroso ou inferior.
A escravidão no Brasil se deu de forma tão bem elaborada , que até hoje sentimos os seus reflexo e de forma bem acentuada. Não só a mulher negra passou a ser “mulata”, mas os nossos Orixas precizaram de ser sicretizados e a fixação e o medo de ser excluido do meio ou de um grupo melhor, fez com que muitos negros e afrodescendentes negacem sua religião e passacem a exercer a religião dos seus senhores ou outrora seus donos e tudo isso se fez e se faz até hoje Porque não temos ainda uma entidade verdadeiramente dotada de paixão por nossa religião e disposta a reinvindicar com todas as suas forças, sejam elas jurídicas ou massivas, onde a cota nas universidades não seja algo apenas para estudantes adentrarem e disputarem as vagas no mercado de trabalho, mas também para inserir a verdadeira Hestória de um povo e suas crenças, que são mais antigos que todas as religiões existentes hoje.
É precizo acabarmos com a hipocresia destes que dizem que o Brasil é um paiz de todos.
Se é de todos porque não temos aulas de Religião do Culto Afrobrasileiro, como matéria obrigatória nos colégios públicos. E se somos um Paiz laico, porque simbolos católicos, como crucifixos nas repartições públicas e hospitaes com Capelas E SÍMBOLOS CRISTÃOS .
É necessário levantarmos todas estas questões e muitas outras , em que nos deparamos no nosso dia a dia e passa despercebido por estarmos acostumados com a visão de subordinação e de ausência de Homens de Honra, que defendam as nossas idéias e nosso povo, e que não se vendam por migalhas.
“SE TUDO NESTA VIDA TEM DIA E HORA MARCADA”, ESPERO EM OGÚN QUE NOSSO DIA ESTEJA CHEGANDO!!!.
ORÔ MI MAIÓ OGÚN MEGEGÊ, OGÚN ONIRÊ !
NÃO ME TIRE DA LUTA, ME DEIXE VIVER ,
ME DEIXE LUTAR , ATÉ O DIA RAIAR OU ATÉ MORRER…
MAS NÃO ME ABANDONE OGÚN ONIRÊ, ATÉ A VIDA ACABAR, E MEU POVO VENCER.
BABÁ A MIN MUTUMBA OGÚN MEGEGÊ, AXÉ!!!!!!!!!!
BABÁ A MIM MUTUMBÁ OGÚN ONIRÊ, AXÉ!!!!!!!!!!
OGÚN TROUXE O DEZENVOLVIMENTO E
A INFORMÁTICA É A NOSSA ARMA DO DIA A DIA, POR ISSO INCENTIVO A TODOS A DEIXAR SUAS MENSAGENS DE LUTA E ESCLARECIMENTO, APRENDENDO CADA VEZ MAIS A USAR ESTA ARMA E PASSAR PARA OS SEUS NOVOS E VELHOS, SUAS ESPERIÊNCIAS E SUA LENDAS, ESCREVENDO UM NOVO LIVRO NA NOSSA VERDADEIRA HESTÓRIA.
MUTUMBÁ MEU IRMÃO FERNANDO D’OSOGIAN,
GOSTEI TANTO DE SEU TEXTO QUE ENVIEI MEUS COMENTÁRIOS SEM LE COMPRIMENTAR, MEUS PARABENS POR TRAZER A TONA EM UMA DATA TÃO PROPÍCIA COMO ESTA QUE SE APROXIMA, QUE FAZ O NOSSO POVO PENSAR E REFLETIR, POIS O PRECONCEITO AINDA EXISTENTE EM NOSSA GENTE É ALGO QUE PRECIZA SER DESCUTIDO E ESCLARECIDO SOBRE VÁRIAS FORMAS E UMA DELAS É A VISÃO RELIGIOSA DE UM POVO QUE FOI ESCRAVIZADO E SACRIFICADO, NA CONSTRUÇÃO DE UM PAIZ E FOI DEIXADO AO LÉO E SÓ AGORA ESTAM DANDO UMA PEQUENA OPORTUNIDADE A NOSSA GENTE DE SE DEZENVOLVER E SE TORNAREM CIDADÕES BRASILEIROS.
UM FORTE ABRAÇO COM MUITO AXÉ ,
ARTHUR DONIRÊ .
Obrigado, babá!
Fico no aguardo.
Axé!
Ago,
há uma circunstância muito grave no Brasil, com relação ao racismo, que deveria ser de conhecimento da população, principalmente daqueles ligados à cultura africana.
Estou me referindo à doutrina do Allan Kardec, que traz embutida um racismo brutal, porém dissimulado. Também é oportuno lembrar que Allan Kardec foi homenageado pela Câmara dos Deputados, por ocasião dos 200 anos de seu nascimento.
Publiquei em setembro de 2010, um livro chamado Desvendando o Kardecismo, onde mostro as graves inconsistências da doutrina e da história da mesma.
A questão do racismo é abordada apresentando os textos do Kardec que deixam explicito o preconceito racial.
O livro está a venda na editora baraúna, apenas pela internet, mas a segunda parte eu vou publicar em formato e-book, para receber um exemplar basta enviar um e-mail para livrodk@gmail.com.
Nossa hoje estav lendo algumas noticias e elas falavam de preconceito primeiro foi dobre o deputado Jair Bolsonaro a respeito de uma resposta que ele deu a Preta Gil, sabidamente ele combatre o homessualismo, mais desta vez ele se mostrou tb contra o casamento de negros e brancos.Ai depois disso vi uma noticia sobre outro deputado federal Pastor Marco Feliciano , o link da entrevista é:http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/03/deputado-ve-podridao-em-gays-e-diz-que-africanos-sao-amaldicoados.html .Fico revoltada com isso, pois o cara tem o displante de dizer que negros são almodiçoados por Deus, relaemnte não to podendo!!!!!!!!!!!E pior que é um Pastor deve falar essa asneira par quantas outras pessoas?E dizer que isso tem fundamento biblico é o mesmo que a igraja dizia na época dos senhores feudais, vc é pobre pq Deus quis assim!!!!E o piro é que não da nem para processar um cara desses pq tem imunidade parlamentar.Cada vez mais è uam tristeza!!
Carolina, boa noite.
Temos vários exemplos de ‘Pastores” que quando ganham visibilidade começam a bagunçar o coreto, isso não é privilégio dele.
São pessoas tanto lá como cá, que não tem estrutura para gerir um cargo desta envergadura.
Falar em peste, fome, doenças e etc… no seio da África é um exemplo de ignorancia deslavada.
Somos o retrato da colonização europeia, berço ideologico da religião deles, onde o protestantismo ganhou corpo, vide alemanha, Inglaterra etc..
Não tinhamos fronteiras demarcadas, porém, pela ganancia deles os paises africanos ganharam fronteiras, não dividimos povos pensando em interesses economicos.
O europeu ficou louco com a formação das cidades nigerianas 450 anos atráz, defesa e agricultura.
O novo desenho geografico da própria Europa hj mostra como tudo foi feito de uma forma geograficamente agressiva e imposta, Russia, Techoslovachia e por ai vai.
O cara lê a Biblia decora direitinho o que está escrito e se acha o professor de história.
Leiam: ” OS EXILADOS DA CAPELA”.
Não devemos nos abater e nem entrar no twiter dele, pq ele precisa de um palco e nós não vamos dar isso a ele.
Está acontecendo uma revolução silenciosa dentro deste Pais, chama-se cultura e direito, estamos aprendendo quem somos e que direitos temos e quando estivermos robustos a lei natural do homem nos colocará no devido lugar.
Esse Forum é importante demais para nos conhecermos e nos juntarmos, somos filhos de Olodunmarè, a religião mais antiga do mundo, somos copiados, imitados e invejados por todos eles.
Como fazer uma guerra sem inimigos, eles nos colocam nessa posição para poderem fomentar os que estão com os olhos vendados.
Saiba que os surdos e mudos, são seres humanos que outrora não pagaram seus ebós na vinda ao mundo e Obatalá os marcou, somente a evolução poderá livra-los deste estigma.
Assim será com esses pobres de espirito.
Que Òrùnímlá tenha misericordia deles.
Asé Olodunmarè.
MILTON, BOA NOITE.
Dar medalha, diploma e outros badulaques mais e coisa de politico mesmo.
Eles pensam assim: Quantos espiritas existem, quantos votos isso rende?
Ai eles tascam qualquer coisa citada acima no cara.
Kardec nos coloca num plano de inferioridade por causa de ebós, matança e etc..
Mais uma vez volto a dizer, a falta de uma lingua escrita dentro da África fez com que qualquer um fizesse juizo de valor dos nossos costumes e nem vou pesar as fantasias que foram criadas.
Continue com seu trabalho é preciso desmestificar.
Ire o.
Da ilha, muito bom seu comentário.
Também acho que as respostas não devem ser dadas no twiter nem para ele, masi acredito que a nivel juridoc ele e o jair Bolsonaro devem responder a nivel juridico, pois dizer que um passa fome pq é negro e outro é gay pq seus pais não o educaram direito é um absurdo.
Mais ontém eu fiquei curiosa e fui buscar a passagem na biblia onde esse pastor achou tla absurdo, e vi como interpretações são vias de mão dupla e a biblia é a que da mais margens par isso, pois no fim da passagem diz que Noé amaldiçoa seu ´própio filho depois de acordar do vinho, o que para muitos pode significar que ele estaria de recessaca,e que homem é esse que amaldiçoa um filho e toda a geração posterior a ele!!!!!!!!!
Ha só uma coisa não penso que a nossa religião seja a dona da verdade e que todos que ela praticam sejam bons, pessoas “boas” e “ruins” existem seja ela qual for a religião.
Milton gostaria de entender melhor o que vc diz sobre kardec, semre vi o kardecismo como uma religião onde esse tipo de preconceito não existia!!Pode me esclarecer?
Olá Carolina,
escrevi um livro sobre o kardecismo, chama-se Desvendando o Kardecismo, publicado pela editora Baraúna. Depois ampliei a pesquisa e vou publicar a segunda edição (talvez com outro nome) com a pesquisa completa. Em minha pesquisa fica demostrado que a doutrina do Kardec é uma grande farsa e trás consequências intelectuais e morais que merecem questionamento. Kardec afirma em sua doutrina que existem raças superiores e inferiores, os brancos são superiores aos outros e os negros inferiores aos outros.
Os seguidores de Kardec tentam negar o racismo dele e da doutrina, mas é uma situação que está explicita na questão 222 de O Livro dos Espíritos e muito mais explícita na Revista Espírita de abril de 1862. Na segunda parte da pesquisa, que ainda não foi publicada, eu cito os documentos que mostram que Kardec nunca foi discípulo de Pestalozzi, como é divulgado em suas biografias.
Motumbá.
Obrigada Milton pela resposta…è sempre ver estes posts pq depois vamos procurando outras leituras!!!!!!!!
Ègbé,
Lendo a revista Carta Capital dessa semana, deparei com essa matéria que me fez ver discrepâncias, segue abaixo:
Racistas? Imagina…
Sociedade l Para quemainda tem dúvidas, os novos dados do relatório anual da UFRJ.
Apesar da redução de certas disparidades propriciadas por programas de seguranmça alimentar, o abismo que separa brancos e negros no Brasil continua gigantesco. Essa é uma das conclusões ddo Segundo Relatório Anual de Desigualdades Raciais, divulgado na terça-feira 19 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo revela que os afrodescendentes t~em o menor acesso ao sistema de saúde (uma taxa de não cobertura de 27%, diante dos 14% verificado entre a população branca), a exames ginecológicos preventivos, ao pré-natal e sofrem com uma taxa maior de mortalidade materna. Por dia morrem cerca de 2,6 mulheres pretas ou pardas por complicações na gestação, enquanto esse mesmo problema acomete 1,5 mulheres brancas.
Nos últimos 20 anos, o tempo de estudo dos afrocescendentes acima de 15 anos passou de 3,6 anos para 6,5. Mesmo assim, está muito aquém da média dos brancos, com 8,3 anos de estudo. Por outro lado, os pretos ou pardos beneficiados pelo bolsa família conseguiram aumentar a quantidade de alimentos consumidos em proporção superior (75,7%) à da população branca inscrita no programa (70,1%).
“Melhorou a segurança alimentar dos afrodescendentes, mas a discrepância prevalece nos outros setores”, comenta Marcelo paixão, coordenador do relatório.
Enfim senhores, os Negros e Pardos continuam com menos acesso à educação, à saúde e a outros direitos.
O nosso candomblé, nossas raízes africanas, numa configuração mais moderna, podemos dizer que ainda estamos inseridos à grande Disparidade Social.
Lerê, lerê, lerêlerê, lerê, vida de Negro é difícil, é difícil…
Axé,
Olá Fernando,
essa discrepância nas estatísticas são uma consequência do passado, não podendo ser considerado um sinal de racismo do presente. O problema do acesso à educação e ao sistema de saúde está ligado à distribuição de renda, não à etnia. O correto seria apresentar também as estatísticas pela faixa de poder aquisitivo, onde fosse possível saber o percentual de acesso aos serviços dos branco de baixa renda e dos negros de baixa renda. Também existe a distorção regional, Salvador é um exemplo de alto índice de população negra e baixo índice de distribuição de renda. A situação só mudará com a melhoria generalizada dos serviços de educação e saúde, dessa forma as pessoas de baixa renda terão oportunidades, sendo os negros os mais beneficiados por serem a maioria das pessoas de baixa renda.
Axé.
Milton,
Não sei se concordo com tudo, o racismo inconciente é tão presente ainda, parece institucional, rsrs
Abs,axé.
Ègbé,
Nas revistas semanais dessa semana, tem um anúncio de página dupla da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL- 150 ANOS, diz o anúncio:
“Os Escravos pouparam na caixa para comprar um bem que jamais deveria ter preço: A Liberdade. Escravos de ganho eram aqueles cedidos por um senhor a outro para trabalhos esporádicos em troca de um pagamento. Cada escravo tinha direito a uma parte do dinheiro que seu trabalho rendia. Depositavam esse dinheiro numa caderneta de poupança da CAIXA, até obter o suficiente para comprar sua carta de alforria. Pagavam assim por um direito que nunca lhes deveria ter sido roubado: a liberdade.”
Fico estarrecido com o governo federal, com a agência de publicidade que criou esse anúncio absurdo, e ainda na págima ao lado, a foto de uma negra, ainda na mesma foto, uma outra foto sobre posta só com as maõs negras, roupa branca e um estetoscópio.
Com certeza esses escravos estariam trabalhando, esporádicamente, até hoje para pagarem suas cartas de alforria e suas mulheres não seriam médicas portando estetoscópio, estariam lavando roupa na pedra à beira do rio.
Afinal, o anúncio diz que a história é escrita por todos os brasileiros. Como? O mote da campanha não salvou a sensibilidade do que é ser um ESCRAVO? Não percebeu de como é tão inverosímel se dizer que um negro entrava num banco para abrir uma caderneta? Generalizar de forma tão contundente e precária uma situação que ainda é grave nesse país é imperdoável, institucionalmente é uma degradação total de valores, ainda tratam esta raça como mercadoria, como apelo social para campanhas publicitárias, os barões de hoje são banqueiros e governam esse país com aval do banqueiro maior o governo federal.
Axé,
Fernando eu como filho de uma negra, domestica e semi analfabeta, me colocO ao seu lado, pelo seu relato me parece ser de um mau gosto retumbante, para ser o mais educado possível nos meu comentários.
Onon ijá.
Boa Noite!
Pois é Fernando. É triste saber que ocorre estas coisas em nosso país tão “democrático”, “livre” e todas outras belas palavras políticas que ficam expostas SÓ no discurso. E quando são posta na sociedade passa a ser de uma forma distorcida tendo nos enganar com falsas ideologias sobre “LIBERDADE.”
As marcas dos séculos passados nos assombram até os dias atuais. Estes são os verdadeiros fantasmas do tempo da escravidão. Estes são os barulhos de correntes que ecoam até hoje em nossa nação. E eu pergunto ao meu PAÍS: ATÉ QUANDO?????????????????????????????
Motumba
Sander em homenagem ao dia da “abolição”
Hoje, 13 de Maio
Dia da “abolição”
Desde o final do século XIX
Que “enganam” minha nação (país).
Que abolição?
O escravo continua
No coração preconceituoso do homem
No olhar estranho ao outro
Nos altos índices de fome
Que devoram a população
Que abolição?
Em um simples papel velho
Estão as tintas escrita por uma pena
Retirada impiedosamente
Inexoravelmente
De um “tibio” animal
Em nosso país tem tintas de sangue
Pintadas em nossa alma
Escritas em nossa pele
Registradas em um hibridismo cultural
Que nos marcam até hoje
Refletindo as marcas do açoite
Que corrói o coração
Que abolição?
Da escravidão?
Da incompreesão?
Do etnocentrismo?
Da intolerância com a religião?
Do preconceito?
Do descaso para com os outros?
Da desigualdade social?
Do racismo e homofobia?
Da corrupção?
Ah essas sim!
Essas sim.Sem a interrogação (?)
Seriam uma ótima abolição (.)
sander
Muito bom dia!!!!
Ótimo texto Sander…… pra refletir….
Abraço
Novamente o Monteiro Lobato está envolvido com o racismo, dessa vez com cartas que foram publicadas recentemente, onde ele defende a Ku Klux Klan.
Mais uma vez são apresentados os argumentos do racismo da época, já apresentados para o racismo encontrado nos livros. Entendo que o racismo encontrado nos livros refletem sim o racismo da época, mas as cartas mostram um racismo muito mais agressivo e ideológico, que não seria aceito pela sociedade da época, por isso ficou escondido do público. Argumentar sobre os costumes da época para justificar o racismo só é válido se forem identificadas as influências da época que fomentavam o racismo e de que forma cada influência contribuia para a existência de um costume racista. Identificando as influências da época é possível identificar as influências atuais e os fatores que mantém a existência dessas influências. Lobato era ligado ao espiritismo (kardecista) e realizava sessões domésticas onde sua esposa era a médium, a doutrina do Kardec afirma que os negros são inferiores e está sendo amplamente divulgada até hoje, sem que seja divulgado ao público essa característica da doutrina e sem debatê-la devidamente.
Olá!!
Vou ler o texto ainda, para tentar usá-lo em parte do conteúdo de um seminário que farei no colégio.
Me parece bem interessante…
Mas encontrei alguns erros na escrita dele quando o passei pro Word para salvá-lo.
De qualquer forma, agradeço a disponibilização do mesmo, que parece ser bem interessante.
Resposta a Fernando D’Osogiyan e Luciano,
infelizmente Ornato José da Silva faleceu há mais de dez anos. Ele era meu sogro. Se puder ser útil em alguma coisa, estou à disposição,